Motivo de desligamento da empresa não é mais anotado na Carteira de Trabalho
Publicado em
09/06/2022
às
12:00
Portaria do Ministério do Trabalho altera
pontos da legislação
Uma portaria publicada no Diário Oficial da União na última
segunda-feira (06/06/2022) alterou alguns pontos da legislação trabalhista.
Entre as mudanças mais relevantes está a retirada da obrigação de informar na
Carteira de Trabalho o motivo de desligamento do trabalhador. Há também algumas
alterações que, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, envolvem
"apenas procedimentos internos" da pasta.
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A Portaria nº 1.486 altera a portaria anterior (Portaria nº
671/2021), que regulamenta disposições relativas à legislação trabalhista, à
inspeção do trabalho, às políticas públicas e às relações de trabalho.
"As modificações visam aperfeiçoar diferentes aspectos da legislação
infralegal, como: regras para os fabricantes de dispositivos de controle de
ponto, adequação da gestão de dados do Ministério à LGPD [Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais], e melhorar o atendimento às entidades sindicais", informou,
à Agência Brasil, o ministério.
Discriminação
Há, ainda segundo a pasta, também a preocupação em "evitar discriminação
ao empregado" nas justificativas lançadas como motivo para desligamento na
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
A portaria prevê que "para o trabalhador, há apenas uma mudança de
procedimento a ser cumprido pelo empregador, para que o motivo de desligamento
não seja registrado na Carteira de Trabalho e Previdência Social física. As demais
modificações afetam apenas procedimentos internos do ministério", informa o
Ministério do Trabalho.
Muitas das alterações previstas estão relacionadas à substituição de
documentos físicos (então anexos à Portaria 671) necessários a rotinas
previstas na legislação trabalhista por documentos digitais (entre eles, os
modelos de instrumento de cooperação) a serem disponibilizados no sistema
gov.br.
Fonte: Agência
Brasil/Fenacon, com edição do texto pela M&M Assessoria
Contábil
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Empresa indenizará empregado por anotar atestados médicos na carteira de trabalho
Publicado em
20/05/2014
às
17:00
Em contestação, a empresa alegou que as anotações
não foram desabonadoras, pois os novos empregadores concluiriam que o empregado
justifica suas faltas, o que a seu ver seria benéfico para sua imagem.
A Segunda Turma do
Tribunal Superior do Trabalho condenou uma empresa a
pagar R$ 5 mil de indenização por dano moral a um empregado por ter anotado, na
sua carteira de trabalho, os atestados médicos apresentados para justificar
faltas ao trabalho. Para a Turma, o ato da empresa ultrapassou os limites do
artigo 29, caput, da CLT, que proíbe o empregador de efetuar anotações
desabonadoras à conduta do empregado na carteira de trabalho.
"Associado
apresentou justificativa de ausência através de atestado médico de 8 dias"
foi a expressão anotada pela empresa que, segundo o empregado,
"maculou" sua carteira. Demitido sem justa causa após dois anos de
trabalho como ajudante de depósito, ajuizou ação e pediu indenização por danos
morais de 40 salários mínimos.
Em contestação, a empresa alegou que as anotações não foram
desabonadoras, pois os novos empregadores concluiriam que o empregado justifica
suas faltas, o que a seu ver seria benéfico para sua imagem.
O juízo de
primeiro grau afastou qualquer efeito prático e legal nessas anotações. Ao
contrário, entendeu que a empresa tentou prejudicar o empregado quanto à
obtenção de futuros empregos. Por entender evidente o prejuízo do empregado,
condenou a Cencosud a pagar-lhe R$ 5 mil de indenização.
A sentença foi
reformada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (SE), para o qual as
anotações não configuraram ato ilícito por parte da empresa. O empregado
recorreu então ao TST, sustentando que o único objetivo das anotações foi o de
desabonar sua conduta.
Para o relator do
caso no TST, ministro José Roberto Freire Pimenta, ao fazer a anotação, a empresa atentou contra o direito de personalidade do trabalhador, sendo devida
a indenização por danos morais, nos termos do artigo 927 do Código Civil.
"Embora a apresentação de atestado médico se trate de exercício de direito
do empregado para justificar sua falta ao trabalho, não se pode desconsiderar o
fato de que sua anotação na carteira de trabalho possa, no futuro, prejudicar
nova contratação", afirmou, "principalmente se se considerar que a
anotação desse evento na carteira não se mostra razoável nem necessária, só
podendo ser interpretada como forma de pressão ou de retaliação por parte de
seu empregador".
O ministro
assinalou que a CTPS é documento apto para registro do contrato de emprego e da
identificação e qualificação civil, e reflete toda a vida profissional do
trabalhador. Assim, a prática da empresa de se utilizar-se da carteira de
trabalho do empregado "não para anotar informação importante para sua vida
profissional, e sim para registrar as ausências ao trabalho, mesmo que
justificadas por atestado médico, acaba por prejudicar eventual oportunidade de
emprego".
O relator observou
ainda que o entendimento predominante no Tribunal, é o de que, havendo norma
específica que não permite ao empregador fazer anotações desabonadoras na
carteira de trabalho, o registro de atestados médicos caracteriza dano à
privacidade do empregado, sendo devido o pagamento de indenização. Nesse
sentido citou alguns julgados do Tribunal.
A decisão foi por
maioria, vencido o ministro Renato de Lacerda Paiva, que não conhecia do
recurso.
Processo:
RR-687-71.202.5.20.0002
Fonte: TST/
Lourdes Côrtes e Carmem Feijó