Consultoria Eletrônica
Área:
Seção:
-
Motorista de ônibus - Tempo de tarefas antes e depois das viagens será pago como extra
Publicado em
15/01/2025
às
16:00
A norma coletiva previa pagamento de
somente 30 minutos, mas o tempo era inferior ao efetivamente gasto
Resumo:
- Um motorista de transporte intermunicipal de
passageiros receberá como hora extra o tempo gasto em tarefas antes e
depois das viagens.
- A norma coletiva da categoria previa o
pagamento de apenas 30 minutos para cobrir essas atividades.
- Mas, para o Tribunal, esse limite foi
descumprido, porque as tarefas exigiam mais tempo do que o previsto.
|
Uma empresa de ônibus de Porto Alegre -RS, terá de pagar diferença de horas
extras a um motorista relativa às tarefas realizadas antes do início das
viagens e após seu término. A empresa alegava que o tempo de 30 minutos havia
sido ajustado em negociação coletiva, mas, de acordo com a Sétima Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, o que houve foi o descumprimento dos limites
estipulados na norma.
Motorista tinha de chegar mais cedo
à garagem
O motorista disse, na ação trabalhista, que fazia em média 23 viagens
por mês entre Porto Alegre e uma cidade do interior do estado. Segundo seu
relato, ele tinha de chegar à garagem, inspecionar o ônibus e ir para a
rodoviária. Lá, carregava malas e encomendas, conferia passagens. No destino,
descarregava as malas e entregava as encomendas, levava o ônibus à garagem.
Segundo ele, esse tempo não era registrado pela empresa.
Norma coletiva previa pagamento de
30 minutos a mais
A empresa, em sua defesa, disse que a atividade na garagem é apenas de
revisão visual do carro e organização dos pertences para viagem. Para ela, as
horas de trabalho eram apenas aquelas em que o motorista transportava
passageiros, e a norma coletiva previa, ainda, o pagamento de 30 minutos a mais
por essas tarefas extraordinárias.
A 3ª Vara do Trabalho de Porto Alegre e o Tribunal Regional do Trabalho
da 4ª Região (RS) deferiram as horas extras. Segundo o Tribunal Regional do
Trabalho, a empresa deixou de registrar 1h30min por dia de trabalho, e a
diferença devia ser paga.
Limite da norma coletiva foi
descumprido
No recurso ao Tribunal Superior do Trabalho, a empresa defendeu a
aplicação do entendimento do STF (Tema 1.046 da repercussão geral), que trata
da prevalência do negociado sobre o legislado, ou seja, que fossem mantidos os
30 minutos previstos na norma coletiva.
O relator do recurso, Alberto Balazeiro, acolheu a tese do Tribunal
Regional do Trabalho de que o tempo de 30 minutos acrescido à jornada de
trabalho do motorista não eram suficientes para as funções realizadas e que
havia trabalho não registrado que deveria ser pago. Conforme demonstrado na
decisão do Tribunal Regional do Trabalho, a empresa descumpriu os limites
fixados na norma coletiva, cabendo sua condenação ao pagamento de diferenças.
O ministro ressaltou que a questão não envolve a invalidade de cláusula
coletiva pactuada entre as partes nem se refere aos limites da autonomia da
vontade coletiva, mas do descumprimento dos limites estipulados na norma.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Secretaria de Comunicação Social do Tribunal Superior do Trabalho, Processo: RR-20631-56.2019.5.04.0003,
com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
-
Geolocalizador de celular comprova má-fé de trabalhador em reclamação trabalhista
Publicado em
14/01/2025
às
10:00
A Vara do Trabalho de
Embu das Artes-SP condenou um trabalhador a pagar multas por litigância de
má-fé e ato atentatório à dignidade da Justiça. De acordo com os autos, o homem
entrou com ação pleiteando horas extras, pois, segundo ele, marcava o ponto e
continuava exercendo a função. Entretanto, o geolocalizador de celular mostrou
que o empregado não estava na empresa após os horários alegados de término do
expediente.
Na decisão, o juiz Régis
Franco e Silva de Carvalho explica que recorreu ao apoio tecnológico diante da
controvérsia das alegações das partes. Conforme o documento, ele determinou a
expedição de ofícios à empresa que fazia o transporte dos trabalhadores da
empregadora, às operadoras de celular Vivo, Claro e TIM e ao Google. Fornecidas
as informações solicitadas, foi feita comparação entre os horários de saída
anotados nos cartões de ponto e os dados de geolocalização das operadoras de
telefonia, obtidos por meio do número do telefone celular do reclamante.
Após análise realizada
por amostragem, o magistrado pontuou que ficou claro que as alegações do
profissional eram falsas. Ele disse que em todos os horários de conexão
analisados, o trabalhador já estava fora da região do estabelecimento
empresarial. Para o julgador, "o reclamante faltou com a verdade, de forma
manifesta e dolosa, no anseio de induzir este juízo ao erro e obter vantagem
indevida, de modo que resta caracterizado o ato atentatório ao exercício da
jurisdição". Assim, condenou o trabalhador a pagar à União multa de 20% do
valor da causa, ressaltando que a penalidade é necessária "para acabar com a
'lenda' comumente tão propalada de que se pode mentir em juízo impunemente".
O magistrado também condenou o homem a pagar à empresa multa por litigância de
má-fé de 9,99% sobre o valor da causa, por alterar a verdade dos fatos, deduzir
pretensão contra fato incontroverso, usar o processo para conseguir objetivo
ilegal e proceder de modo temerário. E ainda determinou a expedição de ofício
para as Polícias Civil e Federal e para os Ministérios Público Estadual e
Federal, para apuração da ocorrência dos eventuais crimes de calúnia,
denunciação caluniosa, falsidade ideológica e estelionato.
Por fim, na sentença, o juiz ressaltou a existência de processos semelhantes a
este e com potencial caracterização de litigância predatória. Assim, seguindo
recomendação do Conselho Nacional de Justiça para a adoção de cautelas visando
a que possa acarretar o cerceamento de defesa e a coibir a judicialização
predatória, também determinou a expedição de ofício para a Comissão de
Inteligência do Tribunal Regional do Trabalho (2ª Região - SP).
Cabe recurso.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Tribunal Regional do Trabalho (2ª Região - SP), com edição do texto e "nota" da
M&M Assessoria Contábil
Gostou da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os
nossos conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Novo entendimento sobre Horas Extras em caso de descumprimento de Acordo de Compensação
Publicado em
18/12/2024
às
12:00
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) suspendeu a Súmula 36 do
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), que estabelecia o cálculo
das horas extras de forma semanal, caso houvesse descumprimento de acordo de
compensação de jornada. A decisão foi tomada pela maioria Tribunal Pleno, com
base no voto divergente do ministro Evandro Valadão, que reafirmou a
interpretação da Súmula 85, item IV, do Tribunal Superior do Trabalho.
O que é compensação de
jornada?
A compensação de jornada é um regime em que o trabalhador realiza
horas extras em determinados dias e as compensa com folgas ou redução da
carga horária em outros dias, respeitando os limites legais.
O conflito
Uma das questões conflitantes entre a Súmula 36 do Tribunal
Regional do Trabalho (TRT-9) e a Súmula 85, IV, do Tribunal Superior do
Trabalho diz respeito ao método de cálculo das horas extras quando há
descumprimento do acordo de compensação de jornada.
Para o Tribunal Regional do Trabalho, as horas extras deveriam
ser pagas semanalmente, mesmo que a compensação ocorresse em outro momento.
Já para o Tribunal Superior do Trabalho, quando as horas extras
se tornam habituais e não são compensadas, o acordo de compensação perde
validade por todo o período pactuado. Nesse caso, as horas extras devem ser
pagas com o adicional correspondente, considerando o cálculo mensal. Esse
entendimento parte do princípio de que a compensação de jornada visa
equilibrar o tempo de trabalho e descanso. Contudo, quando o empregador exige
horas extras de forma regular sem a devida compensação, isso transforma o
acordo em uma sobrejornada, prejudicando o propósito original do sistema.
Suspensão da Súmula 36 do
TRT-9
Diante desse contexto, o Pleno decidiu
suspender a Súmula 36 do Tribunal Regional do Trabalho TRT da 9ª Região) até
que a Corte regional revise ou cancele a verbete, conforme a jurisprudência
do Tribunal Superior do Trabalho. A tese jurídica vinculante sobre o tema
será definida em sessão futura do Tribunal Pleno, com a redação a ser
proposta pelo ministro Evandro Valadão, que liderou a corrente vencedora no julgamento.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente
nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho /
Processo: IncJulgRREmbRep-897-16.2013.5.09.0028 / Portal Tributário, com
edição do texto e "nota" da M&M Assessorias Contábil.
|
Gostou da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os
nossos conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Caminhoneiro que Recebe por Carga tem Cálculo de Horas Extras Diferente de Vendedores por Comissão
Publicado em
16/10/2024
às
10:00
Para a SDI-1, as horas extras para cumprir a rota
preestabelecida não tinham impacto no valor do frete
A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal
Superior do Trabalho decidiu que a hora extra de um caminhoneiro que recebia
exclusivamente pelo valor da carga transportada não deve ser calculada da mesma
forma que a de trabalhadores que recebem exclusivamente por comissão, como
vendedores. A diferença, segundo o colegiado, está no fato de que, mesmo
fazendo horas extras para cumprir uma rota, o caminhoneiro não
transporta mais cargas nem aumenta seus ganhos. Já no caso de um vendedor, o
trabalho a mais pode resultar em mais vendas e, consequentemente, em mais
comissões, que influenciam o cálculo das horas extras.
Súmula
do TST prevê cálculo diferenciado para comissionistas
De acordo com a
Súmula 340 do TST, o empregado sujeito a controle de horário e remunerado à
base de comissões tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% pelo trabalho
em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas
no mês, "considerando-se como divisor o número de horas efetivamente
trabalhadas".
Na reclamação trabalhista, o
caminhoneiro pedia que as horas extras fossem apuradas de modo integral (valor
da hora normal acrescido do adicional de 50% ou fixado em norma coletiva). Seu
argumento era de que seu salário não aumentava em razão da sobrejornada, ao
contrário do que ocorre com o comissionista clássico. Ou seja, ele recebia o
mesmo valor quando fazia a viagem dentro da programação ou quando excedia o
tempo previsto.
O
pedido foi aceito pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES), mas a
Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reformou a decisão. Para o
colegiado, no caso de trabalhadores que recebem exclusivamente por comissões
(comissionistas puros), deve-se seguir a Súmula 340 do Tribunal Superior do
Trabalho no cálculo das horas extras.
Situação de
motorista é diferente da de vendedor
O
ministro Hugo Scheuermann, relator dos embargos do caminhoneiro à SDI-1,
ponderou que os precedentes que deram origem à Súmula 340 tratam de vendedores,
que aumentam seus ganhos em comissões quando trabalham além da jornada normal.
A situação, a seu ver, é diferente da de motoristas remunerados por carga.
Ele
explicou que a comissão do motorista era baseada em um valor fixo: o da carga
transportada. Portanto, sua remuneração não aumentava com a distância
percorrida nem com o tempo gasto a mais no transporte. Em outras palavras, as
horas extras exigidas para cumprir a rota determinada pelo empregador não
afetavam o valor do frete e não aumentavam sua remuneração. "Nesse contexto,
não se pode considerar que as horas extras do motorista já estariam remuneradas
pelas comissões recebidas, e por isso não se aplica ao caso a Súmula 340 do
Tribunal Superior do Trabalho", concluiu.
A
decisão foi por maioria. Ficaram vencidos os ministros Aloysio Corrêa da Veiga,
Breno Medeiros, Alexandre Ramos e Evandro Valadão.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Guia Trabalhista Online / Tribunal Superior do Trabalho,
Processo: Emb-RRAg-1487-24.2019.5.17.0007, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
-
Hora extra lidera processos trabalhistas e requer atenção redobrada das empresas
Publicado em
09/10/2024
às
16:00
Complexidade nos cálculos e divergências sobre
compensação de horas levam trabalhadores a recorrer à Justiça
As horas extras figuram entre os principais motivos de disputas
judiciais trabalhistas no país, segundo as últimas edições do Relatório
Geral da Justiça do Trabalho, referentes aos anos de 2023 e 2022.
Essa crescente
judicialização do assunto evidencia a necessidade de uma melhor compreensão e
aplicação das normas trabalhistas relacionadas à jornada de trabalho e às horas
adicionais, tanto por parte dos empregadores quanto dos empregados.
Desde março/2024 mudaram
as regras e as horas extras feitas
pelo trabalhador também entram no cálculo de benefícios, como férias, 13º
salário, aviso prévio e FGTS. Essa apuração é válida apenas nos casos em que a
hora extra foi incorporada ao descanso semanal remunerado.
Marta Corbetta Mazza,
diretora trabalhista da Econet Editora, acredita que "dominar as regras das
horas extras é essencial para proteger os direitos trabalhistas e evitar
litígios". A seguir, ela esclarece as principais dúvidas sobre o tema e orienta
como as empresas podem minimizar riscos e garantir conformidade.
O que são horas extras e como calcular o pagamento?
Horas extras são o tempo de
trabalho realizado além da jornada normal estabelecida em contrato e, pela
legislação brasileira, a carga horária normal é de 44 horas semanais, ou 220
horas mensais. O pagamento dessas horas excedentes deve ser feito com um
adicional de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal. Por exemplo, se um
empregado recebe um salário mensal de R$2.000,00, o valor da sua hora normal
seria R$9,09 (calculado dividindo R$2.000,00 por 220 horas). O adicional de 50%
eleva o valor da hora extra para R$13,63. Assim, cada hora extra trabalhada
deve ser remunerada nesse valor.
Já os minutos extras devem
ser convertidos para o sistema centesimal. Primeiro, divide-se o total de
minutos por 60 (pois uma hora equivale a 60 minutos) e, em seguida,
multiplica-se pelo valor da hora extra. Por exemplo, se um empregado trabalhou
42 minutos a mais, ele deve receber: 42 dividido por 60, multiplicado por
R$13,63, resultando em R$9,54.
Por que nem todas as horas adicionais são pagas?
Nem todas as horas
trabalhadas a mais são pagas como horas extras, pois pode ser firmado um acordo
de compensação ou até mesmo um banco de horas. Nestes casos, as horas
suplementares não serão pagas, mas compensadas em outro momento, conforme o que
ficou determinado no pacto firmado. No entanto, se essas horas não forem
usufruídas dentro do prazo estipulado, ou se houver rescisão contratual, o
empregador é obrigado a pagar o saldo positivo do banco de horas.
Como a redução do intervalo de almoço impacta no pagamento?
Outro aspecto que gera
muitas dúvidas é a supressão parcial ou total do intervalo para almoço. Quando
o intervalo obrigatório intrajornada é desobedecido, o tempo trabalhado durante
esse período deve ser pago com um adicional de, no mínimo, 50%. Esses minutos
não são considerados horas extras, mas sim supressão do intervalo; por isso,
não possuem natureza salarial, ou seja, não refletem em outras verbas, como 13º
salário ou férias.
O perigo de bater o ponto e continuar trabalhando
O registro inadequado das
jornadas de trabalho é um problema recorrente, que pode gerar processos
trabalhistas. A prática de "bater o ponto e continuar trabalhando" ainda é
comum em diversas empresas, o que leva a registros que não correspondem à
realidade. "Essa prática é ilegal e invariavelmente resulta em ações
trabalhistas, pois os empregados acabam sendo prejudicados pela falta de
registro das horas extras efetivamente trabalhadas", explica a diretora
trabalhista da Econet Editora.
Essa situação é
especialmente problemática em empresas que adotam a chamada "jornada inglesa",
onde o registro não reflete as variações diárias da realidade do trabalhador. "Certamente,
isso refletirá em ações no Judiciário, pois é uma atitude ilegal", alerta
Marta.
Reuniões e viagens: quando contam como horas extras?
As reuniões e viagens a
trabalho fora do horário normal também podem configurar horas extras, mas
dependem de algumas condições. Se forem de natureza obrigatória e determinadas
pelo empregador, podem ser contabilizadas como jornada suplementar. Essa
análise deve considerar o contexto específico de cada situação.
Teletrabalho: desafios e direitos nas horas extras
O avanço da tecnologia e o
crescimento do teletrabalho trouxeram novas particularidades para a questão das
horas extras. "No teletrabalho, o controle da jornada, que pode ser feito por
dispositivos eletrônicos, determina o direito a horas extras. Por outro lado,
trabalhadores contratados por produção não têm esse direito", esclarece Marta.
Essa nova realidade exige atenção tanto dos empregadores quanto dos empregados
para evitar problemas futuros, como litígios e disputas trabalhistas.
Trabalho externo: geolocalização já pode ser usada para comprovar
jornada
Outro ponto de discussão
constante são os trabalhadores externos, como vendedores, motoristas e técnicos
de campo. A regra geral é que, se eles não têm compatibilidade com a anotação
do ponto, não têm direito a horas extras.
Contudo, em maio/2024, o
Tribunal Superior do Trabalho (TST) validou o uso da geolocalização como
possível prova, permitindo que dados captados por dispositivos móveis sejam
utilizados para comprovar a jornada de trabalho. Essa decisão abre caminho para
que as empresas adotem o monitoramento por geolocalização, especialmente em
casos onde o controle de ponto tradicional não é viável.
Como as empresas podem evitar disputas trabalhistas?
Para reduzir o risco de
processos relacionados ao pagamento de horas extras, as empresas devem investir
em sistemas de gestão de jornada que sejam transparentes e precisos. Isso
inclui garantir que todos os registros de jornada sejam feitos corretamente e
que os regimes de compensação, como o banco de horas, sejam administrados com
rigor. "A comunicação clara com os empregados sobre como as horas extras serão
gerenciadas é fundamental para evitar mal-entendidos e conflitos", sugere
Marta.
Fonte: Folha Vitória, com edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil
-
Levar para casa o celular corporativo nos finais de semana gera hora extra? Caso real
Publicado em
18/09/2024
às
16:00
A Terceira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho rejeitou o exame do recurso de um banco contra condenação
a pagar horas extras a um coordenador que atendia às demandas de segurança à
noite e nos finais de semana. Ele usava o telefone celular corporativo e ficava
à disposição para resolver ocorrências de todas as agências do estado.
Coordenador tinha de acompanhar
casos de vandalismo e roubos
Contratado para trabalhar no banco em 1988 e dispensado em 2021, o
bancário assumiu a Coordenadoria de Segurança Patrimonial em 2005. Sua jornada
interna era das 9h às 17h, mas, fora desse horário, tanto nos dias úteis quanto
nos fins de semana e feriados, trabalhava em regime de sobreaviso. Na ação em
que requereu horas extras, ele disse que ficava à disposição do banco para
acompanhar disparos de alarmes causados por vandalismo, invasões, furtos,
roubos e destruição patrimonial nos mais de 250 imóveis do banco
Seu relato foi confirmado por testemunhas, levando o juízo de primeiro
grau a condenar o banco a pagar os períodos de sobreaviso. A sentença foi
confirmada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES). Para o
Tribunal Regional do Trabalho, o período em que o trabalhador sofre restrições
no seu tempo de descanso, porque pode ser chamado a resolver assuntos do
empregador, deve ser pago com o adicional de sobreaviso de 1/3.
O banco tentou rediscutir o
caso no Tribunal Superior do Trabalho, sustentando que, no período de folga, o
coordenador "tinha liberdade para exercer a atividade que melhor lhe
aprouvesse".
Exigência impunha limitações ao descanso
O relator do agravo, ministro Alberto Balazeiro, assinalou que a questão
do regime de sobreaviso já está pacificada no Tribunal Superior do Trabalho
pela Súmula 428 (texto completo da referida Súmula, no final desta matéria),
que define que o trabalhador que fica com o celular da empresa aguardando um
chamado que pode ocorrer a qualquer momento, mesmo que não tenha de ficar o
tempo todo em casa, está à disposição do empregador. A partir dos registros do Tribunal Regional do Trabalho, ele concluiu que
o empregado se enquadrava nessa situação.
A decisão foi unânime.
Notas M&M:
a)
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
b)
Texto da Súmula 428, do
Tribunal Superior do Trabalho:
SÚMULA N.º 428 - SOBREAVISO.
APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT
I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa
ao empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a
controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em
regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para
o serviço durante o período de descanso.
Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25-9-2012
Fonte: Tribunal
Superior do Trabalho, processo: AIRR-0001036-16.2021.5.17.0011, com
edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Geolocalização como prova de Horas Extras
Publicado em
21/05/2024
às
16:00
Tribunal Superior do Trabalho valida geolocalização como prova digital de
jornada de bancário
Por maioria de
votos, a Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal
Superior do Trabalho cassou liminar que impedia que um banco utilizasse prova
digital de geolocalização para comprovar jornada de um bancário de Estância
Velha (RS). Segundo o colegiado, a prova é adequada, necessária e proporcional
e não viola o sigilo telemático e de comunicações garantido na Constituição
Federal.
Geolocalização
mostraria se bancário estava na agência
Numa ação
trabalhista ajuizada em 2019, o bancário - que trabalhou 33 anos no banco -
pedia o pagamento de horas extras. Ao se defender, o banco
disse que o empregado ocupava cargo de gerência e, portanto, não estava sujeito
ao controle de jornada. Por isso, pediu ao juízo da 39ª Vara do Trabalho de
Estância Velha a produção de provas de sua geolocalização nos horários em que
ele indicava estar fazendo horas extras, para
comprovar "se de fato estava ao menos nas dependências da empresa".
O bancário
protestou, mas o pedido foi deferido. O juízo de primeiro grau determinou que
ele informasse o número de seu telefone e a identificação do aparelho (IMEI)
para oficiar as operadoras de telefonia e, caso não o fizesse, seria aplicada a
pena de confissão (quando, na ausência da manifestação de uma das partes, as
alegações da outra são tomadas como verdadeiras).
Trabalhador alegou violação de privacidade
Contra essa
determinação, o bancário impetrou mandado de segurança no Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região (RS) contra a determinação, alegando violação do seu
direito à privacidade, "sobretudo porque não houve ressalva de horários, finais
de semana ou feriados". Na avaliação do trabalhador, o banco tinha outros
meios de provar sua jornada, sem constranger sua intimidade.
O banco, por sua
vez, sustentou que a geolocalização se restringiria ao horário em que o
empregado afirmou que estaria prestando serviços. Portanto, não haveria
violação à intimidade, pois não se busca o conteúdo de diálogos e textos.
O Tribunal Regional
do Trabalho cassou a decisão, levando o banco a recorrer ao Tribunal Superior
do Trabalho. Para relator, não há quebra de sigilo.
O ministro Amaury
Rodrigues, relator do recurso, considerou a geolocalização do aparelho celular
adequada como prova, porque permite saber onde estava o trabalhador durante o
alegado cumprimento da jornada de trabalho por
meio do monitoramento de antenas de rádio-base. A medida é proporcional, por
ser feita com o menor sacrifício possível ao direito à intimidade.
O ministro lembrou
que a diligência coincide exatamente com o local onde o próprio trabalhador
afirmou estar, e só se poderia cogitar em violação da intimidade se as
alegações não forem verdadeiras. Quanto à legalidade da prova, o relator
destacou que não há violação de comunicação, e sim de geolocalização. "Não
foram ouvidas gravações nem conversas", ressaltou.
Justiça do Trabalho
capacita juízes para usar provas digitais
Em seu voto, o
ministro lembra que a Justiça do Trabalho capacita os juízes para o uso de
tecnologias e utiliza um sistema (Veritas) de tratamento dos relatórios de
informações quanto à geolocalização, em que os dados podem ser utilizados como
prova digital para provar, por exemplo, vínculo de trabalho e itinerário ou
mapear eventuais "laranjas" na fase de execução.
"Desenvolver
sistemas e treinar magistrados no uso de tecnologias essenciais para a
edificação de uma sociedade que cumpra a promessa constitucional de ser mais
justa, para depois censurar a produção dessas mesmas provas, seria uma enorme
incoerência", observou.Leis respaldam a medida
Ainda, segundo o
relator, a produção de prova digital é amparada por diversos ordenamentos
jurídicos, tanto de tribunais internacionais como por leis brasileiras, como a
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, a Lei de Acesso à Informação e o Marco
Civil da Internet, que possibilitam o acesso a dados pessoais e informação para
defesa de interesses em juízo. Corrente vencida defende medidas menos invasivas
em primeiro lugar
Ficaram vencidos os
ministros Aloysio Corrêa da Veiga e Dezena da Silva e a desembargadora
convocada Margareth Rodrigues Costa. Para Veiga, a prova de geolocalização deve
ter ser subsidiária, e não principal. No caso, ela foi admitida como primeira
prova processual, havia outros meios menos invasivos de provar as alegações do
empregado.
Na sua avaliação, as
vantagens da medida para provar a jornada não superam as suas desvantagens. "A
banalização dessa prova de forma corriqueira ou como primeira prova viola o
direito à intimidade", concluiu".
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Portal Tributário / TST- Processo: ROT-23218-21.2023.5.04.0000, com edição
do texto e "nota" da M&M Assessoria Contábil
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Cargo de Gestão Sem Controle de Jornada dá Direito à Horas Extras? Caso real
Publicado em
04/01/2024
às
10:00
A Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (SDI-1) acolheu recurso (embargos)
de um banco contra decisão que o condenou a pagar diferenças de horas extras a uma gerente administrativa. Por
maioria, o colegiado entendeu que o cargo é de gestão, com amplos poderes de
comando, sem direito a receber pelo serviço em horário extraordinário, nos
termos do artigo 62, inciso II, da CLT.
Horas extras
Em fevereiro de 2020, o Tribunal Regional do Trabalho
da 12ª Região (SC) indeferiu os pedidos decorrentes da jornada de trabalho sob o fundamento de que a
bancária, na função de gerente administrativo, estava enquadrada na exceção do
artigo 62, pois era a maior autoridade da agência na parte administrativa.
A bancária recorreu para o Tribunal Superior do
Trabalho, e o processo foi julgado pela Terceira Turma, que reconheceu para a
bancária o enquadramento no artigo 224, parágrafo 2º, CLT. Ou seja, com jornada de seis horas e direito de
receber horas extras, não como exercente de cargo em gestão (artigo
62), quando não são devidas as horas extras.
Gerência compartilhada
Segundo a
Turma, apesar de o Regional registrar que a bancária era autoridade máxima do
setor administrativo e que possuía elevado grau de confiança, não era possível
equipará-la a gerente geral de agência, uma vez que ela não representava, de forma
integral, o banco na unidade, sendo a gerência da agência de Chapecó (SC)
compartilhada com o superintendente (autoridade máxima no setor comercial).
No julgamento pela
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do
Trabalho prevaleceu o voto do ministro Breno Medeiros, para quem a decisão da
Turma desconsiderou que a bancária, como gerente administrativa, era autoridade
máxima da gerência no seu segmento, investida de amplos poderes e com plena
autonomia em relação ao gerente do setor comercial.
Gerente com
autoridade máxima
O ministro lembrou que a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho é de que a gerência compartilhada entre segmentos não
afasta o enquadramento no artigo 62, inciso II, da CLT,
quando verificada autonomia e ausência de hierarquia entre os gerentes que
atuam na condição de autoridade máxima no respectivo âmbito operacional, com
amplos poderes de mando e gestão, percebendo remuneração superior a 40% do
salário.
Por maioria, a Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho restabeleceu a decisão de segunda
instância, que aplicou ao caso o artigo 62 e considerou improcedentes o pedido
de horas extras.
Vencida a ministra
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, que conhecia dos embargos por divergência
jurisprudencial, e vencidas, totalmente, as ministras Maria Helena Mallmann e
Delaíde Miranda Arantes e o ministro José Roberto Freire Pimenta, que não
conheciam dos embargos.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Tribunal Superior do Trabalho, Processo: TST-E-ED-RR-60-42.2017.5.12.0058,
com edição e "nota" da M&M Assessoria Contábil
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos?
Assine, gratuitamente, a nossa Newsletter
Semanal M&M Flash, clicando no link a seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Gerente de supermercado que trabalhava por 13 horas diárias, de segunda a sábado, deve receber indenização por dano existencial
Publicado em
08/09/2022
às
16:00
A 2ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) concedeu indenização por dano
existencial a uma gerente de supermercado que cumpria jornadas diárias de 13
horas de trabalho. Além da reparação pelos danos morais, fixada em R$ 10 mil, a
empresa deverá quitar diferenças salariais a título de equiparação com outra
empregada que ocupava idêntica função. A condenação ainda inclui o pagamento de
horas extras e reflexos em parcelas salariais e rescisórias, FGTS e adicional
de insalubridade.
A empregada foi admitida
como operadora de caixa em novembro de 2006 e demitida sem justa causa em
agosto de 2020, quando ocupava a função de gerente. Nos últimos cinco anos do
contrato, como subgerente e gerente, trabalhava de segunda a sábado, das 7h às
20h, com intervalos de 30 a 40 minutos. Em dois domingos por mês e na metade
dos feriados do ano, prestava serviço por sete horas. Os intervalos de 11 horas
entre as jornadas diárias não eram observados, bem como os de 35 horas entre as
semanas de trabalho, em duas ocasiões no mês.
A magistrada da 1ª Vara
do Trabalho de Sapucaia do Sul afastou a indenização por danos existenciais. O
entendimento foi de que a mera realização de jornadas extensas não implica a
demonstração do dano existencial, sendo necessária a comprovação da ofensa à
dignidade e do prejuízo para as relações interpessoais. Para a juíza, a
trabalhadora não comprovou os danos alegados e nem em que medida ficou afastada
do convívio familiar e social durante o período do contrato.
As partes recorreram ao
Tribunal. O supermercado para reverter condenações relativas a matéria de
insalubridade e honorários periciais e a empregada para obter o pagamento de
horas extras, dano moral e existencial, entre outros. O recurso da empresa foi
negado e o da trabalhadora parcialmente provido. De forma unânime, os
desembargadores entenderam caracterizado o dano existencial.
O relator do acórdão,
desembargador Carlos Alberto May, adotou o voto apresentado pelo desembargador
Marçal Henri dos Santos Figueiredo como razão para decidir. Os julgadores
concluíram que o caso se tratava da jornada excessiva que impede a programação
mínima de um cidadão comum quanto ao devido repouso semanal e convívio
social. "Sequer a reclamante poderia programar ou fruir normalmente os
repousos semanais, quanto mais ter projeto de vida frustrado", afirmou o desembargador
Marçal.
Ainda cabe recurso da
decisão.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: Sâmia de Christo Garcia (Secom/TRT4), com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil.
Gostou da matéria e quer
continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos conteúdos?
Assine, gratuitamente, a
nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Empresa deve pagar hora extra pelo uso de whatsapp fora do expediente?
Publicado em
05/07/2022
às
14:00
A decisão se
baseou no depoimento do empregado de que não tinha obrigação de responder os
relatórios dos outros turnos, mas poderia dar sua opinião pessoal sobre
situações relatadas
A Justiça do Trabalho de Minas Gerais
isentou uma empresa do ramo de fertilizantes de pagar as horas despendidas por
empregado no uso de aplicativo de mensagens do grupo da empresa. A decisão é
dos julgadores da 7ª turma do TRT da 3ª região, ao confirmar sentença oriunda
da 1ª vara do Trabalho de Uberaba/MG.
O trabalhador alegou que, após sua jornada
de trabalho, inclusive nos dias de descanso, permanecia em constante conexão
com a empresa, via aplicativo, para atender a chamados e resolver assuntos
urgentes, verificar informações do serviço, relatórios, emitir opiniões
técnicas, entre outros. Sustentou que indiretamente era obrigado a se manter no
grupo, para não sofrer represália dos superiores hierárquicos. Argumentou, por
fim, que qualquer atividade relativa ao trabalho, realizada fora da jornada de
trabalho deve ser considerada sobrejornada e paga ou compensada.
Entretanto, a pretensão não foi acatada. Ao
analisar as provas, o desembargador Paulo Roberto de Castro, relator do
recurso, convenceu-se de que, apesar de o grupo de aplicativo de mensagens
ter sido criado no ambiente de trabalho, não se prestava apenas a assuntos
relacionados ao trabalho. O grupo também se voltava para interação entre os
empregados, não havendo prova de qualquer punição em caso de não participação.
Testemunhas revelaram que as conversas
abrangiam o repasse de informações e consultas recíprocas, além de assuntos
alheios ao trabalho, não tendo havido qualquer indicativo de que ordens eram
dadas através do aplicativo, fora do horário de trabalho. O desembargador
concordou com o entendimento de 1º grau, no sentido de que os empregados não
recebiam ordens ou ficavam à disposição da empresa, mas interagiam, entre si,
não havendo trabalho propriamente dito no grupo.
A decisão adotou os fundamentos da
sentença, que se baseou, inclusive, no depoimento do empregado de que não tinha
obrigação de responder os relatórios dos outros turnos, mas poderia dar sua
opinião pessoal sobre situações relatadas. Testemunha apontou que, em grupo da
empresa com características semelhantes, conversavam também sobre outros
assuntos, como eventos, congratulações por atividades na empresa e fora, vídeos
motivacionais e engraçados, piadas, etc. O depoimento confirmou informação de
outra testemunha de que nunca houve punição nem soube de nenhum supervisor que
não respondeu ou não participou de grupos.
A conclusão alcançada foi a de que os
empregados não ficavam à disposição da empresa, mas sim interagiam sobre
diversos assuntos por meio do grupo de aplicativo de mensagens.
"Trata-se de uma situação corriqueira
na atualidade, diante da grande difusão do aplicativo, que caiu no gosto
popular e hoje faz parte do cotidiano de boa parte das pessoas. É comum a existência
de grupos ligados ao trabalho, à família, aos amigos e a assuntos dos mais
diversos, característica de uma sociedade cada vez mais conectada."
Portanto, negou-se provimento ao recurso do
trabalhador, nesse aspecto. Atualmente, o processo aguarda decisão de
admissibilidade do recurso de revista.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte:
https://www.migalhas.com.br/quentes/367647/empresa-nao-pagara-hora-extra-por-uso-de-whatsapp-fora-do-expediente;
TRT-3, Processo: 0010729-55.2020.5.03.0041, com edição e "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
Gostou da matéria e quer
continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos conteúdos?
Assine, gratuitamente, a
nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Trabalho Externo - Pagamento de Horas Extras
Publicado em
16/02/2022
às
14:00
Os registros de visitas permitiam o controle indireto da
jornada.
A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou
uma empresa de consultoria ao pagamento de horas extras a uma consultora
externa, a partir dos relatórios de visitas a clientes. Para o órgão, somente
quando for inteiramente impossível o controle da jornada estará afastado o
direito ao pagamento de horas extraordinárias.
Viagens
Na reclamação trabalhista, a empregada, admitida em maio
de 2007, contou que suas atividades envolviam serviços externos e constantes
viagens, uma vez que a maioria dos clientes atendidos eram do interior de São
Paulo. Segundo ela, até maio de 2008, havia recebido algumas horas extras e
compensado outras por meio de banco de horas. Depois disso, a empresa
determinou que não registrasse mais o ponto eletrônico e parou de pagar as
horas extras, que, no entanto, eram anotadas no controle de horas para
clientes, chamado de "FGE".
A empresa, em sua defesa, sustentou que a consultora, na
condição de trabalhadora externa, não estava sujeita a controle de jornada e,
por isso, não teria direito a horas extras.
Quantificação
O juízo da 77ª Vara do Trabalho de São Paulo indeferiu o
pedido de horas extras, com o fundamento de que, embora o sistema "FGE" permita
extrair a quantidade de horas dedicadas a cada cliente, não se trata de um
controle fidedigno da jornada, por não ser possível quantificar o número de
horas efetivamente trabalhadas. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
(SP) manteve a sentença.
Tecnologia
O relator do recurso de revista da empregada explicou que
a exceção ao regime geral de duração do trabalho, prevista no artigo 62, inciso
I, da CLT, não depende apenas do exercício de trabalho externo, mas também da
impossibilidade de controle de horário pelo empregador. Assim, somente quando
for inteiramente impossível o controle da jornada estará afastado o direito ao
pagamento de horas extras.
No caso, segundo o relator, se os controles FGE eram
usados como demonstrativos do tempo de serviços executados, conclui-se que o
empregador exercia o controle indireto sobre os horários cumpridos pelo
empregado. "Não se pode conceber que, em uma época em que é possível a
utilização de controle de veículos por satélites, não se possa fazer o mesmo
com a jornada de trabalho do empregado, para efeito de reconhecimento do
direito às horas extraordinárias", afirmou.
A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST, Processo: RR-1578-96.2011.5.02.0077,
com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Motorista não tem direito a horas extras na espera de carga e descarga de caminhão
Publicado em
12/04/2021
às
16:00
Diferentemente da hora extra, o período é remunerado
com adicional de 30%
04/03/21
- A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o recurso de um
motorista da JBS S.A. que pretendia receber, como horas extras, o tempo em
que ficava esperando a carga e a descarga do caminhão. Contudo, segundo o
colegiado, o período não é computado na jornada de trabalho para a
apuração de serviço extraordinário, e sim como tempo de espera.
Filas
Na reclamação
trabalhista, ajuizada em novembro de 2016, o motorista disse que os
procedimentos de carregamento e descarregamento, feitos por meio de filas de
caminhões, podiam "levar dias" e, enquanto isso, ele não podia se ausentar do
veículo para acompanhar a fila sempre que ela se movimentasse. Segundo ele, não
se tratava de tempo de espera, mas de tempo à disposição do empregador, que
deveria, portanto, ser remunerado como hora extra, com adicional de 50%.
O juízo
da Vara do Trabalho de Lins acolheu o pedido do empregado e condenou a JBS a
pagar diferenças de horas extras sobre o tempo de espera. Contudo, a
sentença foi derrubada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª (Campinas/SP),
que afastou a condenação.
Tempo de espera
A
relatora do recurso de revista do motorista, ministra Dora Maria da Costa,
explicou que a Lei 12.619/2012, que regulamenta a profissão de motorista,
acrescentou uma seção específica na CLT (artigos 235-A a 235-G) que,
além de dispor sobre o exercício da profissão em empresas de transporte de
cargas e de passageiros, trataram do chamado tempo de espera.
De
acordo com esses dispositivos, são consideradas tempo de espera as horas que
excederem à jornada normal de trabalho do motorista de transporte rodoviário de
cargas que ficar aguardando para carga ou descarga do veículo no embarcador ou
no destinatário ou para fiscalização da mercadoria transportada em barreiras
fiscais ou alfandegárias. Essas horas não são computadas como horas
extraordinárias e são indenizadas com base no salário-hora normal acrescido de
30%.
A
decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST -
Processo: ARR-13483-10.2016.5.15.0062 / Blog Trabalhista, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos? Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Empregado comprova que empresa controlava jornada por meio do celular corporativo
Publicado em
15/01/2021
às
14:00
O controle da jornada gera o
pagamento de horas extras
A Segunda Turma do Tribunal Superior do
Trabalho (TST) reconheceu o direito de um representante de produtos oftálmicos,
de São Paulo (SP), ao pagamento de horas extras. Apesar de se tratar de
trabalho externo, a empresa controlava indiretamente sua jornada por meio do
celular fornecido.
Rotina
O empregado disse, na reclamação
trabalhista, que cumpria jornada de 7h às 20h, de segunda a sexta-feira, com
meia hora de intervalo. Sua rotina era visitar lojas de clientes para
demonstração de produtos (lentes oftalmológicas) e participar de treinamentos e
reuniões com oftalmologistas. Segundo o empregado, o trabalho era controlado
pelo celular, pois utilizava o aparelho para dar baixa nas visitas realizadas
diretamente no sistema da empresa.
Em sua defesa, a empresa afirmou que o
representante cumpria trabalho externo e que não havia efetivo controle
de seus horários. Segundo a empresa, não havia como comprovar a jornada alegada
pelo empregado.
Controle de jornada
O artigo 62 da CLT disciplina "situações
excepcionais" em que o tipo de atividade desempenhada é incompatível com a
fixação de horário de trabalho. Assim, o artigo exclui esses trabalhadores do
regime de jornada de trabalho limitado a oito horas diárias e 44 horas semanais
por serem trabalhadores externos, sem que tenham sua jornada monitorada.
Celular corporativo
Segundo o Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região (SP), que julgou improcedente o pedido de horas extras, o
representante executava sua jornada externa sem qualquer ingerência ou
fiscalização da empresa sobre sua agenda de trabalho. "Ele dirigia de sua casa
para o local do primeiro atendimento ao cliente e, após a última visita,
retornava para sua residência", registrou. Para o TRT, o uso do celular
corporativo, por si só, não autoriza a conclusão de que, por meio dele, o
empregado tinha seus horários controlados. Assim, considerou que ele se
enquadrava na exceção do artigo 62 da CLT e não teria direito a horas extras.
Dinâmica do trabalho
Todavia, de acordo com a relatora do
recurso de revista do representante, ministra Maria Helena Mallmann, ao
contrário da tese de defesa, não é necessário o controle efetivo de horário
pelo empregador para afastar o enquadramento na exceção prevista na CLT. Para
tanto, basta a possibilidade de fazê-lo, ainda que indiretamente.
A ministra observou que a inserção de
smartphones na dinâmica da organização do trabalho é um avanço indiscutível,
"que decorre do desenvolvimento global na última década, com reflexos tanto na
qualidade da execução quanto no controle das tarefas do
empregado". Nesse contexto, e de acordo com o quadro descrito pelo TRT, a ministra
concluiu que o fornecimento do celular pela empresa é compatível com o controle
da jornada, ainda que indireto.
A decisão foi unânime.
Fonte: TST, Processo:
RR-392-53.2014.5.02.0038 / Blog Trabalhista
Gostou
da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos
conteúdos?
Assine,
gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a
seguir:
https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx
, e
assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!
-
Como calcular hora extra e banco de horas (segundo a Reforma Trabalhista)
Publicado em
30/04/2019
às
16:00
Saiba como calcular
hora extra dos seus colaboradores e também como funciona agora com a nova
Reforma Trabalhista
Segundo
o Artigo 7º da Constituição Federal, a jornada de trabalho deve ser
classificada de acordo com o período e sua duração. Geralmente, o regime normal
é de 8 horas por dia, não ultrapassando
as 44 horas semanais.
Porém,
o que acontece quando o funcionário tem de trabalhar mais do que esse período
na empresa? Bem, nesse momento o contador tem o trabalho de calcular as horas extras ou o banco de horas do
colaborador.
As
alterações efetuadas na Reforma Trabalhista
influenciaram também no cálculo do pagamento desse tempo excedente. Se você
possui alguma dúvida de como calcular
hora extra e banco de horas para os seus colaboradores, de acordo com a nova
Reforma, continue lendo:
O que é hora extra?
É
definida como hora extra o período diário de prestação de serviço que excede o
tempo da jornada de um colaborador definida no contrato ou limitado pela lei.
Ou seja, toda vez que o empregado trabalhar além da sua
jornada de trabalho normal, a empresa deve remunerar
financeiramente o colaborador por esse tempo.
Ou
seja, são consideradas horas extras quando:
·
Excedem as 8 horas diárias e 44
horas semanais
·
O tempo do intervalo de almoço for
de 30 minutos e não houver previsão em Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo
para essa redução
·
O intervalo interjornada for
inferior a 11 horas consecutivas (período de descanso entre duas jornadas.
O que é banco de horas?
Já
o banco de horas é um formato de compensação das horas trabalhadas.
É mais flexível, pois permite que a empresa adeque a jornada de trabalho dos
colaboradores segundo sua demanda operacional ou
necessidades produtivas.
O que mudou com a Reforma?
Antes
das alterações, a lei determinava que o cumprimento do banco de horas fosse
decidido e aprovado em uma convenção coletiva,
incluindo-se esse ponto nos contratos de trabalho. As normas previam ainda que
a quitação do saldo de horas não poderia passar do período de um ano.
Além
disso, o trabalhador podia realizar até no máximo 2 horas extras diárias
além da sua jornada normal. Para esse tipo de caso, era obrigatório o cálculo
de 20% sobre o tempo fora do período,
além do valor por hora adicional trabalhada.
Neste
caso das horas extras, a jornada de trabalho diária não poderia exceder o limite de 10 horas.
Como calcular hora extra com a nova
Reforma?
Com
a Reforma Trabalhista, o piso referente às horas extras passou de 20% para 50% do valor da hora convencional. Porém, esse valor pode
variar de acordo com a convenção coletiva ou até mesmo em casos dessas horas
serem realizadas em dias de folga do funcionário ou feriados.
Para
fazer o cálculo, primeiro é necessário descobrir o valor da hora trabalhada do colaborador. Para isso,
divida o salário mensal recebido pelo total estabelecido de horas trabalhadas
no mês.
Por exemplo: quem faz jornada de
40 horas semanais, possui uma base de cálculo de 200 horas por mês. Supondo que
João receba R$ 1500, o valor da sua
hora de trabalho é de R$ 7,5.
Porém,
o valor da hora extra varia segundo o acréscimo que o
trabalhador tiver direito. A hora extra trabalhada em dias da semana e sábados deve ser paga com acréscimo de 50% ou outro percentual definido por convenção coletiva.
Já aos domingos e feriados, a remuneração
de horas extras deve ser feita com bônus de 100%.
Ou seja, elas valem o dobro da hora comum trabalhada.
Calculadora - Calcular Hora Extra:
Se
você quer calcular horas extras com adicional de 50%, por exemplo, é necessário multiplicar o valor da
hora trabalhada por 1,5. Seguindo o
exemplo de João, que foi citado acima, com o trabalhador que tem sua
hora-salário de R$ 7,5, o cálculo
é feito da seguinte maneira:
Hora extra com 50% = 7,5 X 1,5 =
R$ 11,25
Agora,
multiplique esse valor pela quantidade de horas extra
que o colaborador realizou no mês. Se João fez 12 horas
extras no mês referente, o cálculo de pagamento é o seguinte:
Total a receber = 11,25 X 12 = R$
135,00
Em
casos de hora extra noturna (trabalhos
realizados entre 22h e 5h do dia seguinte), o acréscimo é diferente. Deve-se
calcular o valor da hora extra diurna e acrescentar 20%
para chegar ao valor.
Jornada de trabalho 12×36
Essa
talvez tenha sido uma das principais (se não a maior) mudanças da Reforma
Trabalhista. O texto da lei permitia que a jornada
conhecida por 12×36, de 12 horas de trabalho, seguidas por 36
horas ininterruptas de descanso, fosse fixada por acordo entre empresa e
trabalhador.
Antes,
esse tipo de regime só era permitido em casos específicos
previstos em lei. Porém, essa mudança polêmica foi editada a medida provisória
nº 808, mudando essa disposição.
Após
a MP nº 808, o novo texto impõe que a jornada 12×36 só poderia ser feita para profissionais da área da saúde. Isso ainda deverá ser
feito mediante acordo individual de trabalho.
Nos
demais casos, ainda continua sendo necessária a previsão legal ou por norma
coletiva de trabalho.
Não há muito segredo
para calcular hora extra, mas é necessário que as informações sejam usadas de
forma correta. A legislação trabalhista é rigorosa
com as empresas.
Fonte: Abertura Simples
-
Como calcular a hora extra noturna
Publicado em
25/04/2019
às
16:00
A
jornada de trabalho noturna
é diferente para as atividades
urbana e rural, conforme abaixo:
· Nas atividades
urbanas: considera-se noturno o trabalho realizado entre as
22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte.
· Nas atividades rurais: é considerado
noturno o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00
horas do dia seguinte, e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia
seguinte.
Havendo
prestação de horas extras no horário noturno, o empregado fará jus aos
adicionais noturno e hora extra (20% + 50%, vide convenção coletiva no
que diz respeito ao valor dos percentuais), cumulativamente, conforme súmula 60, inciso II do TST:
"Cumprida integralmente a jornada no período
noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas
prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT."
Portanto, o empregado com jornada de trabalho noturno que realiza horas
extraordinárias, mesmo sendo estas após às 05:00 horas, terá direito ao
adicional noturno sobre as horas prorrogadas.
Se a jornada de trabalho for diurna, mas as horas
extraordinárias se estender no período noturno, o empregado também terá direito
a ambos os adicionais.
Exemplo:
Empregado (com carga horária de 220 horas
mensais) que encerraria sua jornada noturna normal às 05:00 horas, acabou
prorrogando sua saída para às 06:45 horas.
Neste caso, com base no entendimento da
Súmula 60, II do TST, as 01:45 horas extraordinárias, embora realizadas após as
05:00 horas, deverão incidir os adicionais noturno e extra (20% + 50%).
Cálculo Prático:

Sobre
o valor da hora extra ainda deve incidir o descanso semanal remunerado -
DSR com base nos dias úteis do mês e os domingos e feriados.
Fonte: Guia Trabalhista Online.
-
Horas extras nos casos de viagem e pernoite - O que considerar?
Publicado em
28/03/2019
às
16:00
Como
não há norma específica que estabeleça quando deve começar ou quando deve
terminar o cômputo da jornada nos casos de viagem a serviço, as empresas ficam
em dúvida se deve ou não pagar
horas extras
para
os empregados nestes casos, já que em determinado momento o empregado pode
estar à disposição do empregador e em outros, o empregado simplesmente está
desfrutando o seu descanso semanal, ainda que fora de sua residência ou de sua
cidade.
Num primeiro momento,
há basicamente duas situações que devem ser observadas e a legislação
estabelece claramente se este tempo deve ou não ser considerado.
Estas duas situações
podem ser extraídas do entendimento do art. 62 da CLT,
o qual estabelece se o empregado poderá ou não ter direito a horas extras em razão de ter ou não controle de jornada de trabalho.
Assim, para os
empregados que exercem atividades externas incompatíveis com a fixação de jornada de trabalho ou que exerçam cargos de confiança, conforme estabelece o dispositivo
acima mencionado, não há que se falar em horas extras o trabalho realizado além
do horário normal ou comercial realizado pela empresa.
Isto porque, nestes
casos, o empregado possui liberdade no exercício de seu trabalho, ou seja, como
não há controle de jornada por parte do empregador, em determinado dia ele pode
simplesmente visitar um cliente na parte de amanhã e permanecer à tarde toda
livre (podendo até desfrutar de um lazer quando deveria estar em horário de
trabalho), sem que isso configure faltas ao trabalho, e em determinado momento
ele pode ficar bem depois do horário normal de expediente para atender um
cliente que só poderá tratar de negócios depois de um jantar, por exemplo, sem
que isso configure horas extras.
O "calcanhar de
Aquiles" está justamente na segunda situação, ou seja, quando o empregado tem
fixação de horário de trabalho e o empregador exerce, de alguma forma, o
controle da jornada, seja por meio de ponto eletrônico, papeleta, ficha de
trabalho externo, senha eletrônica por acesso em sistema próprio ou de qualquer
outro meio que possa comprovar o início e término da jornada de trabalho do
empregado.
Fonte:
Blog Trabalhista.
-
8 dúvidas comuns sobre horas extras
Publicado em
27/12/2016
às
11:00
O tema sempre gera debate nas empresas, já que é um
assunto de interesse de contratantes e contratados
A grande maioria dos
empregados brasileiros é contratada pelo regime da CLT, com jornada máxima de
trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. No entanto, o empregador
pode solicitar trabalho adicional, as chamadas horas extras.
O tema sempre gera
debate nas empresas, já que é um assunto de interesse de contratantes e
contratados. Vale ressaltar que hora extra também tem limite. O máximo permitido
é de duas horas por dia. O valor pago deve ser de no mínimo 50% sobre o valor
da hora normal.
Porém, alguns outros
pontos sobre o assunto não são fáceis de entender e dificilmente estão claros
para as partes envolvidas. Por isso, o advogado Gilberto Bento Jr., sócio da
Bento Jr. Advogados reuniu as oito principais dúvidas sobre o assunto e suas
resoluções. Confira abaixo:
1) Em que situações
as horas extras são pagas?
As horas extras são
devidas toda vez que o empregado trabalha além da sua jornada normal de
trabalho sem qualquer tipo de compensação em banco de horas. Também são devidas
quando se trabalha no horário destinado ao intervalo, ou ainda, quando não é
concedido horário de intervalo para descanso durante o dia de trabalho ou entre
um dia de trabalho e outro.
2) O empregado pode
se recusar a trabalhar horas extras?
Não se elas
estiverem previstas em acordo escrito ou contrato coletivo de trabalho.
Entretanto, de acordo com a CLT, o empregador não poderá exigir do empregado
mais de duas horas extras por dia. Um dos principais deveres do empregado é o
de colaboração ao empregador, e, portanto, ele não pode se negar, sem
justificativa prevista em lei, a realizar eventuais horas extras necessárias ao
serviço.
3) Como pode ser
prorrogada a jornada normal de trabalho?
A prorrogação poderá
ocorrer por mais duas horas além do horário normal de trabalho do empregado,
desde que exista previsão em acordo escrito ou contrato coletivo de trabalho.
Estas são consideradas horas suplementares e não tem acréscimo de remuneração.
A pré-contratação de
horas suplementares, é permitida para, no máximo, duas horas, conforme disposto
na CLT. Mesmo que essa previsão conste no contrato, ainda poderá ser exigida a
prestação de trabalho extraordinário, por motivo de força maior, e neste caso,
a jornada de trabalho não poderá se estender por mais de 12 horas, e as horas
extras por força maior continuarão a ser pagas ao trabalhador com o adicional
de 50%, no mínimo.
4) De que forma
deverá ser remunerada a hora extra?
A hora extra deverá
ser paga com acréscimo de, no mínimo, 50%, de segunda a sexta-feira, e 100% aos
domingos e feriados. Portanto, a hora extra vale mais que a hora normal de
trabalho. Impostante verificar o número de horas mensais trabalhadas
multiplicando-se o número de horas semanais que o empregado trabalha
normalmente por cinco (número de semanas que o mês pode no máximo ter). Por
exemplo, 44 horas semanais multiplicadas por 5 é igual a 220 horas mensais. Em
seguida, divide-se o valor do salário mensal pelo número de horas mensais
encontradas.
Por exemplo: salário
de R$ 2.640,00 divididos por 220 horas é igual a R$ 12,00 por cada hora de
trabalho. Ao valor da hora adicione no mínimo de 50%. Logo, se a hora é de R$
12, mais 50% fica igual a R$ 18 com o adicional. Horas extras realizadas em
período noturno, entre 22h e 5h para os trabalhadores urbanos, ainda recebem um
adicional de, no mínimo, 20% sobre o valor da hora diurna.
5) O que o contrato
de trabalho deve estipular?
O contrato de
trabalho deverá conter todas as informações relativas ao trabalho executado,
constando desde o início o horário de entrada, de saída, de intervalo e a
possibilidade de trabalho extraordinário. Deverá constar, também o valor do
salário e o percentual do adicional das horas extras, bem como a forma de
pagamento. Caso não conste o percentual do adicional das horas extraordinárias,
o valor será o mínimo imposto pela Constituição, ou seja, de 50%. Poderão também
constar os casos em que o empregado não pode se recusar a fazer as horas
extras.
6) Se a empresa
quiser "pagar" as horas extras com dias de folga em vez de dinheiro ela pode?
É permitido
compensar as horas extras trabalhadas com folga ou diminuição correspondente da
jornada, isso é considerado banco de horas, e deve ter previsão em convenção
coletiva da categoria. Se houver banco de horas instituído, quando então a
compensação poderá ser feita em até 12 meses.
7) Como o
funcionário pode controlar as suas horas extras? Ele deve anotar ou a empresa é
obrigada a fornecer um documento todo mês com as horas acumuladas?
O empregado deverá
anotar as suas horas extras trabalhadas, pois o controle de frequência é um
documento da empresa e que só é obrigatório para aquelas que possuem mais de 10
empregados.
8) Quais são os
reflexos das horas extras nas verbas rescisórias?
Horas extras, se
habituais, refletem em todas as verbas decorrentes do rompimento contratual -
aviso prévio, 13º salário proporcional e férias proporcionais acrescidas de
1/3. Durante o contrato de trabalho, se habituais, refletirão também no repouso
semanal remunerado e no FGTS, de modo que a indenização de 40% sobre o FGTS
também fica maior.
Fonte: Administradores
-
Tribunal confirma descanso de 15 minutos para trabalhadoras, antes de jornada extra
Publicado em
28/11/2014
às
13:00
Por 5 votos a 2, a maioria dos
ministros do Supremo confirmou regra da CLT, que havia sido contestada
anteriormente por uma empresa de Santa Catarina.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
quinta (27/11/2014) validar o Artigo 384 da Consolidação da Leis do Trabalho
(CLT), que obriga as empresas a conceder 15 minutos de descanso para mulheres
antes do cumprimento de hora extras.
A regra foi
questionada no Supremo por uma empresa de Santa Catarina, que alegou ofensa ao
princípio da isonomia. De acordo com a empresa, como a medida não pode ser
aplicada aos homens, a norma estimula a diferenciação em razão do sexo.
Por 5 votos a 2, a maioria dos ministros seguiu posição relator, ministro Dias
Toffoli.
No entendimento do ministro, não há tratamento arbitrário. Segundo
Toffoli, há necessidade de dar tratamento diferenciado às
mulheres para garantir proteção.
"O trabalho contínuo impõe à mulher o necessário período de
descanso, a fim de que ela possa se recuperar e se manter apta a prosseguir com
suas atividades laborais em regulares condições de segurança, ficando protegida,
inclusive, contra eventuais riscos de acidentes e de doenças profissionais.
Além disso, o período de descanso contribui para a melhoria do meio ambiente de
trabalho", disse o ministro.
Fonte: Agência Brasil
(ABr)
-
Trabalhador externo com possibilidade de controle de jornada tem direito a horas extras
Publicado em
21/08/2012
às
15:00
Para o enquadramento do empregado como trabalhador externo, inserido nas disposições do art. 62, I, da CLT, é conditio sine qua non que o obreiro exerça atividade fora do estabelecimento comercial da empresa e não exista nenhum controle de horário, direto ou indireto. Assim, se constatado que a atividade exercida pelo empregado, embora externa, não era incompatível com o controle de horário, devido é o pagamento de horas extraordinárias.
Fonte: TST - 1ª Turma - Recurso de Revista 121600-21.2007.5.17.0009 - Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho - DeJT de 24/02/2012.
-
Empresa é que tem de provar que trabalhador não fez hora extra
Publicado em
27/06/2012
às
17:00
Exigência deve ser observada, especialmente, por empresas com mais de 10 empregados.
E, havendo reclamação trabalhista em que se discute extrapolação da jornada, a empresa deve apresentar esses registros, sob pena de se presumir verdadeira a jornada alegada pelo trabalhador.
Nos termos do parágrafo 2º do artigo 74 da CLT, o empregador que contar com mais de dez trabalhadores tem a obrigação de adotar controle de entrada e saída dos seus empregados, seja por meio de registro manual, mecânico ou eletrônico. E, havendo reclamação trabalhista em que se discute extrapolação da jornada, a empresa deve apresentar esses registros, sob pena de se presumir verdadeira a jornada alegada pelo trabalhador. Esse é o teor da Súmula 338, I, do TST.
Foi com fundamento nesses dois dispositivos que a 10ª Turma do TRT-MG acompanhou o voto do juiz convocado Rodrigo Ribeiro Bueno e deu provimento ao recurso do trabalhador, condenando a rede de supermercados reclamada ao pagamento de horas extras. O juiz de 1º Grau havia indeferido o pedido, por entender que o empregado não conseguiu comprovar o trabalho extra. Mas, na visão do relator, era a empregadora quem deveria provar que não houve prestação de horas extras.
"Uma grande rede de supermercados, notoriamente com mais de 10 empregados em seu quadro, tem a obrigação legal de anotar a jornada de trabalho dos seus subordinados, seja por qual meio for: manual, mecânico ou eletrônico" , ponderou o juiz convocado. O artigo 74, parágrafo 2º, da CLT, assim determina. Como consequência dessa imposição legal, havendo discussão judicial quanto ao tema, cabe à empresa apresentar os cartões de ponto que se encontram em seu poder, na forma prevista na Súmula 338, I, do TST. A empregadora tem a posse da prova da matéria, estando apta, portanto a demonstrar o que, de fato, ocorreu. De forma que, se não apresenta os registros de entrada e saída, considera-se verdadeira a jornada descrita na petição inicial.
No caso, a empresa apresentou um único cartão de ponto, referente a nove dias de 2010 apenas. A única testemunha ouvida no processo declarou que o reclamante trabalhou cumprindo horas extras e, também, aos domingos. Assim, em razão da omissão da ré, o juiz relator deu razão ao empregado e condenou a empresa ao pagamento de horas extras, assim consideradas aquelas que excedessem a oitava diária ou 44ª semanal, com adicional de 50% e reflexos nas demais parcelas, além de dois domingos por mês, remunerados em dobro.
(0000433-16.2011.5.03.0032 ED)
Fonte: TRT-MG.
-
Horas in itinere podem ser fixadas em norma coletiva
Publicado em
09/08/2010
às
10:00
As horas in itinere – aquelas em que o empregado gasta entre a residência e o local de trabalho – podem ser pagas mediante valor fixado em norma coletiva de trabalho
As horas in itinere – aquelas em que o empregado gasta entre a residência e o local de trabalho – podem ser pagas mediante valor fixado em norma coletiva de trabalho. Foi o entendimento adotado pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho para isentar o Condomínio Agrícola Canaã, de Campinas (SP), do pagamento de diferenças reclamadas pelo empregado e deferidas pelo Tribunal Regional da 15ª Região.
O condomínio recorreu ao TST, alegando a ilegalidade das verbas pedidas, em razão de ter pago o empregado conforme o estabelecido em norma coletiva de trabalho vigente. O recurso foi analisado na Quarta Turma pela ministra Maria de Assis Calsing, que concordou com o argumento de que a forma de pagamento é lícita, pois não há disposição constitucional ou legal contrária.
A relatora explicou que o artigo 7º, XXVI, da Constituição, que dispõe sobre a questão, não estabelece critérios objetivos para apuração do tempo despendido entre a residência do trabalhador e o local em que presta serviço, ainda que o artigo 58 da CLT, com redação da Lei 10.243/01, tenha incluído as horas in itinere no rol das garantias asseguradas ao trabalhador relativamente à jornada de trabalho.
Ainda sobre a licitude da forma de pagamento dessas horas, a relatora salientou que o estabelecido entre as partes “decorre de concessões mútuas firmadas no âmbito da referida negociação coletiva, o que não se contrapõe ao disposto no artigo 58, § 2º, da CLT”. Citou vários precedentes julgados na Corte que respaldam sua decisão. Seu voto foi aprovado por unanimidade na Quarta Turma. (RR-62740-40.1991.5.01.0039)
Fonte: TST/Mário Correia
-
Saiba quando o profissional não tem direito à hora extra
Publicado em
21/05/2010
às
11:00
A duração da jornada diária e normal de trabalho não pode exceder oito horas, desde que não seja fixado expressamente outro limite inferior, segundo o artigo 58 da CLT.
A legislação trabalhista brasileira prevê o pagamento de hora extra ao profissional que exceder a jornada diária. Mas será que isso está disponível a todos os colaboradores? O artigo 62 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) diz que não.
?Alguns empregados estão excluídos da proteção normal da jornada de trabalho, que são exercentes de cargos de confiança e os que exercem atividades incompatíveis com o controle de horários?, explicou Eliane Ribeiro Gago, do escritório Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados.
Cargos de confiança
De acordo com o advogado Rui Meier, do Tostes e Associados Advogados, os altos empregados, assim como editores de jornais, são da maior confiança do empregador e, por seus atos, podem colocar em risco o próprio empreendimento.
?Quanto maior o grau de confiança inerente ao cargo, menos direitos trabalhistas o empregado tem. Exemplo: um gerente de banco, quando é promovido a tal, deixa de ter a jornada reduzida de seis horas do empregado bancário e passa a ter jornada de oito horas?.
Ele explicou que o que acontece é que a figura do empregado de alta confiança se confunde com a do próprio empregador e, por isso, não há controle de horas, para que se possa resolver os problemas da organização quando eles ocorrerem, independentemente do tempo demandado.
O parágrafo único do artigo 62, porém, determina que a regra será aplicada aos empregados de confiança quando seu salário - compreendendo a gratificação de função, se houver - for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40%.
Nem compensação de horas
As empresas que possuem um RH (recursos humanos) eficiente e uma assessoria jurídica, de acordo com Eliane, têm ciência dos casos em que os empregados devem ou não receber a hora extra, quando realizadas. Algumas optam até mesmo pelo banco de horas, para diminuir os gastos com a folha de pagamento. Mas será que isso é estendido aos profissionais de altos cargos?
O regime de compensação de horas só é admitido mediante negociação coletiva e abrange tão somente os empregados submetidos a controle de jornada?, disse a coordenadora trabalhista da Tostes e Coimbra Advogados, Fernanda Antunes Marques. Assim, aos profissionais de cargo de confiança, não é aplicado o regime de compensação.
Entenda mais a hora extra
A duração da jornada diária e normal de trabalho não pode exceder oito horas, desde que não seja fixado expressamente outro limite inferior, segundo o artigo 58 da CLT.
Quando se extrapola o limite, porém, as horas suplementares serão remuneradas com o acréscimo de, no mínimo 50%, conforme convenção coletiva. Não serão computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.
A empresa não pode exigir o trabalho suplementar ? considerado aquele em que o empregado estiver à disposição, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada ? por mais de duas horas diárias.
Fonte: InfoMoney
-
Empresas brasileiras podem estar deixando de pagar R$ 20,3 bilhões em horas-extras por ano
Publicado em
05/03/2010
às
11:00
Portaria 1.510 do MTE regulamenta o ponto eletrônico para evitar que empresas burlem a marcação de horas trabalhadas e impedir que empregados continuem trabalhando de graça para seus patrões. Sonegação à Previdência Social e ao FGTS pode chegar a
Levantamento da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que R$ 20,3 bilhões referentes a horas-extras podem estar deixando de ser pagas aos trabalhadores brasileiros anualmente. Ao deixar de registrar o trabalho adicional de seus empregados, a sonegação à Previdência Social pode chegar a R$ 4,1 bilhões, e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço mais R$ 1,6 bilhão. Somadas, as horas-extras trabalhadas e não pagas no Brasil equivalem à carga horária referente a 956,8 mil empregos, que poderiam ser gerados em lugar do trabalho extra não remunerado. O estudo tem como base o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais) do MTE.
Para evitar que os empregados continuem trabalhando de graça para as empresas, o MTE publicou em agosto de 2009 a Portaria 1.510, que disciplina o registro eletrônico de ponto e a utilização do Sistema de Registro Eletrônico de Ponto pelas empresas. O novo modo eletrônico de marcação de entrada e saída dos trabalhadores entrará em vigor em agosto de 2010. Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, a portaria não tolhe outras formas de marcação de ponto.
"O controle eletrônico de ponto é opcional. As empresas que não quiserem utilizar o novo sistema poderão utilizar o sistema antigo", informa Lupi, referindo ao artigo 74 da CLT, que faculta o uso de registro de ponto manual ou mecânico. Contudo, se o meio eletrônico for adotado, deverão ser seguidas as instruções da Portaria 1.510.
A principal intenção do novo controle de jornada de trabalho é impedir que os horários anotados na entrada e saída do expediente de trabalho sejam alterados, como possibilitam alguns programas de computador disponíveis no mercado atualmente. Os novos relógios de ponto devem emitir comprovante da marcação a cada registro efetuado, para que os trabalhadores tenham comprovação do horário de início e fim do expediente.
Clique aqui para saber mais sobre a Portaria 1.510.
Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE.
-
Horas extras parcialmente comprovadas podem refletir em todo o período trabalhado
Publicado em
11/02/2010
às
13:00
Nos termos da Orientação Jurisprudencial n° 233 do TST, “a decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedimento questionado superou aquele período”. Em não havendo indícios de que o empregador tenha alterado as regras do jogo no curso do contrato, ou seja, diminuído a sobrejornada obreira, há de se presumir a continuidade da atividade laborativa suplementar noticiada em depoimento. (TRT – 1ª Região – Recurso Ordinário 1.344 – Relatora Desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo – DJ-RJ de 23-09-2009).
-
Cálculo de horas extras
Publicado em
10/11/2006
às
15:00
A remuneração do serviço suplementar é composta do valor de hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção ou sentença normativa.
Base Legal: Súmula TST nº 264.
-
Cálculo de comissões em hora extras
Publicado em
07/10/2006
às
09:00
O empregado a base de comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de horas efetivamente trabalhadas.
Base Legal: Súmula TST nº 340.
-
Compensação de Horas Extras
Publicado em
05/07/2006
às
14:00
Decisão recente da Terceira Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho) referendou decisão anterior do TRT da 12a Região Santa Catarina) e observou que acordo validade se for por vontade expressa das partes.
A decisão favoreceu funcionários de uma cooperativa da cidade de Itajaí, cujo acordo previa a possibilidade de não pagamento das horas extras, se o excesso de horas em um dia fosse compensado pela correspondente diminuição em outro.
Sabe-se que tal decisão está de acordo com o parágrafo 25 do artigo 59, da ICLT, pois no Direito do Trabalho existem normas de direito público que são de observância obrigatória, ou seja, mesmo que as partes assim o queiram, não se pode alterá-las mediante convenção. Dessa natureza são as normas que se (referem à jornada de trabalho e intervalos.
Recomenda-se que as empresas cuidem para que tais acordos de {compensação de horas sejam feitos de forma individualizada e por escrito (cada funcionário deve assinar o termo) e sempre por intermédio dos (sindicatos, por convenção ou acordo coletivo, observando os limites estabelecidos pela legislação trabalhista, não se podendo exigir mais que duas horas extras diárias, a não ser em casos de extrema necessidade do serviço e a compensação de horas deve observar o prazo máximo de um ano, desde que não se ultrapasse os limites máximos das jornadas previstas.
Importante referendar que se não forem observadas as prescrições legais, as horas extras excedentes deverão ser pagas com o respectivo adicional de horas extras. Vale lembrar, ainda, que as horas extras habituais descaracterizam o acordo de compensação de horas e que horas excedentes da jornada semanal devem ser remuneradas com o respectivo adicional de horas.
Núcleo Trabalhista Padão & Bezzi Advocacia -Fone 3022-1278
-
Pagamento de hora extra ao empregado que participa de treinamento após a jornada de trabalho
Publicado em
09/03/2006
às
15:00
A legislação não dá tratamento para o caso específico.
Entretanto, essa questão está sendo resolvida na Justiça do Trabalho que vem proferindo decisões no sentido de que se o curso de treinamento do empregado é necessário para aprimorar seu desempenho profissional e foi determinado pela empresa, este período que excede a jornada normal de trabalho deve ser considerado como tempo à disposição do empregador, gerando para o empregado o direito de receber estas horas como extraordinárias.
Base Legal: Decreto Lei 5.452, de 01/05/43 - CLT - artigos 4º e 59 - DO-U de 09/08/43 e TRT - 4ª Região - Recurso Ordinário 95036646-3 - Relator Juiz André Avelino - Publ. Em 28/04/97.
-
Acordo para compensação de hora extra só vale por escrito
Publicado em
19/08/2005
às
16:30
O acordo para compensação de horas trabalhadas além da jornada deve ser feito por escrito, não verbalmente. Com base neste entendimento, a 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) determinou que um dentista indenize sua ex-assistente pelas horas extras trabalhadas.
A trabalhadora ajuizou ação na 54ª Vara do Trabalho de São Paulo reclamando, entre outras verbas, o pagamento de horas extras não recebidas.
Em sua defesa, o dentista sustentou que mantinha "acordo tácito" de compensação de horas, pelo qual a assistente trabalhava "apenas duas segundas feiras por mês".
Como a vara julgou procedente o pedido da reclamante, o dentista recorreu ao TRT-SP. Ele insistiu na tese de que o acordo verbal de compensação, levaria à improcedência das horas extras.
Para o relator do Recurso Ordinário no tribunal, juiz Ricardo Artur Costa e Trigueiros, o artigo 5°, inciso II, da Constituição Federal, "que é a fonte de todo o ordenamento jurídico", dispõe que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Segundo o relator, o artigo 59 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que "a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho".
"Ora, existindo norma de ordem pública que impõe a forma escrita como requisito essencial para a validade do acordo que elastece a jornada de trabalho e considerando a garantia vigente conferida pelo artigo 5° inciso II da CF/88, a reclamada encontra-se obrigada a observar as disposições legais acima destacadas, segundo o principio da legalidade e da reserva legal", observou o juiz Trigueiros.
"O acordo oral de compensação noticiado não tem qualquer validade jurídica e portanto, não pode ser considerado para o fim de obstar o direito do trabalhador às horas extras", decidiu o juiz relator.
O juízes da 4ª Turma acompanharam o voto do relator, por unanimidade, determinando que o dentista pague à ex-auxiliar todas as horas extras trabalhadas.
Fonte: TRT-SP, Processo RO 02229.2002.054.02.00-0.
-
Uso de celular pode garantir remuneração adicional
Publicado em
10/12/2004
às
09:00
A imposição de uso de telefone celular fornecido pelo empregador pode configurar regime de sobreaviso e garantir ao empregado pagamento adicional. Basta que o trabalhador comprove a expressa destinação do aparelho para atendimento urgente e fora do expediente do exclusivo interesse patronal. Este foi o entendimento dos juízes da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) em julgamento de Recurso Ordinário (RO 02787.2001.032.02.00-7), movido por um ex-empregado da American Express S.A. De acordo com o processo, a American Express entregou o aparelho para que o empregado atendesse, a qualquer momento, chamado do Banco Santander, um dos clientes da operadora de cartões de crédito. O reclamante ajuizou ação na Justiça do Trabalho pedindo o pagamento de horas em regime de sobreaviso, alegando que era obrigado a permanecer aguardando ordens de serviço passadas pelo celular fornecido pela empresa. A 32ª Vara do Trabalho de São Paulo negou o pedido e o reclamante recorreu ao TRT-SP contra a sentença. Para juiz Rafael Pugliese Ribeiro, relator do recurso, "é inegável que o telefone não foi dado ao autor para sua própria comodidade, como também é inegável que nesse regime de designação estava o autor naturalmente limitado em sua locomoção". "A obviedade dessa asserção resulta da circunstância prática a que o autor deveria se submeter para possibilitar a solução de problemas que lhes fossem apresentados, a qualquer hora, mediante o chamado do cliente importante. Era, então, regime específico de sobreaviso, sob a adaptação fática que a tecnologia permitiu colocar em prática", concluiu o juiz relator. Por unanimidade, os juízes da 6ª Turma acompanharam o voto do juiz Pugliese e condenaram a American Express ao pagamento das horas em regime de sobreaviso, à base de 1/3 da hora normal.
Fonte: Notícias TRT - 2ª Região. Processo RO 02787.2001.032.02.00-7.
-
Justiça do Trabalho esclarece direito a pagamento de horas de sobreaviso
Publicado em
08/12/2004
às
15:00
Em decisão unânime, tomada de acordo com o voto do ministro Gelson de Azevedo (relator), a Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho esclareceu a possibilidade de configuração das horas de período em que o empregado fica à disposição da empresa, em sua residência, fora do horário de trabalho. A posição foi adotada durante exame e deferimento de recurso de revista interposto no TST pela Caixa Econômica Federal contra determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (com jurisdição em Santa Catarina). Segundo o ministro Gelson de Azevedo, "o que caracteriza o trabalho em regime de sobreaviso é a obrigação de o empregado permanecer em sua residência, aguardando ordens e, portanto, impossibilitado de deslocar-se no âmbito de seu domicílio". A adoção desse entendimento pela Quinta Turma resultou na reforma do acórdão do TRT catarinense, que havia confirmado a um gerente de área da CEF o pagamento de horas de sobreaviso. A decisão regional baseou-se em depoimentos de testemunhas que indicavam a permanência do empregado em sobreaviso para atender ocorrência no setor de computação. Segundo o órgão de segunda instância, o fato do trabalhador não usar aparelho BIP nem estar submetido à escala de plantão não descaracterizaram o regime de sobreaviso. As circunstâncias consideradas pelo Tribunal Regional, contudo, não resultaram no convencimento do relator do recurso de revista sobre a ocorrência das horas de sobreaviso e o direito ao pagamento correspondente. Após registrar que o uso do BIP, por si só, não caracteriza tal espécie de atividade, Gelson de Azevedo afirmou que "são irrelevantes, por outro lado, para configuração do regime de trabalho de sobreaviso, os fatos de que o empregado deveria ser informado da ocorrência, ou não, de problemas no setor e de que, havendo problemas, sua presença era indispensável". A argumentação utilizada pelo TRT catarinense foi rebatida diante da tese de que a configuração das horas de sobreaviso está restrita à situação em que o empregado permanece em sua casa, aguardando a qualquer momento uma chamada para o serviço. O recurso de revista da Caixa Econômica também questionava outros dois pontos da decisão regional, mas ambos foram afastados (não conhecidos) pela Quinta Turma do TST. Com isso, foi mantida a integração ao salário do gerente da gratificação de função que foi percebida por mais de dez anos e a previsão regional para o pagamento dos honorários advocatícios.
Fonte:TST - Brasília . Processo RR 630892/00.9.
-
Complementação de aposentadoria não comporta horas extras
Publicado em
26/11/2004
às
15:00
As horas extraordinárias constituem-se em salário somente no período em que estão sendo pagas. A impossibilidade de incorporação definitiva dessa parcela no contrato do trabalhador levou a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, com base no voto do ministro Lélio Bentes Corrêa, a deferir recurso de revista interposto pela Fundação dos Economiários Federais (Funcef) e Caixa Econômica Federal (CEF). Com a decisão, a repercussão das horas extras foi excluída da complementação de aposentadoria de um economiário gaúcho. O julgamento proferido pelo TST resultou em modificação de decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (com jurisdição no Rio Grande do Sul). Durante o exame do tema, o órgão de segunda instância trabalhista tomou como base o regulamento interno da Funcef para autorizar a inclusão das horas extras no cálculo da complementação de aposentadoria. "O Regulamento do Plano de Benefícios da Funcef estabelece, em suas cláusulas, que o salário de contribuição é a remuneração do empregado, sobre o qual incidirá a contribuição social para a Funcef", julgou o TRT. "Estando as horas extras compreendidas na remuneração do trabalhador, devem incidir na verba de complementação de aposentadoria", acrescentou. A Funcef e a CEF questionaram esse posicionamento no TST sob o argumento de violação a normas da Constituição Federal como o princípio da legalidade (art. 5º, II) e o dispositivo que impede o aumento de benefício ou serviço da seguridade social sem a respectiva fonte de custeio. Indicaram, ainda, divergência do acórdão do TRT gaúcho com outras decisões que não reconheceram o direito à integração das horas extras nos proventos de aposentadoria. O ministro Lélio Bentes apreciou o recurso sob o âmbito da divergência e frisou que o TST reconhece a possibilidade do empregador promover a supressão das horas extras durante o curso do contrato de trabalho. "Infere-se, daí, que as horas extraordinárias se constituem em salário somente no período em que são pagas, não havendo que se falar na sua incorporação definitiva no contrato de trabalho e, via de conseqüência, na complementação de aposentadoria", afirmou ao conceder o recurso e, com isso, determinar a exclusão das horas extras do cálculo de complementação de aposentadoria do economiário.
Fonte: Notícias TST. Processo RR 532534/99.0.
-
Cálculo de hora extra é diferente para salário fixo e comissões
Publicado em
26/11/2004
às
11:00
O empregado que recebe remuneração fixa e variável (comissionista misto) deve ter horas extras calculadas de forma diferente. Sobre o valor da parte fixa, ele tem direito à remuneração da hora simples trabalhada mais o adicional de horas extras. Sobre a parte variável, incide apenas o adicional, uma vez que as horas simples já estão remuneradas pelas comissões recebidas. Este foi o entendimento adotado pela Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho no julgamento de embargos em recurso de revista da Agropecuária Vale do Rio Grande contra decisão da Quarta Turma do TST, que não conheceu (rejeitar) seu recurso de revista. A Agropecuária Vale do Rio Grande, ao ajuizar o recurso de revista e, posteriormente, os embargos, pretendia limitar sua condenação ao pagamento apenas do adicional, invocando o Enunciado nº 340 do TST. A empresa sustentou que, como o autor recebia por produção, a remuneração compreendia toda a jornada de trabalho, ou seja, toda a produção. Assim, a jornada extraordinária já se encontraria remunerada, sendo devido apenas o adicional de horas extras, e não o pagamento das horas propriamente ditas acrescidas do adicional. Para o relator dos embargos na SDI-1, ministro João Oreste Dalazen, a controvérsia sobre a base de cálculo das horas extras prestadas por comissionista misto e deve ser resolvida com o cálculo das horas extras em duas etapas, "uma referente à parte fixa; outra alusiva à parte variável." Para o ministro Dalazen - cujo posicionamento foi seguido pelos demais integrantes da SDI-1 -, em relação à parte fixa do salário do comissionista misto são devidas as horas simples acrescidas do adicional de horas extras. "Por outro lado, em relação à parte variável, será devido somente o adicional de horas extras, visto que a hora simples já foi efetivamente remunerada pelas comissões já pagas". O relator ressaltou que a situação é diferente da prevista no Enunciado nº 340, segundo o qual "o empregado sujeito a controle de horário remunerado à base de comissões tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor das comissões a elas referentes." Conforme o voto do ministro Dalazen, o enunciado "refere-se apenas ao empregado remunerado à base de comissões. Para este, não são devidas as horas simples prestadas em sobrejornada, uma vez que já remuneradas com o pagamento das comissões." Em relação ao caso em questão, entretanto, em se tratando de comissionista misto, "as horas simples não estão remuneradas quanto à parte fixa, razão pela qual é devida a hora extra, considerando-se a hora simples acrescida de adicional." Com esta fundamentação, a SDI-1 deu provimento aos embargos da Agropecuária Vale do Rio Grande e limitou sua condenação ao pagamento da hora trabalhada acrescida do adicional de horas extras, quanto ao salário fixo do empregado, e apenas do adicional de horas extras quanto à parcela salarial variável, relativa às comissões.
Fonte: Notícias TST. Processo E-RR-728.452/2001.8.
-
Tribunal garante hora extra a empregado de cooperativa de crédito
Publicado em
05/11/2004
às
17:00
A possibilidade de equiparação entre cooperativa de crédito e instituição bancária, reconhecida pela Subseção de Dissídios Individuais - 1 (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho, assegurou a um trabalhador paranaense o direito à percepção de horas extraordinárias. A decisão foi tomada durante exame de embargos em recurso de revista, afastados (não conhecidos) conforme o voto do relator da matéria na SDI-1, o ministro Carlos Alberto Reis de Paula. Os embargos foram interpostos pela Cooperativa Central de Crédito do Paraná Ltda. a fim de questionar decisão tomada pela Primeira Turma do TST que anteriormente afastou um recurso de revista da empregadora. O posicionamento adotado pelos dois órgãos do TST confirmou a validade de pronunciamento do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (com jurisdição no Paraná) favorável a um assessor técnico de carteira de crédito. O trabalhador obteve judicialmente o direito de perceber como extras o pagamento das horas trabalhadas além da sexta diária. Para tanto, o TRT paranaense baseou sua decisão na Lei nº 4.595/64 que dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias. Em seu art. 18, §1º, essa legislação subordina as cooperativas de crédito a suas diretrizes. A interpretação aplicada ao caso pelo TRT, e reconhecida pelo TST, permite o enquadramento dos empregados das cooperativas de crédito e está em consonância com o Enunciado nº 55 do TST. "As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para os efeitos do artigo 224 da CLT", estabelece a súmula que prevê a extensão do limite de seis horas diárias da jornada dos bancários (art. 224 da CLT) aos trabalhadores das empresas de crédito. Em seus embargos, a cooperativa de crédito paranaense sustentou que a aplicação do Enunciado nº 55 era indevida, uma vez que o caso comportaria a aplicação extensiva do art. 224, § 2º da CLT a seu empregado. O dispositivo citado exclui a possibilidade do pagamento das horas extras aos bancários que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e outros cargos de confiança. Também argumentou violação da Lei nº 5764/71, que classifica as cooperativas como sociedades constituídas para prestar serviços a seus associados. O voto do ministro Carlos Alberto, contudo, entendeu como válida a aplicação do Enunciado nº 55 do TST ao caso concreto. O relator também descartou a possibilidade de afronta à Lei nº 5764,71. "Não vislumbro tal vulneração, pois em que pese a Lei nº 5.764/71, em seus arts. 4º e 5º, dispor que as cooperativas são constituídas para prestar serviços aos associados, a sua atividade final é de natureza crédito-financeira", concluiu ao afastar os embargos da cooperativa paranaense.
Fonte: Notícias TST. Processo ERR 600797/1999.2.
-
Tribunal decide: registro de portaria serve como prova de hora-extra
Publicado em
05/11/2004
às
15:00
Os juízes da 9ª Turma do Tribunal Regional da 2ª Região (TRT-SP) decidiram que, quando uma empresa não adota controle escrito de horário, o livro de controle de portaria serve como prova do horário que o empregado ficou à disposição do empregador. A Editora Pesquisa e Indústria Ltda. recorreu ao TRT-SP contra decisão da 21ª Vara do Trabalho de São Paulo, por entender que o empregado ocupava cargo de confiança e não comprovara, no processo, ter realizado horas-extras. De acordo com o relator do recurso, juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira, "quando a empresa não adota controle escrito de horário, o livro de controle de entrada e de saída de pessoas, utilizado na portaria, com exceção dos empregados mencionados especificamente no artigo 62 da CLT, serve de prova do horário que o empregado ficou à disposição do empregador, conforme artigo 4º da CLT". No recurso, a editora tentava enquadrar o empregado na previsão do artigo 62, II, da CLT, que exclui os gerentes do direito à hora-extra, assim considerados os que exercem cargos de gestão. O relator esclareceu em seu voto que o reclamante era chefe de cadastro editorial, função diferente da mencionada na lei. Concluindo o voto, o juiz relator deu provimento parcial ao recurso, determinando que "o livro de controle de portaria seja considerado prova válida para ambas as partes, na apuração das horas extras". A decisão foi unânime.
Fonte: Notícias TRT - 2ª Região. Recurso Ordinário TRT-SP 00276200202102008
-
Escala de 12 x 36: quando é devida hora extra!
Publicado em
03/11/2004
às
15:00
A existência de acordo coletivo estabelecendo jornada de trabalho de doze horas por trinta e seis horas de descanso (12x36) não impede a redução da hora noturna, conforme determina a legislação trabalhista (CLT), em benefício do empregado. Esse reconhecimento, que garante ao trabalhador a percepção das horas extras decorrentes de trabalho executado à noite, coube à Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, de acordo com voto do ministro Lélio Bentes Corrêa. Em sua decisão, o órgão do TST negou um recurso interposto por uma empresa de Minas Gerais. A fim de proteger o trabalhador submetido ao trabalho noturno, a CLT possui dispositivo que fixa o cálculo da hora trabalhada - no período entre as 22h e 5h do dia seguinte - em 52 minutos e 30 segundos. Com a aplicação da norma, os minutos residuais ao limite de 52'30" são remunerados de forma extraordinária. No caso concreto examinado pelo TST, entendeu-se que a observância da regra persiste mesmo quando o trabalhador está submetido ao regime de 12x36 horas. O posicionamento adotado pelo TST ao negar um agravo de instrumento interposto pela empresa mineira, confirmou decisão anterior do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG). De acordo com a decisão do órgão de segunda instância, "A modalidade da jornada cumprida pelo empregado - turno de doze horas trabalhadas por trinta e seis horas de folga - não afasta a redução da hora noturna". "É que o labor noturno é uma exceção ao trabalho em condições normais, devendo sempre ser executado em jornada inferior, como conseqüência da agressão que impõe ao organismo do trabalhador, vez que notadamente mais penoso do que o diurno. Lógico é que o estabelecimento da jornada especial (12x36) não pode desconsiderar vantagens já conquistadas", acrescentou o acórdão regional. Ao questionar a tese adotada pelo TRT-MG, a empresa alegou a violação ao princípio constitucional da legalidade, diante da inexistência de lei prevendo a hipótese examinada, e ao dispositivo da Constituição que prevê o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho. Os argumentos, contudo, foram refutados pelo ministro Lélio Bentes. "Em face do princípio protetivo do direito do trabalho, existem direitos que se afiguram indisponíveis de negociação, principalmente quando as condições de trabalho são peculiares e demandam tratamento especial para sua melhor adequação, como na hipótese vertente, em que ocorre o desgaste físico e emocional do empregado o qual é submetido uma jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis horas de folga", observou. Segundo o relator do recurso no TST, "uma cláusula de acordo ou convenção coletiva não pode ser considerada isoladamente, porque, embora a norma, no seu todo, estabeleça melhores condições de trabalho aos empregados na transação, não se pode abrir mão de direito irrenunciável". A proteção da saúde do trabalhador, segundo Lélio Bentes, se impõe no caso. "Não há desrespeito à conquista alcançada pelos empregadores e trabalhadores nos limites da flexibilização do Direito do Trabalho, que serve para compatibilizar o capital e o trabalho, mas sim a observância de um direito indisponível do trabalhador, pois visa a resguardar sua condição física e mental", afirmou ao confirmar o direito do trabalhador às horas extras.
Fonte: TST. Processo AIRR 31075/02-900-03-00.0.
-
Convenção coletiva pode prevalecer sobre jurisprudência do Tribunal
Publicado em
14/10/2004
às
14:00
Quando a convenção coletiva de trabalho estabelece condições mais benéficas ao trabalhador, ela prevalece sobre a jurisprudência da Justiça do Trabalho. O entendimento é da Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que, por unanimidade, não conheceu de um recurso de revista do Banco BMG S.A que contestava o direito do uma ex-empregada ao recebimento de horas extras por trabalhar aos sábados. A bancária foi contratada em outubro de 1997 como operadora de negócios na área de empréstimos (CDC), e dispensada sem justa causa em outubro de 1998. Entrou com ação na Vara do Trabalho de Maringá, no Paraná, com a alegação de não ter recebido as horas extras diárias e decorrentes do trabalho aos sábados, durante todo o período do contrato de trabalho. A empresa contestou os argumentos da empregada justificando que ela ocupava cargo de confiança e que , portanto, não teria direito a receber horas extras. Além disso, citou a assinatura de um acordo de prorrogação de jornada, segundo o qual a trabalhadora teria aceitado trabalhar oito e não seis horas, como prevê a legislação quanto ao trabalho do bancário. A empresa alegou também que nas folhas de ponto não havia nenhum registro de trabalho durante os sábados. A sentença de primeiro grau condenou o Banco BMG ao pagamento de horas extras trabalhadas além da sexta diária, e também pelo trabalho aos sábados. A empresa recorreu ao TRT do Paraná. O Regional reformou a sentença quanto às horas extras, aceitando a validade do acordo de prorrogação de horas, no qual a trabalhadora aceitava o aumento da jornada em duas horas diárias. Quanto ao trabalho aos sábados, no entanto, o Tribunal manteve a sentença e a condenação da empresa ao pagamento de cinco horas de trabalho aos sábados como extras, baseando-se em convenção coletiva dos bancários, que considera o sábado como dia de repouso semanal remunerado. Em recurso de revista ao TST, o banco insistiu na tese de que o cargo ocupado pela bancária era de confiança e que, portanto, esta não teria direito ao recebimento da sétima e oitava horas de trabalho como extras. O BMG contestou também o trabalho aos sábados, tomando por base o Enunciado 113 do TST. Segundo o dispositivo, o sábado é dia útil para o bancário e, portanto, a empresa não poderia ser condenada ao pagamento de horas extras também por este dia. A Quinta Turma do TST não conheceu do recurso de revista da empresa quanto a horas extras, pois para analisar as razões expostas pela empresa seria preciso reavaliar fatos e provas, procedimento não permitido pelo Enunciado 126 do TST. Quanto ao trabalho realizado aos sábados, segundo a análise da Turma, a decisão do Regional não contrariou o Enunciado 113 do Tribunal. De acordo com o acórdão, o dispositivo "é de natureza genérica, e, existindo norma específica, acordo coletivo da categoria que estabelece forma diversa mais favorável ao empregado, esta deve prevalecer, não cabendo falar-se em conflito, mas sim em razoabilidade da decisão do TRT". Com a decisão, fica mantido o entendimento do TRT do Paraná que condena o banco ao pagamento de horas extras diárias e por trabalho prestado aos sábados à trabalhadora.
Fonte: Notícias TST.
-
Horas extras - Incorporação
Publicado em
29/09/2004
às
09:00
"A supressão, pelo empregador, do serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares efetivamente trabalhadas nos últimos 12 (doze) meses, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão."
Base Legal: Súmula 291 TST.
|