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Atendente de farmácia que pegou duas ampolas para uso próprio consegue reverter justa causa
Publicado em
21/01/2025
às
16:00
Tribunal
considerou que a punição foi desproporcional ao ato
Resumo:
- Uma atendente de farmácia
foi demitida por justa causa de um hospital de Curitiba, após pegar duas
ampolas de um medicamento barato para uso próprio.
- O Tribunal Regional do Trabalho
afastou a justa causa, considerando que ela havia trabalhado 15 anos no
hospital sem nenhuma punição e que as ampolas custavam cerca de R$ 25
cada.
- Ao rejeitar recurso do
hospital, a 6ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho concluiu que a
punição foi desproporcional à falta cometida. Com isso, ela deve receber
todas as verbas rescisórias devidas na dispensa sem justa causa.
|
A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o recurso de um Hospital
contra a reversão da dispensa por justa causa de uma atendente de farmácia que
pegou duas ampolas de um medicamento para uso próprio sem autorização da
chefia. Para a maioria do colegiado, o gesto não justifica a aplicação da
penalidade trabalhista mais grave.
Justa causa foi aplicada
por suposta improbidade
Na ação trabalhista, a atendente disse
que exerceu a função por 15 anos sem receber nenhuma sanção disciplinar. Em
setembro de 2019, ela foi demitida por improbidade.
O hospital, em sua defesa, alegou que
ela era a pessoa responsável pelo controle de estoque e foi dispensada por ter
pegado os medicamentos, destinados a tratamento de anemia, e ter dado
baixa no estoque sem autorização.
O pedido da atendente foi rejeitado
pelo juízo de primeiro grau, mas aceito pelo Tribunal Regional do Trabalho da
9ª Região (PR). Conforme o Tribunal Regional do Trabalho, cada ampola do
remédio (ferripolimaltose/ferritina) custava cerca de R$25 e não estava na
lista de medicamentos de uso controlado. Destacou também que não houve gradação
de penalidades e que a empregada nunca havia recebido punição. Com isso,
converteu a justa causa em dispensa motivada, condenando o hospital a pagar
todas as verbas rescisórias e emitir as guias do seguro-desemprego e do FGTS.
Sanção foi desproporcional
ao ato
A relatora do recurso da empresa,
ministra Kátia Arruda, destacou a importância da quebra de confiança para
justificar a dispensa por justa causa. Mas, para a maioria do colegiado,
a pena foi desproporcional ao ato cometido pela trabalhadora.
O ministro Lelio Bentes Corrêa
considerou relevantes dois pontos: o valor reduzido do bem subtraído e o fato
de que, em mais de 15 anos de trabalho, a empregada não sofreu nenhum tipo de
sanção. Segundo ele, apesar de reprovável, a conduta da trabalhadora não tinha
tanta gravidade.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho, Processo: RR-965-98.2019.5.09.0013, com edição do texto e "nota" da
M&M Assessoria Contábil
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Adulterar Atestado Médico dá Justa Causa? Caso prático envolvendo gravidez
Publicado em
05/11/2024
às
16:10
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
região manteve justa causa e rejeitou o pedido de
estabilidade de funcionária grávida que adulterou atestado
médico, ampliando o afastamento de um para dez dias.
3ª turma considerou que proteção à
gestante não se aplica em casos de falta grave, conforme legislação brasileira.
Entenda
Em 8 de setembro de 2023, a trabalhadora
consultou um médico e recebeu atestado de um dia. No entanto, ela alterou o
documento manualmente, acrescentando o número zero, visando obter dez dias de
folga.
O atestado foi registrado no sistema
eletrônico de RH apenas em 20 de setembro de 2023. A empresa solicitou o
documento original, mas a funcionária recusou. Diante disso, a médica foi
contactada e confirmou que o afastamento era de um dia. Após constatar a
adulteração, a empresa demitiu a funcionária por justa causa, conforme o artigo
482, "a" da CLT.
A trabalhadora ingressou com ação em 23 de
novembro de 2023, buscando a reversão da justa causa. Em audiência, ela
confessou a adulteração do atestado: "(...) eu confirmo que acrescentei um
zero no atestado médico (...)".
Decisões
O juízo de Laranjeiras do Sul/PR rejeitou o
pedido e qualquer outro dependente da reversão da justa causa. A autora
recorreu, argumentando que "não havia justificativa plausível para a
aplicação da penalidade máxima", e defendeu sua estabilidade de gestante.
A 3ª turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 9ª Região (Paraná) concluiu que não havia dúvida sobre a adulteração. A
prova foi demonstrada por mensagens de WhatsApp entre a médica e a empresa. A
médica declarou: "Dei um atestado de um dia à autora, que foi alterado
para dez dias".
A autora também confessou a alteração
durante a audiência.
O colegiado destacou que o caso se enquadra
nos artigos 297 e 304 do Código Penal:
Art. 297 - Falsificar ou alterar documento
público verdadeiro:
Pena - reclusão de dois a seis anos e
multa.
Art. 304 - Usar papéis falsificados ou
alterados dos arts. 297 a 302:
Pena - a mesma da falsificação ou
alteração.
O relator Eduardo Milleo Baracat afirmou
que a conduta da autora está prevista no art. 482, "a", da CLT, por
visar "vantagem pessoal com documento adulterado, através de ato
desonesto. O atestado fraudado comprova má-fé, falta de gravidade que
impossibilita a continuidade do vínculo, uma vez que foi prejudicada a
confiança necessária. O ato justifica a penalidade aplicada, sendo inviável a
reversão da justa causa".
Sobre a estabilidade gestacional, o relator
citou o art. 10, inciso II, alínea "b" do ADCT da Constituição de
1988, frisando que, "uma vez confirmada a justa causa, não há que se falar
em estabilidade".
O número do processo não foi divulgado pelo
Tribunal.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Com informações do TRT-9 e https://www.migalhas.com.br/quentes/417634/trt-9-mantem-justa-causa-de-gravida-que-adulterou-dias-em-atestado,
com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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STF valida decreto que desobrigou Brasil de cumprir norma internacional sobre demissão sem justa causa
Publicado em
31/08/2024
às
16:00
Plenário aplicou entendimento de 2023 sobre o
decreto.
O
Plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou, por unanimidade, a validade
do Decreto Presidencial 2100/1996, que retirou o Brasil da Convenção 158
da Organização Internacional do Trabalho.
A
convenção cria parâmetros de proteção a trabalhadores nos casos de dispensa
sem justa causa e, entre outros pontos, prevê que o empregado tem o
direito de saber os motivos da sua demissão.
A decisão
foi tomada na conclusão do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 1625, nesta quinta-feira (22).
A
validade do decreto presidencial de 1996 já tinha sido examinada pelo Plenário
em 2023, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 39.
Como o decreto não havia passado pelo Congresso Nacional, a dúvida girava em
torno da validade de um decreto não analisado pelos parlamentares.
Nesse
julgamento, foi firmada a tese de que a retirada do país desse tipo de tratado
tem de passar pelo Congresso Nacional. Porém, para garantir a segurança
jurídica, a decisão só teve efeitos a partir da data em que foi tomada, ou
seja, sem alcançar decretos anteriores. Por essa razão, a validade do decreto
de 1996 foi mantida.
No
julgamento da ADI 1625, a mesma tese foi aplicada.
Fonte: STF
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Demissão por justa causa deve ser imediata aos fatos - caso real
Publicado em
31/08/2024
às
10:00
A demora na
punição pode ser entendida como perdão tácito da falta cometida por ele
Por unanimidade, a Subseção
I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do
Trabalho anulou a demissão por justa causa aplicada a um bancário acusado de
usar cartão do gerente para estornar débitos em sua conta pessoal. A penalidade
foi afastada em razão da demora do banco em aplicar a punição.
Banco alega má-fé e perda de
confiança
Segundo apurado, o bancário, em novembro de 2008, fez 176 estornos de
sua conta corrente, no valor de R$ 256,80, usando a senha pessoal do gerente
geral. Segundo o banco, os atos foram praticados com intenção e má-fé e
resultaram na perda da confiança no empregado, demandando a aplicação da
punição extrema de demissão por justa causa, em maio de 2009.
Bancário disse que não pôde se
defender
No mesmo ano, o bancário ajuizou a ação trabalhista pedindo sua
reintegração. Ele alegou que não havia sido comunicado formalmente sobre a
investigação nem teve possibilidade de produzir provas, mas apenas foi chamado
para uma "entrevista estruturada" em que não pôde se manifestar.
Dispensa ocorreu seis meses depois
Em maio de 2012, a 1ª Vara do Trabalho de Fortaleza concluiu que houve
exagero na pena aplicada. Segundo a sentença, o empregado havia reconhecido nos
autos ter utilizado a senha do gerente para realizar os estornos, mas que depois
os valores foram devolvidos. A decisão também aponta que não houve prejuízo
financeiro nem à imagem do banco.
O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (CE) manteve a sentença,
mas por outro motivo: a demora de quase seis meses entre o conhecimento da
fraude e a aplicação da penalidade. Segundo o Tribunal Regional do Trabalho, o
desvio comportamental que leve a demissão por justa causa, uma vez detectado,
deve ser imediatamente seguido da reprimenda. Se o empregado continua a
trabalhar normalmente, presume-se que tenha sido perdoado.
Demora caracterizou perdão tácito
No Tribunal Superior do Trabalho, o caso foi inicialmente analisado pela
Primeira Turma. Ao manter a reintegração, o colegiado aplicou o entendimento do
Supremo Tribunal Federal (STF) de que a demissão sem justa causa de empregados
de empresas públicas e sociedades de economia mista, como o Banco do Brasil,
admitidos por concurso público, deve ser devidamente motivada (Tema 1.022 de
repercussão geral).
Já na SDI-1, o relator do recurso do banco, ministro Aloysio Corrêa da
Veiga, observou que o caso em questão tem uma particularidade, porque a
dispensa por justa causa foi afastada em razão de ausência de imediatidade na
punição. Embora tivesse ciência da falta grave, o banco demorou a tomar medidas
punitivas, o que configura perdão tácito, ou seja, presume-se que a falta foi
perdoada.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal
Superior do Trabalho, Processo: E-RR-1825-73.2011.5.07.0001, com edição do texto e "nota"
da M&M Assessoria Contábil
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Tribunal confirma Justa Causa de atendente que duplicava ingressos de shows
Publicado em
16/08/2024
às
16:00
A 6ª Turma do TRT da 2ª
Região manteve justa causa aplicada a promotora de vendas que fraudou a
comercialização de ingressos na empresa onde trabalhava. Segundo a empresa, a
trabalhadora adquiria os ingressos e os duplicava para revenda. Em depoimento,
a mulher confessou ter realizado a compra não autorizada de bilhetes, pois nos
treinamentos da organização foi informada de que a prática era proibida.
A descoberta do esquema ocorreu após problemas na entrada de clientes ao longo
do período em que a trabalhadora esteve à frente da venda dos tickets. Em um
dos casos, houve a reimpressão de 16 ingressos adquiridos na bilheteria da
reclamada. Esses tickets foram vendidos pela reclamante e fizeram com que
os compradores fossem impedidos de entrar no show. A empresa juntou ao processo
foto dos bilhetes que foram recolhidos por possuírem numeração duplicada, um
deles em nome da autora.
Para conseguir burlar o sistema e duplicar os ingressos, a promotora informava
que o processo não havia sido bem-sucedido. Imagens das câmeras de segurança
anexadas aos autos mostram a realização das reimpressões sem a presença de
cliente. As gravações também exibem a mulher passando o cartão na máquina com o
equipamento no colo, por debaixo da mesa. Na análise do desembargador-relator
Wilson Fernandes, como a profissional trabalhava em dias de shows, "está claro
que tais ingressos eram repassados a terceiros, o que configura sim ato de
cambismo".
Na contestação, a
empresa relatou que quando os clientes eram barrados e informavam que os
ingressos haviam sido comprados na bilheteria do estabelecimento, a organização
optava por autorizar o acesso dessas pessoas ao evento. A ré estima que a
conduta da autora possa ter causado prejuízo, durante o contrato de trabalho,
de aproximadamente R$ 3 mil mensais.
Conforme o magistrado, a
falta cometida pela trabalhadora "é de natureza grave, a ponto de inviabilizar
a continuidade da relação de emprego, pois além de censurável, vulnera a
relação de fidúcia entre as partes, fato este determinante para a dispensa
motivada, aplicada com imediatidade plausível ante a apuração dos fatos".
Confira o significado de alguns termos
utilizados no texto:
justa causa
|
motivo, previsto em lei, para extinção do vínculo empregatício por
violação a suas regras
|
fidúcia
|
confiança
|
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região - São Paulo, com edição do texto e
"nota" da M&M Assessoria Contábil.
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Tribunal anula justa causa de mulher que faltou ao trabalho por ter sofrido violência doméstica
Publicado em
08/08/2024
às
10:00
Por unanimidade de votos, a 11ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (Grande São Paulo e litoral paulista)
manteve a sentença que anulou a justa causa aplicada por uma operadora de saúde
a uma faxineira impedida de comparecer ao trabalho por violência doméstica
cometida pelo companheiro. De acordo com os autos, a mulher contou ao
supervisor os "problemas pessoais" pelos quais estava passando, e disse ainda
que o chefe teria contado o ocorrido a uma gestora e a uma empregada de
recursos humanos da instituição.
Segundo a empresa, a trabalhadora foi dispensada de forma motivada por oito
faltas "injustificadas" e reiteração de "condutas desidiosas" no exercício das
funções. A ré alegou que tal comportamento comprometeu o funcionamento normal
do setor no qual a autora da ação trabalhava. E informou também que a empregada
já havia sido penalizada com suspensão disciplinar em razão das cinco primeiras
ausências e que, após novas faltas "injustificadas", não teve outra alternativa
senão a aplicação da justa causa.
O acórdão, de relatoria do desembargador Sérgio Roberto Rodrigues, explica que
desídia remete à ideia de negligência do empregado com as obrigações
contratuais que, por não serem tão graves, exige comportamento reiterado, que
deve ser punido com penalidades gradativas a fim de ressocializar o
trabalhador. A decisão esclarece que "somente diante do insucesso, admite-se a
aplicação da pena mais grave, que é a dispensa motivada". E aponta ainda que há
a possibilidade de conduta desidiosa em um único ato, excepcionalmente grave,
embora seja exceção.
No julgamento, o magistrado sustentou que, no caso em análise, a dispensa
motivada se deu em decorrência do número de faltas reiteradas, e não por uma
falta específica. "Ocorreu a aplicação de uma dupla punição ('bis in idem'), o
que é vedado pelo ordenamento jurídico, pois o empregador não pode agravar
duplamente determinado ato faltoso."
Além disso, para o relator, a prova oral revelou que "as faltas não foram
injustificadas, pois a empresa tinha conhecimento da violência doméstica
sofrida pela autora". E concluiu que os elementos contidos nos autos não foram
suficientes para justificar a aplicação da pena mais grave à trabalhadora,
devendo a operadora de saúde transformar a demissão em imotivada e fazer o
pagamento das verbas rescisórias devidas. Com informações da assessoria de
imprensa do TRT-2.
Nota
M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Conjur / Assessoria de Imprensa do TRT-2, Processo 1001022-10.2023.5.02.0028, com
"nota" da M&M Assessoria Contábil.
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Cuidado com acusações de furtos sem provas consistentes - caso real
Publicado em
02/08/2024
às
10:00
Não podendo ser comprovado, pode reverter
justa causa
A 14ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região manteve, por
maioria dos votos, a reversão da justa causa de um técnico de laboratório
acusado, sem provas consistentes, de furtar um par de botas. O colegiado ainda
deu provimento a recurso adesivo do empregado e arbitrou indenização por dano
moral de R$ 6 mil.
Segundo o porcesso, o homem foi filmado pegando o
calçado, equipamento de proteção individual que seria de um integrante do
almoxarifado e foi levado para casa. O empregador interpretou o ato como
furto e dispensou o trabalhador sem dar a ele chance de se explicar. O rapaz,
por sua vez, alegou que usou as botas para tirar seu carro da rua e estacionar
na empresa, pois chovia naquele dia e não poderia molhar o próprio sapato. O
dono do item não foi apontado pela empresa.
De acordo com o desembargador-relator, Davi Furtado
Meirelles, embora a versão da reclamada seja possível e crível, a melhor
solução para a hipótese seria que se optasse pelo caminho da dispensa imotivada
ou que se apresentasse um conjunto de provas robustas quanto ao ato de
improbidade, opções não adotadas.
Segundo o magistrado, "houve manifesto e
injustificável excesso de rigor na aplicação da justa causa, o que evidencia,
inclusive, atitude clara de desrespeito [...] em face de seu empregado". Considerou,
assim, que a reversão da pena seria "a melhor solução para recompor o excesso
da organização".
Ainda segundo o julgador, a supressão de verbas
rescisórias derivada de aplicação indevida da justa causa é fato grave que gera
presunção de dano moral, razão pela qual decidiu pela indenização em favor do
reclamante.
Confira alguns termos utilizados no texto:
justa causa
|
penalidade
máxima que resulta no rompimento do contrato de trabalho com pagamento de
apenas férias vencidas e saldo de salário; assim, não há benefícios como 13º
salário, aviso-prévio, seguro-desemprego, FGTS e multa
|
recurso
adesivo
|
tipo de
recurso que pode ser interposto por uma das partes de um processo, aproveitando-se
do recurso já interposto pela parte contrária.
|
reclamada
|
réu na
reclamação trabalhista; em geral, a empresa
|
dispensa
imotivada
|
o mesmo que
dispensa sem justa causa
|
ato de
improbidade
|
ação ou
omissão desonesta do empregado, que revela abuso de confiança, fraude ou
má-fé, visando vantagem para si ou para outrem
|
verbas
rescisórias
|
valores que
o(a) trabalhador(a) tem direito a receber quando oseu contrato de trabalho
chega ao fim
|
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região, com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Falsificação de Documento é Motivo para Justa Causa
Publicado em
14/06/2024
às
10:00
A Quarta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho rejeitou o recurso de um propagandista vendedor de farmacêutica contra
sua dispensa por justa causa por apresentar teste falso de
covid-19. O colegiado destacou que a gravidade da conduta e a quebra de
confiança impedem a manutenção do contrato de trabalho.
Exame enviado por
WhatsApp foi adulterado
A ação trabalhista foi ajuizada pela empresa após
suspender o trabalhador, que, na condição de vice-presidente do sindicato de
sua categoria, teria direito à estabilidade provisória.
O objetivo da medida era abrir um inquérito para apuração de falta grave, a fim
de respaldar a dispensa.
A farmacêutica relatou
que, em 25 de janeiro de 2022, ele apresentou atestado e receituário com
indicação de 10 dias de repouso, com o CID de covid-19. Como ele havia
encaminhado apenas uma foto do atestado por WhatsApp, a empresa pediu que ele
apresentasse, também, o teste positivo. Mas, ao analisar o documento, a
farmacêutica verificou que ele estava rasurado, porque as fontes do nome do
paciente e do resultado do exame eram diferentes da usada nas demais
informações.
A rasura foi
confirmada pelo laboratório responsável pelo exame, que também verificou que o
laudo era de outra pessoa e que o resultado era negativo.
Vendedor disse que
tinha sintomas
Em sua defesa, o
trabalhador afirmou que estava com sintomas e que sua esposa e filha tinham
testado positivo para a doença. Também alegou que o sistema do laboratório não
era confiável e apresentou testemunhas que afirmaram que ele havia comparecido
ao hospital.
Uma delas foi o médico que havia dado o atestado a partir do exame clínico e
dos sintomas, somados à contaminação da esposa. Ele disse ter solicitado o
teste, mas o paciente não o realizou no mesmo hospital por falta de cobertura
de seu plano de saúde.
Adulteração era visível a olho nu
A 3ª Vara do Trabalho de Caruaru (PE) reconheceu a
falta grave e declarou a rescisão do contrato de trabalho por
justa causa, por ter sido comprovado que o teste de covid fora adulterado pelo
empregado, "em nítido ato de mau procedimento, assemelhando-se a ato desonesto".
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (PE) manteve a sentença,
destacando que as alterações e rasuras eram perceptíveis a olho nu e que o
propagandista não havia apresentado o documento original.
Para a Quarta Turma,
falsificação quebra confiança
Na tentativa de rediscutir o caso no Tribunal Superior
do Trabalho, o propagandista argumentou que trabalhou mais de 27 anos na
empresa sem nenhuma punição anterior. A dispensa por justa causa seria
um "completo desrespeito ao princípio da proporcionalidade da pena e
observância da gradação de medidas disciplinares" e uma forma da farmacêutica
acabar com sua estabilidade.
Mas, segundo o relator, ministro Ives Gandra, a
apresentação do teste falso foi comprovada e qualificada como grave pelo
Tribunal Regional do Trabalho. Ressaltou, ainda, que o próprio Tribunal
Regional do Trabalho citou decisão da Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho em que a apresentação de atestado médico falso
foi considerada suficiente para quebrar a confiança contratual. Assim, a
decisão está em sintonia com a do Tribunal Superior do Trabalho.
A decisão foi unânime.
Resumo: Falta grave e quebra de confiança -
falsificação de documento é causa de justa causa, conforme decisão do Tribunal
Superior do Trabalho.
Propagandista
dispensado por apresentar exame falso de covid não consegue reverter justa
causa - a falsificação do documento foi considerada falta grave e quebra
de confiança.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi
aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador para
futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Tribunal Superior do Trabalho
- Processo: Ag-AIRR-273-51.2022.5.06.0313 / Guia
Trabalhista / Edição do Texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Demissão por justa causa: aspectos legais e mudanças após a reforma trabalhista
Publicado em
16/02/2024
às
10:00
Descubra os critérios, as alterações após
reforma e os desafios envolvidos na aplicação da demissão por justa causa no
ambiente de trabalho
A demissão por justa causa, um dos temas mais delicados nas relações de
trabalho, é uma prerrogativa da empresa para dispensar colaboradores que tenham
cometido faltas graves. Prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) , essa medida implica no rompimento do contrato de confiança
e de boa-fé entre empregado e empregador.
A legislação,
especificamente o artigo 482 da CLT, elenca 14 motivos possíveis para a
demissão por justa causa, exigindo que o empregador avalie cuidadosamente esses
fatores antes de tomar essa decisão. A falta de análise apropriada pode expor a
empresa a processos trabalhistas, já que o trabalhador tem o direito de
recorrer à justiça caso considere a demissão injusta, requerendo argumentos
sólidos baseados em dados coesos, documentação e, se possível, testemunhas.
É importante destacar que,
mesmo em situações de estabilidade provisória, como acidentes de trabalho,
serviço militar ou gestação, a demissão por justa causa é viável.
A Reforma Trabalhista de 2017 introduziu mudanças significativas,
especialmente nos artigos 477 e 482 da CLT, impactando procedimentos e prazos.
O artigo 482 sofreu
alterações, adicionando um novo motivo para demissão por justa causa: a "perda
da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da
profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado". Isso se aplica
quando a perda é resultado de uma conduta intencional por parte do colaborador.
No que diz respeito ao
artigo 477, a Reforma Trabalhista eliminou a necessidade de homologação da
rescisão pelo sindicato, simplificando os processos de demissão. Além disso,
estabeleceu um prazo de até dez dias para o pagamento das verbas rescisórias
após o término do contrato.
É fundamental distinguir
entre demissão por justa causa e sem justa causa. A primeira exige um motivo
legal, enquanto a segunda pode ocorrer por vontade do empregador, sem
necessidade de explicação formal. No entanto, a demissão por justa causa
implica na perda de benefícios como aviso-prévio, seguro-desemprego, férias
proporcionais e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) .
Os 14 motivos para demissão
por justa causa, listados no artigo 482 da CLT, incluem:
· Ato de improbidade;
· Condenação criminal;
· Incontinência de conduta;
· Mau procedimento;
· Negociação habitual;
· Violação de segredo da empresa;
· Desídia;
· Ato de indisciplina ou
insubordinação;
· Embriaguez habitual ou em
serviço;
· Abandono de emprego;
· Ofensas físicas;
· Prática constante de jogos de
azar;
· Perda da habilitação;
· Atos contra a segurança nacional;
· Ofensa moral contra o empregador
e colegas.
Cada um desses motivos é detalhadamente analisado, desde atos de
improbidade até ofensas físicas e práticas constantes de jogos de azar. A
abordagem inclui considerar a gravidade da falta, o momento em que ocorreu, a
culpa do colaborador e, no caso de faltas leves, a frequência.
No que diz respeito ao
número de advertências necessárias para justa causa, não há uma regra fixa, mas
é essencial que as empresas adotem uma abordagem justa e proporcional. Pequenas
faltas acumuladas podem se tornar motivo legal para demissão, embora a adoção
de advertências e suspensões seja comum antes dessa medida extrema.
Em resumo, compreender os
aspectos legais da demissão por justa causa é essencial para empregadores e
empregados, evitando litígios e garantindo o respeito aos direitos de ambas as
partes envolvidas. O cumprimento das normas estabelecidas pela legislação
trabalhista é crucial para uma gestão de recursos humanos eficiente e justa.
Fonte: Portal Contábeis
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Rasurar atestado médico é motivo para justa causa? Caso real
Publicado em
14/09/2023
às
10:00
A Justiça do
Trabalho confirmou a dispensa por justa causa de uma empregada de uma
rede de lojas, por falsificação de atestado médico. A sentença é do juiz
Luciano José de Oliveira, no período em que atuou na 3ª Vara do Trabalho de
Pouso Alegre. Ficou constatado que a trabalhadora rasurou o atestado médico,
para fazer constar nove dias de afastamento, quando, na verdade, era apenas um
dia. Para o magistrado, a conduta da trabalhadora configura ato de improbidade,
na forma do artigo 482, "a", da CLT.
O julgador ressaltou que a justa causa para
a dispensa deve ser cabalmente provada, tendo em vista o princípio da
continuidade da relação de emprego, que norteia as relações de trabalho. Além
disso, trata-se da maior pena que a empresa pode impor ao trabalhador,
retirando-lhe, muitas vezes, o bem mais precioso que possui no âmbito do
Direito do Trabalho, que é o emprego.
Na decisão, foi explicado ainda que, para a
validade da justa causa, a falta cometida pelo empregado deve ser grave o
bastante para quebrar a confiança entre as partes, imprescindível à relação de
emprego, tornando-a inviável. No entendimento do julgador, foi exatamente isso o
que ocorreu, no caso. "A reclamante foi dispensada, corretamente, por ter
cometido falta grave, com base no art. 482, "a", da CLT - ato de
improbidade, em razão de apresentar atestado falso", destacou o juiz.
Pela análise do atestado médico, o
julgador observou que, realmente, houve alteração do número de dias de
afastamento, já que havia divergência entre o número registrado (09) e sua
escrita por extenso ("hum dia"). Além disso, a adulteração foi confirmada por
declaração emitida pela própria médica responsável pelo atestado médico.
Ao prestar depoimento, a empregada afirmou
que o atestado "era de nove dias", o que levou o magistrado a concluir que ela
tinha conhecimento da falsificação, já que não houve dúvida de que o
afastamento foi de apenas um dia.
Requisitos da justa
causa - Prova
Os demais elementos necessários à validade
da dispensa por justa causa também foram constatados no caso.
Isso porque a falsificação do atestado médico foi a causa única da
dispensa, ou seja, houve nexo de causalidade e ausência de dupla punição pelo mesmo
ato.
Na visão do juiz, não era o caso de
aplicação gradativa de punições mais brandas, considerando que a conduta da
empregada configura falta gravíssima, autorizando a imediata extinção do contrato
de trabalho, porque houve a quebra da confiança necessária para a continuidade
da prestação de serviços.
Outro aspecto abordado na decisão foi o
relativo à imediatidade na aplicação da pena à trabalhadora. De acordo com o
julgador, o tempo transcorrido entre a identificação da falta grave e a dispensa
por justa causa foi razoável para apuração dos fatos, inexistindo perdão
tácito. "O atestado médico foi encaminhado virtualmente para a
empresa em 31/1/2023, sendo o documento físico entregue no dia seguinte. A
resposta do hospital confirmando a rasura do atestado somente foi enviada à ré
no dia 16/2/2023, data em que a obreira foi comunicada da dispensa por justa
causa", observou na sentença.
Verbas rescisórias, estabilidade da gestante e danos
morais - Improcedência
A confirmação da justa causa levou à
improcedência dos pedidos de pagamento das verbas rescisórias relativas
à rescisão imotivada do contrato de trabalho. Pela mesma razão, foram
julgados improcedentes os pedidos de pagamento da indenização substitutiva
da estabilidade provisória prevista para gestante e de indenização
por danos morais.
A prática de falta grave caracterizadora da
justa causa descartou, logo de início, o direito à estabilidade de emprego
pretendida. A prova de que a dispensa motivada foi corretamente aplicada e de
que a empresa agiu no exercício de poder diretivo do empregador, sem exceder os
limites do exercício regular de direito, por sua vez, levou à improcedência do
pedido de indenização por danos morais.
O processo já foi arquivado
definitivamente.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT 3º Região, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Falar mal da empresa nas redes sociais pode levar a demissão por justa causa; entenda
Publicado em
08/08/2023
às
14:00
Na internet, muitas pessoas tem uma
sensação de falsa impunidade, mas a depender do grau ofensivo do comentário
publicado, a conduta poderá ser enquadrada como um ato lesivo à honra ou boa
fama do empregador. Empregados precisam se lembrar que fazer qualquer tipo de
comentário ou endossar críticas pode caracterizar uma falta grave
Atualmente, muitas pessoas se sentem livres
para compartilhar suas vidas, expressar
suas opiniões e até mesmo desabafar sobre
suas profissões nas redes sociais.
No entanto, existe um limite para essa liberdade e funcionários que
falam mal da empresa em que trabalham
publicamente podem ser demitidos por justa causa.
Segundo o advogado e sócio da área trabalhista do escritório Mattos Filho,
Domingos Fortunato, é importante lembrar que, pela internet não ser um ambiente
altamente regulado, muitas pessoas tem uma sensação de falsa impunidade.
No entanto, os empregados precisam ter consciência que fazer qualquer tipo de
comentário ou endossar críticas pode caracterizar uma falta grave.
"A relação de trabalho é uma relação de confiança entre o empregado e
empregador. Com ela, pressupõe-se uma harmonia entre as partes. Ao mencionar ou
falar mal do empregador em redes sociais há quebra dessa confiança", diz.
Ele cita como exemplo um caso que ocorreu nos Estados Unidos, em
2018, em que uma funcionara da empresa Akima LLC, que trabalha para o governo
americano, foi fotografada fazendo um sinal ofensivo para comitiva de
Donald Trump.
Na época, a foto viralizou e a mulher compartilhou a imagem em suas redes
sociais. Pouco tempo depois, ela foi demitida por justa causa.
No Brasil, não existe uma regulamentação legal a respeito dos limites para
postagens, declarações ou comentários sobre o empregador em redes sociais e
ambientes na internet.
Até por isso, muitas empresas definem
regras de conduta e certos limites aos empregados nas interações em redes
sociais que envolvam seu nome, marca e produtos.
Porém, o advogado da área trabalhista do escritório Demarest Advogados, Celso
Báez do Carmo Filho, explica que a depender do grau ofensivo do comentário
publicado, a conduta poderá ser enquadrada como um ato lesivo à honra ou boa
fama do empregador e, com isso, caracterizar falta grave passível de demissão
por justa causa, conforme previsto no artigo 482 da CLT.
"Como regra geral, qualquer manifestação por parte de um indivíduo que acarrete
danos ou ofensas a terceiros acarretará sua responsabilização nos âmbitos civil
e penal. A lógica é a mesma na relação de trabalho, cabendo ainda a aplicação
de eventuais sanções disciplinares nos termos da lei", afirma.
Além disso, o advogado esclarece que demitir um empregado que critica seu emprego
publicamente não consistiria em violação ao direito de expressão, mas em
direito potestativo do próprio empregador, inclusive em virtude da quebra de
confiança.
"Ainda que o direito à liberdade de
expressão seja garantido, esse direito não é ilimitado.
Como em qualquer circunstância, ofensas verbais a qualquer pessoa física ou
jurídica pode acarretar a responsabilização do ofensor. Essa lógica não é
diferente na relação de emprego", comenta.
A lei também vale tanto para o empregado quanto para o empregador.
"Se uma das partes cometer um ilícito, isso gera direito a uma
reação jurídica. No caso do empregador de rescindir
o contrato por justa causa e no caso do empregado de pedir danos
e uma eventual indenização por danos morais, caso a
empresa publique ou torne pública essa situação", diz
Fortunato.
É importante lembrar que a lei não é limitada apenas
ao âmbito digital, o que temos agora é, na verdade, que os fatos que
aconteciam no presencial passam a ocorrer virtualmente. Dessa forma,
a legislação regula uma conduta que pode ocorrer em ambos os
lugares.
Fonte: CNN
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Atitudes fora do ambiente da empresa e depois do horário de trabalho podem ensejar Justa Causa? Caso real
Publicado em
02/08/2023
às
10:00
Sentença proferida na 56ª Vara do
Trabalho de São Paulo manteve justa causa aplicada a técnico de enfermagem que
filmou as partes íntimas de uma passageira em vagão do metrô. Para a juíza
Alice Nogueira e Oliveira Brandão, o desvio de comportamento sexual do homem
justifica o rompimento do contrato com o empregador por quebra de
confiança.
Ficou comprovado que o homem fez
as gravações com o celular durante o trajeto casa/trabalho, o que foi descrito
em boletim de ocorrência e resultou em abertura de processo criminal. Cerca de
20 dias após o ocorrido no trem, foi dispensado do hospital em que atuava, o
qual recebeu postagens em redes sociais e denúncias nos canais de atendimento
sobre os fatos.
Na decisão, a magistrada pontua
que o resultado da ação penal não interfere no julgamento da ação trabalhista,
pois se trata de jurisdições distintas. Lembra ainda que a incontinência de
conduta pode ocorrer também fora das dependências da empresa, como em férias,
licenças e finais de semana. E quando essa falta liga o trabalhador e a empresa
fica tipificada sua gravidade e os reflexos negativos na relação empregatícia.
Ao validar a justa causa, a
julgadora afirma que não é possível considerar normal a produção de vídeos
íntimos sem consentimento ou autorização e que o trabalhador representa ameaça
no ambiente de trabalho.
"O reclamante é técnico de
enfermagem, ou seja, lida com a saúde e fragilidade de pessoas (...) Não é
necessário que a empregadora espere que fato semelhante ocorra nas dependências
do hospital para afastar do trabalho quem comprovadamente representa risco a pacientes
e funcionários que frequentam o local".
Com isso, todos os pedidos do
homem foram julgados improcedentes, entre eles o de FGTS, aviso-prévio e
seguro-desemprego.
O número do processo não foi
informado.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT-2 (SP), com "nota" e edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil
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Necessidade de progressão da pena para culminar em Justa Causa
Publicado em
08/06/2023
às
16:00
Caso real: caixa de supermercado obtém reversão de justa causa por falta
de gradação da pena
Decisão da 13ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região confirmou
reversão da justa causa aplicada a um operador de caixa de supermercado que
havia descumprido regulamento da empresa ao não entregar no mesmo dia sobra de
caixa no valor de R$ 10,00. Pelo entendimento, a empresa deveria ter
considerado a gradação da pena, já que o empregado jamais havia sido advertido
por esse motivo.
De acordo com os autos,
ao notar a infração à regra, o supermercado instaurou procedimento de
sindicância, o qual não comprovou que o autor tinha a intenção de subtrair o
valor ou prejudicar, revelando somente um descuido do homem com relação às
regras da companhia. Segundo o desembargador-relator, Valdir Florindo, "o fato
ensejaria apenas a advertência do trabalhador, para que não mais descumprisse
as determinações".
A empresa apresentou
outras duas situações nas quais advertiu o profissional, mas uma delas era por
discussão com colega de trabalho e outra por utilização de celular durante o
expediente. Ainda assim, por nunca ter havido advertência pelo fato alegado na
justa causa, a pena aplicada foi considerada excessiva.
"Por se tratar de medida
extrema, que afronta o princípio da continuidade da relação de emprego (Súmula
212, TST), bem como retira do trabalhador as verbas rescisórias cabíveis por
ocasião da ruptura contratual de iniciativa do empregador, a justa causa deve
contar com prova inconteste acerca dos fatos que a ensejaram e o seu efetivo
enquadramento numa das hipóteses previstas no artigo 482 da Consolidação das
Leis Trabalhistas, o que não ocorreu no caso do feito", completou o magistrado.
Com a decisão, a empresa
terá de pagar as verbas rescisórias decorrentes de uma dispensa imotivada.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Tribunal Regional do Trabalho - 2ª Região, com "nota" e edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil
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Trabalhadora dispensada por justa causa - motivo: indisciplina
Publicado em
22/02/2023
às
16:00
A Oitava Turma do
Tribunal Superior do Trabalho excluiu da condenação imposta à microempresa de
Esteio (RS), o pagamento das férias e do 13º Salário proporcionais
requeridos por uma controladora de acesso demitida por justa causa. Segundo o
colegiado, não há previsão legal para a concessão dessas parcelas quando
o fim do contrato de emprego ocorre por justo motivo.
Histórico
de indisciplina
Na reclamação trabalhista, a empregada
pretendia reverter a justa causa com o argumento de que o motivo seria um
suposto "histórico de indisciplina" que não corresponde à realidade dos
fatos.
A empresa, em sua defesa, disse que ela
fora demitida por ter praticado diversos atos de indisciplina, como faltas
injustificadas, deixar de realizar o monitoramento, deixar o trabalho sem
comunicar o superior hierárquico e usar Facebook durante o trabalho. Segundo a
empresa, em aproximadamente sete meses de serviço ela já havia recebido
sete advertências e voltara a faltar injustificadamente dois dias no
mês da dispensa.
Direito
fundamental
A juíza da Vara do Trabalho de Esteio
reconheceu que a empregada cometera falta grave ao agir com desídia
(negligência ou desinteresse), considerando as reiteradas faltas injustificadas
ao serviço. Contudo, condenou a empresa a pagar diferenças salariais, inclusive
férias e 13º Salário proporcionais.
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região (RS) manteve a sentença, com fundamento no artigo 7º, inciso, VIII, da
Constituição Federal, que confere ao 13º Salário status de direito
fundamental, e na Convenção nº 132 da Organização Internacional do Trabalho,
ratificada pelo Brasil em 1998, que trata do direito às férias anuais
remuneradas.
Direito
incompatível com justa causa
O ministro Agra Belmonte, relator do
recurso de revista da empresa, observou que a Súmula 171 do TST estabelece,
expressamente, que as férias proporcionais não são devidas nas
situações em que há dispensa por justa causa. Também lembrou que o artigo
3º da Lei 4.090/1962, que criou o 13º Salário, restringe o pagamento da
parcela aos trabalhadores dispensados sem motivo justificado.
A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
TST, Processo: RR-20755-49.2017.5.04.0281, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Justa Causa: comprovação da falta grave e gradação da pena - Caso real
Publicado em
14/02/2023
às
16:00
A Primeira Turma do
Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o exame do recurso feita pela empresa
contra decisão que afastou a justa causa aplicada a uma coordenadora
operacional acusada de concorrência desleal. Segundo a empresa, ela prestaria
serviços semelhantes de manutenção predial, no horário de expediente, por
empresa de sua própria titularidade. Contudo, essa conduta não ficou
comprovada, nem foi constatada outra suposta falta grave que justificasse a
sanção.
Concorrência
desleal
Na reclamação
trabalhista, a coordenadora disse que havia trabalhado para a empresa por mais
de oito anos em atividades externas. Sua função envolvia o atendimento de 123
instalações elétricas no interior do estado, em cidades como Bauru, Jupiá e
Cabreúva.
Ao dispensá-la por
justa causa, a empresa sustentou que sempre prestara serviços de manutenção
predial para a companhia elétrica, mas a coordenadora fazia manutenção de
cercas, pintura e reparos para a mesma tomadora através de uma empresa própria,
no horário de seu expediente.
Sem concorrência
Em seu depoimento, a
coordenadora confirmou que tinha uma microempresa em seu nome, administrada por
seus filhos, que fazia pequenos reparos para a companhia. Segundo ela, o fato
era do conhecimento da empregadora, e os serviços que prestava não concorriam
com a atividade desenvolvida pela empresa.
Provas insuficientes
O juízo da 4ª Vara
do Trabalho de Bauru entendeu comprovadas as faltas graves de improbidade e
concorrência desleal e manteve a justa causa. A sentença, porém, foi reformada
pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP), para quem a
empresa não havia apresentado provas suficientes das faltas alegadas.
Segundo o TRT, a
microempresa da coordenadora fora aberta em novembro de 2015, quando a empresa
já não executava mais serviços de manutenção civil, elétrica e hidrossanitária
para a companhia estadual. Logo, não se poderia dizer que ela tivesse se aproveitado
de informações privilegiadas para conseguir serviços para sua própria empresa.
Gradação das penas
Sobre a acusação de
que ela administraria a microempresa durante a jornada de trabalho, o TRT
observou que a testemunha da empresa era auxiliar de limpeza e, portanto, não
acompanhava a rotina da coordenadora, que trabalhava a maior parte do tempo em
atividades externas. E, de acordo com a decisão, ainda que fosse confirmada, a
prática deveria ser repreendida observando-se a gradação das penas. "O caso
comportaria, em tese, a pena de advertência ou até mesmo suspensão,
mas não a justa causa", concluiu.
Fatos e provas
Para o relator do
agravo pelo qual a empresa pretendia rediscutir o caso no TST, ministro Dezena
da Silva, ficou claro que o TRT decidiu com base nas provas testemunhais e
documentais apresentadas e concluiu que não ficou devidamente comprovada a
conduta atribuída à empregada. "Qualquer ilação em sentido contrário, a fim de
enquadrar a dispensa como justa causa, exigiria o reexame de fatos e provas, o
que é vedado pela Súmula 126 do TST", afirmou.
A decisão foi
unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST,
Processo: Ag-AIRR-10669-98.2017.5.15.0091, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Concorrência desleal com empregadora é motivo para dispensa por justa causa de trabalhador?
Publicado em
07/02/2023
às
16:00
Sim. Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 18ª Região (GO) ao analisar o recurso ordinário interposto pelo
ex-empregado que passou a integrar o quadro societário de uma empresa do mesmo
ramo da empregadora. Para o colegiado, ele teria contrariado o código de ética
da empresa e quebrado a relação de confiança, item essencial para o vínculo de
emprego. A decisão é da desembargadora Rosa Nair Reis.
O trabalhador recorreu da sentença que manteve a dispensa por justa
causa. Alegou ser desproporcional a medida punitiva sofrida, uma vez que a
participação em quadro societário de empresa diversa não poderia ser
impedimento para a manutenção do vínculo laboral, desde que ele prestasse o
serviço conforme ajustado em contrato. Sustentou que a suposição de
descumprimento do código de ética da empresa não condiz com a realidade, uma
vez que comunicou ao superior hierárquico e à empresa o objetivo de abrir o
estabelecimento.
A relatora entendeu que os argumentos apresentados pelo funcionário não
seriam suficientes para modificar a sentença do juízo de origem. Rosa Nair Reis
observou que a ruptura do contrato de trabalho por justa causa ocorreu devido
ao fato de o trabalhador participar de quadro societário de outra empresa
do mesmo ramo das empresas onde trabalhava. A magistrada ponderou que o
regulamento das empresas define a conduta ética que os profissionais
contratados pela empresa devem adotar, propósitos, política e condução dos
negócios, prevendo, ainda, casos em que possam ocorrer conflitos de interesses.
Um dos tópicos desse normativo, pontuou a desembargadora, refere-se à
proibição de atividades que não sejam as pertinentes à função na rede ou afetem
o desempenho e impactem em sua produtividade por não estarem ligadas às
empresas, inclusive as que promovam a competição, direta ou indireta, com as
atividades empresariais. Ela citou não haver previsão de gradação de penas nos
casos de conflito de interesses em casos de transgressões consideradas
gravíssimas de acordo com a normativa.
Rosa Nair Reis disse que, no caso, é incontroverso que o empregado é
sócio administrador de uma empresa com idêntico objeto social da empregadora.
"Logo, o funcionário sequer poderia exigir da empresa a gradação das penas,
pois sua conduta revestiu-se de gravidade suficiente para a quebra da fidúcia
necessária à manutenção da relação empregatícia, cabendo de imediato a dispensa
por justa causa", afirmou. A magistrada citou jurisprudência no mesmo sentido e
negou provimento ao recurso do trabalhador.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: Tribunal Regional do
Trabalho da 18ª Região, Processo: 0011167-32.2021.5.18.0008, com "nota" da M&M
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Faltas iguais não podem refletir em advertência para um e justa causa para outro
Publicado em
06/12/2022
às
16:00
No caso de
cometimento de falta grave, cabe ao empregador, em decorrência das obrigações
contratuais assumidas pelo empregado e do poder e responsabilidade do
empregador na direção dos trabalhos, o direito de puni-lo, observando-se,
dentre outros, os elementos a seguir:
Gravidade: A penalidade
aplicada deve corresponder ao grau da falta cometida. Havendo excesso na
punição, será fator determinante na descaracterização. O empregador
deve usar de bom senso no momento da dosagem da pena. A pena maior, rompimento
do vínculo empregatício, deve-se utilizar às faltas que impliquem em
violação séria e irreparável das obrigações contratuais assumidas pelo
empregado, ou para os casos de prática com mais afinco de faltas consideradas
leves.
Atualidade: A punição deve ser
aplicada em seguida à falta, ou seja, entre a falta e a punição não deve haver
período longo, sob pena de incorrer o empregador no perdão tácito. No que diz
respeito ao espaço de tempo, deve-se adotar o critério de punir, tão logo se
tome conhecimento do ato ou fato praticado pelo trabalhador.
Causa e Efeito: A punição
dever guardar relação entre causa e efeito, ou seja, à vinculação direta entre
a falta e a punição.
Com base nestes elementos, o empregador
poderá analisar a falta cometida pelo empregado ou empregados, aplicando-lhes
uma das seguintes penas:
Advertência: A advertência é
um aviso ao empregado para que ele tome conhecimento de que seu comportamento
não atende às normas estabelecidas pela empresa em relação às suas atribuições
e obrigações como empregado.
Suspensão: A
suspensão visa disciplinar, resgatar o comportamento do empregado conforme as
exigências da empresa. Ela pode ocorrer após advertências ou logo após o
cometimento de uma falta de maior relevância. Esta falta terá que ser de maior
importância, pois haverá prejuízo ao empregado e ao empregador.
Demissão por Justa
Causa: A
dispensa por justa causa (prevista no artigo 482 da CLT) é o resultado da
ineficácia das medidas de advertência ou suspensão aplicadas ao
empregado. É a penalidade máxima imposta ao trabalhador que, embora tenha
recebido medidas corretivas, não demonstrou mudança de comportamento no
ambiente de trabalho.
Se dois ou mais empregados cometeram a
mesma falta (leve ou grave), a punição aplicada a um empregado deverá ser
aplicada aos demais que cometeram a mesma falta, pois se o empregador advertir
um empregado e aplicar uma suspensão ou uma demissão por justa causa aos
demais, estará agindo de forma discriminatória.
Com esse entendimento o TRT/MG condenou uma
empresa a indenizar uma trabalhadora por ter sido demitida por justa causa, enquanto
a outra, que cometeu a mesma falta, foi apenas advertida. Entenda o caso.
JUÍZA CONSIDERA
DISCRIMINATÓRIA JUSTA CAUSA APLICADA SOMENTE À UMA TRABALHADORA
Fonte: TRT/MG - Adaptado pelo Guia
Trabalhista
A juíza Jéssica Grazielle Andrade Martins,
em exercício na Vara do Trabalho de Santa Luzia, reverteu a justa causa
aplicada a uma auxiliar de produção acusada, pela fábrica de café onde
trabalhava, de empacotar produto com peso menor, sem adotar o procedimento
padrão para corrigir o problema.
Para a magistrada, houve discriminação, uma
vez que outra trabalhadora cometeu o mesmo ato e nem por isso foi
dispensada.
Ficou claro que a dispensa da autora se deu
em razão da repercussão do caso em mídia nacional. Além das verbas devidas
na dispensa sem justa causa, a decisão determinou o pagamento de
indenização por dano moral no valor de R$ 8 mil.
Na ação, a auxiliar de produção afirmou que
foi dispensada por justa causa porque a máquina que operava empacotou produto
com peso menor, sem que ela tenha recebido quaisquer esclarecimentos.
Em defesa, a ré sustentou que a empregada,
após o erro, deixou de seguir o procedimento padrão de encaminhar o produto
para reanálise e reembalagem, o qual era de seu pleno conhecimento.
Ao analisar as provas, a juíza se convenceu
de que a dispensa teve um motivo mais forte: a repercussão da falha na pesagem
em vários veículos da imprensa nacional.
A própria defesa apontou que a empresa foi
autuada na "Operação Cesta Básica", realizada pelo Instituto de Pesos
e Medidas de São Paulo (IPEM - SP), resultando na aplicação de multa e gerando
imagem negativa da empresa.
Segundo a ré, após ser cientificada da
autuação, identificou o lote do produto e apurou por meio de imagens que o erro
havia sido cometido pela autora, que descumpriu procedimento da empresa.
Uma testemunha afirmou que a dispensa da
colega ocorreu por um ato contra a qualidade e que ela fazia o serviço há muito
tempo, era boa empregada e chegava no horário.
Disse que é comum a máquina expulsar
pacotes por divergência de peso, o que acontecia umas 40 vezes por dia, por trabalhador.
A empregada costumava pesar os pacotes quando eles eram expulsos, mas no dia do
ocorrido não fez isso.
Ainda conforme relatou, em certa
oportunidade, outra empregada deixou de pesar os pacotes e foi advertida.
Segundo a testemunha, a dispensa da autora ocorreu porque a marca foi exposta
ao repercutir na imprensa o problema do peso.
Isso ocorreu em licitação de cesta básica
na qual o INMETRO fez o teste. Já no caso da outra trabalhadora, a verificação
ocorreu internamente e não houve exposição.
Na avaliação da juíza, ficou evidente que a
falha pode ser detectada antes de o produto sair para o mercado de consumo, o
que não foi observado em relação à autora.
Para ela, a aplicação de punição distinta
para duas empregadas que agiram da mesma forma evidencia a
discriminação. "Na ocorrência de fatos semelhantes entre duas
empregadas e tendo a reclamada adotado medidas diferentes, houve extrapolação
do poder diretivo, uma vez que em relação à reclamante adotou-se como medida
punitiva aquela que se revelou mais extrema, qual seja, a ruptura do liame
empregatício por justa motivação", registrou.
A conclusão da sentença foi a de que a
empresa não estava preocupada com a medida pedagógica da pena, mas apenas em
tentar "limpar" sua imagem perante os órgãos de defesa do
consumidor.
A juíza chamou a atenção para o fato de a
empregadora não ter levado em consideração o histórico da empregada que,
durante os mais de três anos em que trabalhou na empresa, teve apenas
duas advertências.
No entendimento da magistrada, a
trabalhadora sofreu abalo emocional ao ficar sem emprego após praticar falta
leve, tendo a empregadora lhe atribuído toda a repercussão negativa que sofreu
por conta de um erro, sem qualquer dolo ou intenção de prejudicar a
empresa.
E mais: uma perícia médica constatou que,
após o incidente, ela apresentou quadro de nefrolitíase e herpes labial, o que
a juíza considerou ser consequência do abalo psicológico sofrido.
A condenação foi fixada em R$ 8 mil, sendo
confirmada posteriormente pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas.
Processo PJe:
0010967-14.2017.5.03.0095.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Guia Trabalhista, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Empregado pode ser demitido por justa causa por postagem no Facebook contra empresa?
Publicado em
02/12/2022
às
16:00
A 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do
Paraná (TRT-PR) considerou como justa causa a dispensa de uma trabalhadora que
expôs no Facebook o seu descontentamento
com a empresa. Na postagem, foi possível identificar o nome do estabelecimento.
Segundo o Colegiado, a conduta da empregada violou diretamente a boa-fé
objetiva que deve imperar nas relações de trabalho, caracterizando-se como ato
lesivo da honra e boa fama da empregadora.
O caso aconteceu em Curitiba, em uma loja de departamentos. A autora,
que trabalhou no estabelecimento por quatro anos, exercia suas funções na área
de zeladoria. A funcionária faltou ao trabalho durante uma semana, alegando que
precisava cuidar de sua mãe recém-operada. A empresa não considerou válida a
declaração médica apresentada e aplicou a pena de suspensão. Inconformada, a
trabalhadora postou na rede social Facebook um desabafo sobre o procedimento da
empregadora, destacando, inclusive, que os seus esforços não eram reconhecidos
pela empresa. Ela disponibilizou, ainda, uma cópia do documento que formalizou
a suspensão, no qual era possível identificar a empresa. A atitude resultou em
sua dispensa por justa causa.
A trabalhadora ajuizou ação requerendo a reversão da dispensa para sem
justa causa, o que lhe daria o direito de receber suas verbas rescisórias.
A partir da análise do print da postagem na rede social e do
depoimento dos envolvidos e das testemunhas, a 6ª Turma do TRT-PR indeferiu o
pedido da autora. A relatora da decisão, desembargadora Sueli Gil El Rafihi,
afirmou que, por mais que a trabalhadora estivesse descontente com a suspensão
que a empresa lhe aplicou por ter faltado, "não há como negar que a conduta da
empregada de desabonar o seu empregador em uma rede social é absolutamente
inaceitável".
A relatora enfatizou que, no caso de discordância com algum procedimento
adotado pela empresa, o trabalhador deve questionar a situação no
âmbito privado, com a possibilidade de buscar o Judiciário, o Ministério
Público do Trabalho e os sindicatos, "não sendo aceitável demonstrar seu
descontentamento por meio de uma rede social, cujo alcance é imensurável (.)
Assim como o empregador não pode vir a público, em redes sociais, questionar ou
expor condutas do empregado que tenha sido punido - anexando, por exemplo,
imagem da punição imposta, como no caso -, ao empregado também não é lícito
fazê-lo. Fere-se, sobremodo, por tal via eleita, o princípio elementar da
boa-fé objetiva e também o da boa-fé subjetiva".
A 6ª Turma ressaltou, também, que o caso se
enquadra no art. 482, "k", da CLT, que estabelece, entre outros pontos, como
uma das causas para a rescisão do contrato do trabalho pela empresa, o ato
lesivo da honra ou da boa fama praticado pelo empregado contra o empregador.
Da decisão, cabe recurso.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: IG ECONOMIA / O
Documento, com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Empregado ameaçar superior por áudio de WhatsApp é motivo para justa causa?
Publicado em
04/11/2022
às
10:00
Para a Segunda Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO), não há falar em
reversão da dispensa "por justa causa" quando houver prova cabal de
que o trabalhador incorreu em mau procedimento, consistente na conduta de
ameaçar superior hierárquico por meio de um áudio enviado por WhatsApp. Com
esse entendimento, o colegiado manteve sentença do Juízo da 11ª Vara do
Trabalho de Goiânia (GO) e, por conseguinte, a modalidade de dispensa "por
justa causa" aplicada na rescisão contratual entre o trabalhador e a
concessionária.
O trabalhador, ao recorrer ao TRT, alegou
não haver provas para manutenção da dispensa "por justa causa",
sobretudo porque não foi demonstrada a má-fé na prática do ato, bem como a
proporcionalidade e imediatismo da punição. Asseverou que o áudio enviado ao
superior demonstrava a indignação com a diminuição de seus serviços e,
consequentemente, do salário, motivo pelo qual sua intenção era apenas a de
desabafo, em tom levemente alterado, e não o de ameaçar.
O relator, desembargador Platon Azevedo
Filho, observou que os documentos apresentados nos autos, como o comunicado de
rescisão contratual, o áudio enviado pelo funcionário ao superior, em que
supostamente teria proferido as ameaças, e o boletim de ocorrência revelam que
a dispensa por justa causa operou-se por suposto ato de ameaça, por
parte do trabalhador, contra seus superiores hierárquicos. O magistrado
ressaltou que essa modalidade de demissão é caracterizada pela prática de falta
grave pelo empregado. "E a falta grave se caracteriza na violação dos
deveres legais ou contratuais do trabalhador, expressamente previstos por
lei", afirmou.
Azevedo Filho ressaltou, ainda, haver nos
autos documentos indicativos de que o empregado teria, durante a
contratualidade, praticado outras faltas contratuais, sendo punido com advertência por
ter agredido verbalmente e ameaçado de agressão física um colega. O
desembargador destacou que a penalidade é válida por estar assinada pelo
trabalhador.
Ademais, o
desembargador afastou a alegação de falta de imediatidade da aplicação da
penalidade, uma vez que o fato motivador da dispensa ocorreu um dia antes da
aplicação da penalidade pela concessionária. Ao final, o relator explicou que
para o reconhecimento da dispensa por justa causa não há necessidade
de gradação de penalidades, por ausência de previsão legal. Azevedo Filho disse
que basta um único ato gravoso que quebre a confiança necessária entre as
partes para que seja aplicada.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, com "nota" e edição do texto
pela M&M Assessoria Contábil
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Motorista embriagado pode ser demitido por justa causa?
Publicado em
25/10/2022
às
16:00
Empregado declarou que era portador de dependência química (alcoolismo),
estando em tratamento
O juiz titular da 5ª
Vara do Trabalho de Uberlândia manteve a justa causa aplicada a um ex-motorista
de uma empresa de transporte de passageiros que se apresentou para trabalhar
embriagado. O profissional alegou que não poderia ter sido dispensado por justa
causa, pois era portador de dependência química (alcoolismo), estando em
tratamento.
Porém, ao decidir o caso, o magistrado
julgou improcedente o pedido do motorista de reversão da dispensa motivada. O
julgador ressaltou que, como motorista, ele era responsável pela condução de um
veículo, com dezenas de pessoas, e pela integridade do patrimônio da empresa e
de terceiros durante o trajeto. "Além disso, é responsável pela vida
de um número expressivo de pessoas, pedestres e outros motoristas que
atravessam seu caminho diariamente".
O juiz esclareceu que, pelas normas de
trânsito, a condição para que o motorista trabalhasse era de não estar sob o
efeito de entorpecentes, principalmente o álcool. Segundo o julgador, se ele
estava doente, por dependência química, o caminho correto seria o tratamento e
o afastamento das atividades diárias. "Se de um lado há o direito do
empregado, não podemos deixar de olhar para o grande número de vidas ceifadas
diariamente pela combinação: direção e álcool", pontuou o juiz.
Falta gravíssima - justo motivo
No entendimento do julgador, a situação
deve ser coibida a partir do momento em que interfere diretamente na atividade
profissional, pondo em risco a vida de outras pessoas. "O próprio
motorista admite ser dependente químico e não nega o fato de ter se apresentado
para o trabalho sob uso de entorpecentes".
Para o juiz, a situação dos autos merece um
rigor diferenciado. "Não deixaríamos, por exemplo, um familiar sob a
responsabilidade de um motorista embriagado. Situação diversa de um atendente
embriagado, pois não haveria risco direto e imediato de vidas humanas".
Segundo o julgador, é desnecessário, no
caso, que o trabalhador tenha punição anterior por esse motivo, já que a falta
é gravíssima. Por isso, manteve a dispensa por justo motivo, julgando
improcedentes os pedidos relacionados.
Na ação, o trabalhador pediu ainda o
pagamento de indenização por dano moral. Porém, no entendimento do
julgador, a empregadora não ofendeu o motorista em seu patrimônio imaterial,
pois a dispensa foi realizada conforme a legislação aplicável. "Não
há provas de que a notícia da dispensa foi espalhada perante terceiros, pelo
que considero que a dispensa se pautou pela total discrição quanto a sua motivação", concluiu
o julgador, negando o dano moral.
Houve recurso e a decisão foi mantida pelos
desembargadores da Quinta Turma do TRT-MG.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: TRT-MG, com edição e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Trabalhador pode ser responsabilizado por valores roubados do caixa?
Publicado em
26/09/2022
às
09:00
Uma empresa
especializada na terceirização de processos de negócios foi condenada a pagar
as verbas rescisórias a uma trabalhadora que foi dispensada por justa
causa após assaltantes levarem cerca de R$ 8 mil do caixa por ela operado. A
profissional trabalhava em um quiosque dentro de uma conhecida rede de loja de
departamentos, prestando serviços voltados a uma instituição bancária. Ela foi
acusada pela empregadora de não ter realizado a "sangria", que consiste em
transferir valores do caixa para o cofre, como deveria ter feito. Segundo a
empresa, o fato de não ter realizado a "sangria" teria causado prejuízo, diante
da alta quantia existente no caixa no momento do roubo.
O caso foi decidido em grau de recurso
pelos julgadores da Sétima Turma do Tribunal Regional do Trabalho de Minas
Gerais, que, baseados no voto do juiz convocado Marcelo Segato Morais,
entenderam que a penalidade foi exagerada e afastaram a justa causa.
Sentença oriunda da Vara do Trabalho de Bom
Despacho havia declarado a rescisão indireta, mas foi reformada para considerar
a dispensa como sendo sem justa causa. Foi mantida determinação de pagamento de
indenização por danos morais, mas fixada em R$ 6 mil, valor inferior ao
determinado na decisão de primeiro grau.
O horário do assalto chamou a atenção do
juiz relator. De acordo com o boletim de ocorrência, o roubo com uso de arma de
fogo aconteceu às 10h06min, seis minutos após o início da escala de trabalho.
Embora a prova tenha indicado que era atribuição da trabalhadora providenciar a
"sangria" a cada mil reais recebidos, na visão do relator, não se provou que
isso não tenha sido observado.
Formulário do procedimento relativo ao dia
anterior ao roubo demonstrou que a empregada realizou várias sangrias até as
17h19min, no valor total de R$ 34.453,75, encerrando o expediente com o caixa
zerado. Não houve indicação no processo de que a quantia encontrada na unidade
arrecadadora no momento do assalto se referisse a valor remanescente do dia
anterior.
Pelas provas, o julgador concluiu que a
trabalhadora recebeu valores elevados nas primeiras operações do dia, não tendo
a oportunidade de realizar a sangria antes da ação criminosa. Ao afastar a
responsabilidade da empregada, ele ponderou que "o fato de o assaltante
encontrar quantia expressiva na unidade arrecadadora não advém de culpa da
trabalhadora, mas do próprio modelo de exploração econômica em que há operações
de alta quantia, sem que a dinâmica laboral oportunize a realização de sangria
impeditiva do acúmulo de valores superiores a R$ 1 mil em todo o período
da jornada de trabalho".
Para o relator, a situação examinada não
pode ser enquadrada como "mau procedimento" da profissional por descumprimento
de normas internas de segurança, na forma sustentada pela empregadora, uma vez
que a trabalhadora sequer teve a oportunidade para realizar a sangria antes da
prática do roubo e "não mantém controle sobre o avanço da criminalidade".
Na avaliação do julgador, ao imputar a prática de falta grave à trabalhadora e
ainda exigir o reembolso da quantia subtraída pelos criminosos, a empresa
pretendeu repassar os riscos da atividade econômica à empregada, o que viola o
princípio da alteridade (artigo 2º da CLT).
Danos Morais
Além das verbas rescisórias devidas
pela dispensa sem justa causa, a empresa deverá pagar indenização
por danos morais de R$ 6 mil. Para tanto, levou-se em consideração a
declaração da representante da empregadora de que "o item mais importante
de segurança é o da sangria, justamente para evitar que fique muito dinheiro no
caixa e que no local do quiosque há câmera, mas não tem vigilante". A câmera,
segundo apontado, seria a da loja onde funcionava o quiosque. Foi levado em
conta também o número frequente de assaltos aos quiosques, conforme revelado
pela a prova oral.
Na decisão, foi pontuado que "a precaução
para minimizar danos concentrada apenas na realização de sangria, a fim de que
os valores subtraídos não alcançassem quantias exorbitantes, demonstra nítida
ausência de preocupação em relação à integridade física e psicológica dos
empregados, haja vista que o procedimento apenas reduz o prejuízo das
empregadoras, mas não inibe a ação criminosa enfrentada pelos operadores do
caixa, constantemente abalados e traumatizados por assaltos à mão armada". O
relator destacou que "as empresas não providenciaram detectores de metais,
vigias, blindagens dos quiosques, entre outras medidas de proteção não apenas
ao patrimônio, mas também à integridade física e à tranquilidade psíquica de
seus colaboradores".
Para o juiz, houve violação ao disposto no
artigo 157, inciso I, da CLT, referente a normas de segurança e
medicina do trabalho. A instituição financeira foi condenada de forma
subsidiária. Ao final, foi celebrado um acordo entre as partes. O processo já
foi arquivado definitivamente.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
TRT, 3º Região (MG) / Guia Trabalhista, com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil.
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Falso atestado médico é motivo para Justa Causa?
Publicado em
16/09/2022
às
10:00
A 1ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) negou provimento ao recurso
ordinário interposto por um ex-empregado de uma empresa, dispensado por justa
causa ao ser acusado de apresentar atestado médico falso para se ausentar do
trabalho. O colegiado acompanhou, por unanimidade, o voto do relator,
desembargador Gustavo Tadeu Alkmim. O magistrado entendeu que a narrativa do
caso e o conjunto probatório permitiram concluir que o trabalhador de fato
entregou documento falso como justificativa para a ausência ao serviço, o que
corroborou a sua dispensa por justa causa.
Contratado em 2016 para
exercer a função de conferente, o trabalhador foi dispensado por justa causa em
fevereiro de 2020, sob a justificativa de ter apresentado atestado médico
falso. Segundo o trabalhador, sua dispensa se deu de forma ilícita e
arbitrária, visto que teria sido vítima de um falso médico da Prefeitura de
Japeri, onde obteve o documento. O profissional alegou, ainda, que a aplicação
da penalidade foi tardia, tendo em vista que a apresentação do documento,
supostamente falso, foi em setembro de 2019 e a justa causa só foi aplicada em
fevereiro de 2020. Por isso, pleiteou a reconsideração da justa causa, com o
pagamento das verbas decorrentes da despedida imotivada.
Em contrapartida, a
empresa se defendeu afirmando que a atitude do trabalhador, tentando
ludibriá-la para justificar sua falta, ensejou a quebra da confiança que a
relação empregatícia exige. Complementou que a dispensa foi efetivada somente
em fevereiro porque foi nessa data que obteve a resposta do ofício enviado à
Unidade Mista de Engenheiro Pedreira, comprovando a inidoneidade do atestado
médico apresentado pelo ex-empregado.
Na 49ª Vara do Trabalho
do Rio de Janeiro, onde o caso foi julgado em primeira instância, a juíza
titular Aurea Regina de Souza Sampaio, concluiu que o trabalhador cometeu ato
de improbidade por falsificação de documento para justificar sua falta ao
trabalho. Verificou a magistrada que o empregado apresentou atestado médico
cuja veracidade não foi confirmada pelo órgão competente, conforme demonstrou
ofício encaminhado pela própria Secretaria de Saúde do município. Assim, o
pedido de conversão da justa causa foi julgado improcedente. Inconformado, o
trabalhador recorreu da sentença.
Ao analisar o recurso, o
relator do acórdão observou que o ato de improbidade consiste em "toda ação ou
omissão do empregado que revelem desonestidade, abuso de confiança, fraude ou
má-fé, visando a uma vantagem para si ou para outrem". O nó da questão, segundo
o desembargador, consistia em determinar se houve, por parte do empregado, a
conduta que justificasse a justa causa e, por parte do empregador, se foram
cumpridos os requisitos necessários para a sua aplicação.
"A narrativa dos fatos e
o conjunto probatório não permitem outra conclusão que não a de que o
reclamante entregou documento falsificado como justificativa para sua ausência
ao trabalho. A ré juntou documento como prova do alegado. Se, de fato, o autor
foi vítima de falso médico que prestava serviços na prefeitura, caberia a ele o
ônus da prova. Vale ressaltar que as alegações lançadas em réplica de que a
Prefeitura já havia passado anteriormente por casos semelhantes em nada o
socorre, tendo em vista que não há nenhum documento nos autos que demonstre ter
sido este o caso do autor", declarou o relator, destacando que o trabalhador
não comprovou que havia comparecido ao hospital no dia do suposto atendimento.
Ao negar o recurso
ordinário, o magistrado ressaltou, ainda, que o documento trazido pela empresa
e emitido pela prefeitura do município foi taxativo quanto ao fato de que o
médico citado pelo profissional não estava nos livros de atendimento da unidade
de saúde e tampouco no Boletim de atendimento médico (BAM). "Também não procede
o argumento de ausência de demora na punição, visto que a ré providenciou a
célere apuração dos fatos, aplicando a justa causa assim que levantou as
informações pertinentes ao caso, conforme se observa dos documentos", decidiu,
atestando que foi mantida a proporcionalidade entre o ato faltoso e a punição
aplicada, bem como os requisitos para a aplicação da justa causa.
Assim, comprovado o ato
de improbidade, o desembargador manteve a aplicação da justa causa decidida na
sentença de primeiro grau.
Nas decisões proferidas
pela Justiça do Trabalho, são admissíveis os recursos enumerados no art. 893 da
CLT.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
TRT 1ª Região - PROCESSO nº 0100843-70.2020.5.01.0049 (ROT), com edição do
texto e "nota" da M&M Assessoria Contábil
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Justiça do Trabalho reverte justa causa de trabalhador que chutou o cachorro da empresa
Publicado em
30/08/2022
às
16:00
Foi provada dupla punição, pois a
empresa aplicou pena de
advertência, na sequência imediata ao fato e, 15 dias depois, dispensou o
empregado por justa causa, com base na mesma falta.
A Justiça do Trabalho manteve a
reversão da dispensa por justa causa aplicada ao trabalhador que chutou o
cachorro da empregadora, que é uma indústria química em Vespasiano. A decisão é
dos integrantes da Sétima Turma do TRT-MG, que mantiveram a decisão do juízo da
1ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo. Os julgadores entenderam que houve dupla
punição pelo mesmo fato gerador, ausência de tipicidade e a ausência de
imediatidade. A dispensa sem justa causa foi mantida na data de 17/3/2020,
último dia de trabalho.
O profissional, que foi
contratado como eletromecânico operador, contou que, no dia 2/3/2020, foi
atacado por dois cães que ficavam soltos no pátio da empresa quando estava
saindo de motocicleta para levar um notebook para a assistência técnica. Alegou
que, por ter lançado seu pé para trás na tentativa de se desvencilhar das
investidas dos cães, foi advertido por escrito, no dia 4/3/2020. Depois disso,
foi dispensado por justa causa no dia 17/3/2020, com a alegação de "ter
chutado e maltratado animal dentro da empresa e por ter feito provocações".
Inconformado, ele ajuizou ação trabalhista pedindo a reversão da justa
causa.
Testemunha ouvida no processo e
indicada pelo trabalhador declarou que havia de quatro a cinco cachorros na
empresa e que eles ficavam soltos. E que "um ou dois cachorros tinham o
hábito de perseguir quem estava de moto ou bicicleta", contou, lembrando
que já foi perseguido por um desses animais.
Já a testemunha indicada pela
empresa confirmou que estava presente na ocasião do incidente com o cachorro,
explicando que estava retirando o lixo do pátio. Disse que o profissional
estava se aproximando e que o cachorro latiu para ele. "Oportunidade em
que este se equilibrou e chutou o cachorro; que, após o chute, o cachorro ficou
assustado, sentindo dores e deitado por um tempo", explicou.
Embora tenha restado evidente que
o ex-empregado chutou o cachorro, para o juízo não ficou evidenciado, nos
depoimentos, que ele agiu com mau procedimento, com intenção de maltratar o
animal. "Isso porque as testemunhas foram uníssonas em afirmar que o
animal perseguiu a motocicleta, latindo", pontuou o magistrado.
"O comportamento reativo do
ex-empregado é o ordinariamente esperado por qualquer pessoa na mesma situação,
sendo obrigação da empresa manter um ambiente de trabalho hígido. As provas dos
autos demonstram que era comum os animais da empresa avançarem nos
trabalhadores que estivessem de moto ou bicicleta dentro do pátio, o que revela
que a empregadora não guardava e vigiava os animais com o cuidado
necessário", ressaltou o
julgador da 1ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo. A conclusão foi de que o
profissional agiu para se defender, o que levou ao convencimento de que não
houve irregularidade de conduta profissional, má-fé ou inidoneidade.
Além disso, ficou demonstrado
para o juízo que o eletromecânico operador foi duplamente penalizado pelo mesmo
ato, o que é repudiado pelo ordenamento jurídico. "Se o empregador
optou por aplicar a advertência ou a suspensão para um ato que entende punível,
uma vez arrependido pela opção mais branda, não poderá punir com outra mais
rigorosa", destacou na sentença, reforçando que a empregadora descumpriu
outro requisito indispensável, qual seja, a imediatidade.
Com a decisão de primeiro grau, a
empresa interpôs recurso, inconformada com a invalidade da justa causa. Relatou
o histórico de advertências verbais e formais do ex-empregado e destacou a
gravidade da conduta que acarretou a aplicação da justa causa.
Mas, ao relatar o recurso, o
desembargador Antônio Carlos Rodrigues Filho concordou com o entendimento da
decisão recorrida, especialmente quando salienta que houve dupla punição pelo
mesmo fato gerador. "Com efeito, tendo a empresa aplicado a pena de
advertência na sequência imediata ao fato, esgotou, naquele momento, o
exercício do poder punitivo, razão pela qual não poderia, 15 dias depois,
dispensar o empregado por justa causa com base na mesma falta",
concluiu.
Dessa forma, o julgador negou
provimento ao recurso da empregadora. A dispensa sem justa causa foi mantida. O
processo foi enviado ao TST para análise do recurso de revista.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT
3, Processo PJe: 0010325-45.2020.5.03.0092 (ROT), com "nota" da M&M
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Empregado pode publicar conteúdo ofensivo à empresa em rede social? Isso é motivo para justa causa?
Publicado em
22/08/2022
às
10:00
A 7ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região manteve a dispensa por
justa causa do empregado de uma rede de supermercados que postou conteúdo
ofensivo à empresa. O trabalhador compartilhou uma notícia no Facebook que era
prejudicial à imagem da companhia e escreveu um comentário jocoso sobre a
situação.
No
comentário, o homem escreveu "Bem-vindo ao primeiro preço, kkk". O trabalhador
buscou se defender sob a alegação de que a punição não está amparada na CLT e
de que a conduta foi tão somente o exercício do direito de se expressar. Além
disso, como foi realizado fora do trabalho, o ato não teria gerado nenhum
prejuízo à empregadora.
A notícia
compartilhada abordava uma ocasião na qual produtos vencidos, separados para o
descarte, foram encontrados pela vigilância sanitária no supermercado. Segundo
a companhia, tratou-se de um mal-entendido que foi esclarecido posteriormente
com o órgão competente, mas o comentário ofensivo do empregado já havia causado
prejuízo.
De acordo
com a desembargadora-relatora Dóris Ribeiro Torres Prina, "o comentário
propalado por meio da rede social, indubitavelmente, macula a imagem da empresa
e a prejudica perante seus clientes. De tal modo, impossível acolher suas
alegações em nome da liberdade de expressão, eis que esta não é absoluta, pois
tem limites na ofensa ao próximo".
Com a
decisão, ficaram prejudicados os pedidos do trabalhador por verbas associadas à
dispensa imotivada, incluindo 40% sobre o FGTS e seguro-desemprego indenizado.
O processo tratou ainda sobre acúmulo de função e litigância de má-fé, temas
nos quais o empregado também saiu derrotado.
Entenda
alguns termos usados no texto:
jocoso
|
que se vale da ironia para
fazer rir, geralmente de forma ofensiva
|
propalado
|
tornado público, divulgado
|
indubitavelmente
|
de forma que não levante
questionamentos ou dúvidas
|
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte:
Tribunal Regional do Trabalho - 2ª Região, com "nota" e edição do texto pela M&M Assessoria
Contábil
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Motivos para demissão por justa causa
Publicado em
15/08/2022
às
10:00
CLT
define condutas dos empregados que levam à rescisão do contrato
A demissão por justa causa é uma das
medidas mais drásticas que uma empresa pode tomar para desligar um funcionário.
Para basear essas situações, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define
as condutas dos empregados que constituem justa causa para a rescisão do
contrato de trabalho.
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Ao ser comunicado da dispensa, o
trabalhador perde o direito à indenização de 40% sobre o FGTS, ao aviso prévio e
seguro desemprego. Contudo, poderá receber salários que ainda não foram pagos.
No entanto, se o trabalhador discordar da
demissão, pode recorrer à Justiça Trabalhista para tentar revertê-la.
Conforme o Artigo 482 da CLT, a justa causa
pode ser aplicada aos casos de funcionários cometem pelos menos dez tipos de
condutas:
- Ato de indisciplina ou de insubordinação;
- Abandono do emprego;
- Violação de segredo da empresa;
- Desídia no desempenho das funções;
- Ofensas verbais e físicas contra o
empregador e superiores hierárquicos;
- Ato de improbidade;
- Embriaguez habitual;
A justa causa pode ser utilizada pela
empresa para dispensar um empregado que foi advertido várias vezes, mas não
quis cumprir as regras internas.
Sem justa causa
A demissão sem justa causa ocorre quando o
empregador decide rescindir o contrato de trabalho sem uma justificativa
ocasionada por alguma falha do funcionário. Em geral, ocorre para reduzir
custos. Nesses casos, o empregado tem direito a receber multa de 40% sobre o
FGTS, aviso prévio de 30 dias e outras verbas trabalhistas.
Nota
M&M:
Destaca-se que na Justiça do Trabalho tem-se observado com frequência a
reversão da justa causa. Portanto, é prudente a empresa demitir o empregado por
justa causa somente nos casos onde os motivos tenham muita relevância e haja
provas robustas. Ainda neste sentido, destacamos que há entendimentos mais
recentes que consideram a embriaguez como doença, portanto não sendo motivo
para demissão por justa causa.
Fonte:
Agência Brasil, com "nota" e edição do texto pela M&M Assessoria
Contábil.
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Empresa é condenada por demitir mulher que divulgou cartão de advogado
Publicado em
10/08/2022
às
16:00
Para o Tribunal,
a distribuição de cartão de advogado para colegas e o ingresso de reclamação
trabalhista não são faltas graves capazes de justificar a dispensa por justa
causa.
A distribuição de cartão de advogado para
colegas e o ingresso de reclamação trabalhista não são faltas graves capazes de
justificar a dispensa por justa causa. Foi o que decidiram os magistrados da 9ª
câmara do TRT da 15ª região, ao condenar uma empresa de terceirização de
serviços a reverter para dispensa imotivada a demissão por justa causa de uma
faxineira de Ribeirão Preto/SP.
A empresa também foi condenada a pagar R$ 5
mil de indenização por danos morais, além da quitação de saldo salarial, aviso
prévio indenizado, 13º e férias proporcionais.
O conflito começou após uma reclamação
trabalhista movida pela profissional de limpeza pedindo a rescisão indireta do
contrato de trabalho. Quatro dias após a audiência inicial, ocorrida em 19 de
agosto de 2019, a trabalhadora foi dispensada por justa causa.
Em um novo processo, desta vez com pedido
de reversão da justa causa e de indenização por dano moral, a empresa afirmou
que a trabalhadora incitava outros funcionários a ingressar com ações
trabalhistas, entregando cartões de seu advogado.
O fato foi confirmado pela testemunha
ouvida a pedido da empresa. Já a testemunha convidada pela empregada afirmou
não ter presenciado a distribuição de cartões.
"Ainda que se considere comprovada a
tese da empresa, a conduta da empregada não se insere em quaisquer das
hipóteses do art. 482 da CLT, notadamente porque se traduz em estímulo de terceiro
a exercer o direito de acesso à justiça, o que não é vedado pelo ordenamento
jurídico e que difere, indubitavelmente, da difamação", afirmou o relator
do acórdão, o juiz convocado Marcelo Garcia Nunes.
Acompanhado por unanimidade pelos
desembargadores da 9ª câmara do TRT-15, o relator ressaltou que a empresa não
comprovou que a conduta tenha resultado em prejuízo para suas atividades. Não
havia provas de que a suposta distribuição de cartões do advogado tenha
estimulado os colegas a mover reclamações trabalhistas.
Dano moral
Além das causas atribuídas à demissão,
também foram considerados na condenação por dano moral fatos ocorridos em uma
reunião realizada um dia após a audiência inicial do primeiro processo.
"A supervisora leu uma historinha e praticamente
chamou todo mundo de cobra. Esse foi o único assunto da reunião, a história de
uma pessoa que criava uma cobra e que depois a cobra comia a pessoa",
afirmou a testemunha, que destacou o uso de linguajar ofensivo e humilhante.
"A exposição indevida e vexatória
narrada pela testemunha certamente agride os direitos da personalidade da
trabalhadora, notadamente a sua honra, imagem e dignidade, o que implica o
dever de reparação", destacou em sentença a juíza Francieli Pissoli, em
decisão mantida pelo colegiado.
Nota M&M: Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: https://www.migalhas.com.br/quentes/370965/empresa-e-condenada-por-demitir-mulher-que-divulgou-cartao-de-advogado /
TRT 15, Processo: 0010149-67.2020.5.15.0113, com "nota" e edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil
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Demora da empresa para aplicação de justa causa
Publicado em
01/08/2022
às
16:00
A Sétima Turma do Tribunal
Superior rejeitou da empresa com sede em Eldorado do Sul (RS), contra decisão
que anulou justa causa aplicada a um vigilante depois de dezoito meses de
ocorrida a insubordinação. Ficou mantido o entendimento de que a empresa
demorou muito a aplicar a punição, o que configurou o perdão tácito do
empregador.
Insubordinação
O fato que motivou a justa
causa ocorreu em fevereiro de 2012, quando o vigilante se recusou a ser
substituído no posto de trabalho. Segundo depoimento, o vigilante, "muito
estressado e nervoso" se trancou na guarita para impedir a substituição e ainda
alardeou que estava armado. Fiscais e a polícia foram chamados, mas não
conseguiram convencer o empregado, que somente consentiu com a troca após a
chegada do advogado do sindicato.
Dezoito meses
Cinco dias após o
ocorrido, o empregado resolveu procurar ajuda médica por acreditar que estaria
com sua saúde mental abalada. Atestado transtorno afetivo bipolar, o vigilante
ficou afastado dezoito meses do trabalho. Considerado apto para o serviço, a
empresa resolveu conceder um mês de férias ao empregado. Todavia, na volta, o
empregado foi punido com a justa causa -
insubordinação no serviço ao desacatar seus superiores durante uma
tentativa de troca de guarda.
Férias
Ao julgar o caso, o
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) entendeu que o tempo decorrido
entre a falta cometida e a dispensa do empregado impediam a aplicação da justa
causa. Conforme a decisão, depois de tanto tempo, ficou configurado perdão
tácito pela empresa. O TRT-4 observou ainda que após a alta previdenciária e
atestada a aptidão para o trabalho, a empresa não se manifestou sobre a
insubordinação do empregado, tendo inclusive concedido férias ao trabalhador.
Fatos e provas
No TST, a decisão, sob a
relatoria do ministro Renato de Lacerda Paiva, foi de manter a decisão do
TRT-4, de que, diante do tempo decorrido, ficou configurado o perdão tácito
pelo empregador. O relator seguiu o entendimento de que incide para análise do
recurso a Súmula 126 do TST, que veda o reexame de fatos e provas em instância
extraordinária.
Nota
M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada
neste processo específico, e pode servir como um norteador para futuras
sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes,
especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
TST, Processo: TST-RR-20260-02.2013.5.04.0004, com "nota" e edição de texto
pela M&M
Assessoria Contábil.
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Uso de carro da empresa para ir à casa noturna pode gerar justa causa?
Publicado em
20/07/2022
às
16:00
Por
unanimidade, a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região manteve
a justa causa de empregado que utilizou veiculo da empresa que estava sob sua
responsabilidade para ir a uma festa onde ingeriu bebida alcoólica. De acordo
com prova juntada aos autos, o veículo fornecido tinha por finalidade exclusiva
atender às necessidades do empregador.
Na ocasião,
o homem entregou as chaves do carro a um colega de trabalho, que também não
tinha condições de dirigir devido ao estado de embriaguez. Ele queria ir embora
do local justamente por mal estar causado pelo excesso de bebida alcoólica.
Mas, ao sair da balada, o homem que dirigia o veículo se envolveu em um
acidente de trânsito. Ouvido como testemunha, declarou que tanto ele quanto o
autor foram avisados sobre o uso do carro para o deslocamento do trabalho,
excluído o uso para fins pessoais.
No acórdão,
o desembargador-relator Willy Santini pontuou que, "ainda que a reclamada
autorizasse o uso do seu veículo fora do horário de trabalho, certamente, isso
não representaria uma espécie de cheque em branco para que fizessem o que bem
quisessem com ele - nunca seria uma autorização para o seu uso mesmo depois do
consumo de bebida alcoólica".
Quanto à
alegação do trabalhador de que não houve respeito ao princípio da imediatidade
para a aplicação da pena, pois a dispensa motivada se deu 17 dias depois da
batida do veículo, o desembargador entendeu que não houve inércia da empresa.
Ele avaliou que, diante da falta de colaboração dos próprios envolvidos, o
período foi razoável para realização das investigações. E assim, concluiu que tanto
o fato como o prazo foram válidos para a dispensa por justa causa do empregado.
Entenda alguns termos usados no
texto:
autor
|
pessoa física ou jurídica que ajuíza a reclamação
trabalhista. Em geral,o trabalhador.
|
reclamada
|
pessoa física ou jurídica em face de quem se move
a ação. Em geral, a empresa.
|
princípio da imediatidade
|
orienta que as dispensas por justa causa não
podem ser realizadas após período de inércia do empregador em apurar a falta
grave e punir o trabalhador.
|
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte:
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, com "nota" e edição do texto pela M&M Assessoria
Contábil.
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Punição com justa causa deve ser aplicada imediatamente ao ato faltoso
Publicado em
08/07/2022
às
16:00
Por falta de imediatidade da reação da empregadora aos atos
apontados como faltosos do empregado, não há como manter a justa causa aplicada
para rescindir o contrato de trabalho, o que importa o reconhecimento da
dispensa na modalidade "sem justa causa". Esse foi o entendimento da Segunda
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO) ao negar provimento
ao recurso ordinário de uma empresa nacional varejista. Os desembargadores
acompanharam o voto do relator, desembargador Platon Azevedo Filho, para manter
a reversão da modalidade de dispensa determinada em sentença.
O
Juízo da 9ª Vara do Trabalho de Goiânia (GO) reverteu a dispensa por
justa causa aplicada no desligamento de um funcionário, por entender que o
trabalhador não detinha "a senha para efetuar cancelamentos de vendas", bem
como pela ausência da "imediatidade" por parte da empregadora para aplicar a
penalidade. A varejista não se conformou com a decisão e recorreu ao
tribunal.
No
recurso, afirmou que toda a operação de cancelamento de vendas efetuada pelo
funcionário estava inadequada, pois o produto não voltava para o estoque, o
cupom assinado pelo cliente inexistia e o valor do produto não estava no caixa,
por isso haveria a comprovação da falta grave cometida pelo autor, "que
indiscutivelmente ocasionou a total perda de confiança no recorrido". Mencionou
haver prova no processo sobre o ato de improbidade, além dos prejuízos
suportados pelas irregularidades cometidas pelo funcionário.
Disse
que não houve perdão tácito, pois logo após a conclusão da auditoria, foi
aplicada a justa causa no mesmo dia. Apontou a complexidade da auditoria
realizada, que envolveu diversos setores e inclusive ocasionou a dispensa
por justa causa de outra colaboradora da mesma loja e pelo mesmo motivo.
O
desembargador Platon Azevedo Filho explicou que a dispensa por justa causa
constitui modalidade de resolução contratual caracterizada pela prática de
falta grave pelo empregado e constitui punição máxima aplicável no contrato de
trabalho. Para a configuração, pontuou o relator, exige-se prova das faltas
imputadas ao trabalhador e cabe à empresa apresentá-la, além da presença
dos requisitos como dolo ou culpa do empregado, tipicidade, gravidade, nexo de
causalidade, proporcionalidade, imediatidade e singularidade da punição.
Azevedo
Filho asseverou que no comunicado de rescisão contratual consta a dispensa por
justa causa por ato de improbidade, consistente na prática de cancelamentos
indevidos de cupons fiscais e de depósitos irregulares de valores em sua conta
digital, em quase R$ 10 mil. O relator pontuou que o relatório da auditoria
concluiu pela ocorrência dos cancelamentos pelos usuários de dois
colaboradores, sendo um deles o trabalhador do recurso, e a identificação de
falta de estoque de 79% dos artigos conferidos pela loja e a abertura de gaveta
na sequência das transações. Além disso, constam no relatório depósitos na
conta digital dos colaboradores envolvidos, entre dezembro de 2020 e fevereiro
de 2021.
O
desembargador salientou que o relatório evidencia fortes indícios de fraude
realizada pela outra colaboradora também investigada. Todavia, em relação ao
caso dos autos, Azevedo Filho disse que não foi possível identificar atos de
improbidade realizados pelo trabalhador constante na ação.
Ele
considerou também o depoimento de uma testemunha que esclarece que "o
trabalhador não detinha senha de cancelamento de vendas". O magistrado
ressaltou que os cancelamentos ocorreram por falhas no sistema, de forma
automática, e tais falhas eram eventuais. "Dito isso, conclui-se que o autor,
por meio de sua senha pessoal, não detinha poderes para realizar cancelamentos
de vendas, sendo esta uma atribuição do líder", pontuou.
Acerca
dos depósitos na conta do colaborador, o relator considerou que o fato de ele
ter realizado depósitos em sua conta, mesmo sabendo da proibição, não é fato
suficiente para a caracterização da justa causa. "Ademais, mesmo que o
funcionário tivesse cometido alguma falta grave, comungo do entendimento do
juízo de origem quanto à ausência do requisito da imediatidade", pontuou ao
considerar que após o encerramento da auditoria, a empresa ainda permitiu que o
colaborador trabalhasse por mais 45 dias. Assim, Azevedo Filho considerou a
ocorrência do perdão tácito, o que já afastaria, por si só, a caracterização da
justa causa, motivo pelo qual manteve a sentença e negou provimento ao recurso
da empresa.
O caso
Um
vendedor ingressou com uma ação trabalhista alegando que foi dispensado
por justa causa por meio de uma correspondência. Ele afirmou que a
dispensa foi sem fundamento e não teria recebido nem os documentos e
verbas rescisórias. Disse, ainda, não haver provas de que tenha praticado
quaisquer atos que justificassem a aplicação da referida penalidade, motivo
pelo qual pretendia a reversão da justa causa e o pagamento das verbas
correspondentes.
Entretanto,
a varejista defendeu-se ou apresentou defesa alegando que o funcionário
foi dispensado por ato de improbidade. Este foi constatado por meio de
auditoria, consistente na anulação de cupons fiscais de compras canceladas por
clientes, sem a devolução dos produtos cancelados ao estoque e com o depósito
do valor dos cupons na conta digital do trabalhador, no período de dezembro de
2020 até fevereiro de 2021, totalizando em quase 10 mil reais, valor
incompatível com a remuneração auferida pelo empregado. Asseverou que as
anulações ocorreram por meio do usuário do autor, cuja senha é pessoal e
intransferível.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: Rota Jurídica / Processo: 0011235-76.2021.5.18.0009, com edição e
"nota" pela M&M Assessoria Contábil.
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Apresentar atestado no trabalho e ir à praia, dá justa causa?
Publicado em
01/07/2022
às
12:00
Um vendedor
que se afastou do trabalho por dor nas costas, mas que postou fotos de viagem à
praia no dia que deveria estar de repouso, teve a justa causa mantida. Para a
5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2), a conduta do empregado foi
grave o suficiente para quebrar a confiança da empresa no empregado. Por isso,
os desembargadores mantiveram na íntegra a decisão de 1º grau.
No processo,
o homem pedia a reversão da justa causa por improbidade e alegava perseguição,
o que não se comprovou. Ele também não contestou os "prints" do
Facebook do passeio, ocasião em que "dança e realiza atividades
incompatíveis com a recomendação médica", conforme as palavras da
empregadora.
Foram ouvidas uma testemunha do trabalhador e uma da empresa, e ambas
confirmaram os fatos. O vendedor obteve licença médica e foi ao litoral
comemorar os 15 anos de casados com a esposa.
"Não se
sustenta a alegação de que a ré já tinha ciência da viagem, tampouco que a
publicação no Facebook deu-se após o horário do expediente, pois o fato é que
apresentou atestado médico que prescrevia afastamento do trabalho por um dia e,
neste mesmo dia, foi viajar", resumiu a relatora Ana Cristina L. Petinati.
Desse modo,
foram negados todos os pedidos na ação, incluindo o de indenização por danos
morais. Com a justa causa, o trabalhador perde direitos como aviso prévio,
seguro-desemprego e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: TRT 2, com "nota" e edição do texto pela M&M Assessoria
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Trabalhador apresenta atestado médico e posta fotos em eventos - Justa causa?
Publicado em
24/05/2022
às
16:00
A
Justiça do Trabalho manteve a dispensa por justa causa de uma
ex-empregada de uma empresa de telemarketing de Belo Horizonte, que pediu
licença médica alegando depressão, mas postou em sua conta no Facebook uma
série de fotos de eventos de que participou em São Paulo. A decisão é dos
julgadores da Quarta Turma do TRT-MG, que, por unanimidade, mantiveram a
decisão do juízo da 46ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte.
A
trabalhadora, que exercia a função de representante de atendimento, alegou que
recebeu o comunicado de dispensa por justa causa sem informação da
empresa quanto à conduta que teria ensejado a punição. Conforme relatou, foi citada
na carta apenas a alínea "b" do artigo 482 da CLT. Afirmou desconhecer o
motivo que ensejou sua dispensa, ao argumento de estar de licença médica na
ocasião. Acrescentou, ainda, possuir estabilidade provisória, por ser
líder sindical. Por isso, ajuizou recurso pedindo a reforma da sentença quanto
à manutenção da justa causa.
Mas a
empregadora afirmou que a dispensa da reclamante foi motivada por incontinência
de conduta e mau procedimento. Para a juíza convocada Maria Cristina Diniz
Caixeta, documentos anexados aos autos pela empresa provam a falta grave imputada
à ex-empregada.
Segundo
a relatora, a representante de atendimento apresentou, de fato, atestados
médicos, em decorrência de suposto estado depressivo. "Porém, no período
correspondente de afastamento fundado nos atestados médicos, esteve presente em
diversos eventos em São Paulo, estado diverso daquele em que ela reside,
conforme fotos da página nas redes sociais da ex-empregada no Facebook. Aliás,
ao revés do afirmado no apelo, as fotos não revelam estado abatido da
trabalhadora", ressaltou a julgadora.
Para o
voto condutor, houve violação à obrigação contratual, que fez desaparecer a
fidúcia que sempre deve existir nas relações de trabalho, em decorrência de
fato suficientemente grave a ensejar a ruptura do pacto laboral. "Nestes
casos, não há que se cogitar medidas pedagógicas, nem tampouco importa o
período anterior de prestação de serviço do empregado. A ocorrência de uma
única falta dessa gravidade é bastante para ensejar a dispensa por justa
causa, grave o suficiente para romper a fidúcia, essencial à manutenção
do vínculo empregatício", concluiu a julgadora.
Na visão
da juíza relatora, ficou plenamente configurada a prática de falta grave
suficiente para justificar a dispensa por justa causa, nos termos do
artigo 482, alínea "b", da CLT. Por isso, segundo a magistrada, não
merecem prosperar também os pedidos de reintegração e indenização
correspondente ao período de estabilidade provisória. "Isso porque
hipotética estabilidade provisória em razão de representação sindical ou
suspensão do contrato de trabalho não impedem a configuração da
dispensa por justa causa". O processo já foi arquivado definitivamente.
Nota
M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
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segundo graus.
Fonte: TRT-MG, com "nota" da M&M Assessoria
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Atos do empregado que caracterizam justa causa do contrato de trabalho
Publicado em
02/04/2022
às
16:00
Justa
causa é todo ato faltoso do empregado que faz desaparecer a confiança e a
boa-fé existentes entre as partes, tornando indesejável o prosseguimento da
relação empregatícia.
Os atos faltosos do empregado
que justificam a rescisão do contrato pelo empregador tanto podem referir-se às
obrigações contratuais como também à conduta pessoal do empregado que possa
refletir na relação contratual.
ATOS QUE CONSTITUEM JUSTA
CAUSA
Com base no artigo 482
da CLT, relaciona-se a seguir as situações que trazem os atos que
constituem justa causa para a resolução do contrato de trabalho pelo
empregador.
Ato de Improbidade
Improbidade, regra geral, é
toda ação ou omissão desonesta do empregado, que revelam desonestidade, abuso
de confiança, fraude ou má-fé, visando a uma vantagem para si ou para outrem.
Ex.: furto, adulteração de documentos pessoais ou pertencentes ao empregador,
etc.
Incontinência de Conduta
ou Mau Procedimento
A incontinência revela-se pelos excessos ou imoderações,
entendendo-se a inconveniência de hábitos e costumes, pela imoderação de
linguagem ou de gestos. Ocorre quando o empregado comete ofensa ao pudor,
pornografia ou obscenidade, desrespeito aos colegas de trabalho e à empresa.
Mau procedimento caracteriza-se com o comportamento incorreto,
irregular do empregado, através da prática de atos que firam a discrição
pessoal, o respeito, que ofendam a dignidade, tornando impossível ou
sobremaneira onerosa a manutenção do vínculo empregatício, e que não se
enquadre na definição das demais justas causas.
Negociação Habitual
Ocorre justa causa se o
empregado, sem autorização expressa do empregador, por escrito ou verbalmente,
exerce, de forma habitual, atividade concorrente, explorando o mesmo ramo de
negócio, ou exerce outra atividade que, embora não concorrente, prejudique o
exercício de sua função na empresa.
Outras Causas
Além das causas acima,
consideram-se permissivas à justa causa:
Condenação Criminal
Desídia
Embriaguez Habitual ou em
Serviço
Violação de Segredo da Empresa
Ato de Indisciplina ou de
Insubordinação
Abandono de emprego
Ofensas Físicas
Lesões à Honra e à Boa Fama
Jogos de Azar
Atos Atentatórios à Segurança
Nacional
Perda da Habilitação (Incluído
pela Lei 13.467/2017)
Falta Contumaz no Pagamento de
Dívidas Legalmente Exigidas
O art.
508 da CLT, que previa a possibilidade de justa causa para o bancário pelo
inadimplemento de obrigação (dívidas) no vencimento, foi revogado pela Lei
12.347/2010. Portanto, a falta de pagamento de dívidas por parte do empregado,
ainda que de forma habitual, não enseja motivo de desligamento por
justa causa.
Falta reiterada do menor
aprendiz
Para os ferroviários, constitui
falta grave quando o empregado se negar realizar trabalho extraordinário, nos
casos de urgência ou de acidentes, capazes de afetar a segurança ou
regularidade do serviço.
DIREITOS
DO EMPREGADO
O empregado demitido por justa
causa tem direito apenas a:
saldo de
salários;
férias
vencidas, com acréscimo de 1/3 constitucional;
salário-família (quando
for o caso); e
depósito
do FGTS do mês da rescisão.
Fonte:
Blog Trabalhista
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Membro da CIPA Pode Ser Despedido Por Justa Causa?
Publicado em
09/02/2022
às
14:00
A
Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o exame do recurso de
um motorista de ambulância dispensado pela empresa por justa causa. Ele alegava
ter direito à estabilidade provisória na condição de membro da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), mas ficou constatado que a
dispensa se dera por mau procedimento e desídia.
Razões políticas
Na reclamação
trabalhista, o motorista sustentou que fora demitido por razões políticas.
Segundo ele, o verdadeiro motivo seria a insatisfação da empresa com sua
atuação como cipeiro, em que questionava a não concessão de intervalos intrajornada
e as exigências de que os motoristas transportassem mercadorias nas
ambulâncias.
Faltas graves
A
empresa, em sua defesa, argumentou que o empregado tinha um péssimo histórico
funcional e havia cometido várias faltas graves, como agir com falta de respeito
com a coordenadora, desrespeitar o encarregado, desacatar funcionários,
discutir escalas de serviço e utilizar o carro oficial para fins particulares,
além de se recusar a fazer viagens quando não era de seu interesse.
Confusões
O juízo
da Vara do Trabalho de Ubá julgou improcedente os pedidos do empregado, e a
sentença foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), que
concluiu que a empresa conseguira comprovar, de forma satisfatória, as razões
que levaram à dispensa. A documentação juntada aos autos demonstrara que o
empregado estava endividado, ficava "arrumando confusões" nas escalas
das viagens, abandonava plantões de fins de semana e desacatava e ameaçava
funcionários. Também foi registrado que pacientes se recusavam a viajar com
ele, em razão da sua postura.
Provas
O
relator do recurso de revista do motorista explicou que a Constituição da
República e a CLT garantem estabilidade provisória aos
empregados eleitos pelas CIPAs, como forma de proteção contra dispensas
arbitrárias ou sem justa causa. A dispensa, no entanto, é admitida quando se
basear em motivo relevante, que pode ser de ordem disciplinar, como no caso
analisado.
Para o
relator, uma vez verificada a prática de infração trabalhista pelo empregado,
torna-se válida a rescisão contratual. Segundo a sentença e a decisão do TRT,
ficou constatada a reiteração do comportamento negligente do empregado e a
gravidade de sua conduta, o que tornou inviável a continuação de seu vínculo
de emprego. Para se chegar a conclusão diversa, seria necessário o reexame de
fatos e provas, procedimento vedado pela Súmula 126 do TST.
A
decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST, Processo: RR-1717-76.2015.5.03.0078,
com "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Motorista com CNH vencida que se envolveu em acidente - Justa causa?
Publicado em
27/01/2022
às
16:00
Os
julgadores da Nona Turma do TRT de Minas confirmaram decisão do juízo da 31ª
Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que validou a dispensa por justa causa aplicada
por uma empresa de engenharia a um motorista. O trabalhador estava com a
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida quando se envolveu em acidente
de trânsito com o veículo de grande porte que conduzia. As provas evidenciaram
que houve condução inadequada pelo motorista, reconhecendo o relator do
recurso, desembargador Ricardo Antônio Mohallem, a culpa única e exclusiva do
empregado. Para o magistrado, a falta foi grave o suficiente para ensejar a
justa causa.
Ao recorrer da sentença, o
reclamante sustentou que a empresa sabia que sua CNH estava próxima do
vencimento e, mesmo assim, não exigiu prova da renovação, permitindo-o
continuar a conduzir do veículo. Argumentou ainda que apenas o envolvimento no
acidente, sem prova da culpa, não autorizaria a dispensa sem justa causa.
O motorista pediu que a dispensa fosse modificada para sem justa causa, com
pagamento das verbas rescisórias pertinentes.
Mas o relator não acatou a
pretensão. Ao analisar o boletim de ocorrência lavrado por ocasião do acidente,
constatou que a CNH do motorista foi apreendida por estar vencida há mais de 30
dias. Conforme registrado no documento, o profissional não observou a distância
de segurança e a velocidade compatível com a via. Houve colisão com veículo de
terceiro que trafegava na faixa correta. O veículo envolvido foi jogado contra
a mureta, mesmo tendo o condutor sinalizado para o autor com buzina.
A empregadora dispensou o
reclamante por justa causa dois dias depois, aplicando ao caso o artigo 482,
alíneas "h" e "m", da CLT, que se referem a atos de
indisciplina e "perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei
para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado".
Este último item foi incluído pela Lei nº 13.467/17, conhecida como reforma
trabalhista.
Na carta de dispensa, a
reclamada registrou que o motorista deixou de comunicar o vencimento da CNH em
29/3/2019, considerada requisito imprescindível ao exercício da atividade
remunerada. Nesse contexto, exerceu função de motorista de veículo automotor de
grande porte, sem possuir habilitação necessária para tanto, e se envolveu em
acidente de trânsito, durante o horário de trabalho, conforme relatado em boletim
de ocorrência.
Na visão do relator, a empresa
agiu corretamente, não podendo se impor a ela as consequências da omissão do
trabalhador de não renovar em tempo hábil a sua CNH. O julgador ponderou que as
obrigações como empregadora não excluem as do autor, indispensáveis ao
exercício da profissão (artigo 159 do Código de Trânsito Nacional). Entre elas,
todas que se relacionam à CNH, documento pessoal e intransferível. "É ele quem
se candidata a obtê-la junto ao Departamento Nacional de Trânsito. Quem deve
portá-la e exibi-la à autoridade competente", pontuou.
Testemunha ouvida noticiou que
a empresa fiscalizava a validade da CNH todo início de ano, informando aos
motoristas eventual vencimento iminente. O próprio reclamante admitiu, em
depoimento, que, ao ser informado do vencimento, comunicou à representante da
empresa que precisava de um tempo para resolver "um probleminha no
Detran". Como apurado no processo, o "probleminha" era a suspensão do
direito de dirigir por conduzir veículo sob efeito de bebida alcoólica.
Diante do contexto apurado, o
voto condutor reconheceu que o acidente foi causado por culpa única e exclusiva
do empregado, entendendo que a justa causa deve ser mantida. "A falta está
indubitavelmente configurada. Sobre isso não é preciso mais discorrer. Os fatos
falam por si. Nitidamente, não se trata de uma falta que possa passar em
branco, como se não existisse. Foi gravíssima, seja pelos prejuízos materiais
causados, seja pelos potenciais danos à própria vida humana", foi enfatizado no
voto, negando-se provimento ao recurso do trabalhador. A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT 3º Região, com
"nota" da M&M
Assessoria Contábil
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Empregado que comparece ao local de trabalho com Covid-19 pode ser demitido por justa causa?
Publicado em
15/12/2021
às
16:00
A 6ª Turma
do Tribunal do Trabalho da 2ª Região, por unanimidade de votos, manteve decisão
de 1º grau que reconheceu a justa causa aplicada a trabalhadora que não
observou o isolamento domiciliar nem fez uso de equipamentos de proteção ao
comparecer ao local de trabalho em período de licença médica em razão de
contaminação por covid-19.
A decisão da
desembargadora-relatora Jane Granzoto Torres da Silva considerou o
comportamento da empregada como de risco para colegas, moradores e hóspedes. A autora
da ação atuava como assistente de alimentos e bebidas em um condomínio residencial
em Santos-SP.
"Como incontroverso nos
autos, foi enorme e indesculpável a irresponsabilidade da reclamante que, já
afastada do trabalho por força de sintomas que a encaminharam a atendimento
médico em 23 de outubro, recebeu, no dia 29 de outubro, um diagnóstico de
covid-19", afirmou a magistrada em acórdão.
A profissional pernoitou
no condomínio alegando ter sido convidada por um residente e,
conforme provas apresentadas nos autos, transitou pelo local sem fazer uso de
máscara, o que foi negado por ela.
"Esse comportamento que se
afigurou claramente como de risco, não só para si mesma como especialmente para
os que estiveram em sua companhia naquela ocasião. A justa causa para a
despedida mostra-se assim legitimada na hipótese, não cabendo falar em falta de
proporcionalidade entre a falta e a punição e muito menos em ausência de
imediatidade", afirmou a desembargadora relatora.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil
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Recibos falsos para reembolso de estacionamento - Justa Causa
Publicado em
06/12/2021
às
16:00
A
Justiça do Trabalho manteve a justa causa aplicada a um trabalhador de uma
empresa de tecnologia, com unidade na capital mineira, que emitiu recibos
falsos com o objetivo de garantir o reembolso de valores supostamente gastos
com estacionamento. A decisão é dos julgadores da Nona Turma do TRT-MG, que,
por unanimidade, mantiveram a sentença oriunda da 11ª Vara do Trabalho de Belo
Horizonte.
O trabalhador foi admitido em
3/11/2008, ocupando os cargos de Técnico de Suporte Técnico e Analista de
Negócios I, e dispensado em 8/10/2015, por justa causa, com base no artigo 482
da CLT, alínea "b" (mau procedimento). Segundo a empresa, a
dispensa aconteceu após apuração interna que indicou a prática de
irregularidades, com a apresentação de recibos falsos para reembolso de valores
supostamente gastos com estacionamento durante a realização de visitas a
clientes.
A empregadora explicou que
fazia o reembolso das despesas de seus empregados com combustível e
estacionamento, e que, de julho de 2014 a agosto de 2015, os recibos apresentados
de R$ 40,00 referiam-se sempre ao mesmo estabelecimento, localizado em Belo
Horizonte, "embora o trabalhador tenha feito visitas a diversos clientes, em
localidades distintas e, muitas vezes, distantes desse estabelecimento em
questão".
Já o trabalhador argumentou, no
recurso, que todos os recibos feitos de forma manual e juntados pela reclamada
não foram apresentados por ele. Afirmou que o fato de os valores serem fixos
não gera discrepância, pois são relativos a diárias, e que o relatório de
despesa de outra colega, juntado aos autos, também mostra gastos no valor único
de R$ 35,00.
Argumentou ainda que, mesmo se
provado que referidos documentos não são verdadeiros, não significam qualquer
falta grave. Sustentou que não houve gradação na aplicação da penalidade e que
houve perdão tácito pela empresa.
Segundo o desembargador
relator, Rodrigo Ribeiro Bueno, a justa causa é a penalidade aplicada ao
empregado em virtude da prática de ato doloso ou culposamente grave que faça
desaparecer a confiança e a boa-fé que existem entre o trabalhador e seu
empregador. Para o julgador, a ocorrência torna impossível a continuação do
pacto, o que leva à rescisão motivada do contrato de trabalho.
"Vale dizer, o motivo que
constitui a justa causa para a resolução do contrato é aquele que, por sua
natureza ou repetição, representa uma violação dos deveres contratuais por
parte do empregado, tornando impossível o prosseguimento da relação de
emprego", ressaltou o desembargador.
Testemunha ouvida no processo
informou que "foi a área de trabalho dela que identificou as irregularidades
dos recibos e que o pessoal do estacionamento informou que não emitiam aquele
tipo de recibo apresentado pelo autor da ação". Segundo a testemunha, os
recibos apresentados pelos outros empregados eram de "maquininha" e os recibos
dele eram de "bloquinho" com carimbo.
Além disso, e-mail anexado ao
processo mostrou que uma empregada da empresa chegou a questionar o trabalhador
sobre o fato de apresentar recibos de estacionamento de um mesmo lugar, sendo
que os atendimentos eram efetuados em diversos clientes, em bairros diferentes.
Levantamento feito pela empresa apontou, como exemplo, que, em um dia, o
ex-empregado teria deixado o carro no referido estacionamento, mas o cliente
visitado ficava a 6,5 km de distância do local. Em outro caso, constou que o
técnico usou o estacionamento a 8,7 km de distância do destino final.
Testemunha também relatou que
os colegas do trabalhador que estacionavam os carros no mesmo local
apresentavam recibos de máquina, com dados do veículo, numeração, horário. "Em
contrapartida, os documentos entregues pelo técnico eram manuais e sem assinatura",
informou.
Em resposta a um questionamento
da empregadora, o estacionamento encaminhou um e-mail informando que não faz
parte do procedimento o fornecimento de recibos manuais, tendo em vista que o
sistema utilizado emite automaticamente um comprovante no momento do acesso ao
estacionamento, contendo as informações de placa do veículo, data, hora e valor
pago, além da nota fiscal, quando solicitada. Acrescentou, ainda, que o CNPJ
discriminado nos recibos do reclamante não correspondem ao da empresa.
Diante das provas, o
desembargador relator entendeu que ficou evidenciada a apresentação pelo
reclamante de recibos falsos de pagamento de estacionamento. Para o julgador,
isso configura mau procedimento, com o objetivo de obter vantagem para si ou
para outrem, dentro do contrato de trabalho.
No que se refere à
imediatidade, o julgador afirmou que os dados contidos no correio eletrônico
mostram que, em agosto de 2015, uma empregada da empresa começou a desconfiar
dos recibos entregues. E que, em seguida, a empregadora começou a fazer a
apuração dos fatos, o que culminou na dispensa do empregado. "Daí, não há que
se falar em perdão tácito por decurso de prazo para apuração das
irregularidades", pontuou o magistrado.
Para o voto condutor, é
irrelevante cogitar a gradação das penas, já que se trata de falta que importa
em quebra da fidúcia depositada no empregado, suporte maior da relação de emprego.
Assim, o julgador negou provimento ao recurso do técnico, mantendo a justa
causa para a dispensa que lhe foi aplicada pelo empregador. Não cabe mais
recurso da decisão. O processo já foi arquivado definitivamente.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
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Pandemia não justifica dispensa de mecânico de empresa de ônibus por força maior
Publicado em
24/11/2021
às
12:00
A
Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o exame de recurso de
uma Empresa com sede em Belo Horizonte, que pretendia ver reconhecida a
dispensa de um mecânico na modalidade de força maior, com fundamento na
pandemia da covid-19. Para o colegiado, as restrições previstas na CLT para
esse tipo de rescisão, em que é devida apenas a metade da indenização relativa
à demissão imotivada, só se aplicam quando a situação econômica e financeira da
empresa é afetada de tal modo que impossibilite a execução parcial ou total de
suas atividades, o que não ocorreu no caso.
Força maior
A força maior é tratada no
capítulo VIII da CLT, que a define como "todo acontecimento inevitável, em
relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não
concorreu, direta ou indiretamente". Ocorrendo esse motivo que determine a
extinção da empresa ou de um dos estabelecimentos em que o empregado trabalhe,
ele tem direito à metade da indenização que seria devida em caso de rescisão
sem justa causa.
Ainda de acordo com a CLT,
a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. E, se esta não
afetar substancialmente a situação econômica e financeira da empresa, não se
aplicam as restrições.
Dispensa
Na reclamação trabalhista,
o mecânico disse que fora admitido pela empresa em 2004 e demitido em junho de
2020, por motivo de força maior, com o pagamento de apenas 20% da multa do FGTS
e parcelamento das verbas rescisórias em cinco vezes. Segundo ele,
essa forma de rescisão não seria cabível, pois não houve a extinção da empresa
ou do estabelecimento em que trabalhava. Pediu, assim, o pagamento das
diferenças devidas no caso de dispensa imotivada.
Pandemia
Em sua defesa, a empresa,
operadora de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros,
argumentou que a decretação da pandemia, em março de 2020, e as restrições
impostas à circulação de pessoas em diversos estados e municípios levaram-na a
operar com aproximadamente 15% do total de sua capacidade. "O transporte
rodoviário de passageiros praticamente parou", afirmou. Com isso, celebrou com
o sindicato dos empregados uma ata emergencial estabelecendo que o estado de
calamidade pública, reconhecido em decreto legislativo, constituiu força maior
para fins de rescisão.
Transferência de riscos
O pedido do mecânico foi
julgado procedente pelo juízo da 8ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que
condenou a empresa ao pagamento das diferenças, e o Tribunal Regional do
Trabalho da 3ª Região (MG) manteve a sentença. Embora entendendo que a empresa
devesse adotar medidas para buscar seu reequilíbrio econômico-financeiro, o TRT
considerou que ela não poderia transferir os riscos da atividade econômica para
os empregados, que também sofrem os efeitos da situação.
Medida Provisória
No recurso de revista, a
empresa reiterou seus argumentos e sustentou que a força maior fora reconhecida
pela Medida Provisória (MP) 927/2020, que dispunha sobre as medidas
trabalhistas para enfrentamento da pandemia. Para a empresa, o TRT também havia
desconsiderado a negociação com o sindicato e os instrumentos coletivos
firmados em razão da pandemia.
Risco previsível
O relator do recurso, ministro
Agra Belmonte, observou que o TST vem decidindo que a dificuldade financeira
enfrentada pelas empresas, por constituir risco previsível da atividade
econômica, não se enquadra como episódio de força maior. Embora a MP 927/2020
(que caducou e não foi convertida em lei) tenha equiparado o estado de
calamidade pública relacionado à covid-19 a essa hipótese, o artigo 502
da
CLT
, plenamente válido no período de vigência da
MP, estabelece que o motivo de força maior só se caracteriza quando há a
extinção da empresa ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado,
o que não é o caso, já que a empresa não encerrou suas atividades.
Diálogo e bom senso
Para o relator, o foco das
normas editadas pelo governo federal para o enfrentamento da pandemia
(notadamente as MPs 927/2020 e 928/2020, que caducaram, e a MP 936/2020,
convertida na Lei 14.020/2020), que promoveram a flexibilização
temporária em pontos sensíveis da legislação trabalhista, não foi
permitir rescisões contratuais ou a mera supressão de direitos de forma unilateral
e temerária por parte do empregador. "O objetivo foi exclusivamente
proporcionar meios mais céleres e menos burocráticos, prestigiando o diálogo e
o bom senso, para garantir a continuidade das atividades laborais e
empresariais e, por consequência, preservar o pleno emprego e a renda do
trabalhador", concluiu.
A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST, Processo: AIRR-10402-15.2020.5.03.0008, com
"nota" da M&M
Assessoria Contábil.
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Quando a aplicação da justa causa não carece de reincidência
Publicado em
16/11/2021
às
14:00
Justa
causa é todo ato faltoso cometido pelo empregado que faz desaparecer a
confiança e a boa-fé contratual existentes entre as partes, tornando insustentável
o prosseguimento da relação empregatícia.
Os atos faltosos do empregado que justificam a rescisão do
contrato pelo empregador tanto podem referir-se às obrigações contratuais, como
também à conduta pessoal do empregado que possa refletir na relação contratual.
No caso de cometimento de falta grave, cabe ao empregador, em
decorrência das obrigações contratuais assumidas pelo empregado e do poder e
responsabilidade do empregador na direção dos trabalhos, o direito de puni-lo,
observando-se os elementos a seguir.
São três elementos que configuram a justa causa:
· -gravidade;
· -atualidade;
e
· -imediatidade.
A conduta grave deve ser recente (atualidade), e
a penalidade aplicada deve ser em seguida à falta cometida
(imediatidade), bem como guardar um vínculo de relação direta entre a
justa causa alegada e a despedida imposta ao trabalhador (imediatidade).
A dúvida paira em que tipo de
falta pode gerar uma justa causa num único ato faltoso, ou quando o empregador
deve aplicar apenas uma advertência ou uma suspensão (gravidade do
ato).
Ainda que o art. 482 da CLT
discipline os motivos que ensejam a justa causa, há faltas que podem se
enquadrar nos motivos previstos pela legislação trabalhista, mas que não
ensejam, necessariamente, a aplicação da justa causa direta por um único ato
faltoso.
É o caso, por exemplo, de um
ato de indisciplina ou insubordinação. Embora estejam previstos no art. 482
da CLT, um único ato cometido pelo empregado não ensejaria a aplicação da
pena máxima. Nestes casos o empregador pode aplicar apenas uma advertência ou
uma suspensão.
Entretanto, há atos faltosos
que simplesmente impedem a continuidade da relação contratual, quebram a
confiança, ainda que no histórico funcional do empregado não se constata uma
única advertência ou suspensão.
É o caso, por exemplo, do
empregado que apresenta atestado médico falso a fim de justificar
uma falta ao trabalho. Este ato, além de se enquadrar nas alíneas
"a" e "b" do art. 482 da CLT, é um ato tipificado como
crime pelo código penal (art. 299).
Atos desta natureza dispensa a
necessidade de um primeiro ato faltoso (reincidência) para que o empregador
aplique a pena máxima (justa causa) ao empregado, conforme podemos constatar
pelo julgamento de um caso típico noticiado pelo TRT de Mato Grosso, conforme
adiante.
CORRUPÇÃO
EM EMPRESA PRIVADA GERA JUSTA CAUSA
A Justiça do Trabalho manteve a
dispensa por justa causa aplicada por uma empresa de logística a seu gerente
comercial, após descobrir que o empregado cobrava comissões na contratação de
transportadora que lhe prestava serviço.
Inconformado com a demissão, o
ex-gerente ajuizou uma reclamação trabalhista pedindo a reversão da
justa causa para dispensa sem justa causa, com o consequente pagamento
das verbas rescisórias e liberação de guias para o seguro
desemprego e saque do FGTS.
Também requereu diferenças
salariais por acúmulo/desvio de função alegando que exercia também a gerência
da filial em Rondônia, além de indenização de estabilidade e dano moral decorrente
de doença ocupacional.
A empresa se defendeu,
afirmando que despediu o trabalhador após ser surpreendida pela revelação,
por parte do sócio de uma transportadora prestadora de serviço, de que somente
tinha seus contratos firmados mediante o repasse de comissões de 8% a 10% do
valor contratado, montante que era depositado diretamente na conta bancária do
gerente comercial.
Foi apresentada também uma
planilha de pagamento de comissões que aponta para uma série de transferências
bancárias, totalizando aproximadamente 127 mil depositados. A negociata também
foi confirmada por conversas mantidas, via aplicativo whatsapp, entre a
transportadora e o ex-gerente.
Na audiência judicial,
realizada na 3ª Vara do Trabalho de Várzea Grande, o sócio da transportadora
reafirmou o depoimento que havia dado na Polícia, confirmando o repasse da
comissão exigida pelo ex-gerente para que pudesse continuar a prestar serviços
para a empresa de logística.
Ele disse ainda que a situação
perdurou por pouco mais de um ano, sendo que inicialmente a comissão era de 10%
sobre o valor de cada frete, mas que depois de nova negociação, o ex-gerente
aceitou baixar para 8%.
Ao decidir o caso, o juiz Alex
Fabiano avaliou ter sido comprovada a conduta irregular do trabalhador,
mantendo assim a justa causa aplicada e, por conseguinte, julgando
improcedentes os pedidos de pagamento de diferenças de verbas rescisórias,
multas e entrega das guias do seguro-desemprego.
Dano Moral
O trabalhador teve negado
também o reconhecimento de estabilidade acidentária, devido a uma depressão que
alegou ter desenvolvido pela cobrança de metas e das viagens que teve que
realizar a trabalho, e, da mesma forma, indeferido o pagamento pelo dano
moral decorrente dessa situação.
A decisão levou em conta o fato
do ex-gerente informar, na audiência judicial, que não pretendia a realização
da prova médico-pericial bem como confirmar que jamais ficou afastado do
trabalho pela Previdência Social. Diante disso, o magistrado não reconheceu a
estabilidade, indeferindo os demais pedidos.
Como a ação foi ajuizada antes
da vigência da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), o juiz entendeu que não
há que se falar em aplicação dos efeitos da sucumbência previstos nas novas
regras, sob pena de causar insegurança jurídica às partes.
"Naturalmente, confiavam
nas garantias legais para o exercício do direito de ação concedidos na
legislação anterior", concluiu. PJe 0001245-56.2017.5.23.0108 (TRT
MG).
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte:
Blog Trabalhista, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil
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Mantida justa causa de empregado que pegava luvas de volta após jogá-las no lixo
Publicado em
01/11/2021
às
16:00
A
Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso de um
armazenista que trabalhava numa indústria alimentícia de São Sebastião do Caí (RS).
O empregado pleiteava a reversão de sua dispensa por justa causa, em razão
da não observância das normas de higiene do estabelecimento. Para modificar o
entendimento das instâncias anteriores, seria necessário o reexame de fatos e
provas, vedado pela jurisprudência do TST.
Luvas no lixo
O motivo da dispensa foi o fato
de ele ter ido ao banheiro com as luvas de trabalho. Após jogá-las no lixo,
junto a papéis sujos, ele percebeu, ao sair, que as tinha esquecido. Retornou
ao local, retirou-as do lixo e utilizou-as novamente.
Manuseio de caixas
Na reclamação trabalhista,
o armazenista argumentou que a aplicação da justa causa foi desproporcional,
pois nunca havia recebido, no curso do contrato, nenhuma punição disciplinar.
Ele sustentou, ainda, que sua atividade era manusear apenas caixas, sem contato
direto com o produto alimentício industrializado.
Segundo ele, a dispensa visou
afastar sua estabilidade acidentária: ele havia sofrido acidente de trabalho em
fevereiro de 2017, voltado ao trabalho em julho e demitido em dezembro do mesmo
ano, e teria direito à garantia de emprego até julho de 2018.
Má conduta
O aviário, em sua defesa,
alegou que o empregado agira de forma incorreta ao tirar as luvas do lixo e
continuar trabalhando normalmente, quando o procedimento correto seria
deixá-las penduradas na parede do seu setor. A empresa disse que mantém um
padrão de fornecimento de produto saudável para consumo e uma investigação
interna concluiu que tinha havido má conduta do empregado.
Testemunhas
Além das testemunhas ouvidas na
investigação interna, depoimentos colhidos em juízo confirmaram a conduta do
trabalhador. O juízo de primeiro grau assinalou que, depois de praticamente
cinco meses do retorno ao trabalho, após a alta previdenciária, seria improvável
que a empresa tivesse intenção de despedir o empregado por justa causa, com a
única finalidade de suprimir parcialmente seu direito à estabilidade
acidentária.
Risco à saúde
De acordo com a sentença, todos
os empregados envolvidos na linha de produção devem ter atenção redobrada às
normas de higiene, e o fato de o armazenista trabalhar de forma preponderante
no manuseio de caixas não justifica a atenuação da sua responsabilidade. Para o
juízo de primeiro grau, a falta de higiene, além do possível prejuízo à imagem
da empresa, potencializa o risco de comprometimento da saúde de quem consome o
alimento por ela produzido.
Por isso, julgou improcedente o
pedido de reversão da justa causa. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
(RS) manteve a sentença.
Regras rígidas de higiene
A relatora do agravo de
instrumento pelo qual o empregado pretendia rediscutir o caso no TST, ministra
Maria Helena Mallmann, destacou o fato de que a empregadora é uma empresa de
industrialização e comercialização de aves e derivados para o consumo humano,
"atividades que demandam extremo controle e regras rígidas de higiene no
ambiente de trabalho, o que o empregado não observou". A não observância dessas
regras em um setor sensível do ramo alimentício justifica, a seu ver, a
penalidade aplicada.
A ministra observou, ainda, que
a adoção de entendimento diverso exigiria o reexame de fatos e provas,
procedimento vedado pela Súmula 126 do TST, o que impede a admissão do recurso.
A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST, Processo: RRAg-21809-88.2017.5.04.0333, com
"nota" da M&M
Assessoria Contábil.
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Motorista demitido por não renovar CNH não receberá férias e 13° salário proporcionais
Publicado em
29/09/2021
às
12:00
Uma
empresa de transporte rodoviário de Bento Gonçalves (RS) teve a condenação
removida pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, tratando-se
do pagamento das férias e do 13º Salário proporcionais a um motorista
dispensado por justa causa, por não ter renovado sua Carteira Nacional de
Habilitação (CNH). Segundo os ministros, a empresa não está sujeita ao
pagamento dessas parcelas no caso de dispensa justificada.
CNH vencida
Na reclamação
trabalhista, o motorista alegava ter sido dispensado sem que tivesse cometido
qualquer falta que o justificasse. Contudo, na contestação, a empresa afirmou
que o motivo foi o fato de estar com a CNH vencida mesmo após o prazo de 30
dias previsto no Código de Trânsito Brasileiro, o que impossibilitava o
exercício de suas funções. Segundo a empresa, ele fora alertado várias vezes
para renovar o documento, mas nada fez, caracterizando a desídia (artigo 482,
alínea "e", da CLT).
Férias proporcionais
O juízo
de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), embora
legitimando a dispensa por justa causa, entenderam que era devido o
pagamento de férias e do 13º proporcionais. O fundamento foi a Convenção 132 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que garante ao trabalhador o
direito às férias proporcionais, independentemente do motivo da rescisão
contratual.
Justa causa
O
relator do recurso de revista da empresa, ministro Caputo Bastos, observou que
a matéria não comporta mais discussão no TST, que solucionou a questão por meio
da Súmula 171, entendendo que, mesmo após a edição da Convenção 132 da OIT, o
empregado dispensado por justa causa não tem direito às férias
proporcionais. "Do mesmo modo, o TST tem o entendimento de que, na hipótese
de dispensa por justa causa, o empregador não está sujeito ao pagamento
do 13º Salário proporcional", concluiu.
A
decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
FONTE: TST, Processo:
RR-22373-15.2017.5.04.0512; Com "Nota" da M&M Assessoria
Contábil
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Empresa pode demitir quem recusar a vacina, diz presidente do TST
Publicado em
14/09/2021
às
10:00
Não
tomar a vacina pode comprometer o bem coletivo no trabalho, disse a presidente
do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Maria Cristina Peduzzi. Por isso,
funcionários que se recusarem a tomar a vacina contra a covid-19 podem ser
demitidos, inclusive com justa causa, afirma. A ministra falou sobre as
mudanças nas leis que regem a situação do trabalhador brasileiro e sobre como a
Justiça tem trabalhado para acelerar a produtividade nos processos em
entrevista no UOL Entrevista.
A entrevista foi acompanhada pela apresentadora
Fabíola Cidral, a colunista Carla Araújo e o repórter Filipe Andretta. Sobre as
vacinas, o bem-estar coletivo é mais importante que o direito individual de
escolher tomar ou não a vacina. "O direito da coletividade se sobrepõe ao
direito individual e se um empregado se recusa à vacinação, ele vai comprometer
o meio ambiente de trabalho que necessariamente deve ser promovido, por meio do
empregador, da forma mais saudável possível, por isso que há uma justificativa
que tem embasado decisões nesse sentido", disse. No entanto, caso haja
algum motivo de saúde para optar por não tomar a vacina, a empresa não deve
demitir e deve permitir e deve permitir o trabalho remoto, diz ela. "Se
ele [o funcionário] tiver a justificativa [para não se vacinar], ele poderá ir
para o trabalho remoto. O empregador não vai demitir." "Mas a
injustificada recusa compromete o direito coletivo dos demais trabalhadores,
então nesse sentido parece que a justa causa foi aplicada com essa preocupação.
Uma decisão justificada", disse.
Empresas voltam ao trabalho presencial
Com o avanço da vacinação, muitas empresas planejam
a volta ao trabalho presencial. O funcionário pode ser obrigado a retornar ao
escritório? Sobre o retorno ao trabalho presencial, a ministra diz que essa
situação ainda é delicada. "Essa é uma situação bem complexa que eu estou
vivendo inclusive no TST, nós estamos vivendo. Temos uma vacinação avançada no
Brasil, mas ainda não chegamos - uma população como nós temos - ao ponto de
dizer 'bom, todos temos que voltar ao trabalho'. Ainda temos, imagino, alguns
poucos meses para chegar a esse patamar de 80% com as duas doses."
Nota M&M: A posição acima é da Presidente do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), porém, aos que labutam na Justiça do
Trabalho não devem achar estranho decisões contrárias a da Presidente do TST,
especialmente nas esferas inferiores da Justiça Trabalhista.
Fonte: UOL, com
"nota" da M&M Assessoria Contábil.
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Faltas iguais não podem refletir em advertência para um e justa causa para outro
Publicado em
06/09/2021
às
16:00
Faltas
iguais não podem refletir em advertência para um e justa causa para outro
No caso
de cometimento de falta grave, cabe ao empregador, em decorrência das
obrigações contratuais assumidas pelo empregado e do poder e responsabilidade
do empregador na direção dos trabalhos, o direito de puni-lo, observando-se,
dentre outros, os elementos a seguir:
Gravidade: A
penalidade aplicada deve corresponder ao grau da falta cometida. Havendo
excesso na punição, será fator determinante na descaracterização. O
empregador deve usar de bom senso no momento da dosagem da pena. A pena maior,
rompimento do vínculo empregatício, deve-se utilizar às faltas que
impliquem em violação séria e irreparável das obrigações contratuais assumidas
pelo empregado, ou para os casos de prática com mais afinco de faltas
consideradas leves.
Atualidade: A
punição deve ser aplicada em seguida à falta, ou seja, entre a falta e a
punição não deve haver período longo, sob pena de incorrer o empregador no
perdão tácito. No que diz respeito ao espaço de tempo, deve-se adotar o
critério de punir, tão logo se tome conhecimento do ato ou fato praticado pelo
trabalhador.
Causa e
Efeito: A punição dever guardar relação entre causa e efeito, ou
seja, à vinculação direta entre a falta e a punição.
Com base
nestes elementos, o empregador poderá analisar a falta cometida pelo empregado
ou empregados, aplicando-lhes uma das seguintes penas:
Advertência: A advertência é
um aviso ao empregado para que ele tome conhecimento de que seu comportamento não
atende às normas estabelecidas pela empresa em relação às suas atribuições e
obrigações como empregado.
Suspensão: A
suspensão visa disciplinar, resgatar o comportamento do empregado conforme as
exigências da empresa. Ela pode ocorrer após advertências ou logo após o
cometimento de uma falta de maior relevância. Esta falta terá que ser de maior
importância, pois haverá prejuízo ao empregado e ao empregador.
Demissão
por Justa Causa: A dispensa por justa causa (prevista no artigo 482
da CLT) é o resultado da ineficácia das medidas
de advertência ou suspensão aplicadas ao empregado. É a penalidade
máxima imposta ao trabalhador que, embora tenha recebido medidas corretivas,
não demonstrou mudança de comportamento no ambiente de trabalho.
Se dois
ou mais empregados cometeram a mesma falta (leve ou grave), a punição aplicada
a um empregado deverá ser aplicada aos demais que cometeram a mesma falta, pois
se o empregador advertir um empregado e aplicar uma suspensão ou uma demissão
por justa causa aos demais, estará agindo de forma discriminatória.
Com esse
entendimento o TRT/MG condenou uma empresa a indenizar uma trabalhadora por ter
sido demitida por justa causa, enquanto a outra, que cometeu a mesma falta, foi
apenas advertida. Entenda o caso.
JUÍZA CONSIDERA DISCRIMINATÓRIA JUSTA CAUSA
APLICADA SOMENTE À UMA TRABALHADORA
Fonte: TRT/MG - 24.07.2019 - Adaptado
pelo Guia Trabalhista
A juíza
Jéssica Grazielle Andrade Martins, em exercício na Vara do Trabalho de Santa
Luzia, reverteu a justa causa aplicada a uma auxiliar de produção acusada, pela
fábrica de café onde trabalhava, de empacotar produto com peso menor, sem
adotar o procedimento padrão para corrigir o problema.
Para a
magistrada, houve discriminação, uma vez que outra trabalhadora cometeu o mesmo
ato e nem por isso foi dispensada.
Ficou
claro que a dispensa da autora se deu em razão da repercussão do caso em mídia
nacional. Além das verbas devidas na dispensa sem justa causa, a decisão
determinou o pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 8
mil.
Na ação,
a auxiliar de produção afirmou que foi dispensada por justa causa porque a
máquina que operava empacotou produto com peso menor, sem que ela tenha
recebido quaisquer esclarecimentos.
Em
defesa, a ré sustentou que a empregada, após o erro, deixou de seguir o
procedimento padrão de encaminhar o produto para reanálise e reembalagem, o
qual era de seu pleno conhecimento.
Ao
analisar as provas, a juíza se convenceu de que a dispensa teve um motivo mais
forte: a repercussão da falha na pesagem em vários veículos da imprensa
nacional.
A
própria defesa apontou que a empresa foi autuada na "Operação Cesta
Básica", realizada pelo Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo (IPEM -
SP), resultando na aplicação de multa e gerando imagem negativa da
empresa.
Segundo
a ré, após ser cientificada da autuação, identificou o lote do produto e apurou
por meio de imagens que o erro havia sido cometido pela autora, que descumpriu
procedimento da empresa.
Uma
testemunha afirmou que a dispensa da colega ocorreu por um ato contra a
qualidade e que ela fazia o serviço há muito tempo, era boa empregada e chegava
no horário.
Disse
que é comum a máquina expulsar pacotes por divergência de peso, o que acontecia
umas 40 vezes por dia, por trabalhador. A empregada costumava pesar os pacotes
quando eles eram expulsos, mas no dia do ocorrido não fez isso.
Ainda
conforme relatou, em certa oportunidade, outra empregada deixou de pesar os
pacotes e foi advertida. Segundo a testemunha, a dispensa da autora ocorreu
porque a marca foi exposta ao repercutir na imprensa o problema do peso.
Isso
ocorreu em licitação de cesta básica na qual o INMETRO fez o teste. Já no caso
da outra trabalhadora, a verificação ocorreu internamente e não houve
exposição.
Na
avaliação da juíza, ficou evidente que a falha pode ser detectada antes de o
produto sair para o mercado de consumo, o que não foi observado em relação à
autora.
Para
ela, a aplicação de punição distinta para duas empregadas que agiram da mesma
forma evidencia a discriminação. "Na ocorrência de fatos semelhantes
entre duas empregadas e tendo a reclamada adotado medidas diferentes, houve
extrapolação do poder diretivo, uma vez que em relação à reclamante adotou-se
como medida punitiva aquela que se revelou mais extrema, qual seja, a ruptura
do liame empregatício por justa motivação", registrou.
A
conclusão da sentença foi a de que a empresa não estava preocupada com a medida
pedagógica da pena, mas apenas em tentar "limpar" sua imagem perante
os órgãos de defesa do consumidor.
A juíza
chamou a atenção para o fato de a empregadora não ter levado em consideração o
histórico da empregada que, durante os mais de três anos em que trabalhou na
empresa, teve apenas duas advertências.
No
entendimento da magistrada, a trabalhadora sofreu abalo emocional ao ficar sem
emprego após praticar falta leve, tendo a empregadora lhe atribuído toda a
repercussão negativa que sofreu por conta de um erro, sem qualquer dolo ou
intenção de prejudicar a empresa.
E mais:
uma perícia médica constatou que, após o incidente, ela apresentou quadro de
nefrolitíase e herpes labial, o que a juíza considerou ser consequência do
abalo psicológico sofrido.
A
condenação foi fixada em R$ 8 mil, sendo confirmada posteriormente pelo TRT de
Minas.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Blog Trabalhista, Processo PJe:
0010967-14.2017.5.03.0095, com "nota" da M&M Assessoria Contábil.
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Vendedor que apresentou atestado em uma empresa e continuou a trabalhar em outra recebe justa causa
Publicado em
23/08/2021
às
16:00
A Justiça do Trabalho manteve a dispensa por justa
causa aplicada por uma loja de material de construção a um vendedor que
apresentou atestado médico mas continuou a trabalhar em outro
emprego.
Após ter o contrato rescindido, o vendedor procurou a
Vara do Trabalho de Primavera do Leste pedindo a reversão da justa causa e o
consequente pagamento das verbas rescisórias. O caso teve início quando
ele foi informado que estava sendo dispensado do serviço, sem justa causa, e
poucas horas depois apresentou atestado médico de 60 dias.
Chamada à Justiça, a empresa relatou que tão logo recebeu
o atestado médico adiou a rescisão para o primeiro dia após a alta
previdenciária, disposta a custear os primeiros dias de afastamento e,
posteriormente, encaminhar o trabalhador ao INSS para que ele pudesse receber o
benefício a que teria direito.
Entretanto, decidiu aplicar a justa causa depois que o
vendedor confessou que procurou o médico no mesmo dia que recebeu o aviso
prévio e, ainda, ao saber que ele continuava trabalhando normalmente para
outro empregador como garçom, função que exige longos períodos em pé, apesar do
atestado informar a incapacidade ao trabalho por problemas nos joelhos, com
entorse e distensão dos ligamentos e transtornos nas articulações.
Testemunhas ouvidas pela Justiça comprovaram que o
vendedor trabalhou normalmente, sem dificuldade de locomoção como garçom nos
dois dias seguintes à apresentação do atestado.
Ao julgar o pedido de reversão da justa causa, o juiz
Mauro Vaz Curvo lembrou que essa modalidade de extinção do contrato de
trabalho é a penalidade máxima e que, em regra, as sanções devem ser
aplicadas de forma gradativa e pedagógica até culminar, se for o caso,
na dispensa por justa causa.
Contudo, a dispensa por motivo justificado pode ser
caracterizada por um único episódio quando o ato faltoso for grave o suficiente
para justificar a aplicação da pena máxima ao empregado. Foi o que aconteceu no
caso do vendedor, concluiu o juiz, que avaliou correto o procedimento da loja
de material de construção pela quebra de fidúcia por parte do trabalhador,
"ao apresentar atestado médico em um serviço e ir laborar
normalmente em outro, constitui falta grave suficiente a ensejar a rescisão
motivada do contrato de trabalho".
Assim, o magistrado manteve a justa causa e condenou o
trabalhador a arcar com os honorários do advogado da empresa, no percentual de
5% sobre o valor da ação.
Ética médica
O juiz determinou ainda que, em vista que as provas
demonstraram que o vendedor trabalhou normalmente, em pé e sem dores, nos dias
seguintes à elaboração do atestado, fosse enviado ofício ao Ministério Público
Estadual e ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso para investigação
diante da possível violação ao artigo 302 do Código Penal e prática de infração
ao Código de Ética Médica.
Nota M&M:
Destacamos que esta
decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador
para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões
diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal
Regional do Trabalho da 23ª Região, Processo PJe 0000143-56.2021.5.23.0076, com
"nota" da
M&M Assessoria Contábil
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Mantida dispensa por justa causa de empregado que faltava muito ao trabalho sem justificativa
Publicado em
18/08/2021
às
14:00
A Sétima
Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconheceu a dispensa sem
justa causa aplicada por uma empresa de Porto Alegre (RS), a um atendente
de restaurante que cometeu diversas faltas sem justificativa ao longo de um ano
e um mês de trabalho, todas sucedidas de punição adequada.
Novas faltas
Na reclamação trabalhista, o atendente, menor de idade,
reconheceu as faltas que motivaram diversas medidas disciplinares,
justificando-as com três assaltos em que havia perdido seu cartão de transporte
coletivo.
O juízo
de primeiro grau manteve a justa causa, por entender que a empresa havia agido
corretamente ao aplicar as sanções disciplinares e que o empregado, mesmo
após advertências e suspensões, havia cometido novas faltas. A
sentença considerou, ainda, que a dispensa foi aplicada de forma imediata após
a última irregularidade praticada.
Contudo,
o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) reformou a sentença. Mesmo
reconhecendo que as ausências eram injustificadas, o TRT considerou que a
conduta do trabalhador, menor de idade, não era grave o suficiente para
justificar a aplicação da penalidade máxima.
Gradação
No
recurso de revista, a empresa argumentou que o atendente havia faltado
injustificadamente ao trabalho 17 vezes no período de um ano e um mês de
trabalho e que fora obedecida a gradação de penalidades. Segundo a lanchonete,
o empregado foi advertido e suspenso pelas ausências, porém continuou a faltar
sem comunicá-la.
Desídia
O
relator, ministro Renato de Lacerda Paiva, ressaltou que o empregado confirmou
todas as punições aplicadas. A seu ver, o TRT, ao declarar nula a demissão
motivada, acabou por negar a aplicação do artigo 482, alínea "e",
da CLT, que trata da desídia como motivo justo para a dispensa.
Ainda de
acordo com o relator, a decisão do TRT contrariou a jurisprudência consolidada
do TST de que reiteradas faltas injustificadas podem ser caracterizadas como
desídia e de que é necessária a gradação de penalidades para que seja aplicada
a dispensa motivada.
A
decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST, Processo:
RR-21375-13.2017.5.04.0006, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil
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Trabalhador que fala mal do empregador em Rede Social da empresa - Justa Causa
Publicado em
27/07/2021
às
16:00
Foi
mantida a dispensa por justa causa aplicada a um trabalhador que
falou mal da empregadora, que é do ramo de conservação e limpeza em Belo
Horizonte (MG), em uma postagem na página do Facebook da empresa. A decisão é
da juíza Circe Oliveira Almeida Bretz, na 37ª Vara do Trabalho de Belo
Horizonte. Na mensagem, o profissional fez um comentário público, no qual destacou
que não recomendava a empresa, além dos seguintes dizeres: "Não trata seus
empregados com respeito, ameaças constantes aos empregados, levando ao total
constrangimento e humilhação".
Na ação trabalhista, o
profissional afirmou que foi injustamente dispensado em 21/8/2019, já
que "fez apenas uso do direito constitucional de expressão e manifestação
do pensamento, em rede social". Por isso, requereu a reversão da justa causa
aplicada, com pagamento das verbas atinentes à dispensa injusta. Já a empregadora
manteve, em sua defesa, a afirmação de que dispensou o ex-empregado devido ao
comentário ofensivo à imagem da empresa.
Ao decidir o caso, a juíza
Circe Oliveira Almeida Bretz constatou que não há dúvida nos autos sobre o teor
da publicação feita pelo autor, inclusive pelo áudio apresentado em CD. Segundo
a julgadora, "o exercício do direito à liberdade de expressão, assegurado
no artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, não permite ao
autor fazer comentários públicos, em redes sociais, que afetem a imagem da
empregadora".
Honra
Na decisão, a juíza destacou o
entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG). Pela
jurisprudência: "Não verificada violação ao direito de liberdade de
expressão, é patente a falta grave cometida pelo autor ao fazer comentário
público em rede social, apto a ser configurado como ato lesivo da honra ou da
boa fama da empregadora. Em tal hipótese, dispensa-se progressão de aplicação
de penalidades, sendo, pois, desnecessário à justa causa, que o ex-empregado
tenha sofrido penalidades prévias".
Dessa forma, provado o fato que
deu ensejo à correta aplicação da justa causa capitulada na alínea "k", do
artigo 482, da CLT, a juíza declarou válida a dispensa por justa
causa, ficando repelidas todas as alegações do trabalhador em sentido
contrário. Por isso, julgou improcedentes os pedidos de anulação da justa
causa, de entrega das guias TRCT, chave de conectividade e CD/SD, de
retificação na CTPS, de pagamento de aviso-prévio proporcional, férias
proporcionais + 1/3, 13° salário proporcional, FGTS + 40% e
multa do artigo 477, parágrafo 8º, da CLT. Há recurso aguardando
julgamento no TRT-3.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT da 3ª Região, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
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Vendedora que captava clientes em benefício próprio tem justa causa mantida
Publicado em
23/06/2021
às
14:00
A Quinta
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) negou provimento ao
recurso ordinário interposto por uma trabalhadora, vendedora de uma empresa de
comércio varejista de cosméticos, que pretendia a desqualificação da justa
causa como razão de sua dispensa. Por unanimidade, os magistrados acompanharam
o voto da relatora, desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo, entendendo
que a empregada realizou ato de concorrência desleal para com a empregadora,
captando clientes em benefício próprio.
A vendedora ajuizou reclamação
trabalhista em 2019, requerendo a desqualificação da sua dispensa por
justa causa, afirmando que a empresa não comprovou o ato ilícito cometido que
justificasse a pena. O pedido foi julgado improcedente pelo juiz Marcelo
Ribeiro Silva, da 2ª Vara do Trabalho de Niterói, ao considerar que a prova
testemunhal apresentada revelou a atuação da empregada contrária aos interesses
da empresa, em "nítida postura concorrencial (...), causando prejuízo à
empregadora e quebrando a fidúcia inerente à relação de emprego".
A testemunha mencionada pelo
juiz relatou que a vendedora estava ciente que, por contrato, não poderia
angariar clientes pessoais dentro da empresa, e que a viu dando telefonemas
para clientes, para atendê-los fora da empresa.
A sentença levou a trabalhadora
a recorrer da decisão. No segundo grau, o caso foi analisado pela
desembargadora Rosana Salim, que fundamentou seu voto baseando-se no conjunto
probatório relatado na sentença, sobretudo no depoimento da testemunha. A
magistrada ressaltou a prevalência do juízo de primeiro grau na análise do
processo pela aproximação física do juiz com as partes, verificando com maior
exatidão a realidade dos fatos.
Os desembargadores da Quinta
Turma do TRT-1, por unanimidade, acompanharam o voto da relatora, julgando
improcedente o pedido da desqualificação da justa causa e, consequentemente,
improcedentes, também, os pleitos das outras verbas provenientes desse tipo de
rescisão. No entendimento do colegiado, a conduta da empregada estaria
tipificada no art. 482, c, da CLT (concorrência desleal).
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT da 1ª Região (RJ)/Guia Trabalhista Online,
com "nota" da M&M
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Justa Causa - Falsificação de atestado médico
Publicado em
09/06/2021
às
16:00
Um empregado
de uma loja de calçados foi despedido por justa causa após ter apresentado
um atestado médico parcialmente falsificado à empregadora, com alteração
de um para dois dias de afastamento. A penalidade aplicada pela empresa foi
considerada correta pela 11ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região (TRT-RS). Os desembargadores fundamentaram que a atitude do empregado
caracteriza ato de improbidade e é grave o suficiente para tornar inviável a
manutenção do contrato de trabalho. A decisão unânime da Turma confirmou
sentença proferida pelo hoje desembargador Carlos Alberto May, quando o
magistrado atuava como juiz titular da Vara do Trabalho de Alvorada.
Ao ajuizar o processo, o autor
alegou ter sido dispensado sob a falsa acusação de furto de bens da empresa. Na
defesa, a rede de lojas informou que ele foi despedido por justa causa,
decorrente de adulteração de um atestado médico mediante rasura do
número de dias indicados para o afastamento do trabalho. O documento de
dispensa está assinado pelo empregado e não foi objeto de impugnação no
processo.
O juiz de primeiro grau acolheu
a tese da empregadora e considerou que a dispensa ocorreu em razão da entrega
de atestado médico inidôneo pelo empregado, com a intenção de
justificar sua ausência ao trabalho por dois dias. Esta situação, segundo o
magistrado, enquadra-se na hipótese da letra "a" do artigo 482
da CLT, tratando-se de causa de rescisão motivada do contrato de
trabalho. Em decorrência, segundo o entendimento do juiz, "não há como
reverter a despedida por justa causa imposta ao reclamante". Nesses
termos, a sentença julgou improcedente o pedido.
O autor recorreu ao TRT-RS.
Para o relator do caso na 11ª Turma, juiz convocado Ricardo Fioreze, foi
demonstrado que o empregado cometeu a falta grave que lhe foi imputada, ou
seja, alterou o atestado médico para constar mais um dia de
afastamento. Segundo o julgador, "por importar em falsificação de
documento com a finalidade de eximir o reclamante de cumprir a principal obrigação
a ele afeta como consequência da celebração do contrato de trabalho -
a de prestação dos serviços -, a falta cometida pelo reclamante caracteriza a
prática de ato de improbidade (CLT, art. 482, alínea "a") e exibe
gravidade capaz de, independentemente do histórico funcional apresentado pelo
reclamante, tornar inviável a manutenção do contrato de trabalho".
Assim, a Turma considerou válida a extinção do contrato de trabalho por
iniciativa da empregadora e baseada na justa causa praticada pelo empregado. Em
decorrência, o empregador se eximiu da obrigação de fornecer ao empregado os
documentos necessários ao levantamento do FGTS e encaminhamento do
seguro-desemprego, e de pagar salários referentes ao período de aviso
prévio, 13º Salário proporcional, férias proporcionais e
indenização compensatória de 40% sobre o FGTS.
Quanto às parcelas 13º
Salário proporcional e férias proporcionais, o relator esclarece
que elas são indeferidas na medida em que "o pedido objeto do recurso, no
que relacionado às parcelas 13º Salário proporcional e férias proporcionais,
é fundamentado exclusivamente na invalidade da denúncia motivada do contrato
de trabalho promovida por iniciativa da reclamada, e não, também, de que
essas prestações seriam igualmente devidas mesmo que mantida a validade da
causa de extinção do contrato de trabalho". Portanto, embora os
entendimentos consolidados nas Súmulas 93 e 139 da jurisprudência do TRT-RS, no
sentido de que a despedida por justa causa não afasta o pagamento destas
parcelas, neste caso elas não deverão ser pagas ao autor.
O processo envolve ainda outros
pedidos. Também participaram do julgamento o desembargador Rosiul de Freitas
Azambuja e a desembargadora Vania Mattos. A decisão transitou em julgado, sem
que as partes recorressem ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT da 4ª Região / Blog Trabalhista, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
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Dispensa por justa causa de empregado que jogava cartas durante o expediente
Publicado em
17/03/2021
às
14:00
A prática era habitual e, por isso,
caracterizou a desídia e a falta grave
A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve decisão
que validou a dispensa por justa causa aplicada por uma empresa de Rio Claro
(SP), a um operador de empilhadeira que jogava cartas, habitualmente, durante o
horário de trabalho. O colegiado entendeu que as provas relatadas pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP) evidenciaram a desídia e a
falta grave.
Jogo
Na reclamação trabalhista, o operador pretendia a
reversão da justa causa, com o argumento de que o jogo de baralho era prática
comum entre os empregados no período de intervalo ou após o
cumprimento das tarefas diárias.
A empresa, em sua defesa, disse que, no dia da dispensa, durante a
supervisão de rotina, ele fora surpreendido jogando cartas com outros três
funcionários. Segundo a empresa, as filmagens das câmeras de segurança
demonstraram que o fato havia ocorrido por vários dias, durante a jornada.
Falta grave
O juízo da 1ª Vara do Trabalho de Rio Claro entendeu que a conduta
configurou falta grave e manteve a justa causa. Ao analisar as filmagens, o
juízo verificou que, no dia da dispensa, os empregados haviam improvisado mesa
e assentos e permaneceram jogando cartas por cerca de meia hora, quando "se
levantaram rapidamente e reorganizaram o ambiente, presumidamente para evitar
serem flagrados na situação". Essa circunstância levou-o à conclusão de que o ato
era realizado às escondidas e durante a jornada, e não tolerado pela empresa,
como alegara o empregado. A sentença foi mantida pelo TRT.
Provas relatadas
O relator do recurso de revista do empregado, ministro Mauricio
Godinho Delgado, explicou que, nesse cenário, em que as instâncias ordinárias
afirmam a existência de elementos consistentes para confirmar a justa causa,
não é possível ao TST reexaminar o conjunto probatório dos autos, nos termos da
Súmula 126, "por não se tratar de suposta terceira instância, mas de juízo
rigorosamente extraordinário".
A decisão foi unânime.
Nota M&M:
Nota M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TST,
Processo: Ag-AIRR-12607-51.2015.5.15.0010, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil
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Demissão por Justa Causa - Verbas que devem ou não ser pagas em rescisão após a Reforma Trabalhista
Publicado em
28/01/2020
às
10:00
A dispensa por justa
causa do empregado é a penalidade máxima aplicada ao empregado, decorrente de
um ato faltoso que faz desaparecer a confiança e a boa-fé contratual existentes
entre as partes, tornando insustentável o prosseguimento da relação empregatícia.
Os atos que constituem a
justa causa estão previstos nas alíneas "a" a "m" do art. 482 da CLT, bem como no § único do referido artigo.
A Reforma Trabalhista
acrescentou a alínea "m" no citado artigo, estabelecendo que a perda da
habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da
profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado é motivo para a justa
causa.
O empregado demitido por
justa causa tem direito apenas a:
· Saldo
de salários;
· Férias vencidas,
com acréscimo de 1/3 constitucional;
· Salário-família (quando
for o caso);
· Horas extras ou pagamento de saldo de banco de horas (se houver);
· Depósito
do FGTS do mês anterior e/ou do mês da rescisão.
O empregado demitido por
justa causa NÃO tem direito a:
·
13º Salário proporcional;
·
Férias proporcionais
acrescidas de 1/3 constitucional;
·
Multa de 40% sobre o saldo do FGTS;
·
Guias para levantamento saldo do FGTS depositado;
·
Guias para recebimento das parcelas do seguro desemprego.
Fonte: Guia Trabalhista Online
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Regras internas garantiram a justa causa do empregado que assistiu vídeo em celular durante a jornada
Publicado em
07/01/2020
às
12:00
A CLT ao estabelecer em seu artigo 2º a definição de
empregador, concede a este o poder e o risco da direção da atividade,
controlando e disciplinando o trabalho, aplicando, se necessário, as
penalidades ao empregado que não cumprir com as obrigações do contrato de trabalho.
Normalmente as penas
aplicadas devem ser gradativas e proporcionais à falta cometida, como
advertências verbais, advertências formais,
suspensão e demissão por justa causa (pena máxima).
Entretanto, há casos em
que uma única falta grave cometida pelo empregado pode ser suficiente para a
aplicação da pena máxima.
Para tanto, o empregador
deve se cercar dos cuidados necessários como contrato de trabalho, regulamento interno estabelecendo os direitos e
obrigações do empregado, bem como especificar a falta grave de acordo com o
art. 482 da CLT.
O empregado que tenha
ciência de suas obrigações e ainda assim viola as normas estabelecidas pela
empresa, está sujeito à demissão por justa causa, ainda que tenha sido a
primeira falta cometida ao longo do contrato de trabalho.
Com base neste contexto,
uma empresa conseguiu manter a justa causa aplicada a um empregado que assistiu
a um vídeo no celular durante a jornada de trabalho, mesmo ciente que a prática
era vedada pelo regulamento interno da empresa, conforme abaixo:
Juiz mantém justa causa
de trabalhador que assistiu a vídeo em celular durante jornada de trabalho
Fonte: TRT/MG - Adaptado pelo Guia Trabalhista
Uma gráfica de Uberaba
dispensou por justa causa um empregado que assistiu a um vídeo no celular
durante a jornada de trabalho, mesmo sabendo que a prática era
proibida pela empresa. O fato foi confirmado pelas testemunhas, sendo
considerado grave o suficiente para ensejar a justa causa. Por essa razão, o
juiz Arlindo Cavalaro Neto, na 1ª Vara do Trabalho de Uberaba, julgou
improcedente a pretensão de reversão da medida para dispensa sem justa causa.
Na decisão, o magistrado
chamou atenção para o fato de o próprio trabalhador ter informado na inicial
que o nível de ruído era elevado no ambiente de trabalho, envolvendo a
utilização de máquinas. "O uso de telefone celular importa elevação dos
riscos à integridade física dos trabalhadores, pois diminui o nível de atenção
na execução dos serviços e potencializa acidentes", registrou na sentença.
O julgador considerou
que o desrespeito à ordem específica do empregador preenche os requisitos para
a aplicação da justa causa: imediatidade, proporcionalidade entre a falta e a
punição, razoabilidade, inexistência de dupla punição e não discriminação.
Nesse contexto, rejeitou
o pedido de anulação da dispensa motivada, julgando improcedentes os pedidos
de férias proporcionais mais 1/3, 13º Salário proporcional, aviso prévio, multa de
40% do FGTS, bem como guias para levantamento do FGTS e recebimento do seguro-desemprego. Foram
deferidas as verbas rescisórias condizentes com
a dispensa por justa causa. No entanto, após a sentença, as partes celebraram
acordo.
Fonte: Guia Trabalhista Online
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste
processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças.
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Faltas iguais não podem refletir em advertência para um e justa causa para outro
Publicado em
06/08/2019
às
10:00
No
caso de cometimento de falta grave, cabe ao empregador, em decorrência das
obrigações contratuais assumidas pelo empregado e do poder e responsabilidade
do empregador na direção dos trabalhos, o direito de puni-lo, observando-se,
dentre outros, os elementos a seguir:
Gravidade: A penalidade aplicada
deve corresponder ao grau da falta cometida. Havendo excesso na punição, será
fator determinante na descaracterização. O empregador deve usar de
bom senso no momento da dosagem da pena. A pena maior, rompimento do vínculo empregatício, deve-se utilizar às faltas que
impliquem em violação séria e irreparável das obrigações contratuais assumidas
pelo empregado, ou para os casos de prática com mais afinco de faltas
consideradas leves.
Atualidade: A punição deve ser
aplicada em seguida à falta, ou seja, entre a falta e a punição não deve haver
período longo, sob pena de incorrer o empregador no perdão tácito. No que diz
respeito ao espaço de tempo, deve-se adotar o critério de punir, tão logo se
tome conhecimento do ato ou fato praticado pelo trabalhador.
Causa e Efeito: A punição dever
guardar relação entre causa e efeito, ou seja, à vinculação direta entre a
falta e a punição.
Se dois ou mais
empregados cometeram a mesma falta (leve ou grave), a punição aplicada a um
empregado deverá ser aplicada aos demais que cometeram a mesma falta, pois se o
empregador advertir um empregado e aplicar uma suspensão ou uma demissão por
justa causa aos demais, estará agindo de forma discriminatória.
Fonte: Blog Trabalhista
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Tribunal mantém justa causa para empregado que faltou ao serviço e apareceu em festa
Publicado em
15/07/2019
às
14:00
A situação era mais grave ainda, envolvia atestado médico falso
A
Justiça do Trabalho de Santa Catarina manteve a dispensa por justa causa
de um empregado de Joinville que faltou ao serviço alegando sentir "fortes
dores no pé" e no mesmo dia foi visto em uma festa típica alemã em Blumenau, a
cem quilômetros de distância.
A decisão é da 5ª
Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região.
O episódio aconteceu
em 2016, num sábado, dia em que o trabalhador deveria começar sua jornada às
8h, numa tradicional loja de departamentos da cidade.
Ele, porém, se dirigiu
a um posto de saúde da prefeitura e reclamou de dores em um dos pés, causadas
por uma antiga fratura.
Embora tenha obtido um
atestado justificando sua ausência ao trabalho naquela manhã, ele
só retornou na terça-feira, apresentando um segundo atestado, emitido no mesmo
posto de saúde.
A empresa, contudo,
tomou conhecimento de uma foto compartilhada em uma rede social na qual o
empregado aparecia na festa gastronômica Stammich - realizada no mesmo sábado -
de pé e em trajes típicos.
Desconfiados, os
superiores consultaram a Secretaria de Saúde do município e descobriram que o
segundo atestado médico era falso, o que levou à dispensa do
empregado, por quebra de confiança.
Relato "não é crível", Aponta
Juiz
A dispensa foi
contestada em ação judicial movida pelo ex-empregado. Ele admitiu ter ido à
festa, mas disse ter permanecido todo o tempo sentado, ficando de pé apenas
para o registro da fotografia com amigos.
O trabalhador também
impugnou o segundo atestado médico - anexado ao
processo pela empresa - e se prontificou a passar por uma perícia grafotécnica
para demonstrar que ele não havia adulterado o documento.
Os argumentos não
convenceram o juiz Antonio Silva do Rego Barros (5ª Vara do Trabalho de
Joinville), que considerou a dispensa válida.
Para o magistrado, a
atitude do empregado foi grave o suficiente para abalar a confiança que deve
existir entre as duas partes do contrato de trabalho,
levando à justa aplicação da penalidade.
"Não é crível imaginar
que uma pessoa que se encontra enferma, ainda mais com problema de dor no pé,
iria se deslocar até outra cidade e lá, no ambiente de festa, ficar imóvel todo
o tempo", observou o juiz, que negou o pedido de perícia do segundo atestado médico.
"A empresa não teria
qualquer interesse em falsificar o documento e, logo em seguida, solicitar
informações à prefeitura", ponderou.
Falta Grave
Ao julgar o recurso da
decisão, os desembargadores da 5ª Vara do TRT-SC mantiveram o entendimento de
primeiro grau, reconhecendo que houve falta grave.
Segundo o juiz do
trabalho convocado Hélio Henrique Garcia Romero, relator do processo, o fato de
o empregado ter ou não ficado de pé durante a festa é irrelevante para
contestar a decisão da empresa em dispensá-lo.
"Ou o autor apresentou
atestado falso à empregadora, ou se ausentou do trabalho por três dias de forma
injustificada", apontou o relator.
"Qualquer das
hipóteses anteriores, conjuntamente com o fato de ter, incontroversamente,
estado em local e condição não condizente com seu estado de saúde, chancelam a
penalidade máxima aplicada", concluiu, em voto acompanhado por todo o
colegiado.
Não houve recurso da
decisão.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT/SC- Adaptado pelo Guia
Trabalhista, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
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Empregado que usa carro da empresa fora do expediente pode ser demitido por justa causa?
Publicado em
30/05/2019
às
10:00
A 3ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) confirmou a
despedida por justa causa de um empregado que usou o veículo da empresa
fora do horário do expediente, para fins recreativos, e chegou a ser multado
por uma infração de trânsito.
Os desembargadores
ressaltaram que a utilização do veículo era autorizada apenas para o trabalho e
concluíram que o uso indevido do automóvel, associado com a infração de
trânsito, configura mau procedimento do empregado e motiva a despedida por
justa causa.
A decisão manteve a
sentença da juíza Maristela Bertei Zanetti, titular da Vara do Trabalho de Cruz
Alta.
O trabalhador atuou
como instalador de antenas em um empresa de telecomunicações, de agosto de 2014
a março de 2015.
Após ser despedido,
ele ingressou com a ação trabalhista alegando que foi desligado da empresa sem
motivos e solicitou que o Judiciário declarasse que não houve justa causa para
a despedida.
Com isso, ele
postulava receber, entre outras verbas rescisórias, o
pagamento das férias proporcionais com acréscimo
de 1/3, o 13º Salário proporcional, o seguro-desemprego e a
liberação dos valores do FGTS com multa de
40%.
Em sua defesa, a
empresa afirmou que a despedida ocorreu porque o trabalhador usou o
veículo para fins pessoais, fora de sua jornada de trabalho, o
que só foi descoberto com o recebimento da multa de trânsito.
Para comprovar, a
empresa mostrou cópias dos documentos relacionados à multa aplicada e do termo
de responsabilidade pelo uso do veículo.
Como o trabalhador não
compareceu à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal e não
contestou os documentos apresentados no prazo que lhe cabia, a juíza Maristela
Bertei Zanetti admitiu que os fatos narrados pela empresa eram verdadeiros, e
concluiu que a despedida por justa causa foi legítima.
"Considerando que o
veículo da empresa, por certo, é fornecido para o cumprimento das atividades
laborais, é evidente que a utilização desse para fins pessoais, fora do
expediente de trabalho, inclusive em desrespeito às leis de trânsito, causa
prejuízo ao patrimônio da empresa (depreciação do
veículo e aplicação de multas de trânsito) e ao ambiente laborativo, o que
configura o ato de improbidade e mau procedimento", julgou a magistrada.
Inconformado, o
trabalhador interpôs um recurso ordinário para contestar a decisão no segundo
grau.
Justa causa por mau
procedimento
No seu recurso, o
trabalhador alegou que a multa e os demais documentos apresentados pela empresa
não serviriam como prova, porque eram apenas cópias e não foram assinadas por
ele.
Contudo, os
desembargadores da 3ª Turma observaram que a manifestação sobre os documentos
da empresa não foi feita no momento adequado e, além disso, as alegações do
trabalhador não negam sua veracidade, apenas se referem a supostos problemas na
forma.
Ao analisar o caso, o
relator do acórdão, desembargador Clóvis Fernando Schuch Santos, ressaltou que
foi ajustado, no momento da contratação, que o trabalhador deveria fazer a
guarda do veículo em um local próprio e seguro após a conclusão da jornada de trabalho, o que demonstra que ele não poderia
utilizar o automóvel para outras finalidades.
Conforme as
informações do processo, a multa de trânsito ocorreu porque o trabalhador havia
estacionado na contramão, em um endereço que não era o de sua residência, na
madrugada de domingo para segunda-feira, à 0h50min.
O magistrado observou
que, apesar de esta infração de trânsito por si só ser de pouca gravidade, o
trabalhador, ao ser multado, também se recusou a fazer o teste do bafômetro.
"O contexto da recusa
em efetuar o teste e o horário do ocorrido permitem concluir pela utilização do
veículo da empresa para interação social de madrugada com possível ingestão de
bebida alcoólica, conduta essa com potencial de acarretar à empresa a
responsabilização cível em caso de acidente, constituindo infração grave o
suficiente à rescisão do contrato por justa causa, pois incorreu o empregado,
quando menos, na hipótese de mau procedimento prevista no art. 482 da CLT", concluiu desembargador.
Também
participaram do julgamento a desembargadora Maria Madalena Telesca e o juiz
convocado Luis Carlos Pinto Gastal. O processo já transitou em julgado e,
portanto, não cabem mais recursos contra a decisão.
Nota M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode
servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes
poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e
segundo graus.
Fonte: TRT/RS - 29.05.2019 - Adaptado
pelo Guia Trabalhista, com "nota" da M&M Assessoria
Contábil.
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Empregado que furtou celular esquecido por cliente é demitido por justa causa
Publicado em
26/04/2019
às
16:00
A 4ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região (TRT-RS) confirmou a
despedida por justa causa de um empregado
envolvido em um furto no estabelecimento em que trabalhava.
Ele
buscava na Justiça a reversão da dispensa para sem justa causa e uma
indenização por danos morais. O caso aconteceu numa
farmácia de Porto Alegre.
No dia
13 de fevereiro de 2016, uma cliente da farmácia esqueceu o celular dentro de
uma cesta de compras do estabelecimento. Cinco dias depois, o autor da
ação foi despedido por justa causa.
As
imagens apresentadas pela empresa para justificar a medida mostram o momento em
que uma empregada deixa a cesta - ainda com o aparelho dentro - debaixo de um
balcão e, segundos depois, o empregado despedido o pega.
Segundo
depoimento do trabalhador, ele era perseguido dentro da empresa e não furtou o
celular - ele diz ter entregado o aparelho ao seu superior. "A parte autora
sequer menciona o nome do superior para quem teria entregado o celular.
Igualmente,
não é produzida prova testemunhal que comprove sua tese", argumentou o
desembargador André Reverbel Fernandes, relator do acórdão na 4ª Turma.
O juiz
Carlos Ernesto Maranhão Busatto, da 25ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, já
havia decidido a favor da empresa no primeiro grau: "a gravidade da falta imputada ao empregado é capaz de inviabilizar a
continuidade da prestação de serviços, independente de prévia punição".
Na
sentença, Busatto ainda apontou para a assinatura do trabalhador no comunicado
de dispensa por justa causa, sem apresentar qualquer oposição na oportunidade.
De acordo com o magistrado, isso evidencia que o empregado possuía plena
ciência dos fatos.
Também
participaram do julgamento na 4ª Turma os desembargadores João Paulo Lucena e
Ana Luiza Heineck Kruse. A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT/RS - 24.04.2019 - Adaptado
pelo Guia Trabalhista.
-
Quando a aplicação da justa causa não carece de reincidência
Publicado em
05/04/2019
às
08:00
Justa
causa é todo ato faltoso cometido pelo empregado que faz desaparecer a
confiança e a boa-fé contratual existentes entre as partes, tornando
insustentável o prosseguimento da relação empregatícia.
Os atos faltosos do empregado que justificam
a rescisão do contrato pelo empregador tanto podem referir-se às obrigações
contratuais, como também à conduta pessoal do empregado que possa refletir na
relação contratual.
No caso de cometimento de falta grave, cabe
ao empregador, em decorrência das obrigações contratuais assumidas pelo
empregado e do poder e responsabilidade do empregador na direção dos trabalhos,
o direito de puni-lo, observando-se os elementos a seguir.
São três elementos que configuram a justa causa:
·
gravidade;
·
atualidade; e
·
imediatidade.
A
penalidade aplicada deve ser em seguida à falta cometida (atualidade), bem
como deve guardar um vínculo de relação direta entre a justa causa alegada
e a despedida imposta ao trabalhador (imediatidade).
A dúvida paira em que tipo de falta pode
gerar uma justa causa num único ato faltoso, ou quando o empregador deve
aplicar apenas uma advertência ou uma suspensão
(gravidade do ato).
Ainda que o art. 482 da CLT discipline os
motivos que ensejam a justa causa, há faltas que podem se enquadrar nos motivos
previstos pela legislação trabalhista, mas que não ensejam, necessariamente, a
aplicação da justa causa direta por um único ato faltoso.
É o caso, por exemplo, de um ato de
indisciplina ou insubordinação. Embora estejam previstos no art. 482 da CLT, um único ato cometido pelo empregado não ensejaria a
aplicação da pena máxima. Nestes casos o empregador pode aplicar apenas uma
advertência ou uma suspensão.
Entretanto, há atos faltosos que simplesmente
impedem a continuidade da relação contratual, quebram a confiança, ainda que no
histórico funcional do empregado não se constata uma única advertência ou
suspensão.
É o caso, por exemplo, do empregado que apresenta atestado médico falso a fim de justificar uma falta ao trabalho. Este ato, além de se enquadrar nas
alíneas "a" e "b" do art. 482 da CLT, é um ato tipificado como crime pelo
código penal (art. 299).
Atos desta natureza dispensa a necessidade de
um primeiro ato faltoso (reincidência) para que o empregador aplique a pena
máxima (justa causa) ao empregado, conforme podemos constatar pelo
julgamento de um caso típico noticiado pelo TRT de Mato Grosso (clique aqui).
Fonte: Equipe Guia Trabalhista.
-
Adulterar atestado médico dá despedida por justa causa?
Publicado em
11/03/2019
às
16:00
A 7ª
Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) manteve a
despedida por justa causa
aplicada por uma
indústria de alimentos a um empregado que adulterou um
atestado
.
O
médico prescreveu apenas um dia de folga ao trabalhador, mas no documento
constavam dois. A conduta caracteriza-se como improbidade ou mau procedimento,
segundo os desembargadores, que confirmaram sentença da juíza Eliane Covolo
Melgarejo, da Vara do Trabalho de Frederico Westphalen. Cabe recurso ao
Tribunal Superior do Trabalho (TST).
No processo, o
empregado informou ter sido admitido pela
empresa em setembro de 2012 e despedido por justa causa em março de 2014.
Dentre outros tópicos, pleiteou a reversão da despedida por justa causa em
despedida imotivada e algumas outras parcelas trabalhistas, como
adicionais de insalubridade e horas extras.
Em
decisão de primeira instância, a juíza julgou parcialmente procedente o pleito.
Quanto à justa causa, a magistrada observou que o atestado estava de
fato adulterado, embora a perícia grafodocumentoscópica não tenha sido
definitiva quanto ao fato de ter sido o trabalhador ou não o autor da
alteração.
Entretanto,
como argumentou a juíza, ficou comprovado que o médico emitiu o atestado com
apenas um dia de folga, mas o documento foi apresentado posteriormente à
empresa com a alteração.
"Assim, em que pese
não se possa imputar ao autor a grafia alterada no atestado em comento como
sendo feita de próprio punho, tenho que a ele competia o zelo e
fidelidade das informações originais contidas no documento posteriormente
apresentado à empresa, a fim de abonar as faltas para ausências justificadas",
concluiu a julgadora.
A juíza ressaltou,
ainda, que a empresa abriu sindicância interna para apurar o fato e já havia
aplicado penas de advertência e suspensão ao
trabalhador, devido a faltas injustificadas ao trabalho.
"O ato
de improbidade (alínea 'a' do art. 482 da CLT) se caracteriza por
ser falta dolosa, ligada à desonestidade do empregado para com o empregador, em
evidente exercício da má-fé contratual, visando lograr situação vantajosa de
forma indevida", explicou a magistrada.
"Basta um único ato
desonesto para abalar a fidúcia existente no contrato de emprego e justificar a
rescisão do contrato de trabalho por justa causa", finalizou.
Descontente
com a sentença, o empregado recorreu ao TRT-RS, mas a sentença foi mantida pelos
próprios fundamentos.
Segundo o relator do
recurso na 7ª Turma, juiz convocado Luís Carlos Pinto Gastal, "ainda que não
exista prova cabal de que a adulteração em comento tenha sido efetivamente
perpetrada pelo autor, o conjunto probatório adunado ao feito leva a crer que,
no mínimo, o reclamante detinha ciência de que aquele documento estava
adulterado, notoriamente tendo se beneficiado do lapso maior acrescido ao
documento citado".
O entendimento deste
tópico foi seguido pelos demais desembargadores do colegiado, desembargadores
Denise Pacheco e Wilson Carvalho Dias.
Na mesma ação, o
empregado obteve o direito de receber adicional de insalubridade em
grau máximo (equivalente a 40% do valor do salário mínimo) nos oito
primeiros meses do contrato de trabalho, por entrar em
contato, durante seu serviço, com agentes biológicos que poderiam apresentar
contaminação, como pele, glândulas, couro e vísceras de animais.
Em
outros cinco meses de contrato, foi reconhecido o direito ao adicional de insalubridade em grau médio (20% do salário mínimo), sob a justificativa de que o trabalho de
limpeza de máquinas e ambientes exercido pelo empregado exigia o contato
frequente com umidade excessiva.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: TRT/RS - 26.02.2019 - Adaptado
pelo Guia Trabalhista, com Nota da M&M
Assessoria Contábil.
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Tribunal do Trabalho Mantém Justa Causa que Usina Aplicou em Função de Atestados Médicos Falsos
Publicado em
29/01/2019
às
12:00
A
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior
do Trabalho desobrigou uma usina de cana de açúcar de pagar verbas rescisórias a servente de lavoura por dispensa
imotivada, com o entendimento de que não se exige a gradação de sanções se a
gravidade do ato justifica a sumária dispensa por justa causa.
A empresa aplicou essa
sanção após o empregado apresentar dois atestados médicos falsos. Enquanto
estava suspenso do emprego em razão da apresentação do primeiro, ele divulgou o
segundo documento falsificado.
O processo chegou à
SDI-1 por meio de recurso de embargos da empresa depois que a Segunda Turma do
TST manteve a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, com sede
em Campinas (SP).
O TRT julgou
procedente o pedido do servente para converter a dispensa em sem justa
causa, com o respectivo pagamento das verbas rescisórias.
Para o Tribunal
Regional, a usina não observou a gradação da penalidade, pois aplicou a
suspensão e, logo a seguir, a justa causa.
Improbidade
Na Subseção, o
relator, ministro Walmir Oliveira da Costa, ressaltou que o servente foi
suspenso por ter apresentado atestado médico falso.
No decorrer da suspensão, o empregado apresentou outro atestado adulterado, o
que resultou na dispensa por justa causa.
Para o ministro, o
empregado cometeu ato de improbidade, artigo 482, alínea "a", CLT. "A prática desse delito não é suscetível de ensejar,
tão somente, a pena de advertência",
possibilitando a de SPED ida em razão de falta grave,
afirmou.
Ainda segundo o
relator, o princípio da proporcionalidade entre a falta e a punição não tem
aplicação irrestrita, ante o direito assegurado ao empregador de rescindir o
contrato por justa causa se o empregado cometer falta grave prevista no artigo
482 da CLT, violando a confiança que alicerça o vínculo de emprego.
Com esses fundamentos,
a SDI-1 reformou o acórdão embargado para excluir da condenação o pagamento
das verbas rescisórias devidas no caso de dispensa sem justa causa.
Configurada, ainda, a
prática de crime, a Subseção determinou à Vara do Trabalho de origem que faça a
comunicação prevista no artigo 40 do Código de Processo Penal (CPP).
"Art. 40 do
CPP. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou
tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério
Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia."
A decisão foi unânime.
Fonte: TST - Processo: E-RR-132200-79.2008.5.15.0120
- Adaptado pelo Guia Trabalhista
-
Faltar sem justificativa é justa causa, mesmo se for volta de acidente
Publicado em
18/01/2019
às
16:00
Faltar ao trabalho por mais de 20 dias sem justificativa é justa causa
para demissão, mesmo que o empregado tenha voltado da recuperação de um
acidente. Assim decidiram os desembargadores da 1ª Câmara do Tribunal Regional
do Trabalho da 12ª Região (SC) ao prover o recurso de uma empresa que despediu
um trabalhador.
O autor ingressou com ação contra uma empresa do setor de metalurgia com
a intenção de reverter a dispensa por justa causa e receber as verbas
rescisórias (aviso prévio, 13º salário proporcional, entre outras). Alegou que
menos de dois meses após ter sofrido acidente de trabalho foi dispensado por
justa causa, sem ter recebido aviso ou carta de demissão. Disse ainda que todas
as suas faltas estariam amparadas por atestado médico.
Em sua defesa, a empresa sustentou a dispensa motivada do profissional
diante das diversas faltas sem justificativas cometidas ao longo de 10 meses de
relação de trabalho, o que caracterizaria desídia, conforme alínea 'e', do
artigo 482, da CLT. Argumentou que já havia aplicado as punições de advertência
e suspensão pelo mesmo motivo e que as ausências justificadas por atestado
foram recebidas.
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No entanto, a sentença de primeiro grau acolheu as alegações do autor e
declarou, com base no artigo 9º, da CLT, a nulidade da justa causa aplicada
pela empregador. O juiz Rogério Dias Barbosa, da 2ª Vara do Trabalho de
Joinville, que inicialmente analisou o caso em maio de 2018, entendeu que,
embora, o trabalhador tenha se ausentado sem justificativa, a empresa não
comunicou o motivo da rescisão, comprometendo, assim, a manutenção da pena
aplicada.
A empresa recorreu para o Tribunal e teve seus argumentos acolhidos pelo
desembargador Wanderley Godoy Júnior, relator do processo. Segundo ele, nem a
lei nem a doutrina mencionam a necessidade de documento formal dando ciência ao
empregado sobre os motivos que levaram a empresa a rescindir o contrato.
Para Godoy Júnior, os requisitos para a aplicação da penalidade de justa
causa estavam preenchidos. "Verifico que a ausência do reclamante,
injustificadamente, caracteriza o ato de desídia, tipificado na legislação
trabalhista. Verifico ainda que o reclamante possui histórico de ausências
injustificadas ao longo da contratualidade, tendo a empresa aplicado,
gradualmente, as penalidades inerentes ao seu poder disciplinar",
concluiu.
Nota M&M: Destaca-se que esta decisão
foi tomada neste processo específico, podendo em situações similares outros juízes
ou tribunais tomarem decisões diferentes.
Fonte: Assessoria de Imprensa do TRT-12, com
adaptações e nota da M&M
Assessoria Contábil
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Demissão por Justa Causa é Válida Mesmo Durante Auxílio-Doença?
Publicado em
15/11/2018
às
16:00
A
suspensão do contrato não impede os efeitos da rescisão por falta grave.
A Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho
considerou válida a dispensa por justa causa aplicada
pelo banco a um escriturário no período em que ele estava afastado do serviço
por doença.
Segundo os ministros,
a suspensão contratual durante o auxílio previdenciário não
impede os efeitos imediatos da rescisão por falta grave cometida antes ou
durante o afastamento.
Justa causa
O motivo da dispensa
foi a violação de regra interna da instituição. Paralelamente ao emprego, ele
exercia a advocacia e, segundo o banco, estaria atuando em ações cíveis contra
o empregador, o que caracterizaria quebra de confiança.
O juízo da 2ª Vara do
Trabalho de Balneário Camboriú (SC) julgou improcedente o pedido do empregado
de reversão da justa causa, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região
modificou a decisão.
Apesar de concordar
com a pena, o TRT entendeu que o empregado só poderia ter sido dispensado no
dia seguinte ao do término do afastamento previdenciário, pois os atos que
motivaram a rescisão foram praticados antes da interrupção do contrato. Esse
entendimento foi mantido pela Sexta Turma do TST, o que levou o banco a
interpor embargos à SDI-1.
Suspensão do contrato
A relatora dos
embargos, ministra Maria Cristina Peduzzi, explicou que a suspensão do contrato de trabalho é caracterizada pela cessação
provisória de seus efeitos, como o recebimento de salário e a contagem de tempo de serviço. "Entretanto, o contrato continua em vigência",
assinalou.
De acordo com a
relatora, a SDI-1 entende que a percepção de benefício previdenciário não
impede a produção imediata de efeitos da rescisão por justa causa. "É
irrelevante que os fatos causadores tenham ocorrido antes ou durante o
afastamento", afirmou.
Por unanimidade, a
Subseção restabeleceu a decisão do juízo de primeiro grau nesse tópico.
Processo: E-ED-RR-3164-91.2011.5.12.0045.
Fonte: TST - 23.08.2018 - Adaptado pelo Guia Trabalhista.
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13 motivos que podem levar à justa causa no trabalho
Publicado em
13/09/2016
às
13:00
Ato de improbidade e condenação criminal são alguns deles
Os empregadores no
Brasil sempre ficam com uma preocupação extra quando precisam demitir um
funcionário, em função da Justiça Trabalhista ter a fama de ser sempre
pró-trabalhador, que por décadas tem sido favorável aos empregados. Com isso,
não são raros os casos de ter que suportar situações absurdas dos
colaboradores.
Contudo, não se deve
levar por preceitos que não são totalmente fieis à realidade, por mais que haja
realmente a tendência de favorecimento aos trabalhadores, em casos extremos, os
empregadores possuem seus direitos e podem lutar por esses desde que se
previnam ao tema.
Pensando nisso,
acredito que seja importante aportar que são vários os motivos que podem
justificar uma demissão por justa causa.
Contudo, antes de
qualquer medida é preciso ter em mente que para a aplicação dessa medida
extrema é fundamental que sempre se faça comunicado por escrito do ato com
cópia e aviso de recebimento, de preferência por telegrama, de modo que o
funcionário não gere constrangimento interno se recusando a assinar.
Se for motivo leve,
essa advertência deve ocorrer três vezes e, logo em seguida à terceira
advertência, a dispensa por justa causa imediata. Se não dispensar
imediatamente a Justiça entende que ocorreu o perdão.
Por motivo médio,
basta uma advertência e se for motivo grave e comprovado de forma inequívoca a
dispensa imediata. Mas, tudo deve ser amplamente comprovado de maneira incontestável.
Isto postos, as hipóteses são as seguintes:
1) Ato de
improbidade - é toda ação ou omissão desonesta do empregado, que revelam
desonestidade, abuso de confiança, fraude ou má-fé, visando a uma vantagem para
si ou para outrem. Ex.: furto, adulteração de documentos pessoais ou
pertencentes ao empregador, etc.
2) Incontinência de
conduta ou mau procedimento - são duas justas causas semelhantes, mas não são
sinônimas. A incontinência revela-se pelos excessos ou imoderações. Ocorre
quando o empregado comete ofensa ao pudor, pornografia ou obscenidade,
desrespeito aos colegas de trabalho e à empresa. O mau procedimento
caracteriza-se com o comportamento incorreto, irregular do empregado, como a
prática de discrição pessoal, desrespeito, que ofendam a dignidade, tornando
impossível ou sobremaneira onerosa a manutenção do vínculo empregatício.
3) Negociação
habitual - ocorre justa causa se o empregado, sem autorização expressa do
empregador, por escrito ou verbalmente, exerce, de forma habitual, atividade
concorrente, explorando o mesmo ramo de negócio, ou exerce outra atividade que,
embora não concorrente, prejudique o exercício de sua função na empresa.
4) Condenação
criminal - isso ocorre uma vez que, cumprindo pena criminal, o empregado não
poderá exercer atividade na empresa. A condenação criminal deve ter passado em
julgado, ou seja, não pode ser recorrível.
5) Desídia - na
maioria das vezes, consiste na repetição de pequenas faltas leves, que se vão
acumulando até culminar na dispensa do empregado. Isto não quer dizer que uma
só falta não possa configurar desídia. São elementos materiais que podem gerar
essas faltas: a pouca produção, os atrasos frequentes, as faltas injustificadas
ao serviço, a produção imperfeita e outros fatos que prejudicam a empresa e
demonstram o desinteresse do empregado pelas suas funções.
6) Embriaguez
habitual ou em serviço - só haverá embriaguez habitual quando o trabalhador
substituir a normalidade pela anormalidade, tornando-se um alcoólatra,
patológico ou não. Para a configuração da justa causa, é irrelevante o grau de
embriaguez e tampouco a sua causa, sendo bastante que o indivíduo se apresente
embriagado no serviço ou se embebede no decorrer dele. O álcool é a causa mais
frequente da embriaguez. Nada obsta, porém, que esta seja provocada por
substâncias de efeitos análogos (psicotrópicos). De qualquer forma, a
embriaguez deve ser comprovada por exame médico pericial.
7) Violação de
segredo da empresa - a revelação só caracterizará violação se for feita a
terceiro interessado, capaz de causar prejuízo à empresa, ou a possibilidade de
causá-lo de maneira apreciável.
8) Ato de
indisciplina ou de insubordinação - tanto na indisciplina como na
insubordinação existe atentado a deveres jurídicos assumidos pelo empregado pelo
simples fato de sua condição de empregado subordinado. A desobediência a uma
ordem específica, verbal ou escrita, constitui ato típico de insubordinação; a
desobediência a uma norma genérica constitui ato típico de indisciplina.
9) Abandono de
emprego - a falta injustificada ao serviço por mais de trinta dias faz presumir
o abandono do emprego, conforme entendimento jurisprudencial.
10) Ofensas físicas
- as ofensas físicas constituem falta grave quando têm relação com o vínculo
empregatício, praticadas em serviço ou contra superiores hierárquicos, mesmo
fora da empresa. As agressões contra terceiros, estranhos à relação
empregatícia, por razões alheias à vida empresarial, constituirá justa causa
quando se relacionarem ao fato de ocorrerem em serviço.
11) Lesões à honra e
à boa fama - são considerados lesivos à honra e à boa fama gestos ou palavras
que importem em expor outrem ao desprezo de terceiros ou por qualquer meio
magoá-lo em sua dignidade pessoal. Na aplicação da justa causa devem ser
observados os hábitos de linguagem no local de trabalho, origem territorial do
empregado, ambiente onde a expressão é usada, a forma e o modo em que as
palavras foram pronunciadas, grau de educação do empregado e outros elementos
que se fizerem necessários.
12) Jogos de azar -
é quando se comprova a prática, por parte do colaborador de jogos no qual o
ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente de sorte.
13) Atos
atentatórios à segurança nacional - a prática de atos atentatórios contra a
segurança nacional, desde que apurados pelas autoridades administrativas, é
motivo justificado para a rescisão contratual.
Fonte: Administradores/Autor: Gilberto de Jesus da Rocha Bento
Júnior
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Pedir para colega marcar o ponto justifica demissão por justa causa
Publicado em
05/08/2016
às
11:00
É prática passível de demissão por justa causa
pedir para sair mais cedo do trabalho, mas deixar o cartão para um colega
marcar o ponto no horário habitual de saída. O entendimento foi adotado pela
juíza substituta Sandra Carla Simamoto da Cunha
É prática passível
de demissão por justa causa pedir para sair mais cedo do trabalho, mas deixar o
cartão para um colega marcar o ponto no horário habitual de saída. O entendimento
foi adotado pela juíza substituta Sandra Carla Simamoto da Cunha, em atuação na
1ª Vara do Trabalho de Uberlândia (MG), que ao analisar as provas concluiu que
houve fraude por parte do funcionário. O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região confirmou a sentença.
O trabalhador entrou
na Justiça e tentou colocar a culpa do incidente no colega, alegando que ele
teria encontrado seu cartão de ponto e, "num ato de gentileza",
registrado a saída sem que nada lhe fosse solicitado. Argumentou que não
poderia ser apenado por ato de terceiro.
A juíza, porém,
chamou a atenção para o fato de o autor não ter registrado o ponto quando saiu,
como de praxe. "Esta conduta é injustificável e denota a má-fé",
considerou, uma vez que ele já havia dito, em depoimento, que somente notou a
perda do cartão no dia seguinte, quando o colega o repassou no início da
jornada. Depois, tentou justificar que a omissão em registrar o ponto se devia
ao fato de não ter localizado o cartão, contrariando o que já havia relatado
antes.
Para a magistrada, o
mínimo que se poderia esperar era que o reclamante, ao sair da empresa,
informasse que não estava com o cartão e solicitasse o registro da saída
antecipada por outros meios. Ao ser questionado a respeito em juízo, afirmou
que não informou a irregularidade à empresa a pedido do colega de trabalho, que
temia ser prejudicado. Já o autor do registro irregular, ouvido como
testemunha, negou ter feito qualquer pedido ao reclamante quando constatou que
havia feito o registro indevido. Segundo ele, o próprio autor disse a ele que
iria ver qual o procedimento a ser tomado.
"Fosse o autor
inocente no referido incidente, teria tomado a iniciativa de comunicar ao
encarregado o equívoco, a fim de evitar desdobramentos futuros, como no caso.
Porém, manteve-se inerte, mesmo sabedor da irregularidade e do benefício que está
lhe trazia", constou da sentença.
Encenação registrada
Uma gravação da
câmera da segurança também permitiu verificar o procedimento irregular. Nela, o
colega envolvido simula recolher um cartão de ponto do chão, ao lado do relógio
de ponto, para imediatamente efetuar o registro dos dois cartões de ponto, sucessivamente.
Dois fatos chamaram a atenção da julgadora: primeiro o de que, na cena vista no
vídeo, não havia qualquer cartão de ponto no chão; o segundo é que o colega
sequer verificou a quem pertencia o cartão supostamente achado, que já foi logo
inserido na máquina para registrar a saída.
"A presunção
extraída não é outra senão a da existência de combinação prévia entre a
testemunha e o reclamante para o registro irregular do cartão de ponto do
autor, consignando horário de trabalho por ele não cumprido", concluiu
Sandra.
Também ouvido como
testemunha, o encarregado esclareceu que autorizou a saída do reclamante mais
cedo. Este deixou o serviço às 11h. Contudo, no dia seguinte, constatou que o
ponto havia sido registrado em horário diferente. Então, indagou ao reclamante,
que afirmou que havia retornado ao trabalho. Sabendo que isso não era verdade,
o encarregado levou o caso ao conhecimento dos superiores.
"Diante da
oportunidade de corrigir uma irregularidade, o reclamante ocultou o ocorrido,
optando por mentir ao encarregado, beneficiando-se do registro irregular levado
a cabo pelo colega", ponderou a julgadora, reconhecendo que o reclamante
cometeu ato ilícito, em conluio com o colega, apto a justificar a conduta
adotada pela ré. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRT-3.
Processo
0011704-47.2015.5.03.0043
Fonte: Conjur
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Afastada Coação em Pedido de Demissão Feito Após Alerta Sobre Justa Causa
Publicado em
27/07/2016
às
11:00
A Justiça do
Trabalho entendeu que um ajudante de depósito de uma empresa de logística, de
Duque de Caxias (RJ), não foi coagido ao ser aconselhado pela empresa a pedir
demissão diante da possibilidade de ser dispensado por justa causa por abandono
de emprego, porque já havia faltado 20 dias no mesmo mês sem justificativa.
O trabalhador
recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho contra esse entendimento, mas a
Quarta Turma não conheceu do seu recurso de revista.
Com menos de um ano
de serviço na empresa, prestando serviços para a Chevron Brasil Lubrificantes
Ltda., ele alegou na petição inicial que foi coagido a confeccionar pedido de
demissão.
Mas, em audiência,
disse que achava "que estava sendo dispensado" e não que pediu "para ser
dispensado".
O preposto da
empresa, por sua vez, disse que o auxiliar vinha faltando injustificadamente e
que, por isso, alertou-lhe sobre a possibilidade de ser dispensado por justa
causa, informando que seria melhor pedir demissão.
O juízo da 3ª Vara
do Trabalho de Duque de Caxias (RJ) declarou a nulidade do pedido de demissão,
mas o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) reformou a sentença,
considerando que o juízo de origem reconheceu as faltas reiteradas do
trabalhador ao serviço. "A coação pressupõe grave ameaça à pessoa, levando-a a
temer pela própria vida, de sua família ou por seus bens", esclareceu o
Regional, ao concluir que a coação não se confunde "com a ameaça de se exercer
normalmente um direito".
No recurso ao TST, o
trabalhador afirmou que a empresa, mediante depoimento do seu preposto,
confessou a coação, mas o relator, ministro João Oreste Dalazen, afastou essa
argumentação. "A referência a eventual caracterização de justa causa por
abandono de emprego não revela coação", afirmou.
Dalazen explicou que,
nos termos do artigo 153 do Código Civil, "não se considera coação a ameaça do
exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial". E frisou que
a aplicação da penalidade de justa causa por abandono de emprego, prevista no
artigo 482, alínea "i", da CLT, "é direito do empregador quando identificadas
circunstâncias que a autorizem". Processo: RR-868-50.2010.5.01.0203.
Fonte: TST -
14/04/2016 - Adaptado pelo Guia Trabalhista
Fonte: Blog Guia Trabalhista
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CLT: suspeita de fraude não confere à empresa o direito à demissão por justa causa
Publicado em
06/10/2015
às
17:00
A suspeita de fraude em relação a um funcionário não confere à empresa o
direito à demissão por justa causa. Assim decidiu, de maneira unânime, a 6ª
Turma do Tribunal Superior do Trabalho. O entendimento aborda o caso de uma
gerente do Bradesco acusada de participar de atos ilícitos em licitações da
Secretaria de Segurança Pública da Bahia.
Com a decisão, somada à absolvição da funcionária na esfera penal, a
justa causa foi desconstituída e o banco foi
condenado a pagar indenização de R$ 80 mil. Na sentença, a relatora do recurso,
ministra Kátia Arruda (foto), assinalou que o banco não seguiu o princípio da
presunção de inocência.
"Como se vê, as acusações que pesaram contra a trabalhadora,
gravíssimas, capazes de destruir sua vida profissional e sua imagem perante à
sociedade, e com repercussão inequívoca na sua esfera íntima, estavam fundadas
em elementos de prova duvidosos
desde o nascedouro", afirmou.
Na contestação da reclamação trabalhista, o Bradesco afirmou que a justa
causa seguiu os seguintes pontos do artigo 482 da CLT: ato de improbidade,
negociação habitual por conta própria e indisciplina. O banco também lembrou
que ofereceu à funcionária um acordo de R$
300 mil mediante manutenção da justa causa.
Apesar da proposta, segundo o Bradesco, a bancária rejeitou a oferta por
considerar que seria a confissão de um ato que não praticou. Mesmo com os
argumentos da instituição financeira, a 26ª Vara do Trabalho de Salvador (BA)
deferiu a indenização e considerou que a gerente foi inocentada criminalmente.
Por outro lado, o Tribunal Regional do Trabalho da Bahia absolveu o
banco do pagamento. A corte entendeu que a justa causa, por si só, não
justifica a indenização. Para corroborar sua decisão, o TRT-BA mencionou que a
empregada não comprovou dano psicológico ou repercussão negativa da dispensa na
sua esfera pessoal.
Fonte: Assessoria de Imprensa do TST/Processo: RR-50200-55.2009.5.05.0026.
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Juíza mantém justa causa de empregado que se envolveu em acidente quando dirigia embriagado
Publicado em
23/06/2015
às
17:00
Por essa razão, ela ratificou a
conduta da empregadora e indeferiu a pretensão do trabalhador, mantendo justa
causa aplicada
Ele
estava trabalhando, conduzindo um caminhão da empregadora, uma empresa de
pavimentação, em direção a uma de suas obras, quando se envolveu em um acidente
na rodovia. E, como estava alcoolizado, foi dispensado por justa causa.
Inconformado, ajuizou ação trabalhista, pretendendo a reversão da medida, mas
teve seu pedido rejeitado pela juíza Vanessa de Almeida Vignoli, em exercício
na 1ª Vara do Trabalho de Passos. Para a magistrada, os requisitos da justa
causa foram provados, pois, ao dirigir embriagado em serviço, o empregado
praticou falta grave o suficiente para quebrar a confiança necessária à
continuidade do contrato de trabalho. Por essa razão, ela ratificou a conduta
da empregadora e indeferiu a pretensão do trabalhador, mantendo justa causa
aplicada.
O boletim de ocorrência trouxe como causa
presumida do acidente o fato de o trabalhador estar dirigindo alcoolizado.
Ficou registrado que ele apresentou sinais de ingestão de bebida alcoólica, com
hálito etílico e fala desconexa, tendo feito o teste do bafômetro na presença
de testemunhas. E deu positivo.
Esses fatos foram confirmados pelos depoimentos.
Uma testemunha, que esteve hospital no dia acidente, ficou sabendo pelos
médicos e enfermeiras que uma das causas do acidente foi o alto teor alcoólico
de bebida ingerida pelo reclamante. Foi também apurado que os caminhões da
empregadora estavam em bom estado de conservação, tinha acabado de passar por
manutenção periódica e continha os itens de segurança necessários.
A magistrada não teve dúvidas de que o
comportamento do reclamante quebrou a confiança necessária para a continuidade
da relação de emprego, já que ele ingeriu bebida alcoólica em dia de serviço,
mesmo sabendo dos altos riscos se dirigir um caminhão na estrada, sob os
efeitos do álcool. "O reclamante colocou em risco não apenas a sua vida,
como a vida de todos os outros motoristas e pedestres que trafegavam na
rodovia. Por isso, logo após a falta cometida, a empregadora tomou a decisão de
dispensá-lo por justa causa", destacou.
Tendo em vista a gravidade da falta do reclamante
e a observância do princípio da imediaticidade da pena, a juíza concluiu que a
justa causa foi corretamente aplicada pela empresa. Por isso, julgou
improcedentes os pedidos de nulidade da dispensa e de pagamento das verbas
decorrentes.
Fonte: TRT3 (MG) - Tribunal Regional do Trabalho da 3ª (terceira)
Região - Minas Gerais
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Empregado que não volta ao trabalho após alta médica é demitido por justa causa
Publicado em
30/05/2015
às
13:00
Empregado que não retorna ao trabalho após alta do INSS pode ser demitido
por justa causa. Com base nesse entendimento, a juíza substituta Andréa
Buttler, da 9ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (MG), negou reversão da
dispensa motivada de um operador de telemarketing de um banco.
Andréa entendeu que as provas apresentadas
pelo banco comprovaram o abandono de emprego. A instituição anexou ao processo
cartões de ponto e telegramas, sendo um com recibo de entrega assinado pelo
reclamante, demonstrando que ele foi notificado em 26 de março de 2014 e 14 de
abril de 2014 para retornar ao trabalho ou justificar a sua ausência. Na
mensagem, a empresa o advertiu a respeito da possibilidade de caracterização do
abandono de emprego.
Na decisão, a juíza ressaltou que o reclamante confirmou em audiência seu
endereço, para onde foram enviados os telegramas. Ela não encontrou nenhuma
prova atestando a impossibilidade de retorno do ex-empregado ao trabalho no
banco.
Segundo destacou Andréa, o próprio reclamante informou que interpôs
recurso administrativo junto ao INSS, mas a prorrogação do auxílio-doença foi
negada pela autarquia.
"Se o autor não voltou ao trabalho após ter sido considerado apto para
tanto pelo INSS, ainda que estivesse discutindo esta decisão
administrativamente, não poderia se esquivar de comparecer ao trabalho,
enquanto esperava pelo deslinde daquele recurso administrativo", afirmou.
Considerando o número de faltas injustificadas, superiores a 30 dias, a
juíza presumiu a intenção do reclamante de não mais trabalhar, reconhecendo a
versão de abandono de emprego, nos termos do 482, alínea i, da CLT. O
trabalhador também havia pedido uma indenização por dano moral, a qual foi
negada, tendo em vista a ausência de abuso de direito e a
correta aplicação da dispensa por justa causa. Não houve recurso e a decisão
transitou em julgado.
Fonte: Assessoria de Imprensa do TRT-3 e Conjur
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Empresa que seguiu critérios para aplicação de justa causa consegue confirmação da penalidade
Publicado em
10/10/2014
às
16:00
A
dispensa por justa causa ou motivada é a sanção maior prevista no Direito do
Trabalho e decorre da prática de falta extremamente grave pelo empregado, de
forma a eliminar a confiança necessária na relação de emprego. Mas as
reclamações que chegam à Justiça do Trabalho mineira revelam que muitas vezes o
empregador não segue os critérios legais para a aplicação da medida, o que
acaba levando à reversão da justa causa para dispensa sem justa causa.
Na 2ª Vara do
Trabalho de Ituiutaba, o juiz substituto Henrique Alves Vilela analisou uma
reclamação em que o empregador soube trilhar o caminho para a imposição da
penalidade. Por esse motivo, a reclamação em que a trabalhadora pedia a
invalidação do ato foi julgada improcedente.
Na sentença, o
julgador lembrou que o empregador possui o poder disciplinar, que decorre do
contrato de trabalho. Isto significa que, na condução do negócio, ele pode
impor sanções aos empregados quando descumprir suas obrigações contratuais.
Citando lição do Ministro Maurício Godinho Delgado, o magistrado destacou que a
aplicação da justa causa exige que sejam analisados, de forma conjunta, três
grupos de requisitos: os objetivos (apuração da conduta praticada pelo
trabalhador), os subjetivos (dolo ou culpa em relação ao ato ou omissão
praticados) e os circunstanciais (nexo causal, proporcionalidade entre a falta
e a pena aplicada, imediatidade da punição, ausência de discriminação e
gradação de penalidades, entre outros).
Na avaliação do
juiz, todos esses requisitos foram cumpridos no caso. Primeiro, o patrão
aplicou duas orientações verbais à empregada: uma por correr nas dependências
da empresa e outra por faltar injustificadamente nos dias 15/06/2013 e
27/09/2013. Em seguida, em razão de faltas ocorridas nos dias 05/10/2013,
19/10/2013 e 14/11/2013, aplicou uma advertência escrita e duas suspensões,
sendo uma de três dias e outra de 10 dias. Por fim, no dia 25 de fevereiro de
2014, a empregada foi dispensada por justa causa por ter chegado atrasada ao
serviço no dia 24 de fevereiro de 2014.
"As penalidades foram aplicadas
imediatamente após cada falta, sendo que foram proporcionais às mesmas,
observando uma gradação e visando o caráter pedagógico do poder disciplinar
exercido"
,
registrou o juiz na sentença. Ele rejeitou os argumentos da trabalhadora,
destacando que somente a faltas injustificadas levaram a punições. Já as faltas
legalmente justificadas, foram devidamente abonadas, conforme provado em
documentos, nada havendo de errado na conduta adotada pelo empregador. O
magistrado também identificou a imediatidade na aplicação da sanção. Conforme
ponderou, a reclamada precisou do dia 24/02/2014 para apurar se o atraso
ocorrido neste dia seria ou não injustificado. A dispensa ocorreu logo depois,
ou seja, no dia 25/02/14.
"Caem no vazio as alegações da Reclamante
ao impugnar todas as punições que lhe foram aplicadas, já que foram aplicadas
duas orientações, uma advertência e duas suspensões antes da dispensa por justa
causa, demonstrando que as penas foram adquirindo maior gravidade até a
aplicação da pena máxima"
, destacou, ainda, o julgador, concluindo
que o patrão trilhou o caminho correto para a aplicação da pena máxima.
A existência de
perdão tácito ou a aplicação de mais do que uma punição para cada falta também
não foi constatada. Trata-se de erro comumente praticado por empregadores.
Muitas vezes os empregados faltam, sem justificativa, são advertidos,
suspensos, mas em vez de esperar uma nova falta a empresa simplesmente remete
às faltas anteriores para dar a justa causa, o que faz com que haja a
duplicidade de punição. Essa aplicação de mais de uma penalidade para a mesma
falta não é admitida pelo Direito do Trabalho. Mas isso não foi o que ocorreu
no caso, razão pela qual o magistrado considerou válida a dispensa, com amparo
no artigo 482 da CLT, por desídia no desempenho da função. Não houve recurso e
a decisão transitou em julgado.
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho - 3ª
Região/processo nº 00640-2014-176-03-00-0
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Justa causa por improbidade não pode ser aplicada por meros indícios
Publicado em
03/12/2013
às
17:00
Por essa forma de dispensa,
o contrato é extinto, sem que o trabalhador receba verbas rescisórias
A
dispensa por justa causa, fundada em ato grave cometido pelo trabalhador, é
medida excepcional, já que autoriza o descumprimento do princípio trabalhista
geral, que é o da continuidade da relação de emprego. Por essa forma de
dispensa, o contrato é extinto, sem que o trabalhador receba verbas
rescisórias. Por isso, sua aplicação deve ser respaldada por provas firmes e
convincentes do ato grave praticado pelo empregado, principalmente quando a
acusação for de improbidade.
Ou
seja, em sede trabalhista, não se admite mero indício da prática de
improbidade, que deve ser demonstrada de forma clara e convincente, de forma a
não deixar dúvidas no espírito do julgador. Isto porque a improbidade é das
mais graves hipóteses de justa causa legalmente previstas, já que envolve o
próprio conceito de honestidade do trabalhador, cujas consequências vão
atingi-lo, tanto no aspecto profissional, quanto no social e no pessoal. Esse o
entendimento expresso pela desembargadora Emilia Facchini, ao julgar
desfavoravelmente o recurso interposto por um banco contra decisão que afastou
a justa causa aplicada a uma empregada em razão de diferenças encontradas no
caixa em que ela trabalhava.
De
acordo com a versão do banco, em diversas oportunidades os apontamentos
efetuados pela transportadora de valores acusaram a falta de numerário
recolhido pela agência em que empregada atuava. Essas constatações, segundo
alegou a defesa, foram acompanhadas pelo Gerente Operacional que detectou que
todas as ocorrências apuradas pela transportadora eram decorrentes de
recolhimentos feitos pela autora. E, nessas mesmas datas, foram registrados
depósitos na conta corrente da trabalhadora.
Mas,
ao analisar o caso, a relatora não deu razão ao banco. Isso porque as provas
anexadas não permitem concluir, com segurança, que a trabalhadora tenha se
apropriado de qualquer quantia pertencente ao banco ou que as diferenças
apuradas no caixa tenham ocorrido por negligência dela. Conforme observou a
desembargadora, não havia transparência quanto à conferência dos valores finais
dos caixas. Cada empregado depositava a quantia arrecadada no seu caixa durante
o expediente em um envelope, havendo a conferência, na agência, apenas no que
tange ao valor discriminado pelo próprio empregado com aquele constante da fita
de caixa pelo gerente. Depois, o envelope era depositado em malote único e
conduzido pela transportadora que, em local diverso, realizava a conferência do
numerário efetivamente contido no envelope, com aquele discriminado pelo
empregado. Essa conferência ocorria sem qualquer ingerência do banco ou mesmo
do empregado, apenas constando em relatório as eventuais diferenças apuradas,
que sequer poderiam ser questionadas pelo empregado, como informado pela
preposta.
A
desembargadora também registrou que o banco não procedeu a qualquer desconto da
trabalhadora em relação aos valores supostamente faltantes. A testemunha da
empresa não soube esclarecer se a trabalhadora foi instada a reembolsar
quantias supostamente faltosas ou se ao menos foi comunicada de que existiam
diferenças no seu caixa. Essa mesma testemunha ainda afirmou que a investigação
não concluiu que a reclamante estava se apropriando de valores do caixa, mas
apenas que as diferenças ocorriam apenas no fechamento do caixa dela. Assim, em
razão da dúvida que pairava sobre os fatos, a relatora concluiu que não poderia
ter sido aplicada, no caso, a dispensa por justa causa. Acompanhando o
entendimento, a Turma manteve a reversão da dispensa para a modalidade sem
justa causa determinada em 1º Grau.
(
0000639-59.2012.5.03.0108
RO
)
http://as1.trt3.jus.br/noticias/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=9862&p_cod_area_noticia=ACS
Fonte: TRT-MG
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Concorrência com empresa leva à justa causa do empregado
Publicado em
16/11/2005
às
11:00
O empregado que passa a concorrer com seu empregador está sujeito à demissão por justa causa, conforme previsão específica de dispositivo legal (art. 482, alínea "c", CLT). A ocorrência dessa hipótese foi reconhecida pela Subseção de Dissídios Individuais - 1 (SDI-1) ao deferir, por unanimidade, embargos em recurso de revista a uma empresa pernambucana. A decisão restabeleceu a dispensa por justa causa de um ex-gerente.
Segundo o ministro Brito Pereira, relator da questão na SDI-1, o empregado que sem o conhecimento patronal passa a atuar no mesmo ramo de atividade, incorre na previsão do art. 482, alínea "c". Não é sequer necessária a comprovação de efetivo prejuízo da empresa para a caracterização da justa causa. "Basta o prejuízo em potencial que decorre da possibilidade de o empregado desviar clientes da empresa em que trabalha para aquela da qual é titular", afirmou Brito Pereira.
A posição adotada pelo TST decorre do reconhecimento da confiança entre patrão e empregado como elemento indispensável do contrato de trabalho. No momento em que o trabalhador passa a ser concorrente do empregador, ocorre a perda de confiança, que autoriza o desligamento por justa causa.
No caso concreto, o relator lembrou que a quebra da confiança ganhou maior relevância diante do cargo ocupado pelo trabalhador na Cavan. A função de gerente recai sobre o profissional em quem é depositada maior confiança do que em relação aos demais. Cabe a ele representar o empregador na prática de determinados atos e na administração dos interesses da empresa.
"Dessa forma, não é admissível que um empregado que tem tanta ingerência, que atua na condução da empresa e que na maioria das vezes conhece os seus segredos, os fornecedores e os clientes, explore a mesma atividade econômica de seu empregador", considerou Brito Pereira em seu voto.
A decisão da SDI-1 modifica a primeira manifestação do TST sobre a questão. Após exame de recurso de revista, a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho afastou a incidência da previsão do art. 482, "c", no caso. O órgão entendeu que a hipótese só se caracterizaria se houvesse ato do empregado de concorrência ao empregador, a fim de tomar-lhe clientes, reduzir o faturamento e causar prejuízo.
A Turma acrescentou, ainda, a possibilidade do trabalhador atuar em outro emprego ou buscar a complementação de seus rendimentos por meio de atividade comercial autônoma em horário diferenciado daquele em que se dedica ao emprego.
Prevaleceu, contudo, o entendimento manifestado pela SDI-1, que não exige a comprovação do prejuízo causado ou a diminuição do lucro empresarial. O prejuízo em potencial já é suficiente para a incidência da lei. No caso concreto, os autos indicaram que o então gerente montava uma fábrica de pré-moldados, a fim de explorar o mesmo ramo de atividade da empresa.
Fonte:TST, processo 713081/2000.0 .