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Prosperando na Crise: Planejamento e determinação


Publicada em 03/11/2017 às 16:00h 


Empresários londrinenses que iniciaram sua carreira como empregados e viram no segmento de mercado no qual atuavam uma oportunidade de investir no próprio negócio afirmam que o planejamento associado à persistência e dedicação são a base do sucesso.


Ary Sudan trabalhou por 25 anos e adquiriu ampla experiência no ramo de baterias automotivas até decidir investir na sua própria empresa, a Rondopar, fundada em 1984. "Trabalhávamos em uma empresa e embora fôssemos gestores, não éramos os donos. Quando discordávamos de alguma questão administrativa, brincávamos que um dia teríamos a nossa empresa e que seria diferente. A brincadeira foi se repetindo e virou sonho pronto para se tornar realidade", relembra Sudan. "No início fazíamos de tudo, até descarregávamos o caminhão com matéria-prima porque não tinha empilhadeira."

 
A empresa foi fundada em um período de crise severa, com uma inflação de 273% ao ano e muitas incertezas no mercado. O Brasil estava sob o comando do FMI (Fundo Monetário Internacional) e vinha cambaleando com os efeitos da crise do petróleo. Dois anos antes, em 1982, o México havia quebrado e o Brasil era apontado como o próximo da fila. "Muita gente dizia que éramos loucos por colocar os poucos trocados que tínhamos em um novo negócio durante a crise", conta Sudan. Para driblar os efeitos da inflação galopante nas finanças da empresa, o balanço mensal era convertido em dólares. Só assim era possível ter uma noção clara dos números. Tempos difíceis.

 
Mas acreditar na ideia foi fundamental. A empresa começou pequena, com apenas sete funcionários, e muito planejamento. O sócio, Luís Carlos André, se dedicava integralmente ao projeto enquanto Sudan, ainda empregado em uma empresa, reservava à Rondopar os finais de tarde, horários de almoço e finais de semana. A carga horária de ambos somava de dez a 12 horas diárias. "Aos poucos fomos colocando em prática os nossos sonhos. Eu tinha trabalhado em boas empresas, o Luís também. Eu era formado em economia e direito, tinha pós-graduação. O Luís é químico. Tínhamos uma base boa e quando você tem essa base, você consegue ver as coisas de uma forma diferente, o seu mundo é maior", avalia Sudan. "Nosso orçamento era pequeno, mas a gestão era de uma empresa grande." 


Em 1986, com o Plano Cruzado, os produtos sumiram das prateleiras e foi aí que os sócios aproveitaram para entrar mais fortemente no mercado. Com as marcas mais conhecidas em falta, os consumidores começaram a comprar os produtos da nova empresa e puderam atestar a sua qualidade. "Se para muitos o Plano Cruzado foi uma dificuldade, para nós foi uma ajuda muito grande, lucramos, demos um salto", relembra Sudan. 


"A empresa cresce, vamos vencendo os desafios e chegamos no ponto mais alto, que é o momento mais crítico, aí é que temos que nos reinventar. Tivemos que fazer isso muitas vezes. Procuramos ter muito equilíbrio nas crises para não entrar em parafuso e não fazer besteira. As crises foram várias", ensina Sudan, que hoje comanda 200 funcionários e uma segunda empresa, a Tamarana Metais, que atua no ramo da reciclagem. 


CONSULTORIA 


Trajetória semelhante teve Moacir Vieira dos Santos, fundador da Value, empresa de consultoria empresarial criada em 2006. Ele era funcionário de uma concessionária de máquinas agrícolas e enxergou uma oportunidade de transformar os seus conhecimentos na área em consultoria. Entre a ideia inicial e o pedido de demissão para iniciar o empreendimento, foi um ano e meio de planejamento. "Meu sonho era ter uma empresa com todo o processo de gestão. Estava claro que eu não queria ser um consultor autônomo. Não queria que contratassem o Moacir, mas a minha empresa. Comecei com uma secretária, depois contratei uma pessoa, em 2008 eu tinha um escritório pequeno", conta o empresário que hoje emprega 25 funcionários diretos e indiretos e tem uma carteira de mais de 60 clientes em 14 estados. 
"Foi uma decisão muito difícil a de me tornar empreendedor. Eu tinha um salário fixo, já era casado, tinha um filho bebê, tinha uma certa estabilidade. A primeira dificuldade era encarar uma instabilidade. A partir do momento em que você tem um negócio seu, você é 100% responsável pela sua remuneração", relembra Santos.

 
E a instabilidade financeira continua sendo um dos principais desafios e que exigem muito esforço para driblá-lo. A Value mantém clientes desde 2006, mas os contratos são sempre de curto e médio prazos, renovados todos os anos. "Temos que estar sempre à frente no conhecimento, ter conhecimento técnico para oferecer um diferencial no mercado." 


Nos 11 anos à frente da própria empresa, Santos enfrentou crises. A mais severa em 2015 e 2016. Mas afirma que alguns pilares foram importantes para conseguir se sustentar no mercado e atravessar os períodos de turbulência. "A questão da reputação, a confiança dos nossos clientes, que nos indicaram a outros clientes, e ter uma equipe alinhada com os valores e objetivos da empresa. Nos últimos dois anos, trabalhamos muito."

 
E se a crise trouxe dificuldades e novos desafios a vencer, como a inadimplência, também abriu oportunidades. "Fiz contratações de uma forma mais efetiva do que quando estava em época de vacas gordas. No ano passado conseguimos fazer boas contratações", afirma Santos. "E o grande ponto para vencer a crise é manter o princípio de prestar um serviço de muita qualidade e confiança e fortalecer ainda mais a equipe." 


Também foi necessário rever custos, preços e processos, se readequando ao momento de crise. "Posso ter o melhor serviço, se as pessoas não têm condição de comprar, não adianta." 


Para 2018, as expectativas são as melhores. "Acredito que vai aumentar mais a demanda do escritório e uma demanda maior vai necessitar estar mais preparado para um possível crescimento. Continuo com vagas em aberto para contratação."

 

Fonte: Folha de Londrina/Simoni Saris









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