"Nem todas as conversas irão mudar sua
vida,
mas qualquer uma delas poderá fazê-lo."
(Liz Dolan)
Quando
iniciei minha carreira como palestrante, nos idos de 2003, eu tinha duas
crenças muito claras. A primeira, de que uma apresentação, por mais organizada,
envolvente e cativante que fosse, não seria capaz de "mudar a vida" de um
participante. Sensibilizar, influenciar e até entusiasmar, sim. Porém, promover
uma mudança capaz de alterar o curso da história de alguém, parecia-me
presunçoso demais.
A segunda crença dizia respeito à duração de uma atividade. Pensava eu que uma
mensagem poderosa dependia do conjunto de seu conteúdo. Seria o todo, e não a
parte, o que impactaria os presentes.
Ao longo dos anos, aprendi que estava duplamente equivocado...
Qualquer breve momento pode transformar radicalmente o destino de alguém. Tenho
vivenciado isso no dia a dia, a cada diálogo, a cada reunião, seja com colegas,
amigos, parceiros de negócios ou mesmo o público em geral. É como disse o
antropólogo Roberto Crema: "Ninguém muda ninguém, ninguém muda sozinho, mas
mudamos nos encontros".
Uma vez ao ano tenho a honra e o prazer de desfrutar da companhia de um dos
principais líderes empresariais do Brasil. Trata-se de alguém com quem convivi
anos atrás no cenário institucional e com quem selei uma amizade autêntica e
despretensiosa. Ensinou-me ele em nosso último encontro: "Na atual fase de
minha vida, dou-me o privilégio de escolher com quem, quando e por quanto tempo
irei dialogar". É uma grande lição que nos dá a dimensão exata da importância
das palavras e do uso do tempo.
Daí decorre também o êxito ou o fracasso no processo de comunicação, pois há
uma sutil diferença entre ouvir, escutar e efetivamente entender o seu
interlocutor. É tênue, porém ampla, a distinção entre olhar, ver e enxergar um
objeto, imagem ou cena. Há pessoas que falam, mas nada dizem; ou que dizem, mas
não são compreendidas.
Shakespeare pontuou assertivamente que "leva-se anos para se
construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e você
pode fazer ou dizer coisas em um instante, das quais se
arrependerá pelo resto da vida". Por isso, sempre procuro alertar que é
imprescindível tomar cuidado com as palavras desferidas, em especial nos
momentos de irritação. Quando você diz algo que desagrada a alguém, pouca valia
haverá em se desculpar posteriormente. Porque não importa o que você
disse, mas o que ficou depois do que você disse. O que fica instala-se no
peito, dentro do coração, tomando-o por sua morada e de lá não sai mais.
Hoje aprendi que em qualquer intervenção que eu faça, seja em uma palestra ou
um treinamento, seja em uma reunião ou em diálogo conciso, basta uma fração de
meu discurso para promover a reflexão em qualquer um dos presentes. E como cada
pessoa é atingida de maneira diferente e em momentos específicos, é grande
minha responsabilidade, pois a mensagem pode afetá-las positiva ou
negativamente, influenciando suas decisões.
Assim, cuide com atenção e carinho de seus argumentos. E lembre-se de que em
comunicação, mais do que a razão, é a emoção quem impera.
Por Tom Coelho