O ano de
2015, em que o Código de Defesa do Consumidor completa vinte e cinco anos de
existência, promete ser um ano de dificuldades na vida dos consumidores
paulistanos. A prova disso está nas adversidades que estamos enfrentando logo
no início do ano, que listamos, didaticamente, em sete pragas.
Falta
de água.
Há tempos sabe-se que o sistema de água da
SABESP é ineficiente, porque perde cerca de 30% da água tratada pelos canos e
adutoras que são antigos e não merecem manutenção e modernização adequadas,
enquanto que o desperdício da rede nos países mais eficientes não passa de 2%.
Quem é que desperdiça a água então? A conta do desperdício e da ineficiência de
longa data do sistema será paga pela população que gastar um pouco mais, que
será sobretaxada em 100% na sua conta de água quando gastar 20% a mais em
comparação com a média do ano anterior, o que configura verdadeira cobrança
confiscatória.
A SABESP
desperdiça há décadas 30% de água, porque são comuns os vertedouros de água
limpa na grande São Paulo, e ninguém nunca foi punido por isso. Deixaram de
decretar o racionamento e os níveis dos reservatórios chegar a volumes
inaceitáveis, por mera conveniência eleitoral, e ninguém é punido por isso. A
culpa dessa flagrante ineficiência pública é atribuída a São Pedro e a conta
vai para a população. Os gestores irresponsáveis e ineficientes, que deixaram
de prevenir o problema, por exemplo interligando os sistemas de abastecimento
da grande São Paulo e diminuindo os vazamentos da rede, não sofrem consequência
alguma.
Falta
de luz.
Os especialistas estão alertando também há
bastante tempo sobre a falta de investimentos no setor elétrico. Termoelétricas
foram bastante utilizadas em 2014, para compensar a falta de água no nosso país
que aposta quase todas as suas fichas nas hidroelétricas, sem os repasses dos
custos cabíveis à população, também por conveniência eleitoral.
Iniciado o
ano de 2015, a falta dos investimentos, que deixaram de ser feitos para evitar
os repasses dos aumentos de custos à população, causa o colapso do sistema.
Milhões de pessoas estão ficando por horas a fio sem energia diariamente,
inclusive serviços essenciais como hospitais, e paralelamente a isso vem o
aumento da conta de luz. Os apagões são diários desacreditando as promessas do
Governo Federal de que eles não aconteceriam, paralisando a vida das pessoas e
a produção.
Enchentes
. As tempestades de verão, que acabam se concentrando na grande São
Paulo em virtude do calor e do desequilíbrio ambiental, provocam enchentes em
locais que sofrem o mesmo problema há décadas, destruindo os bens adquiridos
por trabalhadores honestos, ceifando vidas e levando à proliferação de doenças
que já deveriam estar erradicadas como a leptospirose.
Quedas
de árvores
. A falta de monitoramento permanente das árvores,
somada à infestação por cupins e à falta de espaços nas calçadas levou à queda
de mais de mil árvores na grande São Paulo. Afora o risco à vida das pessoas,
essas árvores destroem veículos, residências e também a rede elétrica,
concorrendo para o caos urbano. Nos últimos dias foram vistos funcionários da
Prefeitura de São Paulo cortando árvores centenárias a machado, mostrando o
absoluto despreparo do poder público para prevenir e combater esses problemas.
Mosquitos.
O excesso de chuvas provoca a proliferação de mosquitos, como
pernilongos e aqueles responsáveis pela transmissão da dengue. Trata-se de
problema que seria certamente minimizado com pulverizações periódicas nos
leitos de rios e córregos, o que, contudo, não ocorre.
Buracos
nas ruas
. O excesso de chuvas aliado ao asfalto "casca de
ovo" e incompatível com a carga de tráfego, leva a buracos nas ruas que chegam
até a engolir carros. São comuns os acidentes graves e os danos aos veículos
deles decorrentes. Normalmente a melhoria do asfalto precede os anos eleitorais
e no restante do tempo a população fica sofrendo pela absoluta falta de
conservação.
Insegurança
.
Diante da falta de luz, que escurece os nossos bairros por horas,
geralmente no final da tarde quando as pessoas voltam do trabalho, a população
fica mais vulnerável à ação dos criminosos. Trata-se de problema crônico
agravado pela falta de luz, que também desativa todos os mecanismos de
segurança das residências e empresas, como câmeras de vigilância e alarmes,
deixando todos à mercê da bandidagem.
Todas essas
pragas distanciam o paulistano do piso vital mínimo constitucional, previsto no
art. 6º da Constituição Federal, e comprometem sua qualidade de vida na cidade,
que é onde todos passam a maior parte do seu tempo. Esse comprometimento da
qualidade de vida gera inúmeras consequências a curto e longo prazo. Nada disso
aconteceria se os administradores públicos fizessem sua lição de casa e
cumprissem estritamente o art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, prestando
serviços públicos adequados, eficientes, seguros e contínuos.
Por Arthur Rollo