Não faltam problemas ao Município, ao Estado
e ao Brasil como um todo. Nem críticos do sistema ou apologistas do apocalipse.
A situação é grave e não cabe uma análise completa neste pequeno espaço.
Crítica é uma coisa boa, quando feita no
sentido lato da palavra, de formular juízo ou de fazer apreciação fundamentada
de alguma coisa. A condição-chave, no caso, é ser fundamentada. Senão, não
passa de maledicência ou fofoca. Ou, no melhor dos casos, é apenas uma má
crítica. Que não constrói, que não acrescenta valor positivo, que não ajuda a
melhorar o "status quo".
A crítica que não vem acompanhada de alguma
forma de ajuda perde muito em substância e em qualidade. E, portanto, é quase
inútil. Quero fazer, então, algumas considerações sobre nossa situação local,
ao nível de Porto Alegre.
Muitas pessoas queixam-se da existência de
lixo espalhado em vários pontos da cidade. Mas ignoram que há mais de 400
pontos irregulares de descarte de lixo, ali jogado pela população da cidade e,
que, por serem irregulares, dificultam seu recolhimento metódico e sistemático.
O que acaba por gerar problemas e prejuízos elevados.
Essa situação se agrava com o lançamento de
lixo diretamente nos arroios e nas ruas, mesmo havendo lixeiras nas
proximidades, lixo que se acumula nas bocas de lobo e provocam alagamentos,
quando chove.
Ouço, com frequência, queixas relativas ao "mato"
que se avoluma nas ruas, devido à falta de capina. Mas poucos são os
proprietários de imóveis que removem o capim de suas calçadas, mesmo sendo isso
uma obrigação sua.
Um outro problema é o da identificação das
ruas, de que a maioria se queixa, sem sugerir soluções. Quem procura um
endereço em nossa cidade, procurando identificar os números dos prédios,
especialmente à noite, sempre enfrenta muita dificuldade. Sabe por quê?
Porque os proprietários, em número muito significativo, não cumprem a Lei, não
colocando numeração ou usando em seus prédios ou casas placas numéricas
inadequadas, sem visibilidade, seja por tamanho deficiente, seja pelo uso de
cores sem contraste ou, ainda pior, por estarem colocadas fora da vista de quem
passa pela frente do imóvel. Nesse caso, mais uma vez a correção do problema
cabe exclusivamente aos cidadãos, e não ao Governo.
Quer dizer que a culpa dos problemas da
cidade é dos moradores? Claro que não! As soluções da maioria deles cabem
exclusivamente ao Governo Municipal.
Acontece que queixar-se da falta de dinheiro
para a satisfação de necessidades prioritárias da Cidade é fácil. Difícil é
reconhecer a existência de problemas históricos, como o da Previdência
Municipal e o da defasagem da planta de valores do IPTU, que precisam ser
corrigidos, com a participação de todos os porto-alegrenses.
E mais difícil, ainda, é assumir uma postura
cidadã e ajudar a formatar uma nova política administrativa e financeira, para
eliminar as causas dos problemas que temos.
Mas, se alguém achar que isso é problema só
do Governo Municipal, embora não seja, que tal ajudar a corrigir os problemas
de mais fácil solução e que são de sua responsabilidade, como os que citei
acima?
Por João Carlos Nedel
Contador e Vereador de Porto Alegre