Há um tempo atrás, durante uma palestra, vi
um palestrante chamar alguém na plateia até o palco. O palestrante pegou uma
nota (cédula - dinheiro) de R$ 100,00 e perguntou ao participante quanto aquela
cédula valia. Prontamente o participante respondeu que valia R$
100,00. O palestrante perguntou ao participante:
- Se eu lhe der esse dinheiro, você quer?
A resposta foi pronta:
- Sim
Então o palestrante amassou a nota em suas
mãos e refez as perguntas ao participante. As respostas foram as mesmas: de que
valia R$ 100,00 e que ele queria a nota. Na sequência, o palestrante colocou a
cédula no chão e a pisoteou. A nota ficou suja, com marcas do sapato. O
palestrante refez as perguntas e o participante continuou com as mesmas
respostas: de que a célula valia R$ 100,00 e de que ele continuava querendo o
dinheiro. Por fim, o palestrante rasgou um pedacinho da célula e, novamente,
perguntou ao participante:
- Quanto vale essa nota?
A resposta foi imediata:
- Esta nota vale R$ 100,00 e eu a quero.
Um esclarecimento técnico: De acordo com o Banco
Central, se uma cédula ainda tiver mais da metade (50%) intacta, ela continuará
valendo. Ou seja, se rasgar e tirar um pequeno pedaço (menos da metade da
cédula), ela continuará valendo. Porém, caso a cédula seja rasgada (ou
queimada) e apresentar menos da metade (menos de 50%) de uma cédula original,
ela perde totalmente o seu valor. Ou seja, não vale nada. O seu valor é R$
0,00. Observa-se que no caso da cédula, há uma "linha de corte". Se tiver mais
da metade da cédula, o seu valor será o de face (R$ 100,00 no nosso exemplo).
Porém, se tiver menos da metade perde o seu valor. Não vale nada.
Moral da estória: Assim como aquela
cédula que foi amassada, pisoteada, rasgada - enfim, maltratada - mas não
perdeu seu valor, assim devemos nós ser como pessoas e profissionais. Muitas
vezes as pessoas que nos cercam, nos "amassam", nos "pisoteiam", nos "rasgam",
nos maltratam, nos caluniam, mas lembre-se, mesmo desfigurados, nós não
perdemos o nosso valor, desde que nós não venhamos a perder - deixar escapar
por entre os dedos, os nossos valores (princípios), como honestidade,
integridade, retidão, correção, seriedade, honra, dignidade, lisura e ética.
Assim como uma cédula de dinheiro tem sua
"linha de corte" que mais da metade vale e menos da metade não vale, nós
devemos ter a nossa "linha de corte". Até onde podemos ir sem manchar a nossa
honestidade, a nossa ética. Temos que ser firmes. Saber dizer não ao "jeitinho
brasileiro". Em especial no Brasil, com muita frequência, temos visto alguns
políticos e empresários, que há um tempo atrás eram destaques, apareciam nos
jornais, rádios, revistas e tevês, dando as suas opiniões e eram respeitados.
Eram "pessoas de valor". Porém, em seu comportamento, não tiveram "uma linha de
corte" tão firme. Não souberam dizer não para a corrupção, para o roubo, para o
"jeitinho brasileiro". Enfim, perderam o seu valor.
Muitos deles estão gastando com advogados uma
boa parte do dinheiro roubado. Estão tentando escapar-se da justiça. Alguns
foram presos. E, daí, você compara aquela imagem dele, há anos atrás, de terno
e gravata, bem "arrumadinho", dando uma entrevista na tevê, com a imagem dele
sendo preso, algemado, cabeça raspada e usando uniforme do presídio. Compara
aquela foto "feliz" com a família na "Ilha de Caras", com o constrangimento de
uma visita semanal a penitenciária.
Vale a pena não respeitar a "linha de corte".
Não separar o que é certo do que é errado?
Todavia, lembrando que o participante queria
para si a nota de R$ 100,00, mesmo amassada, suja e rasgada, pois ela
continuava valendo os R$ 100,00, assim, mesmo se formos amassados e pisoteados
por nossos colegas, mas se não perdemos o nosso valor, sempre terá alguém que
irá nos querer. Um colega para nos indicar ao novo emprego; um profissional
para nos indicar um novo cliente; alguém nos recomendando para um novo
fornecedor; etc.
Muitas vezes, em nossas vidas, somos
amassados, pisoteados, humilhados, machucados, maltratados e, nos sentimos sem
importância. Mas isso não é o mais significativo. O importante é não perdermos
o nosso valor.
Esclarecimento Técnico Final: Maltratar (rasgar,
queimar, escrever, etc.) a cédula de dinheiro é crime (Constituição Federal
Art. 21, VII, Art. 22 VI e Art. 164; Código Civil Art. 98 e 99). Portanto, não
deve ser feito. A estória contada aqui tem apenas a ilustração como aspecto
pedagógico.
Marcone
Hahan de Souza
Administrador
e Contador. Professor Universitário. Sócio da MM Assessoria Contábil.