É de arrepiar!
Esse foi o comentário que fiz ao meu amigo ao final do filme "A Grande
Virada" estrelado por nomes de peso do cinema americano como Ben Affleck,
Tommy Lee Jones, Chris Cooper, Kevin Costner e outros.
O filme retrata a crise americana e a quebradeira generalizada da sua economia.
Bobby é um bem sucedido Gerente de Vendas que logo na primeira rodada de
demissões do estaleiro onde trabalha perde seu emprego. O roteiro gira em torno
da busca de um novo emprego, o impacto na família, e principalmente, as
angústias de quem de um dia para o outro vê sua vida totalmente fora do eixo.
O que o filme nos ensina?
A empresa não é a sua vida! O processo de demissão no Grupo GTX não era nada
amistoso. A pessoa era chamada e logo comunicada que estava sendo demitida e os
benefícios a que teria direito, como mais alguns meses de salário e ajuda na
recolocação profissional. A compaixão era zero! Não se esqueça que muitas
pessoas se relacionam com o seu cargo e não necessariamente com você. Somos
substituíveis e tenha sempre um Plano B pronto para ser colocado em ação.
Passos para trás, passos para frente. O personagem insiste em manter o mesmo
padrão de vida de quando estava empregado. É claro que isso só causa mais problemas
e depressão. Por vezes a vida nos prega peças e sim, teremos que dar passos
para trás em vários aspectos para depois voltar a dar passos à frente.
Não tem como fugir! Os dilemas emocionais que os personagens enfrentam são uma
atração à parte. Medo, angústia, depressão, fuga para o álcool, negação e,
principalmente, a vergonha por não mais poder sustentar a própria família são
pontos que tocam a alma.
Pelo amor de Deus, poupe parte do seu dinheiro. A rapidez com que as famílias
perdem tudo demonstra o quanto o grau de endividamento era absurdamente alto.
Os personagens tinham boas casas, bons carros, comiam, bebiam e se vestiam bem.
Na verdade não tinham nada, apenas usufruíam de poder do dinheiro para pagar as
parcelas dos financiamentos e hipotecas. Fica a lição: poupe sempre parte do
seu salário e aprenda a viver com no mínimo 80% do que você ganha. O resto
aplique porque o dia de amanhã ninguém sabe!
O que sobra sempre é a família. Caso você seja do tipo que acredita que na sua
empresa formamos uma grande família o filme irá lhe ajudar a rever esse
conceito. Na hora do "vamos ver" é cada um por si tentando salvar a
própria pele. A esposa de Bobby é um show à parte! Age como uma verdadeira
companheira e apóia o marido tanto emocionalmente quanto financeiramente. Volta
a trabalhar e ainda consegue enxergar o lado bom da situação como ter o marido
mais presente em casa e na educação dos filhos. O cunhado, Jack, faz o que pode
e o que não pode para dar um emprego a ele na sua modesta empresa de obras e
reformas. Sim, o ex-bem sucedido executivo teve de trabalhar na construção
civil para levar algum troco para casa. A cena em que Bobby, sua mulher e dois
filhos perdem a enorme casa e se vêem obrigados a morar na modesta casa dos
seus pais é tocante. Pense duas vezes em troca r momentos da sua vida com a
família por excesso de trabalho, reuniões e tudo aquilo que deixa de lado o que
realmente importa: as pessoas que te amam!
Fé, coragem e entusiasmo. Esse é o mantra que ele aprende, não acredita, mas
que a vida ensina no treinamento de recolocação profissional. Se deu certo
acreditar nas três palavrinhas acima? Corra até a locadora mais próxima e
descubra você mesmo.
Por Paulo Araújo