Algo
me vem na memória.
É bom
recordar?
Acredito
que sim.
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Meu
tempo de estudante.
Estudante
do curso científico.
Colégio
Júlio de Castilhos.
Porto
Alegre.
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Pertencia
a um grupo de estudantes da comunidade judaica.
Fui
convidado juntamente com outro amigo a representar o Brasil num acampamento
destes jovens na Argentina.
Mais
precisamente na cidade de Necochea.
Não
muito distante de Mar Del Plata.
Lá fui
eu.
Minha
primeira viagem internacional.
Ia ser
uma longa viagem...
Saímos
à noite, de ônibus, de Porto Alegre com um transporte combinado até Jaguarão.
Atravessamos
a fronteira.
Estávamos
em Rio Branco, já em território uruguaio.
De Rio
Branco fomos até Montevideo em carro motor (um mini trem de um só vagão) à
semelhança que tinha em Porto Alegre aonde se ia até o Vale dos Sinos, saindo
nas cercanias do Mercado Público.
Chegando
à capital do Uruguai dormimos na casa de um amigo e partimos no outro dia de
ônibus até a fronteira com a Argentina. Dali, de barco cujo nome era Nicolas
Mehanowicz chegamos ao Porto de Buenos Aires - Av. Brasil. Vejam só: Av.
Brasil...
Em Buenos Aires passamos a noite na casa de
outro amigo e na manhã seguinte seguimos de ônibus até Necochea.
Linda
praia.
Cheguei
meio assustado e muito cansado.
Assustado
com a língua.
Com o
número de pessoas.
De
toda a América do Sul tinha representantes.
Todos
falando espanhol
Nós
português.
E
assim foi o início da minha primeira viagem internacional.
Foi
muito legal!
Fui
bem recebido.
E
começamos nosso "acampamento".
Dormíamos
e realizávamos todas nossas tarefas em cabanas.
Muito
interessante!
Sempre
fui ligado à música.
Lá
aprendi bastante.
Ensinaram-me
muito.
Também
recebi um presente.
Um
"chalil"
"Chalil"
é uma flauta doce.
Um
"chalil" feito em Israel da marca Zamir.
Um
"chalil" marrom.
De
madeira.
Comecei
a aprender tocar o instrumento.
Som
magnífico.
Ensinaram-me
um pouco e o restante tive que aprender sozinho.
Um
grupo de argentinos é que me presentearam.
Não
sabia como agradecer.
O
tempo foi passando.
Eu
gostando do acampamento.
Do
aprendizado.
Das
amizades e do meu "chalil".
A
volta foi de trem até Buenos Aires. Trem "Maria fumaça".
Barco
até a fronteira com o Uruguai.
Ônibus
até Montevideo.
Carro
motor até Jaguarão.
Atravessar
a fronteira com o Brasil estando em Jaguarão.
E
finalmente ônibus até Porto Alegre.
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Que
experiência!
Espetacular.
Grandes
recordações.
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Contando
hoje, ninguém acredita que isso possa ter acontecido.
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Tudo
foi interessante.
O
presente do "chalil" foi magnífico.
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Participei
de um grupo de música.
De
música judaica.
Viajamos
e nos apresentamos em muitos lugares.
O
"chalil" estava sempre presente comigo.
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O
tempo passou.
Casei.
Tenho
um filho
Num
acampamento de famílias doei ao meu filho o "chalil"
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Muito
legal!
Ele
tem guardado o presente.
E eu
com saudade.
Do
tempo!
Das
músicas.
De
tudo!
Por David Iasnogrodski