"Gestão e sobrevivência andam lado a
lado."
(Joseph Carvalho)
Se o
término das eleições definiu o cenário político para os próximos anos, o mesmo
não se pode dizer com relação às perspectivas econômicas. Nossa atual
conjuntura aponta para um crescimento próximo a zero neste ano e grande
pessimismo para 2015. A inflação ultrapassou a meta definida, os gastos
públicos bateram recorde, voltamos a ter déficit nas transações internacionais,
a renda per capita encolheu e a indústria perde continuamente participação no
PIB nacional. Até mesmo o desemprego em queda é ilusório, haja vista que
é mensurado com base na estatística de pessoas que estão em busca de emprego,
índice este declinante em decorrência dos programas sociais. Prova disso é que
os pedidos de seguro-desemprego estão em ascensão, podendo atingir nove milhões
de pessoas neste ano, o que pode ser qualificado como, no mínimo,
contraditório.
Economistas e cientistas políticos concordam que
a correção da rota passa pelas reformas política, fiscal e tributária. O
governo precisa elevar sua poupança, reduzir os gastos da máquina e ao mesmo
tempo investir em infraestrutura; necessita aumentar a arrecadação, mas
diminuir a carga tributária para estimular a produção e elevar a
competitividade.
Enquanto estes impasses são discutidos, cabe aos
empresários cuidarem de seus próprios negócios. Afinal, a macroeconomia tem
impacto no longo prazo e a gestão microeconômica tem que ser feita aqui e agora. Seguem sete passos para reflexão:
1. Repensar
o negócio. Analise
seus produtos e/ou serviços considerando as demandas dos consumidores e as
ações de sua concorrência. Você poderá concluir que é hora de reduzir seu
portfólio, enfatizando os itens mais expressivos onde sua competitividade seja
maior, ou ampliar a carteira, buscando atingir novos nichos de mercado.
2. Planejar. Elabore um plano estratégico para um horizonte mínimo
de doze meses, tendo em vista três cenários possíveis: estagnação, com
manutenção das vendas obtidas no decorrer deste ano; retração, com queda nos
resultados; e evolução, com crescimento do faturamento. Prepare-se para agir
diante de qualquer situação conjuntural.
3. Reduzir
custos. Verifique
todos os seus processos, de administrativos a operacionais, a fim de
identificar meios para cortar custos sem evidentemente impactar a qualidade.
Isso poderá conduzir à necessidade de investimentos em infraestrutura
possibilitando elevar a efetividade, ou seja, fazer mais e melhor com menos
recursos físicos e financeiros, envolvendo também menos tempo e pessoas.
4.
Administrar as finanças. A
falta de capital de giro é um dos maiores problemas corporativos, em especial
das empresas de pequeno e médio porte. Por isso, é necessário ter austeridade
na gestão do caixa. Isso significa cuidado na obtenção de crédito e vigília
constante dos índices de endividamento, pois é impossível vencer os juros
compostos. Atenção também com as vendas a prazo e com o sistema de cobrança dos
inadimplentes.
5. Capacitar
a equipe. O
caminho para elevar a produtividade e, consequentemente, a competitividade,
passa pelo investimento em sua equipe. Considerando-se o baixo nível de preparo
com que os profissionais chegam ao mercado, decorrência direta da qualidade de
nosso ensino, cabe a você instruir, treinar e desenvolver seus funcionários.
Assegure-se de que estão alinhados à cultura de sua empresa, que conhecem seus
produtos e/ou serviços, e que entregam aos clientes internos e externos um
atendimento exemplar. Trabalhe para elevar o nível de engajamento dos mesmos,
através de políticas de remuneração variável baseadas no êxito, programas de
reconhecimento e valorização e construção de um clima organizacional próspero.
E, como sempre digo, lembre-se: contrate devagar, mas demita rápido.
6. Vender
mais. O coração de qualquer
empresa está no departamento comercial, responsável pela origem das receitas.
Para apoiá-lo, acione os mais diversos instrumentos de marketing, buscando
mostrar-se ao mercado e difundir seus diferenciais. Você pode optar por
campanhas para promover o desejo e o impulso do consumidor por seu produto e/ou
serviço, ou ações mais institucionais capazes de potencializar a credibilidade
e a reputação da marca. Escolha os meios e veículos adequados para divulgação e
não desconsidere a força das mídias sociais.
7.
Administrar impostos. Quanto
mais competitivo for o seu mercado de atuação, impondo margens menores que
exigem volumes crescentes para alcançar resultados satisfatórios, mais
relevante será o cuidado com a carga tributária que impacta o seu negócio.
Assim, consulte seu contador sobre a viabilidade em alterar seu regime de
tributação do lucro real para o presumido ou aderir ao Simples. Considere
também a possibilidade de desmembrar sua companhia em duas, ambas optantes pelo
Simples, a fim de distribuir o faturamento e usufruir de alíquotas reduzidas.
Consulte também outras formas de elisão fiscal (redução legal de tributos).
Todas estas ações básicas são essenciais para
perseguir a sustentabilidade de seu negócio, embora não sejam as únicas, nem
tampouco garantia plena de sucesso. Mas elas estão ao seu alcance e independem
das decisões tomadas em âmbito político.
Por Tom Coelho.