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Fratura é o acidente de trabalho que mais afasta trabalhadores no Rio Grande do Sul


Publicada em 11/06/2018 às 12:00h 


Das 20 principais causas de acidentes e adoecimentos no estado, sete são fraturas  

Das 20 principais causas de afastamento por acidente ou adoecimento no trabalho no Rio Grande do Sul, sete são por diferentes tipos de fraturas. Em 2017, esses acidentes obrigaram 6.110 trabalhadores a se ausentarem das atividades laborais por mais de 15 dias. O número corresponde a 35,16% de todos os casos registrados no ano passado.

Os dados foram repassados ao Ministério do Trabalho pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) com base nos benefícios concedidos no estado. Os números ainda são preliminares, mas servem para chamar a atenção à prevenção de acidentes e adoecimentos que vitimam trabalhadores diariamente. Em todo o ano de 2017, eles afastaram 17.377 trabalhadores no Rio Grande do Sul, uma média de pelo menos 47 casos por dia.

 

20 principais causas de afastamento por acidentes e adoecimentos no trabalho em 2017*

RS

Fratura ao nível do punho e da mão

1.881

Fratura da perna, incluindo tornozelo

1.215

Lesões do ombro

1.064

Fratura do pé (exceto do tornozelo)

998

Fratura do antebraço

979

Ferimento do punho e da mão

796

Dorsalgia

755

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé

608

Fratura do ombro e do braço

515

Amputação traumática ao nível do punho e da mão

452

Mononeuropatias dos membros superiores

441

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho

416

Sinovite e tenossinovite

378

Fratura de costela(s), esterno e coluna torácica

283

Reações ao "stress" grave e transtornos de adaptação

263

Outras entesopatias

255

Outros transtornos de discos intervertebrais

243

Fratura da coluna lombar e da pelve

239

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular

226

Episódios depressivos

215

Total de benefícios concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho

17.377

Fonte: INSS

* Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os dados são preliminares.

 

Para fazer um alerta sobre a seriedade do tema, o Ministério do Trabalho realiza até novembro a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Canpat). O ministro do Trabalho, Helton Yomura, explica que o objetivo é conscientizar empregadores, trabalhadores e toda a sociedade sobre a necessidade de observar as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho. 

"Precisamos olhar para esse tema com a importância que ele merece. Ter ambientes de trabalho seguros e saudáveis é importante tanto para o trabalhador quanto para o empregador, com benefícios que alcançam todos os brasileiros, economicamente ativos ou não", destaca.

No Brasil, em 2017, foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores afastados devido a acidentes ou adoecimentos laborais. A média foi de 539 afastamentos por dia. As quatro principais causas foram as fraturas, a quinta, dorsalgia.

20 principais causas de afastamento por acidentes e adoecimentos no trabalho em 2017*

Brasil

Fratura ao nível do punho e da mão

22.668

Fratura da perna, incluindo tornozelo

16.911

Fratura do pé (exceto do tornozelo)

12.873

Fratura do antebraço

12.327

Dorsalgia

12.073

Lesões do ombro

10.888

Fratura do ombro e do braço

8.318

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé

5.289

Ferimento do punho e da mão

4.985

Amputação traumática ao nível do punho e da mão

4.682

Sinovite e tenossinovite

4.521

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho

3.888

Mononeuropatias dos membros superiores

3.853

Outros transtornos de discos intervertebrais

3.221

Reações ao "stress" grave e transtornos de adaptação

3.170

Fratura do fêmur

2.964

Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular

2.776

Fratura da coluna lombar e da pelve

2.620

Transtornos internos dos joelhos

2.365

Outros transtornos ansiosos

2.310

Total de benefícios concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho

196.754

Fonte: INSS

* Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os dados são preliminares.

 

Subnotificação

O auditor-fiscal do Ministério do Trabalho Jeferson Seidler informa que as instituições que acompanham o tema acreditam que esses números sejam bem maiores, porque nem todos os empregadores preenchem as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), apesar de essa ser uma obrigação legal. Quando a CAT não é preenchida, o INSS só fica sabendo do acidente se o trabalhador é encaminhado para a perícia médica ou quando ocorre uma fiscalização trabalhista. Nesse último caso, o empregador é autuado, e a empresa, obrigada a garantir os direitos trabalhistas do empregado.

No caso dos adoecimentos a subnotificação é ainda maior, porque a relação entre o trabalho e a doença não é tão imediata e evidente como ocorre com os acidentes. São classificados como adoecimento problemas como dores nas costas, transtornos mentais (estresse, ansiedade e depressão) e LER/Dort, bem como perdas auditivas em expostos a ruídos, doenças pulmonares e câncer ocupacional.

Por causa dessa peculiaridade, frequentemente as CATs deixam de ser emitidas informando do problema. Das 349.579 comunicações de acidente de 2017, 8.798 foram registradas como doenças, o correspondente a 1,96% do total. Na maioria dos casos, é na perícia do INSS que o problema é identificado. E no órgão, o percentual dos benefícios concedidos por adoecimento sobe para 32,55%.

"Até meados de 2007, o perito só considerava acidente ou adoecimento causados pelo trabalho quando o trabalhador chegava ao INSS com a CAT preenchida. Com a entrada em vigor de outras formas de reconhecer o nexo, especialmente o NTEP, houve uma mudança no procedimento do perito. Se ele identificar que o problema está relacionado ao trabalho o afastamento é reconhecido como acidentário, isto é, ocupacional, passando a ser computado nas estatísticas", explica Seidler.

Temas da Canpat 2018

Apesar de a Canpat tratar da prevenção em todas as situações que envolvem o trabalho, a campanha deste ano terá dois focos principais: os adoecimentos e as quedas com diferença de nível, ou seja, quando o trabalhador cai de locais altos, como plataformas elevadas, escadas ou andaimes.

Os adoecimentos estão sendo tratados como prioridade em 2018 porque ainda há um desconhecimento muito grande em relação às doenças causadas pelo trabalho. A Secretária de Inspeção do Trabalho, Maria Teresa Pacheco Jensen, lembra que as empresas tendem a registrar casos de acidentes típicos, quando a relação entre a lesão e o acidente é mais evidente, tais como casos de fraturas, mas tendem a não reconhecer o adoecimento em decorrência do trabalho, como os transtornos mentais e os distúrbios musculoesqueléticos (LER/Dort), que também afastam trabalhadores e podem causar danos permanentes.

"Há uma subnotificação muito grande das doenças causadas pelo trabalho no Brasil. Elas representam menos de 2% das comunicações no país e 1% dos óbitos. Há necessidade de jogar luz sobre esse assunto", explica.

Já as quedas de trabalho em altura chamam a atenção pela gravidade, apesar de o número de ocorrências parecer pequeno diante do total de acidentes. Das 349.579 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) entregues ao INSS em 2017, referentes a acidentes típicos e doenças, desconsiderados os acidentes de trajeto, em 37.057 a causa envolveu quedas com diferença de nível, 10,6% do total. Esse percentual sobe, no entanto, quando contabilizados os acidentes fatais. Das 1.111 mortes causadas pelas atividades laborais, 161 foram causadas por quedas. Isso é 14,49 % do total.

"As quedas de altura continuam representando uma das principais causas de acidentes graves e fatais. Ocorre que a prevenção desse tipo de acidente está muito bem definida, especialmente após a entrada em vigora da NR-35, que trata do trabalho em altura. É preciso que todos saibam e se envolvam na prevenção das quedas", salienta a diretora do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, Eva Patrícia Gonçalo Pires.

No Rio Grande do Sul, dos 30.519 acidentes registrados em CATs, 2.859 foram causados por quedas de trabalho em altura. Foram registradas sete mortes com esse motivo no estado.

Causas dos Acidentes

RS

Impacto

8.818

Queda de trabalho em altura

2.859

Atrito ou Abrasão

3.005

Aprisionamento

1.824

Queda de trabalho em mesmo nível

1.790

Contato com pessoas doentes ou material infeccioso

2.714

Outros

4.763

Não informado

4.746

Total Geral

30.519

Fonte: CATs

* Não são levados em conta os acidentes de trajeto

 

Causas das Mortes

RS

Impacto

29

Queda de trabalho em altura

7

Energia elétrica

7

Aprisionamento

4

Outros

9

Não informado

5

Total Geral

61

Fonte: CATs

* Não são levados em conta os acidentes de trajeto

 

Durante a campanha de 2018, o Ministério divulgará cartilhas sobre trabalho em altura; cartilha sobre manutenção em fachadas; manual consolidado explicativo sobre a NR-35, que trata sobre condições seguras dos trabalhos em altura; Guia de Procedimentos da Inspeção do Trabalho (Manual de Fiscalização do trabalho em altura e Manual de Fiscalização do PCMSO) e ainda cartilha sobre adoecimento ocupacional, que buscará orientar trabalhadores e empregadores sobre o tema.

Além disso, serão produzidos cartazes, banners e folhetos, que serão distribuídos pelas superintendências regionais nos estados e também por meio digital. O coordenador da Canpat 2018, José Almeida, explica que a intenção é difundir o maior número possível de informações para que todas as pessoas conheçam as causas e possam, assim, prevenir acidentes e adoecimentos. 

"A informação é a ferramenta mais eficiente para diminuir acidentes e reduzir os adoecimentos. E ela é importante tanto para os empregadores, que devem garantir ambientes saudáveis e seguros nas suas empresas, quanto para os trabalhadores, que precisam observar e seguir as normas existentes para não entrarem para as estatísticas", observa.

 

Fonte: Ministério do Trabalho/Assessoria de Imprensa









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