Das 20
principais causas de acidentes e adoecimentos no estado, sete são fraturas
Das
20 principais causas de afastamento por acidente ou adoecimento no trabalho no
Rio Grande do Sul, sete são por diferentes tipos de fraturas. Em 2017, esses
acidentes obrigaram 6.110 trabalhadores a se ausentarem das atividades laborais
por mais de 15 dias. O número corresponde a 35,16% de todos os casos
registrados no ano passado.
Os
dados foram repassados ao Ministério do Trabalho pelo Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) com base nos benefícios concedidos no estado. Os
números ainda são preliminares, mas servem para chamar a atenção à prevenção de
acidentes e adoecimentos que vitimam trabalhadores diariamente. Em todo o ano
de 2017, eles afastaram 17.377 trabalhadores no Rio Grande do Sul, uma média de
pelo menos 47 casos por dia.
20
principais causas de afastamento por acidentes e adoecimentos no trabalho em
2017*
|
RS
|
Fratura ao nível
do punho e da mão
|
1.881
|
Fratura da
perna, incluindo tornozelo
|
1.215
|
Lesões do ombro
|
1.064
|
Fratura do pé
(exceto do tornozelo)
|
998
|
Fratura do
antebraço
|
979
|
Ferimento do
punho e da mão
|
796
|
Dorsalgia
|
755
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé
|
608
|
Fratura do ombro
e do braço
|
515
|
Amputação
traumática ao nível do punho e da mão
|
452
|
Mononeuropatias
dos membros superiores
|
441
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho
|
416
|
Sinovite e
tenossinovite
|
378
|
Fratura de
costela(s), esterno e coluna torácica
|
283
|
Reações ao
"stress" grave e transtornos de adaptação
|
263
|
Outras
entesopatias
|
255
|
Outros
transtornos de discos intervertebrais
|
243
|
Fratura da
coluna lombar e da pelve
|
239
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular
|
226
|
Episódios
depressivos
|
215
|
Total de
benefícios concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho
|
17.377
|
Fonte:
INSS
*
Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os dados são
preliminares.
Para
fazer um alerta sobre a seriedade do tema, o Ministério do Trabalho realiza até
novembro a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Canpat). O
ministro do Trabalho, Helton Yomura, explica que o objetivo é conscientizar
empregadores, trabalhadores e toda a sociedade sobre a necessidade de observar
as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho.
"Precisamos
olhar para esse tema com a importância que ele merece. Ter ambientes de
trabalho seguros e saudáveis é importante tanto para o trabalhador quanto para
o empregador, com benefícios que alcançam todos os brasileiros, economicamente
ativos ou não", destaca.
No
Brasil, em 2017, foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores afastados
devido a acidentes ou adoecimentos laborais. A média foi de 539 afastamentos
por dia. As quatro principais causas foram as fraturas, a quinta, dorsalgia.
20
principais causas de afastamento por acidentes e adoecimentos no trabalho em
2017*
|
Brasil
|
Fratura ao nível
do punho e da mão
|
22.668
|
Fratura da
perna, incluindo tornozelo
|
16.911
|
Fratura do pé
(exceto do tornozelo)
|
12.873
|
Fratura do
antebraço
|
12.327
|
Dorsalgia
|
12.073
|
Lesões do ombro
|
10.888
|
Fratura do ombro
e do braço
|
8.318
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé
|
5.289
|
Ferimento do
punho e da mão
|
4.985
|
Amputação
traumática ao nível do punho e da mão
|
4.682
|
Sinovite e
tenossinovite
|
4.521
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho
|
3.888
|
Mononeuropatias
dos membros superiores
|
3.853
|
Outros
transtornos de discos intervertebrais
|
3.221
|
Reações ao
"stress" grave e transtornos de adaptação
|
3.170
|
Fratura do fêmur
|
2.964
|
Luxação, entorse
e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular
|
2.776
|
Fratura da
coluna lombar e da pelve
|
2.620
|
Transtornos
internos dos joelhos
|
2.365
|
Outros
transtornos ansiosos
|
2.310
|
Total de
benefícios concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho
|
196.754
|
Fonte:
INSS
|
*
Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os dados são
preliminares.
Subnotificação
O
auditor-fiscal do Ministério do Trabalho Jeferson Seidler informa que as
instituições que acompanham o tema acreditam que esses números sejam bem
maiores, porque nem todos os empregadores preenchem as Comunicações de
Acidentes de Trabalho (CATs), apesar de essa ser uma obrigação legal. Quando a
CAT não é preenchida, o INSS só fica sabendo do acidente se o trabalhador é
encaminhado para a perícia médica ou quando ocorre uma fiscalização
trabalhista. Nesse último caso, o empregador é autuado, e a empresa, obrigada a
garantir os direitos trabalhistas do empregado.
No
caso dos adoecimentos a subnotificação é ainda maior, porque a relação entre o
trabalho e a doença não é tão imediata e evidente como ocorre com os acidentes.
São classificados como adoecimento problemas como dores nas costas, transtornos
mentais (estresse, ansiedade e depressão) e LER/Dort, bem como perdas auditivas
em expostos a ruídos, doenças pulmonares e câncer ocupacional.
Por
causa dessa peculiaridade, frequentemente as CATs deixam de ser emitidas
informando do problema. Das 349.579 comunicações de acidente de 2017, 8.798
foram registradas como doenças, o correspondente a 1,96% do total. Na maioria
dos casos, é na perícia do INSS que o problema é identificado. E no órgão, o
percentual dos benefícios concedidos por adoecimento sobe para 32,55%.
"Até
meados de 2007, o perito só considerava acidente ou adoecimento causados pelo
trabalho quando o trabalhador chegava ao INSS com a CAT preenchida. Com a
entrada em vigor de outras formas de reconhecer o nexo, especialmente o NTEP,
houve uma mudança no procedimento do perito. Se ele identificar que o problema
está relacionado ao trabalho o afastamento é reconhecido como acidentário, isto
é, ocupacional, passando a ser computado nas estatísticas", explica Seidler.
Temas
da Canpat 2018
Apesar
de a Canpat tratar da prevenção em todas as situações que envolvem o trabalho,
a campanha deste ano terá dois focos principais: os adoecimentos e as quedas
com diferença de nível, ou seja, quando o trabalhador cai de locais altos, como
plataformas elevadas, escadas ou andaimes.
Os
adoecimentos estão sendo tratados como prioridade em 2018 porque ainda há um
desconhecimento muito grande em relação às doenças causadas pelo trabalho. A
Secretária de Inspeção do Trabalho, Maria Teresa Pacheco Jensen, lembra que as
empresas tendem a registrar casos de acidentes típicos, quando a relação entre
a lesão e o acidente é mais evidente, tais como casos de fraturas, mas tendem a
não reconhecer o adoecimento em decorrência do trabalho, como os transtornos
mentais e os distúrbios musculoesqueléticos (LER/Dort), que também afastam
trabalhadores e podem causar danos permanentes.
"Há
uma subnotificação muito grande das doenças causadas pelo trabalho no Brasil.
Elas representam menos de 2% das comunicações no país e 1% dos óbitos. Há
necessidade de jogar luz sobre esse assunto", explica.
Já
as quedas de trabalho em altura chamam a atenção pela gravidade, apesar de o
número de ocorrências parecer pequeno diante do total de acidentes. Das 349.579
Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) entregues ao INSS em 2017,
referentes a acidentes típicos e doenças, desconsiderados os acidentes de
trajeto, em 37.057 a causa envolveu quedas com diferença de nível, 10,6% do
total. Esse percentual sobe, no entanto, quando contabilizados os acidentes
fatais. Das 1.111 mortes causadas pelas atividades laborais, 161 foram causadas
por quedas. Isso é 14,49 % do total.
"As
quedas de altura continuam representando uma das principais causas de acidentes
graves e fatais. Ocorre que a prevenção desse tipo de acidente está muito bem
definida, especialmente após a entrada em vigora da NR-35, que trata do
trabalho em altura. É preciso que todos saibam e se envolvam na prevenção das
quedas", salienta a diretora do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho,
Eva Patrícia Gonçalo Pires.
No
Rio Grande do Sul, dos 30.519 acidentes registrados em CATs, 2.859 foram
causados por quedas de trabalho em altura. Foram registradas sete mortes com
esse motivo no estado.
Causas
dos Acidentes
|
RS
|
Impacto
|
8.818
|
Queda de
trabalho em altura
|
2.859
|
Atrito ou
Abrasão
|
3.005
|
Aprisionamento
|
1.824
|
Queda de
trabalho em mesmo nível
|
1.790
|
Contato com
pessoas doentes ou material infeccioso
|
2.714
|
Outros
|
4.763
|
Não informado
|
4.746
|
Total Geral
|
30.519
|
Fonte:
CATs
*
Não são levados em conta os acidentes de trajeto
Causas
das Mortes
|
RS
|
Impacto
|
29
|
Queda de
trabalho em altura
|
7
|
Energia elétrica
|
7
|
Aprisionamento
|
4
|
Outros
|
9
|
Não informado
|
5
|
Total Geral
|
61
|
Fonte: CATs
* Não
são levados em conta os acidentes de trajeto
Durante a
campanha de 2018, o Ministério divulgará cartilhas sobre trabalho em altura;
cartilha sobre manutenção em fachadas; manual consolidado explicativo sobre a
NR-35, que trata sobre condições seguras dos trabalhos em altura; Guia de
Procedimentos da Inspeção do Trabalho (Manual de Fiscalização do trabalho em
altura e Manual de Fiscalização do PCMSO) e ainda cartilha sobre adoecimento
ocupacional, que buscará orientar trabalhadores e empregadores sobre o tema.
Além disso,
serão produzidos cartazes, banners e folhetos, que serão distribuídos pelas
superintendências regionais nos estados e também por meio digital. O
coordenador da Canpat 2018, José Almeida, explica que a intenção é difundir o
maior número possível de informações para que todas as pessoas conheçam as
causas e possam, assim, prevenir acidentes e adoecimentos.
"A
informação é a ferramenta mais eficiente para diminuir acidentes e reduzir os
adoecimentos. E ela é importante tanto para os empregadores, que devem garantir
ambientes saudáveis e seguros nas suas empresas, quanto para os trabalhadores,
que precisam observar e seguir as normas existentes para não entrarem para as
estatísticas", observa.
Fonte:
Ministério do Trabalho/Assessoria de Imprensa