"Necessário é que se reformem as
instituições humanas. Isso depende da educação.
Não da educação que faz homens instruídos, mas daquela que forma homens de
bem."
(Allan Kardec)
Inteligência
corporativa não emana de máquinas, sistemas ou mesmo tecnologia, mas de
pessoas. Daí a importância do papel desempenhado pelo RH nas organizações.
Primeiro foi o "RH burocrático", representado pelo chefe de pessoal, seguido
pelo "RH operacional", comandado pelo diretor de relações industriais. Ambos,
velhos conhecidos dos profissionais da área, simbolizando o lendário DP, ou
departamento de pessoal, berço dos recursos humanos. Um legado getulista, das
conquistas perpetradas pela CLT e das garantias constitucionais.
Os anos de 1980 trouxeram ao cenário o "RH negociador", centrado na resolução
de conflitos sindicais decorrentes da crise do emprego que caracterizou a
chamada "década perdida".
Depois surgiu o "RH gerencial", com foco nas pessoas, recebendo inclusive
denominações como "talentos humanos" ou "gestão de pessoas". O intuito era
valorizar o "capital humano" como grande diferencial competitivo.
Mais recentemente entrou em cena o "RH estratégico", uma versão com título
pomposo e finalidade de aproximar o departamento das decisões corporativas,
deixando de ser mero coadjuvante.
Estas várias visões de RH coexistem, embora o burocrático e operacional,
eminentemente técnicos, vicejem na maioria das empresas. Se o gerencial
humanizou as corporações, o estratégico voltou a distanciá-las das pessoas,
diante da preocupação com o negócio e o resultado traduzido pelo azul na última
linha do balanço.
Ainda que harmonizar estes papéis seja um caminho digno de ser perseguido, um
propósito maior necessita ser considerado. Eu o chamo de "RH educador" e seu
preceito básico é instruir os colaboradores não apenas para a empresa, mas para
a vida.
A razão é simples. Educar para a empresa contempla o justo objetivo de buscar a
lucratividade. Porém, educar para a vida significa respeitar os
imperativos individuais e sociais, suprindo um vácuo há muito deixado pelas
instituições públicas e continuamente absorvidas pelas organizações privadas.
São missões deste RH educador promover a qualidade de vida, mediante refeições
nutricionalmente balanceadas e campanhas permanentes de combate ao alcoolismo,
tabagismo e outras drogas. Desenvolver competências técnicas, comportamentais,
relacionais e valorativas através de programas de treinamento em todos os
níveis hierárquicos. Estimular atividades culturais e práticas de
responsabilidade socioambiental. Ensinar planejamento financeiro para o bom
equilíbrio do orçamento familiar. E estes são apenas alguns exemplos.
O RH não é mais ou menos importante do que qualquer outra divisão dentro de uma
companhia, mas igualmente relevante, dentro de uma visão sistêmica. Porém, é o
único que pode ser o esteio de transformações edificantes, porque não usa
cimento e areia, números e dados como matéria-prima, mas corações e mentes.
Por Tom Coelho