"Sabemos que o registro profissional é
imprescindível para a atuação no mercado de trabalho em determinadas áreas do
conhecimento, entre elas a Contabilidade. Convém lembrarmos que, por meio dele,
a sociedade pode certificar-se de que o profissional está preparado e
legalmente habilitado para desempenhar sua função. Com efeito, a obtenção do
registro indica que as etapas essenciais do conhecimento contábil foram
atingidas, a saber, a formação acadêmica em Ciências Contábeis por meio de
Instituições de Ensino Superior reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC)
e a aprovação no Exame de Suficiência (previsto no Art. 12 do Decreto-Lei n.º
9295/1946, com redação dada pela Lei n.º 12.249/2010), estabelecido pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Em
um cenário de mudanças constantes, com a convergência aos padrões contábeis
internacionais (International Financial Reporting Standards -
IFRS) e a presença crescente de empresas brasileiras no mercado internacional e
de empresas estrangeiras atuando no País, a demanda por profissionais
qualificados e com um perfil mais voltado para os aspectos estratégicos do
mundo dos negócios tem se tornado cada vez maior.
Nessa perspectiva, o profissional da contabilidade precisa conhecer muito bem
tanto a teoria quanto a prática contábil para conseguir interpretar e aplicar
corretamente as normas contábeis. O Exame de Suficiência busca justamente verificar
esses requisitos e garantir que o profissional em atividade está devidamente
qualificado, conferindo-lhe maior credibilidade, ao mesmo tempo que serve como
proteção para a sociedade, resguardando-a de profissionais não qualificados.
Tendo
em vista a importância da atuação legal no mercado de trabalho, o Conselho atua
no sentido de impedir o exercício da profissão por quem não está habilitado
para tal, assim como exerce a sua atividade fiscalizatória sobre aqueles que,
embora habilitados, não estejam observando as normas da profissão, tanto
técnicas quanto profissionais.
No
gráfico a seguir, apresentamos os números atuais de registros dos "contadores"
e dos "técnicos em contabilidade".
Número
de Registros dos profissionais da Contabilidade
Fonte:
Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
O
número de registros de técnicos em contabilidade apresentou uma queda sensível
desde o ano de 2010, passando de 203.194 (dezembro de 2010) para 175.645 (abril
de 2018), redução de 13,55% no período. Devemos, contudo, lembrar que o CFC
deixou de acolher novos registros de técnicos em contabilidade a partir de
junho de 2015. Sendo assim, era de se esperar uma estabilidade e até mesmo a
queda no número de registros desses profissionais.
Quanto
aos contadores, o número de registros apresentou uma sequência de altas desde
2011, passando de 290.208 (dezembro de 2011) para 348.393 (dezembro de 2016).
No entanto, a partir de 2016 esse número apresentou uma leve queda, passando
para 346.482 (abril de 2018), o que representa uma redução de 0,54%.
Nos
últimos anos, a economia brasileira tem passado por momentos de turbulência. A
retração do PIB chegou a 3,5% em 2015 e 2016, com retomada tímida de 1% em
2017, de acordo com dados do IBGE. A média anual de pessoas desocupadas passou
de 6,7 milhões em 2014 para 13,2 milhões em 2017, conforme as estatísticas da
PNAD. A inflação atingiu o patamar de 10,57% em 2015, passando para 6,29% em
2016 e 2,95% em 2017. A Taxa Selic, por sua vez, atingiu 14,15% ao ano entre os
anos de 2015 e 2016, valor mais alto desde 2007, chegando a 7,40% em 2017, de
acordo com dados do Banco Central. Diante dessas estatísticas, constatamos que,
apesar do cenário conturbado vivenciado recentemente pela economia, o número de
registros não foi afetado de forma relevante.
Este
fato ressalta a importância da Contabilidade tanto em tempos de bonança quanto
em tempos de crise. O profissional da contabilidade torna-se indispensável em
momentos nebulosos, já que oferece informações e recomendações estratégicas que
auxiliam os empresários a tomarem as melhores decisões. Compreendemos, pois,
que é especialmente nesses períodos difíceis que os empreendedores devem se
aliar aos profissionais da contabilidade, visando reduzir as perdas e garantir
o melhor desempenho para viabilizar seus negócios.
Esse
tema foi abordado inclusive pelo artigo "O novo perfil de uma das profissões
mais estáveis no país", publicado pela revista Exame em dezembro de 2017. A
matéria resgata a importância do profissional da contabilidade em todos os
momentos da conjuntura econômica, além de destacar a necessidade de sua
atualização e adaptação quanto às novidades nos padrões tecnológicos.
Outros
fatores que podemos apontar para explicar a queda de registros são aqueles que
podemos chamar de "causas naturais" como, por exemplo, aposentadoria e óbitos.
Em contrapartida a esses fatores possíveis para essa queda, o número de
concessões de novos registros não tem aumentado o suficiente para amenizá-la.
Por
essa razão, a esse respeito é importante lembrar que, de acordo com o Art. 4º
da Resolução n.º 1.531, no ano de obtenção do registro profissional, é
concedido um desconto de 50% ao valor da anuidade. Por outro lado, a taxa
de aprovação no Exame de Suficiência apresentou tendência decrescente nos
últimos anos, como pode ser observado no gráfico a seguir.
Taxa
média de aprovação no Exame de Suficiência de Contadores - Regiões
Fonte:
Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
Após
atingir o maior nível médio anual, em 2014, que foi de 45,56%, o índice de
aprovação seguiu em queda, chegando a 26,15% em 2017. De maneira geral, a queda
na aprovação ocorrida nos últimos anos pode ter relação com a expansão do
ensino superior que parece não ter sido acompanhada pela qualidade necessária.
Vale mencionar que, entre 2011 e 2017, o número de inscritos no Exame de
Suficiência mais que triplicou, passando de uma média anual de 16.672, em 2011,
para 53.357, em 2017.
Abordando
o âmbito regional, as regiões Sul e Sudeste são as que obtiveram as maiores
taxas médias de aprovação para o período de 2011 a 2017, com valores de 39,7% e
36,8%, respectivamente. É interessante destacar que esses valores estão acima
da média nacional para o período, que foi de 32,3%.
Corroborando
esse desempenho, essas regiões estão entre as que obtiveram as melhores médias
no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2015, aplicado aos
estudantes concluintes do curso de Ciências Contábeis. A média geral das notas
obtidas pela região Sudeste foi de 42,1, enquanto que pela região Sul foi de
40,0, equiparadas a média nacional de 40,6.
Inquestionavelmente,
é notório que o Exame de Suficiência proporciona um salto em direção à
qualificação na área da Contabilidade. Urge salientar que a avaliação é
benéfica por pelo menos três fatores fundamentais: (i) oferecer à sociedade
profissionais mais gabaritados a exercerem suas funções; (ii) fortalecer a
classe pela valorização de seus integrantes, e; (iii) estimular a qualidade dos
cursos de Ciências Contábeis.
Além
disso, podemos mencionar que o Exame acaba promovendo uma competição saudável
entre as instituições de ensino, estimulando os candidatos na busca por
conhecimento e na melhor preparação a fim de obter o melhor desempenho. De
fato, essa situação estabelecida pode contribuir para o maior zelo quanto à
grade de disciplinas e conteúdos ministrados nos cursos de Ciências Contábeis
espalhados por todo o país.
Inserida
na modernidade e com valores imutáveis, a Contabilidade segue respondendo por um
importante espaço no cenário econômico brasileiro e tem buscado se consolidar
cada vez mais. Os parâmetros legais estabelecidos pelo Conselho Federal de
Contabilidade auxiliam nesse processo, buscando maior qualificação dos serviços
prestados à sociedade e valorização dessa profissão, que é uma das mais
demandadas no mercado de trabalho, cujos profissionais são essenciais a
qualquer empreendimento.
Fonte: CFC/e-Auditoria