"Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você."
(Steve Beckman)
No mundo corporativo de hoje os
profissionais são constantemente colocados à prova mediante dilemas que lhes
são apresentados. Por exemplo, o que fazer quando a empresa exige tanto do
executivo que ele tem que escolher entre a vida pessoal e a profissional?
Primeiro, vamos compreender o que é um dilema.
Etimologicamente, trata-se de uma decisão entre duas alternativas
contraditórias e mutuamente insatisfatórias. Você quer as duas coisas, mas só
pode optar por uma. A escolha é tensa, árdua e, por vezes, dolorosa.
Em 1982, o diretor norte-americano Alan J.
Pakula, à época já consagrado pelo filme "Todos os homens do presidente", que
narrava a investigação do caso Watergate, comandou Meryl Streep e Kevin Kline
na obra-prima "A escolha de Sofia". O filme contava a história de uma mãe
polonesa que durante a Segunda Guerra Mundial é forçada por um soldado nazista
a escolher um de seus dois filhos para ser morto sob pena de ambos serem
executados -um autêntico dilema.
De volta às empresas, quem disse que carreira e
vida pessoal são faces de uma mesma moeda que não pode manter-se em pé? O
equilíbrio, do latim aequilibrium, remete à manutenção do mesmo nível (aequus)
das balanças (libra). Em suma, conciliar vida pessoal e profissional não é uma
escolha de Sofia!
É importante compreender que estes dois
universos são indissociáveis, ou seja, não há como separar um do outro,
acreditando que o profissional, ao adentrar os domínios da empresa, deixará do
lado de fora problemas como um filho enfermo, contas atrasadas ou
relacionamento conjugal em crise, dedicando-se integralmente às metas
corporativas com plena produtividade.
Decerto há momentos que nos exigem esforço e dedicação
superiores. Horas de trabalho que avançam pela madrugada, por dias sucessivos,
regadas a fast food e breves cochilos, negligenciando a família e os interesses
pessoais. Tudo para concluir um projeto, desenvolver um produto ou conquistar
um novo cliente. O problema ocorre quando um evento circunstancial como este se
torna rotineiro.
Se você é solteiro ou está em início de
carreira, é possível que aceite de bom grado assumir o papel de workaholic
imposto pela empresa -ou autoimposto. E sentir-se feliz e realizado com esta
opção.
Porém, se as demandas corporativas estão além do
que você gostaria, trazendo-lhe desconforto, assuma as rédeas da situação.
Trabalhe com afinco durante sua jornada, aprenda a delegar tarefas operacionais
e demonstre ao seu empregador que não é a quantidade de horas, mas a qualidade
das horas trabalhadas o fator determinante para seu bom desempenho e o sucesso
da organização.
Procure dialogar com seu superior hierárquico,
determinando uma agenda positiva, capaz de atender expectativas da empresa e
contemplar seus interesses pessoais.
Porém, se ficar claro que a corporação na qual
você está tem perfil patológico ou é liderada por pessoas que não enxergam nada
além da última linha do balanço -apesar de toda uma retórica voltada à
motivação e incentivo à qualidade de vida- considere buscar uma recolocação no
curto ou médio prazo.
Lembre-se de que sua escolha não deve ser entre a
vida pessoal ou profissional, mas entre ser feliz ou infeliz.
Por Tom Coelho