Conta-se uma estória que há
muitos anos atrás um determinado fazendeiro, necessitando ampliar seus galpões,
resolveu cortar uma árvore para ali construir mais um galpão. Com isso,
resolveria dois problemas: teria o espaço e as primeiras madeiras para
construir. Tratava de uma árvore de reflorestamento, mas era grande e forte. E,
tinha mais uma curiosidade, a árvore falava - expressava seus sentimentos. Então,
a cada machadada que o fazendeiro dava a árvore reclamava do fio do aço do
machado, da força do fazendeiro, etc. Enfim, a árvore praguejava mais e mais a
cada pancada recebida do machado. Ao mesmo tempo, ela usava todas as suas
forças para manter-se em pé.
Como a árvore era muito
resistente e, após diversos golpes com o machado sem perceber muito sucesso, o
fazendeiro resolveu colocar uma cunha de madeira na parte que já havia cortado.
A partir daí, com uma grande marreta foi batendo na cunha de madeira até que
venceu e a árvore caiu. Enquanto a árvore caia ela gemia e falava:
- Quanto ao aço do machado e da marreta ou a força do
fazendeiro, eu não reclamo tanto, não são da minha espécie. Mas, não posso
admitir e jamais me esquecerei de que uma cunha de madeira, da minha espécie,
me traiu. Dói muito menos o ataque de um desconhecido que o de um amigo.
Lições:
Trazendo essa estória para o
nosso dia a dia, embora seja sabido que não devemos atacar ninguém, muito menos
devemos insultar aqueles que estão mais próximos de nós. No âmbito pessoal, a
nossa família, nossos amigos e nossos vizinhos. No âmbito profissional, os
nossos colegas de trabalho e/ou de profissão. No âmbito empresarial, os que
atuam na nossa atividade (nossos concorrentes).
Diariamente, muitas cunhas
de madeiras são usadas para derrubar árvores. Mas, as árvores não falam, exceto
essa árvore da nossa estória. Portanto, ela se expressou. Falou de sua tristeza
pela traição da cunha de madeira (mesma espécie). Nós, quer num ato isolado
(numa machadada) ou tentando resolver mais de um problema de uma vez só (cortar
a árvore para liberar espaço e para ter parte da madeira para construir) machucamos
quem nos rodeia. Para quem bate, parece que é normal. Pois, como regra, os feridos
não falam, guardam para si a dor da traição. Mas, quem apanha não esquece. Fica
ferido.
Muitas vezes aqueles que
estão a nossa volta conseguem suportar as pancadas de um estranho (machado) e
manter-se de pé. Mas, quando recebe um golpe dos seus (da cunha de madeira) não
resiste e cai. É derrotado. Assim como aquela cunha foi fundamental para
derrubar aquela árvore, a minha e a sua traição pode ser determinante na queda
de uma pessoa que por nós foi ferida.
Portanto, vamos nos policiar
para não ferir ninguém (pessoa de bem), muito menos, aqueles que estão perto de
nós (familiares, amigos, vizinhos, colegas e concorrentes). Mas, se deslizarmos
e ferirmos alguém, vamos pedir desculpas. Pedir perdão. Se você está do outro
lado e foi machucado, perdoe. A vida é muito curta para a gastarmos carregando
mágoas.
Marcone Hahan de Souza
Contador e Administrador. Professor Universitário. Sócio da
M&M Assessoria Contábil