"Amamos quem está conosco não por quem a pessoa é,
mas por quem nos tornamos na presença dela."
(Gabriel García Márquez)
Coloque de
lado, por alguns instantes, os problemas políticos e econômicos que atingem
nosso país, os ataques terroristas que vicejam pelo mundo, as fontes de
ansiedade e angústia que nos afligem e faça uma breve reflexão sobre o que
realmente importa: o amor e as relações afetivas que regem sua vida.
O amor está no olhar. Há um brilho especial e único, facilmente reconhecido por
qualquer pessoa que esteja no entorno a observar. São os mesmos olhos a marejar
em situações de tristeza ou alegria extrema, e que também se comprimem pelo
ódio em situações de decepção. São os olhos que admiram e contemplam fotos do passado,
responsáveis por registrar momentos únicos eternizados na memória e no coração.
O amor está nos ouvidos. Na capacidade de escutar, e não apenas de ouvir. O
silêncio como respeito e não por indiferença. Isso envolve empatia, declinando
de convicções pessoais e, por vezes, renunciando em favor do outro. É
compreender e entender, aprendendo a perdoar até o que racionalmente seria
inadmissível. Ouvidos que estimam a voz, a melodia das palavras, uma música em
comum que resgata ocasiões especiais. Apreciar uma história como quem ouve um
pequeno conto infantil ditado pelos pais ao lado da cama.
O amor está no olfato. No prazer de sentir a fragrância da pessoa amada, não
necessariamente perfumada por alguma essência industrializada. No aroma que
emana da cozinha enquanto um prato tão simples quanto especial é preparado com
carinho e esmero.
O amor está no paladar. No sabor e prazer de um beijo que acelera o pulso e que
idealmente não deveria ter fim. Está na satisfação de compartilhar uma
refeição, não pelo alimento em si, mas pela companhia.
O amor está no toque. No carinho de um abraço fraterno que ilustra uma amizade
autêntica, por vezes cultivada há anos e que se manifesta em um encontro
eventual cuja intensidade remete à primeira vez. Em relações harmoniosas
marcadas por bocas que se encontram, braços que se enlaçam, corpos que se
aquecem.
Amar é tolerância e concessão. Não é receber, é dar, desejando o bem ao outro.
É superar adversidades. É viver com intensidade e saber lidar com a dor, o
sofrimento e a frustração. É ser melhor com o outro, ao lado do outro.
O amor se aprende: quanto mais se conhece, mais se ama. O amor se
desenvolve: quanto mais se desfruta, mais cresce. O amor se vive: com
acolhimento, carinho e generosidade.
Cuide bem de quem você ama. E feliz Dia dos Pais!
Por Tom Coelho