Ser ou não ser inovar? Considero a mesma
questão, pois todo empreendedor de sucesso é um inovador. Ou não?
Ele pode empreender numa barraquinha de
cachorro-quente, por exemplo. Mas só terá sucesso se inovar. Seja na fórmula do
molho, na apresentação do produto, como divulgar ou no atendimento. Quem nunca
foi naquele lugar "estranho" que ninguém se anima a entrar na
cozinha, mas que o atendimento é sensacional?
Feita a primeira ressalva, quero esse tema,
baseados em dois momentos distintos da minha vida.
Aos 16 anos, surgiu a oportunidade de
trabalhar nas férias escolares, para ganhar um dinheirinho, já que minha
família não era rica e eu queria certas "coisas", que ela não poderia me dar na
época.
Consegui uma oportunidade de trabalhar num
supermercado como empacotador na frente de caixa. É aquela pessoa que coloca os
produtos nas sacolas para os clientes.
Eu tinha dois locais que poderia escolher. Um
próximo de casa e outro mais longe. Eu escolhi o mais longe. Sabe porquê?
Porque o supermercado mais longe tinha
estacionamento.
Eu pensei comigo: se quero ganhar uma grana
extra, no supermercado mais longe, terei a oportunidade de levar as compras até
o carro do cliente (sim, se fazia isso há 30/40 anos) e assim ganhar uma
gorjeta legal. Minha escolha dobrou meus rendimentos, pois ao contrário da
maioria dos funcionários daquela loja, eu fazia sempre questão de levar as
sacolas nos carros dos clientes no estacionamento.
Procurava inclusive, aqueles clientes de mais
idade ou que tinham enchido o carrinho. O famoso "rancho", que hoje
quase não existe mais.
Isso é empreender?
Com certeza sim, apesar de que, na época, não
tinha ideia do que esse representava. Era apenas uma percepção de um garoto de
16 anos, que descobriu uma forma de ganhar mais, trabalhando o mesmo tempo dos
demais.
Claro que alguém vai dizer "que eu era
funcionário. Como assim um empregado empreender?" Pra você que pensou
isso, sugiro continuar a leitura...
Eu soube otimizar o período e, antes que
muitos pensem que "perdi" o tempo das férias trabalhando, posso afirmar que
foram as férias que mais me diverti, pois tinha dinheiro pra isso.
Hoje tenho consciência que foi uma atitude
empreendedora e, porque não, inovadora na forma de ganhar meu próprio dinheiro.
Eu soube prestar atenção nas opções que o mercado me oferecia e entendi como
ganhar mais no mesmo tempo de trabalho.
O 2º momento aconteceu há dois anos, ou seja,
meio século depois.
Numa seleção para contratar uma pessoa para
minha agência, me deparei com três currículos muito semelhantes, na experiência
e nas demais informações.
Eu gosto sempre de participar da entrevista,
pois entendo que se analisa o currículo, mas se contrata a pessoa. Nada melhor
do que olho no olho, para identificar traços da personalidade de quem, vai
passar boa parte dos seus dias, lado a lado com você.
E na entrevista, além daquelas perguntas de
praxe, questionei os candidatos sobre onde gostariam de estar daqui a 2/3 anos.
Dois candidatos disseram que gostariam de crescer na empresa, fazer carreira.
Enfim, um discurso comum e "vendedor" de si próprio. Como quem diz: "vou
agradar o meu futuro chefe com esse blá, blá, de vestir a camisa"... :((
O terceiro candidato me respondeu dizendo que
queria muito trabalhar comigo, pois sabia do conceito que a agência tinha no
mercado de investir na formação mão de obra qualificada e como ela queria, no
futuro, ser dona da sua própria agência, entendia que era uma ótima
oportunidade.
Ou seja, ela utilizaria o tempo para
desenvolver o trabalho que tinha sido contratada, mas que iria aprender aquilo
que era seu objetivo: montar seu próprio negócio, sendo remunerada pra isso.
Não são dois momentos idênticos?
Cada um, a seu modo, pensando em como
utilizar melhor seu tempo, para ganhar dinheiro e atingir seus objetivos.
O meu, lá atrás, jovem com 16 anos, queria
ganhar o dobro do salário no mesmo tempo de trabalho. Um candidato à vaga de
emprego precisando trabalhar para se sustentar, mas que ao mesmo tempo, esse
emprego o ajudasse a atingir seu objetivo maior.
Bom, do candidato, posso dizer que foi o
escolhido, exatamente pelo seu objetivo, pois o que quero na minha empresa são
pessoas que "pensem" como dono.
Tenho um time hoje de pessoas fantásticas
trabalhando na minha agência, que podem trabalhar em Home Office, sem
necessidade nenhuma de supervisão, pois todos sabem das responsabilidades.
Todos foram incentivados desde o primeiro dia, a pensar como donos.
Já o candidato que escolhi, rapidamente se
mostrou completamente diferente do discurso da entrevista. Não pensava e, pior,
não agia como dono. E menos de três meses, foi dispensado.
A lição que fica?
Não só pense como dono, mas exercite sua
mente a agir como tal. Eu fiz isso há 50 anos. E na minha juventude, não tinha
ideia do que isso representava. Passados meio século, sou empreendedor.
Como dizia um capitão, na época que servi,
ele não passou a ser capitão no dia da promoção. Ele sempre pensou e agiu como
tal. A promoção só serviu pra o público externo entender quem ele era, de
verdade.
Espero que esses dois momentos, sirvam de
inspiração a você.
Numa época do ano, onde muitos revisam suas
metas e objetivos, talvez seja o momento ideal de você preparar seu
"crachá mental" com o cargo/atividade que você é de verdade e não com
a função que você exerce no momento.
"Você é visto pelo mercado, não só como
pensa, mas sim pelo que faz".
E você?
Compartilhe o que está fazendo para multiplicar seu tempo.
Feliz Ano Novo!
AUTOR:
Paulo Kendzerski
Presidente
do Instituto da Transformação digital Diretor Presidente da agência WBI on
life, desde 2000,
30 anos
de atuação no ambiente corporativo, Consultor em mais de 500 projetos de
Inovação,
Autor do
livro "Web Marketing e Comunicação Digital", Coautor do livro "Impressão
Digital. A tecnologia a serviço da Comunicação", Coautor do livro "Gigante de
Vendas".