Em tempos de queda
do bitcoin, como os que vivemos agora, é comum buscarmos no passado histórias
que justifiquem essa flutuação. E, nesses casos, sempre a "febre das
tulipas" surge como referência. Tulipas são plantas que levam de sete a 12
anos para florescerem e permanecem floridas por uma apenas uma semana, entre os
meses de maio e abril. Estas características as levaram, em 1.636, a serem
negociadas em contratos - uma modalidade muito semelhante aos contratos futuros
que temos hoje. O momento ficou conhecido como a febre das tulipas e muita
gente entrou no negócio especulando grandes lucros futuros. Por conta de
tamanha procura, esses contratos chegaram a se valorizar em até 20 vezes o
valor inicial.
Porém,
independentemente do valor comercializado, o custo para se produzir uma tulipa
não muda. Os insumos, o preço da mão de obra e até a quantidade de trabalho
empregado não variam, são os mesmos.
O bitcoin é uma
criptomoeda e por isso falamos aqui de uma nova fronteira tecnológica e
financeira. Conhecido por ser o pioneiro entre as criptos e também por
representar uma inovação, o bitcoin representa um sistema financeiro
absolutamente descentralizado e fora do alcance da intervenção estatal.
Logicamente, ele
tem um custo para ser produzido - assim como uma tulipa. Entre eles, energia
elétrica, pessoal, equipamentos, e a dificuldade de mineração - como é chamada
a maneira como são criadas novas criptomoedas. Essa dificuldade varia muito e
um dos critérios é a quantidade de mineradores interessados.
O valor de mercado
do bitcoin é o fator mais importante para os mineradores, o que torna a
atividade rentável e atraente. Mas todo esse interesse, também faz aumentar os
custos de mineração. Ou seja, quanto mais o bitcoin se valoriza, mais caro é o
seu custo de produção.
Então como podemos
comparar bitcoins às tulipas? Como podemos comparar mercados tão diferentes? A
resposta é: não podemos. Não há similaridade, mesmo que os economistas mais
empenhados queiram ver algum tipo de familiaridade, em especial quando tentam
caracterizar o bitcoin como bolha - aliás, um assunto já ultrapassado.
A flutuação do
valor do bitcoin - que apresentou grandes altas e algumas perdas no último ano,
seguidas da estabilidade no número de investidores - é prova incontestável da
saúde e da liquidez desta que é hoje a principal criptomoeda do mercado. Sendo
assim, comparar dois ativos com caraterísticas tão distintas serve apenas para
denegrir um novo mercado revolucionário e promissor. No Brasil já temos mais
pessoas investindo em Bitcoin do que na Bolsa de Valores de São Paulo. São
quase 1,5 milhão de investidores, contra os 700 mil da B3. Para todos os
efeitos, é preciso entender que o ineditismo do conceito e da tecnologia das criptomoedas
torna impossível compará-las a qualquer outro ativo, commoditie ou investimento
atual.
Autor: Samuel Maurer
Analista do Grupo Bitcoin Banc