Kevin Keller é um
conceituado catedrático norte-americano, além de consultor de grandes empresas
e autor de best sellers, entre eles, "Administração de marketing",
uma parceria com Philip Kotler.
Ele alerta para a importância e poder das marcas como um meio
de identificar e diferenciar produtos e serviços. Uma marca forte deve ser
envolvente, previsível em sua capacidade de criar expectativas e satisfazer
clientes. Vale ressaltar que grande parte do valor intangível das empresas é
representado pela marca, sendo comprovada a relação positiva entre valor de
marca e retorno de lucro.
Branding é o nome do jogo.
Um conjunto de ações adotadas na administração de uma marca buscando torná-la
única. É a melhor alternativa contra a diferenciação baseada exclusivamente em
preço e custo.
Construir valor de marca baseado no consumidor consiste em
trabalhar a percepção deste cliente, possibilitando sua fidelização, a
aplicação de preços premium e até mesmo a extensão da família de produtos.
Keller estabelece oito dicas para se conquistar a excelência
de uma marca.
1. Visão da marca centrada no consumidor e interesse pelo
consumidor. Transcender as descrições e limites físicos do produto, descobrindo
uma finalidade superior vinculada às aspirações do consumidor. Os passos para
isso são: inspirar, inovar, focar, conectar e cuidar. Modelo a seguir: Nike.
2. Posicionamento superior em relação à concorrência. A
tarefa é desenvolver "pontos de diferença" em relação aos
concorrentes que sejam atraentes para o consumidor e viáveis para a empresa. E
estabelecer "pontos de paridade", ou seja, aspectos similares capazes
de neutralizar os diferenciais da concorrência. Exemplo de quem está fazendo
isso: Accenture.
3. Estrutura da marca claramente definida. É o que chamamos
de arquitetura da marca. O ponto de partida é compreender o potencial de cada
marca dentro do portfólio da empresa e estabelecer uma hierarquia de marca.
Isso significa criar submarcas de uma marca principal apenas se tiverem papéis
estratégicos claros. E maximizar a cobertura de mercado, minimizando a
sobreposição por outras marcas. Um ótimo exemplo é a BMW (marca principal) com
suas submarcas série 3, 5 e 7.
4. Programa de marketing totalmente integrado. A comunicação
começa no boca em boca, passa pelo patrocínio, degustação, ações em PDV e,
obviamente, alcança a mídia impressa, eletrônica, exterior, entre outras. A Red
Bull tem observado este princípio.
5. Cultivo de relações da marca. A meta agora é estender a
percepção da marca para além do produto. Construir uma identidade e significado
de marca capaz de estabelecer uma dualidade entre o desempenho do produto e a
imagem da marca. Produzir respostas positivas racionais e emocionais. O exemplo
aqui só poderia ser a Harley Davidson e seus fiéis HOGs (proprietários de
motocicletas Harley).
6. Estratégias de preço orientadas por prêmios. Em lugar de
apenas reduzir preços, maximizar o valor para o cliente, participando de
promoções extensivas no varejo, financiando campanhas publicitárias em parceria
com revendas, estabelecendo uma comunicação direta com o cliente. Quem ilustra
esta estratégia: Intel.
7. Inovações relevantes em marketing. Introduzir novos
produtos, comunicações e outras atividades de marketing criativas e cativantes.
Buscar o encadeamento de clientes, conquistando novos e fidelizando os
existentes. Há um ícone nesta categoria e seu nome é Apple. A inovação em seus
produtos sempre esteve presente, desde os Macintosh até o advento do iPad.
Muito além do design, a empresa tem disponibilizado produtos complementares
(fones de ouvido, cabos diferenciados, adaptadores para carro) e um primoroso
atendimento ao cliente.
8. Administração adequada de estratégias de desenvolvimento
de marca. Alavancar de maneira ininterrupta o valor da marca em novos produtos
e mercados. Tomemos como exemplo a Starbucks. O desenvolvimento do produto está
presente na oferta de novos sabores, aromas e embalagens de café, além de
produtos complementares, como o cartão de crédito em parceria com a Visa. Já o
desenvolvimento do mercado está representado pelas novas lojas em pontos como
hotéis, aeroportos, livrarias, empresas, entre outros, além de novos mercados em
outros países.
A excelência de uma marca deve ser responsabilidade de toda a
organização. Não é atribuição de algumas pessoas ou do departamento de
marketing. Diretoria e funcionários, todos sem exceção, comprometem de forma
positiva ou negativa a imagem da marca, afetando direta ou indiretamente as
percepções e experiências de seus clientes.
Por Tom Coelho