O fato é que a linha
que separa os atributos de um gestor de um contador, muitas vezes, é tênue
Qual é a real
responsabilidade de um contador nas empresas? Em tempos em que novas funções surgem
a cada dia, não é difícil para os empresários ou mesmo para os profissionais de
contabilidade se verem diante de certos dilemas. De um lado, o gestor imagina
que possa delegar mais e mais tarefas. De outro, o contador se sente sufocado
com uma carga de trabalho que não para de crescer.
O fato é que a linha
que separa os atributos de um gestor de um contador, muitas vezes, é bastante
tênue. Entretanto, há uma lógica em cada uma das funções e nesse artigo vamos
nos aprofundar um pouco mais no assunto, destacando qual é o real papel de cada
um dos profissionais envolvidos.
O gestor sempre é
responsável
Por mais que existam
atribuições que são de competência do contador, o resultado dessas ações, de
uma forma ou de outra, acaba sendo responsabilidade do gestor. Culpar um
contador pelo mau desempenho financeiro de uma empresa, por exemplo, ou dar as
costas a todos os trâmites burocráticos, nem de longe são formas recomendáveis
de se tratar essa questão.
Assim, estar atento
aos balanços financeiros, saber gerenciar custos e pagar as contas e os
tributos em dia são funções que devem ser compartilhadas entre ambos. Se por um
lado o profissional de contabilidade tem o papel de indicar os melhores
caminhos e o que deve ser feito, por outro cabe ao gestor garantir o ambiente
necessário para que os apontamentos sejam seguidos.
Responsabilidade
civil e penal compartilhadas
Algumas pessoas
afirmam com propriedade que, se caso alguma coisa "der errado", a
responsabilidade é do contador. Não é bem assim. O profissional de
contabilidade tem, sim, responsabilidade civil, tributária e penal sobre muitos
aspectos da empresa, mas o empresário é solidário. Se um deles fizer algo
errado, ambos respondem por isso.
Assim, por mais que
o contador moderno tenha condições de assumir mais funções do que a de ser
meramente um escriturário da contabilidade de uma empresa, conforme preconiza a
Lei 11.638 de 2008, o empresário deve, da mesma forma, estar aberto a aceitar
as indicações e a fiscalizar o bom exercício do profissional contratado sempre
que necessário.
A responsabilidade
penal do contador
Podemos elencar uma
série de responsabilidades de um profissional de contabilidade. Vamos começar
falando em termos penais. A falsificação ou a alteração de documentos mercantis,
por exemplo, é crime assim como também o é uma declaração falsa em um documento
contábil.
Caso isso ocorra,
cabe ao contador alertar os erros ao empresário - e jamais ser solidário a
eles. Informações inexatas no balanço ou omissão de lançamentos na escrituração
contábil são outros itens que podem render prisão, com reclusão de até seis
anos.
A responsabilidade
civil do contador
Em termos civis,
cabe ao contador respeitar os termos legais ou contratuais, especialmente
quando por algum motivo eles gerem danos a terceiros. Os erros técnicos de um
balanço contábil, por exemplo, são de responsabilidade do profissional de
contabilidade e há um prazo de cinco anos, a contar do conhecimento do fato,
para que ele possa ser responsabilizado. Em caso de prejuízo, caberá ao
contador reparar os danos causados.
A responsabilidade
tributária do contador
Em caso de falsidade
de documentos por ele assinados ou de fraude de impostos, o contador também
pode ser acionado pela União como o responsável direto. Assim, crimes contra a
ordem tributária ou falsificações de documentos de qualquer natureza podem
render ao profissional pena de reclusão de até 5 anos, além de multa bastante
severa.
O contador não
responde sozinho
Para os empresários,
esse é ponto no qual deve se ter a máxima atenção. Em todos os casos, embora o
contador possa ser o culpado direto, digamos assim, o empresário responde
igualmente de forma solidária. A recíproca também é verdadeira para os
profissionais de contabilidade.
Em outras palavras,
cabe ao empresário se certificar de que os seus profissionais de contabilidade
estão agindo de acordo com o que preconizam as leis. E cabe aos contadores não
se submeterem a eventuais desmandos dos seus patrões, que podem em algum
momento querer usar o profissional para levar algum tipo de vantagem.
Trata-se de uma
relação de dependência mútua, que só terá bons resultados se ambos se guiarem
pelos caminhos da honestidade e da correção. Quando a fiscalização vier visitar
a sua empresa, é de suma importância que todos os detalhes tenham sido
observados, conforme manda a lei.
Mesmo os empresários
que não têm muita familiaridade com o tema precisam ficar atentos. Ter noções
básicas de como funciona um departamento de contabilidade é essencial. Alegar
desconhecimento, em caso de algum problema, não é uma alternativa. Portanto,
fique de olho na sua documentação e nos seus tributos. Como você pôde perceber,
a responsabilidade do contador é grande - mas a do empresário é ainda maior.
Fonte: Sage