Nunca
se vendeu, em suaves prestações, tantos carros, casas e materiais de construção
quanto no ano passado no Brasil. Com certeza, um conjunto de fatores contribuiu
para a expansão do crédito, entre eles podemos destacar a estabilidade
econômica, o crescimento do número de pessoas empregadas, o aumento real da
renda dos brasileiros e as facilidades de crédito. Porém, nem tudo serve
de motivo para comemoração. Na euforia de consumir antes de poupar, ressurgiu o
temido fantasma da inadimplência no varejo. O que leva os consumidores à
inadimplência? São muitas as dificuldades que impossibilitam o cumprimento de
obrigações financeiras contraídas, entre elas podemos citar a falta de
planejamento financeiro e de controle dos gastos, o comprometimento da renda
com outras despesas, o desemprego, a compra para terceiros, o atraso nos
salários e até a má fé. Quando se trata de conceder crédito é bom lembrar que
"cautela e caldo de galinha, não fazem mal para ninguém".
Neste
caso, como tantos outros na vida, a prudência recomenda que "é melhor prevenir
do que remediar". Como fazer a análise prévia de crédito e evitar o calote? A
prevenção começa com o cadastramento completo do candidato ao financiamento,
seguido pelo acesso às informações dos órgãos de proteção ao crédito e empresas
especializadas, que vendem informações que possibilitam a análise do padrão de
comportamento do consumidor em pagamentos ou financiamentos anteriores. Também
ajuda as empresas a se blindarem contra a inadimplência contar com analistas de
crédito internos, comprometidos e bem preparados, capazes de identificar o grau
de comprometimento da renda dos consumidores, que em caso de risco visível,
recusam-se a vender, exigem valores maiores de entrada, encurtam os prazos de
pagamento e em alguns casos duvidosos, autorizam as vendas no máximo em três
pagamentos com 40% de entrada.
Faz
parte do arsenal de medidas preventivas ao calote, exigir a apresentação de
documentos pessoais, de comprovante de residência, de comprovante de renda,
seguidos pela realização de consulta aos serviços de proteção ao crédito, a
solicitação de apresentação de cartões de crédito e débito, a apresentação de
carnês quitados de outras lojas e em alguns casos mais críticos, a apresentação
de fiadores ou avalistas. A lucidez recomenda a busca de confirmação dos dados
fornecidos pelo candidato ao financiamento, incluindo o número do telefone e
endereço residencial, o local de emprego, os nomes e telefones de pessoas
conhecidas fornecidos como referência. Há empresas varejistas sólidas que se
responsabilizam pela entrega dos produtos comprados no domicílio dos
compradores, de forma a poder checar os endereços dos mesmos, a fim de terem
certeza que os localizarão em caso de inadimplência.
Caso a
empresa aceite pagamentos com cheques com restrições, deverá comunicá-las em
local visível dentro do estabelecimento comercial, de maneira a não constranger
os clientes, por exemplo, informando que somente aceita pagamento com cheques
mediante a apresentação de CPF, RG e com consulta aos órgãos de proteção ao
crédito, que não aceita cheques de terceiros, que somente aceita cheques de
contas bancárias abertas a partir de doze meses, etc. Pode-se também,
simplesmente recusar receber pagamentos com cheques, desde que isso seja
comunicado explicitamente, de forma a não constranger as pessoas. Acredito que
mais inteligente que se recusar a vender a vista mediante o pagamento com
cheque, é condicionar a entrega das mercadorias ao prévio desconto dos mesmos.
O uso de cartões de crédito está cada vez mais popularizado, é prático para os
consumidores e dá uma maior segurança aos comerciantes, mas requer a adoção de
alguns cuidados, como apenas aceitar pagamentos através de cartões de crédito
mediante a apresentação de documento de identidade e assinatura do titular nas
faturas.
Normalmente
excetuam-se desta exigência as vendas realizadas através de cartões
corporativos, os cartões de crédito com senha e as compras por telefone e via
internet. Ao vender a crédito lembre-se que pior do que não vender, é vender e
não receber.
Por Soeli de Oliveira