"Dar o exemplo não é
a melhor maneira de influenciar os outros. É a única."
(Albert Schweitzer)
Há quase
duas décadas eu estava à frente de uma indústria metalúrgica, que contava
com quase uma centena de funcionários, quando instituí o prêmio "Destaque do
Mês". Todos poderiam participar exceção feita aos profissionais em cargo de
gerência, os quais ajudariam a selecionar o contemplado a cada ocasião.
Certo mês decidi premiar o vencedor com um forno de micro-ondas.
Considerando-se que estávamos no ano 2000, se um presente como este nos dias
atuais já seria interessante, imagine naquela ocasião. E assim foi feito: o
jovem premiado ganhou a honraria e seguiu supostamente feliz para sua casa.
Alguns meses depois descobri que aquele garoto vivia em uma condição tão
simples que em sua casa usavam um fogareiro de uma boca para cozinhar as
refeições diárias. Portanto, reflita comigo: ele precisava de um micro-ondas ou
de um fogão convencional de quatro bocas? Evidentemente, um fogão - cujo custo
era possivelmente até inferior.
Esta ocorrência ensinou-se o real conceito de empatia. Eu acreditava que ser empático
significava "tratar o outro como eu gostaria de ser tratado". Mas não é assim
que as coisas funcionam... Empatia
significa tratar o outro como ele gostaria de ser tratado, como ele deseja ser
tratado, como ele necessita ser tratado. Significa literalmente
calçar-se com os calçados do outro, para sentir suas próprias restrições,
adversidades e desafios.
Pense comigo. Se você está em uma posição de liderança na organização em que
trabalha, olhe para seus subordinados e procure compreender as dificuldades que
os acometem diariamente: questões de caráter operacional, limitações diversas,
falta de autonomia para resolver problemas. Por outro lado, se você não está em
um cargo de liderança, olhe para seu gestor e procure também reconhecer a
responsabilidade que aquela posição demanda, com tomadas de decisões que
poderão impactar a todos, de colaboradores a clientes.
Mas a prática da empatia evidentemente não se restringe ao ambiente
corporativo. Assim, se você é um educador, como pode conduzir sua aula de modo
a estimular os alunos, fazendo-os sentir-se engajados e determinados com o
aprendizado, consciente de que a informação hoje está disponível em uma fração
de segundos e a um clique em um computador ou celular? E você, enquanto
estudante, percebe o desafio enfrentando por seu professor para conciliar
conteúdo e forma de uma maneira instigante, capaz de ensinar e sensibilizar um
grupo formado por várias pessoas com diferentes interesses e expectativas?
No ambiente familiar, como você tem lidado com a comunicação, seja entre pais e
filhos, seja entre cônjuges? O valor está restrito aos seus princípios, às suas
crenças e verdades ou você tem praticado o desapego, abrindo mão de suas
convicções para compreender o porquê de determinados comportamentos e posturas
daqueles que convivem com você diariamente?
Note que em todos os exemplos mencionados a empatia não é individual, mas
mútua. Este é um exercício que precisa ser praticado continuamente, mas que
apenas é possível quando praticamos outro valor essencial: a humildade, a
capacidade de compreender que não sabemos tudo e que a forma mais correta de se
influenciar os outros é através do exemplo.
Retomando a experiência que relatei no início do texto, após tomar conhecimento
da real condição daquele jovem que trabalhava em minha empresa, optei por
contratar uma assistente social com a missão de visitar a residência de cada
colaborador para conhecer de perto a realidade de cada um. Afinal, para liderar
e influenciar positivamente as pessoas não importa o que eu penso, nem o que eu
imagino, mas sim quais são os fatos.
Por Tom Coelho