A
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/19 encaminhada à Câmara dos Deputados
pelo governo federal em 20 de fevereiro de 2019, desmonta, dizima a estrutura
de proteção social dos brasileiros instituído pela Constituição Cidadã de
outubro de 1998.
Sob
a justificativa da insustentabilidade do sistema previdenciário, surgiu a opção
política de reduzir os direitos sociais de todos os trabalhadores brasileiros,
em especial das camadas mais empobrecidas.
Com
qual objetivo? Reduzir a carga tributária das corporações empresariais,
aumentar a lucratividade dos conglomerados financeiros e manter a política de
elevados gastos tributários (isenções e renúncias fiscais).
Sob
o argumento falacioso de que se não mudar a previdência social, o Brasil
quebra, o governo implode nosso "welfare state" tupiniquim.
Primeiro
e talvez o mais importante: através da PEC 6/19, retira do texto constitucional
todas as regras de concessão de benefícios previdenciários a trabalhadores do
serviço público e da iniciativa privada, remetendo para posterior legislação
complementar, gerando insegurança jurídica sem precedentes na recente história
nacional.
Segundo,
o mais ambicionado pelos "abutres do mercado financeiro": determina o fim da
previdência social sob o regime de repartição simples, onde os trabalhadores da
ativa, governo e empregadores garantem a aposentadoria dos seus concidadãos.
A
partir de lei complementar posterior, todos os trabalhadores e trabalhadoras somente
poderão almejar alguma mínima dignidade ao fim da vida laborativa se caírem no
colo dos bancos e instituições financeiras que vendem planos e aplicações com
este fim, em pacotes e contas individualizadas.
Quase
o mesmo ou pior do que aconteceu nos vizinhos andinos do Chile, onde passados
37 anos da privatização da previdência, os idosos estão se suicidando ou
mendigando pelas ruas das cidades, em razão do golpe que foram vítimas. Por
terem contribuído por mais de três décadas e as maravilhosas aposentadorias
prometidas terem virado pó ou quase isto.
Além
disto, há regras de transição extremamente draconianas na proposta, promovendo
rupturas para quem já está no mercado de trabalho, seja nas empresas ou no
serviço público, além das maldades do miserável Benefício de Prestação Continuada
(BPC) de R$ 400, da idade igual para professores e professoras, da falta de
transição para servidores admitidos antes de 2004.
Por
estas e outras, temos que nos organizar e combater, lutar e enfrentar esta
verdadeira hecatombe que se avizinha sobre o seguro social brasileiro,
impactando direta ou indiretamente na vida e sobrevivência de milhões de
cidadãos.
Por
Vilson Antonio Romero - jornalista, auditor fiscal, diretor da Associação
Gaúcha dos Auditores da Receita