Pacto Alegre começará a atuar no
aniversário de 247 anos da Capital gaúcha
Gestado desde o
ano passado, o Pacto Alegre começará a atuar efetivamente, no aniversário de
247 anos da Capital. A data foi escolhida para a constituição da mesa diretiva
da iniciativa que busca integrar poder público, academia e iniciativa privada
para transformar Porto Alegre em um polo de inovação. Ao todo, serão em torno de
75 organizações que definirão quais os principais desafios que a Capital
enfrenta e quais os projetos que podem contribuir na solução.
O início do
projeto pode ser atribuído à criação da Aliança para a Inovação, acordo de
cooperação entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e a Pontifícia Universidade
Católica (Pucrs), em abril do ano passado. Desde lá, outra ideia, unindo as
universidades a entes públicos, privados e sociedade civil ganhou corpo,
avançando até o anúncio do Pacto Alegre, em novembro.
Amanhã, o que
acontece é a formalização da Mesa do Pacto Alegre, órgão máximo responsável por
deliberar e gerir as iniciativas que serão apoiadas pelo arranjo. "Já
viemos trabalhando, não estamos começando do zero, mas é um momento marcante,
porque senta-se finalmente com as entidades", contextualiza o coordenador
do Pacto e diretor da Escola de Engenharia da Ufrgs, Luiz Carlos Pinto da Silva
Filho. O grupo terá ainda o acompanhamento do consultor espanhol Josep Piqué,
que conduziu processos similares em Barcelona, na Espanha, e em Medellín, na
Colômbia, que se tornaram modelo de inovação.
O ato, mais do que
uma simples solenidade, marcará também a primeira reunião de trabalho do grupo,
que buscará chegar a um consenso sobre as questões prioritárias a serem
atacadas. Nos dias seguintes, uma nova reunião será realizada para escolher,
entre as sugestões, quais os projetos que receberão maior atenção. "Temos
'n' ações que podem estar no pacto, mas precisamos ter foco", defende
Silva Filho, que compara o pacto a uma equipe esportiva. "Temos muitos
craques, mas nos falta um sistema de jogo", metaforiza.
Todas as entidades
que comporão a mesa foram convidadas nas últimas semanas e se comprometeram com
o pacto. São empresas, associações, clubes, representantes dos três poderes,
entre outros. "Quem decide não é a prefeitura, nem as universidades, mas
todos juntos. Dessa diversidade de ideias, temos de encontrar o consenso para
que possamos juntos enfrentar os problemas", comenta o secretário de
Comunicação da prefeitura, Orestes de Andrade Junior, um dos representantes do
Executivo nas discussões. O número de participantes, inclusive, foi determinado
de forma a dar assento a vozes distintas, segundo Silva Filho.
A ligação entre os
diversos personagens é elogiada também pelo presidente do Agibank, Marciano
Testa, um dos empresários mais ativos na melhoria do ecossistema de inovação em
Porto Alegre e financiador do Pacto Alegre, que defende a sensibilidade dos atores
para superar "ranços" do passado e deixar o protagonismo individual
de lado. "Vejo que temos tido uma fuga de capital humano do Estado.
Através do pacto, esperamos que a sociedade se sensibilize para revermos nossa
matriz de formação, de emprego e de atração para nossos jovens", comenta
Testa sobre um dos ganhos que projeta com a articulação.
Outro grande
desafio, segundo o empresário, é fazer com que o pacto não repita experiências
anteriores que não geraram ações efetivas. "Não podemos deixar esse movimento
do Pacto Alegre ser apenas uma agenda de poucos, que não vá de fato gerar
nenhuma materialidade de fato no Estado", afirma Testa.
A entrega de
resultados, inclusive, está no cerne do arranjo. Embora acreditem que os
maiores resultados possam ser sentidos daqui há décadas, os integrantes da
iniciativa definiram que todos os projetos escolhidos pelo pacto precisarão ter
resultados mensuráveis já nos primeiros seis meses.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)