"Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em
sua vida."
(Platão)
Invariavelmente
você passará, e mais de uma vez no decorrer de sua vida, por dilemas acerca dos
caminhos a seguir em busca da tão almejada felicidade.
São situações únicas nas quais escolhas precisam ser feitas, decisões devem ser
tomadas e a protelação apenas alimenta e aumenta a angústia, a ansiedade, a
frustração e a insatisfação.
Nestas ocasiões, é comum declarar não saber o que se quer. Decerto,
os primeiros questionamentos são com relação ao sentido da própria vida,
levando ao entendimento de que se trata de uma "crise existencial", na qual
imperam o vazio e o caos.
O fato é que este é um momento singular para grande reflexão pessoal a fim de
identificar, reconhecer e enfrentar esta crise. É hora de questionar valores,
encontrar novas referências, compreender transformações, acolher mudanças ou
promover rupturas. Você controla seus pensamentos, amadurece suas emoções e
decide sair da zona de conforto, abandonando o comodismo e o conformismo,
buscando soluções para seus problemas em lugar de culpados.
Por se tratar de um processo, não é algo que será resolvido em um único final
de semana. Por isso, é importante ter paciência e dar tempo ao tempo.
Interprete esta fase como um período de aprendizado que poderá levar você ao
crescimento, à evolução e à superação.
Lembre-se de formular muitas perguntas - e buscar respostas para a maioria
delas. E embora as tais respostas devam vir de você mesmo, convém consultar
terceiros, porém com parcimônia, pois respostas desencontradas podem mais
desorientar do que ajudar.
Saber o
que não quer, também é um grande progresso. Assim é o estudante diante da
escolha de qual carreira seguir, que embora frente a múltiplas possibilidades,
tem ao menos a convicção de que selecionar Administração exclui Medicina, uma
inclinação ao Direito enfraquece a opção por Engenharia, e vice-versa.
O profissional em transição de carreira pode ter dúvidas entre pedir demissão e
procurar outra empresa, tornar-se consultor, abrir um empreendimento próprio,
fazer um concurso público ou mesmo tirar um período sabático para reflexão. Mas
será um grande avanço saber que não pretende continuar em seu atual emprego,
posto que desestimulado seja pela falta de desafios, oportunidades,
reconhecimento ou clima organizacional agradável.
Analogamente, um relacionamento conjugal desgastado, arrasta-se e sucumbe de
tal forma que a separação não decorre porque se deseja ficar só ou buscar a
companhia de outra pessoa, mas apenas porque não se deseja continuar ao lado de
quem está hoje.
Nossa vida, nos dias atuais, tornou-se alienante, diante de sua rapidez e senso
constante de urgência. Deixamos de valorizar o que temos para projetar o que
não temos, com base nas imposições da sociedade e no ideal de status.
O que realmente vale a pena é aquilo que nos traz serenidade, sossego e paz de
espírito. Que nos permite sorrir de forma autêntica e compartilhar da
convivência das pessoas que apreciamos. Que nos possibilita recostar a cabeça
no travesseiro no final do dia e dormir o sono leve, acolhedor e reconfortante
de quem fez o melhor e se prepara para um novo e edificante amanhecer.
Por Tom Coelho