As perdas e desperdícios na área de indústria ainda são uma
questão crítica. Isso porque em muitos setores ainda não há profissionais
capacitados adequadamente em treinamentos ou na própria formação. Na indústria
de transformação de plásticos, muito funcionários acabam desperdiçando muita
matéria-prima e frequentemente as misturam incorretamente, ou operam com
temperaturas incorretas, o que geram graves problemas de produção, que reduzem profundamente
a qualidade do produto final. No entanto, se uma empresa orientar,
conscientizar e principalmente treinar seu colaborador para que consiga
trabalhar de maneira correta, ele vai evitar grandes desperdícios e
naturalmente gerar mais receita para o caixa.
Hoje, o problema da formação e capacitação profissionalizante
está dividido em duas partes críticas, a do colaborador e da indústria. Muitas
vezes, um colaborador não quer se qualificar, se especializar ou estudar. Na
verdade, apenas uma expressiva minoria pensa em crescer profissionalmente, e
isso ocorre em todos os segmentos da indústria não apenas na produção e
transformação dos plásticos, que é minha especialidade. Acontece também na área
metalúrgica, usinagem, tecelagem, e inúmeros outros segmentos. Assim o
empresário se depara com o problema da mão de obra desqualificada. E o pior é
que há um exército de profissionais que não ambiciona se desenvolver
profissionalmente mesmo diante dessa crise e desemprego.
Do outro lado do problema, está um tipo de empresário, que
não investe em mão de obra qualificada. Com frequência, não quer treinar seus
funcionários e não faz questão que eles se qualifiquem com o custeio de sua
empresa. Temos um exemplo de um aluno nosso que chegou na escola, que desejava
estudar e esperava alguma colaboração da empresa, pelo menos, liberando alguns
períodos para ele se capacitar. No entanto, o empregador dizia que era besteira
o funcionário estudar. Achava que bastava ficar trabalhando, que era o
suficiente. Na verdade, nós vemos muitos obstáculos frente a alguns
empresários, quando entendem que o investimento em mão de obra não recompensa e
que o custo pode ser "muito alto". Uma parcela dos empregadores não
consegue enxergar, muitas vezes, o retorno no investimento e acredita que é um
valor dispensável.
Na realidade, se esses empresários observarem que seus
funcionários treinados vão evitar, por exemplo, numerosos desperdícios com
matérias-primas e quebras de máquinas, perceberão de imediato a incrível
redução no custo das paradas e dos prejuízos de interrupção da produção. Sem
falar também, de outros fatores como a qualidade ruim da peça final,
reprocessamento de material e outras perdas inerentes à produção.
Uma fábrica que investe determinado valor em treinamento de
mão de obra, na prática esse número tem retorno constantemente em curtíssimo
prazo, muitas vezes em dois ou três meses. O aporte se reverte por conta da
melhoria na redução das quebras de máquinas e peças, e na diminuição dos
prejuízos com os custos de matérias-primas.
Se forem multiplicados os valores das perdas de cada parte da
operação ao final serão contabilizados números astronômicos e absurdos. Há
produtores de plásticos, atualmente, que têm estoques de toneladas de refugo,
que na verdade foram materiais desperdiçados.
Desta maneira, é preciso, além de proporcionar treinamento,
também conscientizar o quadro de funcionários de sua importância e fazer a
cobrança daquilo que foi ensinado pelos instrutores em salas de aulas e nos
equipamentos. Se não houver cobrança efetiva não haverá retorno e o funcionário
pode simplesmente dar continuidade naquilo que fazia antes do treinamento.
Por Alexandre
Farhan
Diretor-técnico
da Escola LF de cursos profissionalizantes em plásticos