"A preguiça
anda tão devagar que a pobreza facilmente a alcança."(Confúcio)
O
Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro em homenagem a
Zumbi dos Palmares, morto nesta data em 1695, considerado símbolo da luta dos negros
escravizados no Brasil, foi instituído oficialmente em 2011, sendo adotado como
feriado em diversos municípios brasileiros.
Embora
seja um motivo nobre para promover conscientização e debate, a data acaba sendo
apenas mais um feriado. Aliás, você já teve a curiosidade de bisbilhotar o
calendário para o próximo ano? Pois então, teremos doze feriados nacionais,
sendo que nove deles cairão durante a semana. Assim, se considerarmos 52
sábados, 52 domingos, os nove feriados nacionais, dois possíveis feriados
municipais e mais quatro dias emendados (no mínimo), contabilizaremos 119 dias
"não produtivos". Se somarmos a isso os 30 dias de férias constitucionais,
chegaremos à conclusão de que um cidadão comum fica quase 40% do ano sem nada
produzir. E não estou incluindo na conta a "paradeira" pré-Carnaval, que coloca
o país em marcha lenta por mais de 40 dias, com protelação de decisões e
investimentos.
Minha
proposta não é debater a relevância de tais datas, mas sim promover a seguinte
reflexão: é justificável convertê-las em feriados?
Antes
que se façam conclusões precipitadas, é evidente que estou generalizando.
Afinal, há muitas pessoas trabalhando nestas ocasiões, motivo de comemoração
para a indústria do turismo e para parte significativa do comércio. Mas não
podemos nos furtar à realidade dos fatos.
Segundo o IBGE, a população economicamente ativa
(PEA) no Brasil é da ordem de 51% (este índice chega a ser de até 75% em alguns
países). Em outras palavras, metade da população tem seu sustento condicionado
a quem trabalha. Assim, temos uma força de trabalho reduzida,
com baixo nível de escolaridade, carente de capacitação e que muitas vezes não
está envolvida com sua atividade profissional.
Isso
é apenas um fragmento da história, mas uma explicação plausível, ainda que
parcial, do porquê de nossa baixa produtividade e baixa competitividade. É
certo que horas de trabalho não necessariamente sinalizam um trabalho
qualificado. Mas precisamos repensar a agenda nacional e a própria dinâmica
profissional em um mundo globalizado e informatizado.
Pergunto-me
quando haverá algum político com coragem suficiente para propor que
determinadas datas sejam celebradas no sábado ou domingo, evitando mais um
feriado no meio da semana...
Não
se trata apenas de trabalhar mais, mas de trabalhar mais inteligentemente, com
dedicação, empenho, uso adequado do tempo, foco no resultado e paixão.
Por Tom Coelho