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"Dorme neném que a cuca vem pegar"


Publicada em 30/05/2019 às 09:00h 

Uma das perguntas que nós, antropólogos, mais nos fazemos é de onde terá vindo a baixa autoestima do brasileiro. Tudo "lá fora" é bom. Tudo "aqui dentro" é ruim. Quando uma coisa é muito boa, bonita, funciona, dizemos "nem parece o Brasil".

 

Várias podem ser as origens do autoflagelo que nos impomos falando mal de nós próprios, uma delas vem da infância. É disso que quero comentar.

 

No mundo inteiro as crianças adormecem ouvindo músicas doces e acalentadoras do espírito. O famoso "Acalanto de Brahms" diz: "Boa noite, meu bem, dorme um sono tranquilo. Boa noite, meu amor, meu filhinho encantador...".

 

E como adormece a criança brasileira?

 

"Dorme neném que a cuca vem pegar, papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar...". Isto é - largaram você sozinha aqui! Ou ainda: "Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta!". E outras músicas "infantis" brasileiras - todas do tipo assustador: "A canoa virou, por deixá-la virar, foi por culpa do (nome da criança) que não soube remar". Ou ainda: "Ciranda, cirandinha.... o anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou!". Ou ainda: "O cravo brigou com a rosa.... O cravo ficou ferido e a rosa despetalada!""Vem cá, bitu, vem cá, bitu.... Não vou lá, não vou lá, não vou lá, tenho medo de apanhar."

 

A única vez que o brasileiro poderia vencer (embora fazendo uma coisa errada) também perdeu: "Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu!".

 

Com tanto "susto" desde a infância, como queremos que o brasileiro tenha uma autoestima elevada? É quase impossível!


Assim, se quisermos vencer os desafios da motivação temos que primeiro vencer a baixa autoestima que nos faz ter medo de vencer. É preciso que nos achemos merecedores do sucesso. É preciso que deixemos de ter vergonha de fazer o certo, de encantar e surpreender. Com baixa autoestima não seremos capazes de dar o "show" que o mercado exige de nós neste mundo competitivo.

 

Ninguém consegue ser ou ter sucesso sem achar-se merecedor(a) do sucesso e isso fará com que transforme sonhos em ação e ações em resultados.

 

Pense nisso. Sucesso!

Por Luiz Marins






Sobre o(a) colunista:



Autor: Luiz Marins - Antropólogo. Estudou Antropologia na Austrália (Macquarie University) sob a orientação do renomado Prof. Dr. Chandra Jayawardena (Sri Lanka) e na Universidade de São Paulo (USP) sob a orientação da Profa.Dra. Thekla Hartamann, autor de mais de 13 livros.
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