A implantação de sistemas fotovoltaicos para reduzir a conta
de luz, com a evolução desse mercado e o amadurecimento da cadeia de
fornecedores, é uma alternativa que cada vez fica mais atraente no Brasil.
Particularmente em Porto Alegre, os projetos dessa natureza
tiveram uma expressiva queda no payback (retorno de investimento devido ao que
se deixa de pagar para a concessionária de energia), conforme o Índice Comerc
Solar, realizado pela gestora de energia Comerc. De acordo com o levantamento,
o payback médio para um sistema fotovoltaico em uma residência na capital
gaúcha caiu de 4,75 anos, em 2018, para 3,49 anos em 2019. Em relação ao
retorno em soluções solares implementadas em comércios e pequenas indústrias, o
prazo passou de 7,59 anos para 5,58 anos. Atualmente, Porto Alegre ocupa a 16ª
posição no ranking das capitais quanto aos melhores paybacks de sistemas
solares para residências (Rio de Janeiro lidera com um retorno estimado em 2,7
anos). Quanto ao ranking relativo a comércios e pequenas indústrias, o
município gaúcho encontra-se na 12ª posição, e a liderança cabe a Manaus, com
4,53 anos. O diretor da Comerc Esco Marcel Haratz detalha que a redução do
payback está diretamente ligada à diminuição do custo da instalação de um
sistema fotovoltaico. Há um pouco mais de três anos, o executivo comenta que os
valores cobrados eram mais do que o dobro dos praticados hoje no mercado.
O dirigente informa que, em média, uma casa com quatro
quartos, com um consumo entre 300 kWh e 400 kWh ao mês, implicaria um
investimento de R$ 30 mil a R$ 40 mil para implementar um sistema que
satisfaça sua necessidade de eletricidade O tempo do retorno do investimento
também depende de qual é a tarifa de energia cobrada pela concessionária local.
Quanto mais elevado for esse valor e melhores as condições de irradiações
solares, mais atrativa fica a adoção da geração fotovoltaica. Apesar da
ressaltada competitividade da energia solar verificada no momento, esse cenário
pode mudar em breve. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está
discutindo alterações nas regras da geração distribuída (produção de
eletricidade para satisfazer o consumo próprio, normalmente feita através de
painéis fotovoltaicos).
"Essa modificação regulatória, que está prevista, vai
reduzir o valor dos créditos de energia", resume Haratz. Hoje, quem
instala um sistema fotovoltaico pode receber 100% da energia excedente que joga
na rede elétrica em créditos da sua concessionária. Esses créditos são
usufruídos quando o cliente usa a energia fornecida pela distribuidora, não
precisando desembolsar dinheiro para pagar por esse consumo. Com as mudanças
das normas sendo confirmadas, o payback dos sistemas fotovoltaicos deve
aumentar.
A alteração, em princípio, deve vigorar a partir do próximo
ano. O diretor da Siclo Consultoria em Energia, Paulo Milano, aconselha o
consumidor que quiser migrar para a geração distribuída a se apressar. O
consultor frisa que a perspectiva é que os contratos firmados ainda neste ano
não sofram alterações mesmo com as modificações que devem ocorrer nas regras da
geração distribuída. Milano adianta que as novas normas do setor podem refrear
o mercado de energia solar no País. No entanto, o diretor da Siclo também
admite que as regras atuais não são as ideais para as distribuidoras (que
reclamam que esse modelo não representa uma remuneração adequada da rede),
sendo necessária uma revisão. Uma questão que está sendo sugerida por agentes
do setor elétrico, comenta Milano, é o estabelecimento de um maior prazo de
transição. Ao invés da mudança vigorar a partir de 2020, as alterações valeriam
em 2021.
Fonte:
Jornal do Comércio do RS
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