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Empresas gaúchas expandem atuação no Chile


Publicada em 06/06/2019 às 14:00h 

Antes de retornar ao Estado, Leite visitou o escritório comercial da Tramontina e teve encontro com agência de promoção de exportações

Um sinal de que o Chile desperta interesse e é promissor para as companhias gaúchas é que quem já deu os primeiros passos nesse mercado planeja ampliar suas operações. Dois exemplos nesse sentido são a Tramontina e a Conservas Oderich.

A Tramontina instalou seu escritório de representação no país andino no ano de 2000. O gerente-geral da Tramontina Caribe (responsável pela coordenação de unidades do grupo em nações da América do Sul e Panamá), Jandir Brock, recorda que, nesse país, a Tramontina se popularizou com promoções de distribuição de produtos em postos, como brindes dados devido à compra de combustíveis. O executivo detalha que, no Chile, o grupo não possui planta industrial, mas traz os produtos do Brasil e atua internamente através de um Centro de Distribuição. Na grande Santiago, a companhia possui essa estrutura em um terreno de cerca de 8,8 mil metros quadrados, com em torno de 4 mil metros quadrados de depósito. Esse centro receberá investimento de cerca de US$ 2,5 milhões para aumentar sua área em mais 5 mil metros quadrados. A obra deverá ser finalizada em 2021.

O faturamento da Tramontina Chile para este ano é estimando em cerca de US$ 11,5 milhões, contabilizando as mercadorias que são distribuídas pela empresa. Ainda há as receitas, que representam um montante inferior a esse patamar, oriundas das importações feitas por grandes atacadistas chilenos. O grupo conta também com uma loja própria em Santiago, e um segundo estabelecimento será aberto em julho. Os principais produtos da empresa no Chile são voltados para o segmento de cutelaria (facas), contudo estão crescendo as vendas de ferramentas para o setor agrícola.

Na manhã de ontem, a missão gaúcha de empresários e políticos que está no Chile visitou o escritório comercial da Tramontina em Santiago e, pelo período da tarde, já sem a presença do governador Eduardo Leite - que retornou ao Rio Grande do Sul -, fez uma visita técnica à empresa Agrosuper, principal produtor de proteína animal do Chile. A comitiva liderada pela Fiergs fica até amanhã no país.

Outra companhia gaúcha que tem planos para crescer sua atuação no Chile é a Conservas Oderich. O diretor da empresa Marcos Oderich salienta que o seu objetivo ao participar da missão internacional é intensificar negócios e criar um relacionamento mais intenso e de maior confiança com o mercado chileno. A Oderich já vende no país patês, carnes bovina, suína e de aves enlatadas, e a meta é comercializar também milho-verde, ervilha e legumes em latas. Conforme o executivo, há condições de a empresa fazer muitas operações complementares, como levar para o Brasil frutas típicas da região chilena, como cerejas e ameixas, além de tomates, que têm muito boa qualidade, em função do clima. "Mas temos que fazer com que esse comércio seja bilateral", reforça o dirigente.

Para Oderich, é possível aproveitar esse ambiente favorável de negócios para exportar mais produtos. No caso da companhia gaúcha, entre as oportunidades vislumbradas, o diretor cita fiambres de frango, boi e porco, e carne prensada. Um dos alvos da empresa são produtos muito consumidos pelas classes econômicas de menor poder aquisitivo. "Além de desenvolver novos fornecedores, nós estamos prospectando novos distribuidores para atuar nesse segmento e também nos programas de alimentação escolar", diz o executivo.

As rodadas de negócios realizadas no Chile pela missão gaúcha são outra medida que já começa a dar frutos. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, informa que a Cerealista Polisul, de Pelotas, vendeu dois contêineres de arroz em um desses eventos. Um dos fatores que justificam a vontade de buscar negócios no país é seu perfil econômico. O Chile conta, hoje, com uma população de cerca de 18,7 milhões (somente em Santiago, concentram-se em torno de 7 milhões de pessoas), uma inflação média de 2,5% a 3%, uma taxa de desemprego na ordem de 7% e um salário-mínimo na faixa de US$ 400.

Rio Grande do Sul vai analisar Plano Mansueto como alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal

O governador Eduardo Leite foi indagado sobre o Plano Mansueto, programa de ajuda financeira aos estados, e disse que vai analisar com sua equipe para identificar o que pode ser importante para o Rio Grande do Sul. "Em princípio, mantém-se o nosso interesse no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas queremos entender melhor os critérios e as condições que o Plano Mansueto oferece para saber se pode ou não ser uma alternativa", afirma.

Leite enfatiza que o Plano Mansueto é uma iniciativa menor do que o RRF, mas é preciso identificar se a medida se enquadra dentro das necessidades e possibilidades do Estado. Sobre a missão no Chile, Leite destaca que foi mantida uma agenda positiva e que se trata de um país com o qual o Rio Grande do Sul quer ter cada vez mais integração devido às proximidades geográfica e cultural, assim como pelas vocações econômicas. O governador salienta que volta ao Estado com a convicção de que é possível atrair investimentos de empresas chilenas para o Rio Grande do Sul e ampliar a participação de companhias gaúchas no país.

Leite - que, durante sua passagem no Chile, teve encontros com dirigentes da empresa Ultramar - adiantou que o grupo pode promover novos aportes em terminais portuários em Rio Grande, o que ajudaria a escoar a celulose produzida no Estado. Porém, o governador não adiantou números a respeito da iniciativa. Sobre a CMPC, Leite frisa que o foco era demonstrar um ambiente que estimulasse a companhia a apostar no Rio Grande do Sul para expandir suas atividades na área de celulose. "Quem sabe, futuramente, uma nova planta industrial?"

Essa ampliação, conforme Leite, está na agenda da CMPC, e o Rio Grande do Sul entra como prioridade. A ida ao Chile serve para demonstrar o interesse e a disposição do governo gaúcho para fazer o que for necessário para viabilizar novos investimentos. O governador admite que, em âmbito nacional, uma questão que precisa mudar para facilitar a instalação de uma nova planta de celulose no Estado é a legislação, que coloca alguns obstáculos para a aquisição de terras no Brasil por estrangeiros. Antes de retornar ao Estado, Leite ainda teve um encontro com representantes de uma agência de promoção de exportações no Chile.  

Fonte: Jornal do Comércio do RS


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