Antes de retornar ao Estado, Leite visitou o
escritório comercial da Tramontina e teve encontro com agência de promoção de
exportações
Um sinal de que o Chile
desperta interesse e é promissor para as companhias gaúchas é que quem já deu
os primeiros passos nesse mercado planeja ampliar suas operações. Dois exemplos
nesse sentido são a Tramontina e a Conservas Oderich.
A Tramontina instalou seu
escritório de representação no país andino no ano de 2000. O gerente-geral da
Tramontina Caribe (responsável pela coordenação de unidades do grupo em nações
da América do Sul e Panamá), Jandir Brock, recorda que, nesse país, a
Tramontina se popularizou com promoções de distribuição de produtos em postos,
como brindes dados devido à compra de combustíveis. O executivo detalha que, no
Chile, o grupo não possui planta industrial, mas traz os produtos do Brasil e
atua internamente através de um Centro de Distribuição. Na grande Santiago, a
companhia possui essa estrutura em um terreno de cerca de 8,8 mil metros
quadrados, com em torno de 4 mil metros quadrados de depósito. Esse centro
receberá investimento de cerca de US$ 2,5 milhões para aumentar sua área em
mais 5 mil metros quadrados. A obra deverá ser finalizada em 2021.
O faturamento da Tramontina
Chile para este ano é estimando em cerca de US$ 11,5 milhões, contabilizando as
mercadorias que são distribuídas pela empresa. Ainda há as receitas, que
representam um montante inferior a esse patamar, oriundas das importações
feitas por grandes atacadistas chilenos. O grupo conta também com uma loja
própria em Santiago, e um segundo estabelecimento será aberto em julho. Os
principais produtos da empresa no Chile são voltados para o segmento de
cutelaria (facas), contudo estão crescendo as vendas de ferramentas para o
setor agrícola.
Na manhã de ontem, a missão
gaúcha de empresários e políticos que está no Chile visitou o escritório
comercial da Tramontina em Santiago e, pelo período da tarde, já sem a presença
do governador Eduardo Leite - que retornou ao Rio Grande do Sul -, fez uma
visita técnica à empresa Agrosuper, principal produtor de proteína animal do
Chile. A comitiva liderada pela Fiergs fica até amanhã no país.
Outra companhia gaúcha que tem
planos para crescer sua atuação no Chile é a Conservas Oderich. O diretor da
empresa Marcos Oderich salienta que o seu objetivo ao participar da missão
internacional é intensificar negócios e criar um relacionamento mais intenso e
de maior confiança com o mercado chileno. A Oderich já vende no país patês,
carnes bovina, suína e de aves enlatadas, e a meta é comercializar também
milho-verde, ervilha e legumes em latas. Conforme o executivo, há condições de
a empresa fazer muitas operações complementares, como levar para o Brasil
frutas típicas da região chilena, como cerejas e ameixas, além de tomates, que
têm muito boa qualidade, em função do clima. "Mas temos que fazer com que
esse comércio seja bilateral", reforça o dirigente.
Para Oderich, é possível
aproveitar esse ambiente favorável de negócios para exportar mais produtos. No
caso da companhia gaúcha, entre as oportunidades vislumbradas, o diretor cita
fiambres de frango, boi e porco, e carne prensada. Um dos alvos da empresa são
produtos muito consumidos pelas classes econômicas de menor poder aquisitivo.
"Além de desenvolver novos fornecedores, nós estamos prospectando novos
distribuidores para atuar nesse segmento e também nos programas de alimentação
escolar", diz o executivo.
As rodadas de negócios
realizadas no Chile pela missão gaúcha são outra medida que já começa a dar
frutos. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, informa que a Cerealista
Polisul, de Pelotas, vendeu dois contêineres de arroz em um desses eventos. Um
dos fatores que justificam a vontade de buscar negócios no país é seu perfil
econômico. O Chile conta, hoje, com uma população de cerca de 18,7 milhões
(somente em Santiago, concentram-se em torno de 7 milhões de pessoas), uma
inflação média de 2,5% a 3%, uma taxa de desemprego na ordem de 7% e um salário-mínimo
na faixa de US$ 400.
Rio Grande do Sul vai analisar Plano Mansueto como
alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal
O governador Eduardo Leite foi
indagado sobre o Plano Mansueto, programa de ajuda financeira aos estados, e
disse que vai analisar com sua equipe para identificar o que pode ser
importante para o Rio Grande do Sul. "Em princípio, mantém-se o nosso
interesse no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas queremos entender melhor
os critérios e as condições que o Plano Mansueto oferece para saber se pode ou
não ser uma alternativa", afirma.
Leite enfatiza que o Plano
Mansueto é uma iniciativa menor do que o RRF, mas é preciso identificar se a
medida se enquadra dentro das necessidades e possibilidades do Estado. Sobre a
missão no Chile, Leite destaca que foi mantida uma agenda positiva e que se
trata de um país com o qual o Rio Grande do Sul quer ter cada vez mais
integração devido às proximidades geográfica e cultural, assim como pelas
vocações econômicas. O governador salienta que volta ao Estado com a convicção
de que é possível atrair investimentos de empresas chilenas para o Rio Grande
do Sul e ampliar a participação de companhias gaúchas no país.
Leite - que, durante sua
passagem no Chile, teve encontros com dirigentes da empresa Ultramar - adiantou
que o grupo pode promover novos aportes em terminais portuários em Rio Grande,
o que ajudaria a escoar a celulose produzida no Estado. Porém, o governador não
adiantou números a respeito da iniciativa. Sobre a CMPC, Leite frisa que o foco
era demonstrar um ambiente que estimulasse a companhia a apostar no Rio Grande
do Sul para expandir suas atividades na área de celulose. "Quem sabe,
futuramente, uma nova planta industrial?"
Essa ampliação, conforme
Leite, está na agenda da CMPC, e o Rio Grande do Sul entra como prioridade. A
ida ao Chile serve para demonstrar o interesse e a disposição do governo gaúcho
para fazer o que for necessário para viabilizar novos investimentos. O
governador admite que, em âmbito nacional, uma questão que precisa mudar para
facilitar a instalação de uma nova planta de celulose no Estado é a legislação,
que coloca alguns obstáculos para a aquisição de terras no Brasil por
estrangeiros. Antes de retornar ao Estado, Leite ainda teve um encontro com
representantes de uma agência de promoção de exportações no Chile.
Fonte: Jornal do Comércio do RS
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