Quando eu trabalhava em
Nova Iorque assisti a uma palestra de um diretor de um grande banco sobre as
oportunidades de investimento no mundo contemporâneo. Ele falava das vantagens
comparativas e competitivas de cada país, inclusive os emergentes.
Quando falou do Brasil
mostrou os dados de nosso mercado interno, de nosso sistema bancário, de nosso
potencial turístico, de nosso desenvolvimento em tecnologia de informação, de
nossa riqueza natural, da ausência de terremotos, furacões, etc. e quando
terminou, com todos os participantes boquiabertos com nossas vantagens
comparativas, ele disse: "Imaginem
se esse País fosse sério." Isso foi em 1990.
Agora um estudo da
ONU/UNCTAD - Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento -
aponta o Brasil entre os cinco melhores países para se investir. O estudo
novamente fala de nossas vantagens de mercado interno, riquezas naturais e até
de estabilidade econômica.
Ao conversar sobre este
novo estudo com alguns diretores de agências internacionais de investimento,
novamente tive o desprazer de ouvir o comentário: "Imagine se esse País fosse sério".
Quinze anos se passaram
e a sensação é a mesma. Jogamos fora as oportunidades de um crescimento
sustentado, de uma redistribuição de renda mais justa e de acesso ao emprego, à
educação e cultura às camadas mais pobres do nosso Brasil.
Talvez seja chegada a
nossa hora de aprender. Talvez seja chegada a nossa hora de aprender que
vale a pena ser sério, honesto, cumprir contratos, respeitar prazos, educar
pessoas, assumir compromissos, ser leal com a verdade e com a justiça.
A verdade é que todos
nós, brasileiros, já estamos cansados de sofrer as consequências de nossa
inconsequência. Cansados de ver o País do futuro que nunca chega, da lei que
não é cumprida, da autoridade que corrompe, da obra que não termina, da verba
que some, da manchete que assusta. Penso, enfim, que estamos cansados de nossa
esperteza que só perde, do "levar vantagem em tudo" e até de acreditar
num Deus brasileiro.
Portanto é hora de
mudar. É hora de assumir uma conduta de gente séria, honesta, cumpridora dos
deveres, da palavra, dos contratos. É hora de nos indignarmos com a
complacência do mal, com a permissão do erro, com o descumprimento da lei. E
essa é uma tarefa de cada um de nós, brasileiros de verdade, em nossos lares,
em nossas famílias, em nosso emprego. É hora de fazer bem feito, de ser
honesto, de cumprir o que promete, de educar bem nossos filhos, de respeitar os
colegas, de aumentar a qualidade de nossos produtos e serviços, de respeitar
clientes, de fazer o certo e ter vontade de ser melhor.
É hora de voltar a ter
orgulho de ser brasileiro e mostrar não só ao mundo, mas a nós mesmos que este
é sim, um País sério, com gente honesta, trabalhadora e honrada e que não
aceita ser julgado pela exceção.
Pense nisso. Sucesso!
Por Luiz Marins