Bolsonaro e Guedes anunciaram a medida durante a
Cúpula do Mercosul realizada na Argentina
O presidente Jair Bolsonaro
disse, ao final da Cúpula do Mercosul, em Santa Fé, que o anúncio da liberação
de até 35% das contas ativas do FGTS, adiantadas pelo ministro da Economia
Paulo Guedes durante o evento, será divulgado oficialmente nos próximos dias.
"É uma pequena injeção na economia", afirmou.
Nas palavras do presidente, o
pacote do FGTS é "bem-vindo" para ajudar a retomada do crescimento.
"A economia, segundo especialistas, começa a dar sinais de
recuperação", afirmou. Bolsonaro, que veio à cidade argentina para assumir
a presidência pro tempore do Mercosul, trouxe o filho mais novo, Jair Renan, 21
anos, e o apresentou aos jornalistas dizendo: "Ele está aprendendo".
Uma das ideias do governo é
autorizar os saques na seguinte proporção: quem tem até R$ 5 mil no FGTS,
poderia pegar 35% do saldo; trabalhadores com até R$ 10 mil teriam autorização
para sacar 30%. Ainda se discutia qual parcela terá direito quem tem entre R$
10 mil e R$ 50 mil, mas o percentual não foi definido. Acima de R$ 50 mil, o
trabalhador só poderia sacar 10% do saldo total. Os saques serão feitos no mês
de aniversário do titular da conta. Quem já aniversariou neste ano poderá sacar
assim que a medida for implementada.
O ministro da Economia, Paulo
Guedes, completou que as regras definitivas serão anunciadas nos próximos dias.
Segundo o ministro, até 35% do valor depositado pelo empregador atual poderá
ser retirado das contas, mas percentual dependerá da renda do trabalhador.
Atualmente, o dinheiro das contas ativas tem uso limitado, sendo o principal
destino o financiamento da casa própria.
A expectativa é que a medida
libere R$ 42 bilhões para os trabalhadores. Além disso, devem ser liberados
outros R$ 21 bilhões dos recursos de PIS/Pasep. "A tendência é esta",
disse, na Argentina, onde participa da 54ª Cúpula do Mercosul. Segundo Guedes,
os recursos do FGTS vão poder ser sacados no mês de aniversário dos que tiverem
o benefício disponível. O plano de liberar recursos das contas ativas do FGTS
vem sendo discutido há meses pelo governo, que busca medidas de estímulo à
economia do País.
Guedes vinha dizendo, porém,
que só faria anúncios de novas medidas econômicas após a aprovação da reforma
da Previdência. Do contrário, estímulos serviriam apenas para "voos de
galinha" da economia. As novas regras para aposentadoria passaram em
primeiro turno na Câmara na semana passada. Antes de entrarem em vigor,
precisam de mais uma rodada de aprovação dos deputados e do aval do Senado.
A expectativa mais recente do
governo e do mercado financeiro é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça
0,81%, desempenho ainda menor que os cerca de 1% registrados em 2018 e em 2017.
O recurso ao dinheiro do FGTS
para tentar estimular o consumo foi usado durante o governo de Michel Temer. À
época, trabalhadores puderam sacar recursos das contas inativas do FGTS,
aquelas de empregos anteriores, dos quais pediram demissão e ficou com o
dinheiro retido. Foram liberados R$ 44 bilhões em 2017 com essa medida.
O presidente Jair Bolsonaro
também falou, na Argentina, sobre a reforma tributária. Ele confirmou que fará
mudanças no Imposto de Renda. "O que nós queremos fazer, conforme a
explanação do Marcos Cintra no dia de ontem (terça-feira), na reunião de
ministros, é mexer com os tributos federais, em uma tabela de Imposto de Renda
com, no máximo, 25% e dar uma adequada, e nós queremos, segundo o próprio Onyx
Lorenzoni, ano a ano, diminuir nossa carga tributária."
Saque cria insegurança sobre Minha Casa Minha Vida,
diz Sinduscon-SP
A proposta do Ministério da
Economia de permitir que os trabalhadores saquem até 35% dos recursos de suas
contas ativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) liga o sinal
amarelo para o setor de construção civil, que depende de recursos do fundo para
financiar a construção e a compra de imóveis no programa Minha Casa Minha Vida
(MCMV).
"Um saque na ordem de R$
42 bilhões, como foi falado, vai mexer com a liquidez do fundo. Todos os
empresários do setor estão inseguros", afirmou o vice-presidente de
habitação do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
(Sinduscon-SP), Ronaldo Cury.
Os recursos do FGTS servem
como subsídio para o MCMV, que oferece financiamento a taxas de juros mais
baixas do que o restante do mercado para a compra da casa própria. Segundo
Cury, a potencial queda na liquidez desperta preocupação entre os empresários
sobre a capacidade do fundo continuar financiando projetos que estavam
previstos para serem lançados nos próximos meses.
"De um lado, o governo
prometeu lançar um novo MCMV. Do outro está tirando o dinheiro do fundo que
sustenta o programa. Quem vai investir dessa forma?", questiona. Cury
lembrou que os recursos do FGTS destinados ao programa habitacional em São
Paulo acabaram em junho, devido ao aquecimento do mercado, o que demandou o
redirecionamento de dinheiro que estava parado em outros segmentos do orçamento
do FGTS. "Isso mostra como o cobertor já está curto."
O representante do
Sinduscon-SP comentou ainda que o setor foi pego de surpresa com essa proposta
do governo, apesar de manter reuniões periódicas com representantes da esfera
federal. "Não teve aviso nem conversa com o setor de construção. Ficamos
sabendo sobre os saques pelos jornais", reclamou.
Em evento de 200 dias, presidente lançará pacote de
estímulo à economia
O presidente Jair Bolsonaro
lançará nesta quinta-feira (18) um pacote de medidas de estímulo à economia e
de desburocratização da máquina pública. O anúncio será feito em evento em
comemoração aos 200 dias de seu mandato, que será promovido no Palácio do
Planalto e no qual será apresentado também um balanço do período.
Na cerimônia, o presidente
revogará decretos administrativos que hoje não têm mais efeito prático, em um
esforço para simplificar as regras vigentes. Ele também assinará iniciativa que
facilita a abertura e o encerramento de empresas, com novas regras para autenticação
de documentos. A mudança era prevista em medida provisória que perdeu efeito
neste mês.
O presidente irá regulamentar
ainda a criação de um selo único, chamado Arte, que permitirá a venda de
produtos artesanais com origem animal em todo o País. Atualmente, essa
comercialização é limitada à região de produção e de fiscalização do processo.
Com o selo, o governo espera estimular a fabricação de produtos como queijo,
mel e embutidos.
O pacote também pode incluir a
liberação de saques de contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo Serviço), no
valor de R$ 42 bilhões, e do PIS-Pasep, no montante de R$ 21 bilhões. A medida,
no entanto, ainda está em fase de finalização, o que pode atrasar o seu anúncio
para o final desta semana.
Outra iniciativa, que também
há expectativa de anúncio, é a venda de imóveis da União. A previsão é de que
ela eleve a arrecadação deste ano em até R$ 1 bilhão e, do primeiro trimestre
de 2020, em mais R$ 4 bilhões.
O pacote presidencial também
incluirá iniciativas na área social, como a criação do programa federal Casa
Dia, uma rede de atendimento, acolhimento e assistência a idosos. No evento, o
governo federal ainda ressaltará medidas liberais adotadas na área trabalhista,
como a permissão de trabalho para setores da economia aos domingos e feriados.
O presidente quer transformar essa autorização feita por meio de portaria em
lei, usando uma medida provisória que já está pronta para ser analisada pelo
plenário da Câmara dos Deputados.
Fonte: Jornal do Comércio do RS
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