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Empreendedorismo - Empresa vende mensagens pós-morte


Publicada em 05/08/2019 às 10:00h 

Aos 48 anos de idade, Mário Cássio Maurício largou o cargo de CEO da antiga empresa, onde atuou por 20 anos, para empreender. Ele criou a Meu Último Desejo, que armazena mensagens em vídeo de pessoas que querem deixar recados pós-morte para parentes e amigos. O serviço custa R$ 4,99 mensais.

Além das mensagens particulares, o serviço também tem espaço para informações práticas, como senhas de redes sociais e bancos. De acordo com Maurício, todo o conteúdo é sigiloso, e nem mesmo a empresa tem acesso. Ele diz que funciona como "alugar um cofre no banco" para guardar joias.


Negócio baseado em experiência pessoal


O pai de Maurício faleceu há 17 anos, depois de 70 dias em coma. Como ele já tinha outra família, houve uma disputa judicial pelos bens deixados, e, durante esse processo, o empreendedor recebeu a secretária eletrônica do pai, quatro anos após a morte. 


"Ouvi a voz dele novamente, foi algo que me marcou muito. Juntei todas as experiências e comecei a ter os insights da Meu Último Desejo. Tornou-se uma missão de vida poder ajudar pessoas nesses momentos de luto e também fazer com que quem morre, de certa forma, continue sendo parte da vida dos seus entes queridos", declarou.


Como funciona?


O contratante deixa as instruções de quando as mensagens devem ser enviadas e para qual destinatário, além de dois tutores que serão responsáveis por comunicar sobre o falecimento. Quando as mensagens são enviadas, o parente ou amigo recebe a opção de baixá-las, e os arquivos são apagados dos servidores.


As mensagens não precisam ser enviadas imediatamente após a morte e podem ser programadas para futuras ocasiões especiais, de acordo com Maurício. Por exemplo, para o nascimento do primeiro neto ou para a formatura do filho. Os tutores informam a data em que os eventos acontecem, e as mensagens são enviadas.


A obrigatoriedade de pagamento é encerrada com a morte do contratante, mesmo que tenha passado apenas um mês da assinatura.

Prestes a completar um ano, a empresa diz que cresce cerca de 20% ao mês, mas não revelou faturamento nem lucro. A direção diz que pretende fazer parcerias com planos de saúde, seguro previdenciário e seguro de vida.


Serviço é inovador, mas precisa de atenção à segurança


O professor da FGV Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, vê com bons olhos a iniciativa. "É uma proposta interessante, pois gera um modelo de assinatura, uma receita recorrente. A demanda existe, as pessoas têm deixado um legado, registrado suas vidas. Se antes deixavam por meio de cartas e testamentos, é natural que agora elas façam isso de forma digital", afirmou.


O especialista acredita que o desafio será captar clientes e direcionar a mensagem, pois não será encarado com um serviço de primeira necessidade.


Além disso, a empresa terá que comprovar a segurança dos servidores que armazenarão os dados, bem como a criptografia que impedirá o acesso. "Deverá demonstrar que é confiável e que as senhas serão utilizáveis, pois muitos acessos não são permitidos no pós-morte."


Por se tratar de um serviço novo, também é importante prever riscos aos quais a contratação está sujeita, como "a descontinuidade do serviço, desaparecimento da startup ou vazamento de informações", disse o especialista.


Questionado sobre a forma de armazenamento das informações, Maurício afirmou que todos os dados recebidos são criptografados e armazenados na Amazon Web Services.


Onde encontrar:


Meu Último Desejo - https://meuultimodesejo.com.br/

Fonte: UOL



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