"Todos os dias, quando acordo, não tenho mais o tempo que
passou."(Renato Russo)
O que você
pode fazer em duas horas? Assistir a um filme no cinema ou no conforto de seu
lar. Apreciar um show ou um espetáculo teatral. Ler muitas páginas de um livro.
Desfrutar da companhia de amigos ou familiares. Ou então, ficar preso no
trânsito tentando regressar à sua residência após um dia de trabalho...
Dirigir pode
ser um ato prazeroso. Uma oportunidade para conhecer novos lugares, observar
paisagens, ouvir boa música, ter um diálogo agradável com quem lhe acompanha ou
simplesmente mergulhar nos próprios pensamentos. Contudo, estamos atingindo
níveis alarmantes de imobilidade urbana. E este não é um privilégio apenas das
capitais ou grandes centros urbanos.
A tese de
que o dia é formado por três grandes blocos com oito horas para dormir, oito
para trabalhar e outras oito para o lazer está ultrapassada. Ela remonta à
Revolução Industrial, quando um trabalhador do setor têxtil cumpria jornadas de
14 a 16 horas diárias. O inglês Robert Owen, tido como precursor do
cooperativismo, inovou ao estabelecer uma jornada de 10,5 horas. No início do
século passado, Henry Ford instituiu a linha de produção na montagem de seus
veículos adotando turnos de oito horas.
Nos tempos
atuais, dispendemos muito mais tempo trabalhando. Primeiro, porque a tecnologia
mobile nos tornou profissionais em tempo integral, conectados permanentemente
para atender às mais diversas demandas. Segundo, porque é necessário considerar
o tempo de trajeto de casa para o trabalho e vice-versa. Se você gasta apenas
duas horas por dia no trânsito, seja em seu veículo ou no transporte público,
estará jogando no lixo, ao final de um ano, 19 dias inteiros apenas em
deslocamento!
Assim,
precisamos repensar a questão da mobilidade urbana. Inicialmente, com fortes
investimentos em transporte público para desestimular o uso de automóveis. A
demanda tem crescido muito nos últimos anos sem contrapartida na
infraestrutura, o que justifica as panes nos sistemas sobre trilhos.
Também é
necessária a construção de bolsões de estacionamento para que o automóvel seja
utilizado apenas em pequenos trajetos.
O
crescimento no número de motos, em virtude de seu menor custo e facilidade de
crédito, demanda a construção de corredores nas principais vias, a fim de
reduzir o número de acidentes. Lembre-se de que invariavelmente os
motociclistas criam sua própria faixa, entre os veículos, o que explica o fato
de que 40% das vítimas fatais e
74% das que sofrem invalidez permanente nos acidentes de trânsito, estavam em
motos.
O trabalho
SOHO (small office, home office), ou seja, o trabalho à distância, precisa ser
gradualmente ampliado, aproveitando o uso de tecnologias e reduzindo a
necessidade do trabalho presencial.
Aproveitando
suas reflexões de final de ano, questione-se sobre o que você pode fazer para
reduzir o tempo perdido gasto com deslocamentos no próximo ano.
Por Tom Coelho