O que é assédio moral?
São
atos cruéis e desumanos que caracterizam uma atitude violenta e sem ética nas
relações de trabalho, praticada por um ou mais chefes contra seus subordinados.
Trata-se da exposição de trabalhadoras e trabalhadores a situações vexatórias,
constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função.
É
o que chamamos de violência moral. Esses atos visam humilhar, desqualificar e
desestabilizar emocionalmente a relação da vítima com a organização e o
ambiente de trabalho, o que põe em risco a saúde, a própria vida da vítima e
seu emprego.
A
violência moral ocasiona desordens emocionais, atinge a dignidade e identidade
da pessoa humana, altera valores, causa danos psíquicos (mentais), interfere
negativamente na saúde, na qualidade de vida e pode até levar à morte.
Como acontece
A
vítima escolhida é isolada do grupo, sem explicações. Passa a ser hostilizada,
ridicularizada e desacreditada no seu local de trabalho. É comum os colegas
romperem os laços afetivos com a vítima e reproduzirem as ações e os atos do(a)
agressor(a) no ambiente de trabalho. O medo do desemprego, e a vergonha de
virem a ser humilhados, associados ao estímulo constante da concorrência
profissional, os tornam convenientes com a conduta do assediador.
Alvos preferenciais
*
Mulheres
*
Homens
*
Raça/Etnia
*
Orientação sexual
*
Doentes e Acidentados
A
maioria das vítimas é mulher e é negra.
Violência moral contra a mulher
Aspectos gerais
Geralmente,
o ambiente de trabalho é o mais perverso para as mulheres, pois, além do
controle e da fiscalização cerrada, são discriminadas. Essa prática é mais
frequente com as afrodescendentes. Muitas vezes o assédio moral diferido contra
elas é precedido de uma negativa ao assédio sexual. Em alguns casos, os
constrangimentos começam na procura do emprego, a partir da apresentação
estética.
Posteriormente,
ações como:
*
Ameaça, insulto, isolamento;
*
Restrição ao uso sanitário;
*
Restrições com grávidas, mulheres com filhos e casadas;
*
São as primeiras a serem demitidas;
*
Os cursos de aperfeiçoamento são preferencialmente para os homens;
*
Revista vexatória, e outras atitudes que caracterizam assédio moral.
Violência moral contra o homem e orientação sexual
O
homem não está livre do assédio, particularmente se for homoafetivo ou possuir
algum tipo de limitação física ou de saúde.
No
que se refere à orientação sexual, não há instrumentos oficiais para esse tipo
de verificação. E, aqui, o entrave é também cultural e está ligado ao que
significa ser homem na sociedade brasileira. Em uma sociedade machista, os
preconceitos com relação à orientação sexual são ainda mais graves.
Violência moral contra doentes e acidentados(as)
-
Ter outra pessoa na função, quando retorna ao serviço;
-
Ser colocado em local sem função alguma;
-
Não fornecer ou retirar instrumentos de trabalho;
-
Estimular a discriminação entre os sadios e os adoecidos;
-
Dificultar a entrega de documentos necessários à concretização da perícia
médica pelo INSS;
-
Demitir após o transcurso da estabilidade legal.
Objetivos e estratégias
Objetivo do(a) agressor(a):
-
Desestabilizar emocionalmente e profissionalmente;
-Livrar-se
da vítima: forçá-lo(a) a pedir demissão ou demiti-lo(a), em geral, por
insubordinação.
Estratégia do(a) agressor(a):
-
Escolher a vítima e o(a) isolar do grupo;
-
Impedir que a vítima se expresse e não explicar o porquê;
-
Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em seu local de trabalho;
-
Culpar/responsabilizar publicamente, levando os comentários sobre a
incapacidade da vítima, muitas vezes, até o espaço familiar;
-
Destruir emocionalmente a vítima por meio da vigilância acentuada e constante.
Ele(a) se isola da família e dos amigos, passa a usar drogas, principalmente o
álcool, com frequência, desencadeando ou agravando doenças preexistentes;
-
Impor à equipe sua autoridade para aumentar a produtividade.
Como identificar o assediador
É
no cotidiano do ambiente de trabalho que o assédio moral ganha corpo. Alguns
comportamentos típicos do(a) agressor(a) fornecem a senha para o processo de
assédio moral nas empresas.
O
assédio moral é uma relação triangular entre quem assedia, a vítima e os demais
colegas de
trabalho.
Após
a confirmação de que está sendo vítima de assédio moral, não se intimide, nem
seja cúmplice. Denuncie!
Confira alguns exemplos:
- Ameaçar constantemente,
amedrontando quanto à perda do emprego;
- Subir na mesa e chamar a todos de incompetentes;
- Repetir a mesma ordem para realizar tarefas
simples, centenas de vezes, até desestabilizar emocionalmente o(a)
subordinado(a);
- Sobrecarregar de tarefas ou impedir a
continuidade do trabalho, negando informações;
- Desmoralizar publicamente;
-
Rir, a distância em pequeno grupo, direcionando os risos ao trabalhador;
-
Querer saber o que se está conversando;
-
Ignorar a presença do trabalhador(a);
-
Desviar da função ou retirar material necessário à execução da tarefa,
impedindo sua execução;
-
Troca de turno de trabalho sem prévio aviso;
-
Mandar executar tarefas acima ou abaixo do conhecimento do trabalhador;
-
Dispensar o trabalhador por telefone, telegrama, ou correio eletrônico, estando
ele em gozo de férias;
-
Espalhar entre os(as) colegas que o(a) trabalhador(a) está com problemas
nervosos;
-
Sugerir que o trabalhador peça demissão devido a problemas de saúde;
-
Divulgar boatos sobre a moral do trabalhador.
Como a vítima reage
Mulheres
e homens reagem de maneira diferente, quando vítimas de assédio. O assédio
moral desencadeia ou agrava doenças.
Mulheres:
São
humilhadas e expressam sua indignação com choro, tristeza, ressentimentos e
mágoas. Sentimento de inutilidade, fracasso e baixa autoestima, tremores e
palpitações.
Insônia,
depressão e diminuição da libido são manifestações características desse
trauma.
Homens:
Sentem-se
revoltados, indignados, desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de
vingar-se.
Ideias
de suicídio e tendências ao alcoolismo. Sentem-se envergonhados diante da mulher
e dos filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade, fracasso e baixa
autoestima.
O que a vítima deve fazer
*
Resistir. Anotar, com detalhes, todas as humilhações sofridas: dia, mês, ano,
hora, local ou setor, nome do(a) agressor(a), colegas que testemunharam os
fatos, conteúdo da conversa e o que mais achar necessário.
*
Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que
testemunharam o fato ou que sofrem humilhações do(a) agressor(a).
*
Evitar conversa, sem testemunhas, com o(a) agressor(a).
*
Procurar seu sindicato e relatar o acontecido.
*
Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas.
Instituições e órgãos que devem ser procurados:
*
Ministério do Trabalho
*
Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego
*
Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher
*
Conselhos Estaduais dos Direitos da Mulher
*
Comissão de Direitos Humanos
*
Conselho Regional de Medicina
*
Ministério Público
*
Justiça do Trabalho
*
Ouvidoria
0800
61 0101
(Região
Sul e Centro-Oeste, Estados do Acre, Rondônia e Tocantins)
0800
285 0101
(Para
as demais localidades)
-
www.mte.gov.br/ouvidoria
O medo reforça o poder do(a) agressor(a)
O
assédio moral no trabalho não é um fato isolado. Como vimos, ele se baseia na
repetição, ao longo do tempo, de práticas vexatórias e constrangedoras,
explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho.
Nessa
luta, são aliados dos(as) trabalhadores(as) os centros de Referência em Saúde
dos Trabalhadores, Comissões de Direitos Humanos e Comissão de Igualdade e
Oportunidade de Gênero, de Raça e de Etnia, de Pessoas com Deficiência e de
Combate à Discriminação nas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego.
Um
ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível. Para que isso
aconteça, é preciso vigilância constante e cooperação.
Consequências do assédio moral
Perdas para a empresa
*
Queda da produtividade e menor eficiência, imagem negativa da empresa perante
os consumidores e mercado de trabalho;
*
Alteração na qualidade do serviço/produto e baixo índice de criatividade;
*
Doenças profissionais, acidentes de trabalho e danos aos equipamentos;
*
Troca constante de empregados, ocasionando despesas com rescisões, seleção e
treinamento de pessoal;
*
Aumento de ações trabalhistas, inclusive com pedidos de reparação por danos
morais.
Ações preventivas da empresa
Os
problemas de relacionamento dentro do ambiente de trabalho e os prejuízos daí
resultantes serão tanto maiores quanto mais desorganizada for a empresa e maior
for o grau de tolerância do empregador em relação às praticas de assédio moral.
*
Estabelecer diálogo sobre os métodos de organização de trabalho com os gestores
(RH) e trabalhadores(as);
*
Realização de seminários, palestras e outras atividades voltadas à discussão e
sensibilização sobre tais práticas abusivas;
*
Criar um código de ética que proíba todas as formas de discriminação e de
assédio moral.
Fonte:
Cartilha do Ministério do Trabalho e Emprego
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