Muita gente fica à
espera de um grande investimento para tirar uma boa ideia do papel. A verdade é
que é possível começar uma start-up com uma ideia simples e com baixo
investimento, segundo Marcos Barretto, professor de empreendedorismo da Escola
Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), e coordenador acadêmico do Academic
Working Capital, programa do Instituto TIM que transforma trabalhos de
conclusão de curso em empresas.
Ele diz que nem todas
as start-ups precisam ser empresas criadas para serem vendidas por US$ 1
bilhão.
"Nem todas as
empresas serão o Google, assim como nem toda start-up precisa de muito dinheiro
para iniciar suas atividades. Muito mais do que criatividade, é necessário
identificar um problema do consumidor e resolvê-lo de forma eficaz para criar
uma empresa de sucesso", afirma.
Veja abaixo uma lista
com 10 dicas elaboradas pelo professor que podem ajudar a transformar uma
simples ideia num negócio lucrativo:
1. Tenha foco no problema
O lucro é importante,
faz parte do negócio e é necessário para o crescimento da empresa. Porém, é
necessário concentrar-se inicialmente em resolver o problema de alguém da
melhor forma possível, e não focar em uma ideia nem no lucro, diz Barretto. "É importante que o
empreendedor entenda que nem todas as start-ups viram negócios milionários. É
possível ser feliz com um negócio que gere renda suficiente para viver e manter
a família, por exemplo, e que gere alguns empregos."
2. Parta de uma ideia simples
Nem todas as empresas
serão o Google --e não precisam ser. Aliás, nem o Google nasceu pensando que
seria o que é hoje, diz o professor. Não é necessário reinventar a roda, e sim
partir de uma ideia simples e que desperte o interesse das pessoas. "Fala-se muito em
negócios escaláveis, que podem crescer rapidamente, e em ideias disruptivas,
diferentes de tudo o que já existe. Mas esses casos são um em um milhão."
3. Estude seu consumidor em potencial
Entender quem é seu
possível consumidor e o que ele deseja é essencial para o sucesso do negócio. O
empreendedor precisa ir a campo e ser realmente obcecado por entender os
problemas do seu público-alvo. É preciso ver como o potencial cliente toma
decisões e que tipo de produto ou serviço pode ajudá-lo em algo que o incomoda. "A partir daí, é
possível definir quem a nova solução vai atender, de que forma e quanto as
pessoas estão dispostas a pagar por ela", afirma.
4. Elabore um modelo de negócios simples para te guiar
O plano de negócios é
uma ferramenta conhecida, mas dá muito trabalho e é estática. Um modelo de
negócios como o Canvas apresenta
todas as áreas de um negócio e permite que você tenha uma visão geral e faça as
adaptações necessárias. "Use-o como um mapa
para propor todas as suas ideias e vá evoluindo o modelo conforme você conversa
com o seu público."
5. Analise a concorrência para se diferenciar
Descubra quem são seus
concorrentes diretos e indiretos, estude os motivos do sucesso e do fracasso
deles. Qual sua proposta de valor? Onde o cliente fica mais satisfeito e onde
fica insatisfeito? Como você pode criar uma proposta de valor melhor ou que saia
da concorrência direta? "A concorrência
sempre vai existir, mesmo que seja um negócio totalmente novo. Afinal, as
empresas disputam também a atenção das pessoas. Entender bem o que cada
concorrente oferece é uma boa maneira de buscar um diferencial", afirma
Barretto.
6. Crie experimentos reais para testar sua ideia
Antes de investir seu
tempo e seu dinheiro em uma solução completa, crie experimentos de validação do
que você está propondo. Pesquisas e simulações de uso do produto podem dar
respostas úteis e fazer você alterar estratégias com um investimento muito
baixo. "Isso é imprescindível
para buscar investimento externo", declara.
7. Questione: será que o que falta é só investimento?
A maioria das
start-ups inicia com pouco investimento. No estágio inicial, o foco é encontrar
uma necessidade a ser atendida, e esse é um processo barato. Conforme a empresa
avança, alguns investimentos se tornam necessários. Mas, segundo o professor,
esse momento só chega depois da primeira, da segunda ou até mesmo da terceira
venda. "Muita gente usa a
falta de investimento como desculpa, mas são pessoas que não têm a disciplina e
a organização necessárias para colocar uma empresa de pé. O investimento não
vem só em uma ideia, vem em algo concreto", afirma.
8. Aprenda o básico do administrativo-financeiro
A parte
administrativo-financeira costuma ser um ponto crítico para novos
empreendedores. Nota fiscal, contabilidade, prestação de contas, impostos: tudo
isso pode tomar muito tempo e dinheiro se não receber a atenção necessária. "O empreendedor
precisa ter uma visão geral do seu negócio. É necessário algum conhecimento até
de tarefas que podem ser terceirizadas, como a contabilidade, pois o contador
pode fazer sugestões que não são as ideais para a empresa por não conhecer o
negócio como um todo", afirma.
9. Não comece sozinho
É importante a
presença de pelo menos um sócio. Tomar decisões sozinho é muito complicado, e o
empreendedor precisa de alguém que o ajude a pensar e a executar o trabalho. "Escolha alguém de
confiança e que seja competente. Ter uma sociedade não é algo fácil, mas não
ter uma sociedade torna o caminho ainda mais difícil."
10. Esteja aberto a aprender
Ter uma empresa é
aprender a todo instante: com o seu cliente, com o seu concorrente e com as
pessoas ao seu redor. No início, a start-up está em constante mudança e tem um
ciclo de aprendizado muito rápido. "Esteja aberto a
esse processo e seja crítico. O erro sem aprendizado não leva a nada. A cada
passo, analise e aprenda. Só assim é possível transformar uma ideia em um
negócio. O ideal é fazer avaliações periódicas, como a cada seis meses, para
ver se está no caminho certo ou se é necessário mudar", diz Barretto.
Fonte:
UOL
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