"Bom senso é a capacidade de ver as coisas como sãoe fazê-las como devem
ser feitas."(Josh Billings)
É provável
que você já tenha ouvido falar da "geração nem-nem", denominação dada aos
jovens que nem estudam, nem trabalham. Conheça agora a "geração sem-sem". Ela
não é formada exclusivamente por jovens, pois não está relacionada à idade, mas
sim a novos hábitos oriundos da tecnologia. Trata-se de pessoas que utilizam
celular e redes sociais sem
limites, e não raro, sem
noção das consequências.
Em 2012, a
atleta grega Voula Papachristou foi afastada dos Jogos Olímpicos de Londres
pelo Comitê Olímpico de seu próprio país após postar em seu Twitter: "Com
muitos africanos na Grécia, ao menos os mosquitos do Nilo ocidental vão comer
comida caseira".
Em dezembro
de 2013, Justine Sacco, então diretora de comunicação da IAC, empresa detentora
de diversos sites, entre os quais o Vimeo, embarcava para a África do Sul, sua
terra natal, quando tuitou para seus 170 seguidores: "Indo para a África.
Espero não contrair Aids. Brincadeira. Sou branca!". Ao desembarcar, nove horas
depois, descobriu que sua mensagem havia repercutido fortemente, sendo
capitaneada por grupos de combate ao racismo. No dia seguinte, foi sumariamente
demitida.
Há alguns
anos eu pretendia contratar uma assessoria de imprensa. Minha prioridade não
era uma empresa formal, mas sim um profissional que pudesse realizar o trabalho
à distância, em uma autêntica relação de confiança. Por coincidência, recebi o
currículo de uma jornalista bastante qualificada. Porém, antes de procurá-la,
decidi analisar seu perfil também nas redes sociais. Qual não foi minha
surpresa ao constatar que a moça passava várias horas todos os dias em um jogo
on-line, compartilhando com todos suas conquistas. Como estabelecer um sistema
de trabalho à distância nestas circunstâncias?
Todos
sabemos os benefícios legados pelos avanços da tecnologia. O acesso à
informação, a velocidade da comunicação, a interação com novas pessoas e o
resgate de relacionamentos do passado. Entretanto, falta bom senso na utilização
de celulares e redes sociais.
A
necessidade de acompanhar uma infinidade de posts faz com que predomine a
superficialidade. Qualquer mensagem com mais de três parágrafos é simplesmente
ignorada. Pior, a partir de uma leitura rasa e incompleta, muitos julgam-se em
condições de comentar e criticar com propriedade, mesmo sem ter compreendido o
contexto.
O Facebook,
por sua ampla difusão, é um ótimo exemplo. Neste canal, é muito comum as
pessoas inserirem textos e imagens que não necessariamente representem quem
elas são, mas sim uma projeção de quem gostariam de ser. E a coleção de selfies
retrata um mundo cor de rosa que não necessariamente corresponde à realidade
dos fatos.
Mas nada é
mais preocupante - e irritante - do que o uso indiscriminado dos celulares. Pessoas com a "síndrome da cabeça baixa"
reunidas presencialmente, porém focadas exclusivamente na tela de seus
smartphones ignorando a tudo e a todos ao seu redor. Gente que liga
o aparelho dentro do cinema e do teatro, responde mensagens durante aulas e
reuniões, dirige falando ao celular colocando em risco a própria integridade e
a segurança de outros.
Até o
surgimento de uma próxima moda precisamos aprender a lidar com a tecnologia,
evitando o risco de ser um sem-sem: sem limites, sem noção!
Por Tom Coelho