Especialistas
ouvidos nesta terça-feira (17/9/2019) pela Comissão de Defesa do Consumidor da
Câmara dos Deputados alertaram para a necessidade de se esclarecer a população
sobre Lei Nacional de Proteção de Dados (Lei 13.709/18).
A legislação entra
em vigor no ano que vem e tem como objetivo principal disciplinar o tratamento,
por terceiros, de dados pessoais, como nome e sobrenome, CPF, RG; além de raça,
religião, sexualidade e opinião política.
Para o presidente do
Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, Arthur Rollo, a nova lei só vai
surtir os efeitos esperados se o consumidor for conscientizado sobre a
necessidade de permitir ou não a utilização de suas informações.
"É só ter um
aplicativo novo que te envelhece, que faz você ficar com cara de
bichinho, que todo mundo sai baixando, e é obvio que, por trás desses
aplicativos gratuitos, o que existe é a utilização de dados do
consumidor", alertou.
Rollo destacou ainda
que um dos pontos nevrálgicos da lei de proteção de dados é justamente o livre
consentimento do consumidor. "E ele precisa saber disso", completou.
O vice-Presidente da
Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor, Paulo Roberto
Binicheski, lembrou que as empresas têm obrigação de informar e pedir permissão
aos consumidores antes de utilizar seus dados.
O autor do
requerimento para a realização da audiência, deputado Celso Russomanno
(Republicanos-SP), afirmou que a utilização indevida de dados pode trazer
enormes prejuízos para o consumidor e por isso deveria ser punida de forma mais
severa, não apenas com multa.
"A responsabilização
é muito branda, a responsabilização não é só da pessoa jurídica que vai arcar
com os danos causados aos consumidores pelos vazamentos de dados. Mas, e aquele
que deu causa e origem àquilo não vai responder criminalmente?", questionou.
Insumo
O diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor (Proteste), Henrique Lian, destacou que os dados pessoais estão
atualmente na base da economia mundial, com um mercado tão forte que sustenta
sozinho o Facebook, uma empresa que lucra milhões de dólares anualmente em todo
o mundo.
"Não se
desenvolve nenhum produto e nenhum serviço mais sem a utilização, a análise e a
mineração de dados individuais", disse.
Para Lian, o
consumidor que que fornece o principal insumo para a indústria de produtos e
serviços deveria estar no centro da nova economia recebendo um dividendo justo
pelo seu insumo. "O que ainda não acontece, mas marcos regulatórios como a
lei de proteção de dados caminham nesse sentido", avalia.
O especialista
comparou os dados pessoais à moeda e a garantia dada pelo consumidor, ao
lastro. "No momento em que os consumidores perderem a confiança nas
empresas e retirarem os seus dados, não permitirem que seus dados sejam
monetizados, a gente terá uma crise econômica semelhante à de 1929".
Fonte: Câmara dos Deputados