Francisco era um
"bom demais", disse-me um seu ex-colega de trabalho. Era realmente a
pessoa que mais entendia de nossos produtos. Sabia responder a qualquer
pergunta técnica que lhe fosse feita.
Só tinha um problema: ele não dividia seu conhecimento com ninguém. Não
ensinava ninguém. Quando dava uma informação, o fazia de forma enigmática para
que quem perguntasse ficasse sempre numa posição de "ignorante". Ele
tinha até um vício de dar um sorriso de deboche quando alguém lhe perguntasse
alguma coisa sobre o que tanto sabia.
Quando decidíamos fazer alguma coisa diferente e inovadora e que havia sido
decidido sem que ele "comandasse" a decisão, logo ele vinha com
ironia sobre ironia dizendo que aquilo não ia dar certo e querendo dizer, nas
entrelinhas de suas críticas, que ele, somente ele, poderia fazer a coisa dar
certo, mas... "não queria se intrometer..." na área alheia, etc.
Esse comportamento do Francisco irritava a todos. Ninguém gostava dele na
empresa. Várias vezes tentamos conversar com ele para que ele mudasse seu
comportamento e fosse mais humilde, participativo, cooperativo. Nada surtia
efeito. Várias vezes decidimos dispensá-lo, pois o clima que ele criava era
demasiadamente ruim. Sempre vinha a dúvida: ele era um "excelente
técnico" e todos nos sentíamos inseguros em dispensá-lo.
Até que um dia ele ultrapassou os próprios limites e respondeu mal a um de
nossos principais clientes.
Foi dispensado.
Qual não foi a nossa surpresa! Após a saída do "grande" Francisco, a
empresa tornou-se leve e descontraída. As demais pessoas buscaram rapidamente o
conhecimento que só ele dizia ter. Vimos que havia muitas pessoas na empresa
que sabiam tanto ou mais do ele e que eram também bons no que faziam e eram
humildes, participativos e cooperativos. O clima mudou. A empresa cresceu. A
verdade é que nos livramos de um "corvo" que minava a empresa pouco a
pouco, com seu comportamento arrogante e individualista.
Nesta semana, gostaria que você observasse se você também não tem na sua empresa
esses "excelentes técnicos" que pouco contribuem para a empresa
como um todo e que vivem para seus próprios egos. Meu conselho é: vá fazendo um
planejamento para livrar-se deles. Você verá que sua empresa renascerá sem
esses prepotentes "franciscos".
Pense nisso. Boa Semana. Sucesso!
Por Luiz Marins