"Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo
esforço."
(Dave Weinbaum)
Leandro
Barbosa, ou apenas Leandrinho, foi um dos brasileiros a brilhar na liga
norte-americana de basquetebol, a NBA. O armador foi eleito o melhor sexto
jogador da temporada 2006/2007 e o segundo melhor na temporada 2007/2008. Eu
disse "sexto jogador". Isso significa que ele era considerado um dos melhores
reservas do mundo. Iniciava os jogos no banco, sendo chamado a participar no
decorrer das partidas quando entrava e decidia: muitos pontos convertidos e
ótimas assistências realizadas.
O arqueiro do São Paulo, Rogério Ceni, era apenas o terceiro goleiro do Sinop
Futebol Clube nos idos de 1990. Durante o campeonato estadual, o goleiro
titular e o primeiro reserva ficaram lesionados. Ceni assumiu a posição e já na
partida inaugural defendeu um pênalti. Sua equipe sagrou-se campeã naquele ano
e logo depois ele principiaria uma carreira vitoriosa em sua atual equipe.
Os dois exemplos relatados demonstram que não ser o primeiro pode ser uma
condição apenas temporária. E a lição é perfeitamente aplicável ao mundo
corporativo.
A maioria dos profissionais que inicia uma carreira almeja alcançar o topo da
pirâmide com a maior velocidade possível. Subir na hierarquia, acumulando
dinheiro, poder e realizações. Mas sendo este o desejo de muitos é evidente que
o funil de oportunidades é rigoroso. Poucos têm êxito. E mesmo os bem-sucedidos
descobrem com rapidez que mais difícil do que chegar ao cume é permanecer por
lá.
Se você está no banco de reservas, o que simbolicamente equivale a integrar o
segundo ou terceiro escalão em sua empresa, aproveite o momento para preparar
sua ascensão futura.
1.
Aprenda. Enquanto subalterno, seguramente você está vinculado a
atividades operacionais. Em lugar de reclamar desta condição, aproveite para
aprender tudo sobre o seu trabalho - e sobre o trabalho dos outros. Lembre-se
de que os fundamentos são essenciais. Não se pode calcular uma integral de uma
função sem compreender as quatro operações matemáticas básicas.
2.
Observe. Como você é pouco notado, pode transitar livremente
pela companhia e compreender sua estrutura de poder. Pesquise e observe quem é
quem, como funcionam as relações interpessoais. Olhos abertos e boca fechada.
Não é por acaso que ascensoristas e office-boys são tão bem informados.
3.
Melhore. Pratique o kaizen, ou seja, o
aprimoramento contínuo. Exercite suas habilidades, eleve sua destreza no
exercício das tarefas. Faça mais com menos. Gaste menos tempo executando para
sobrar mais tempo para pensar e planejar. Assim você começará a se destacar.
4.
Conheça. Procure estabelecer relações interpessoais
verdadeiras. Neste estágio você será avaliado por seus pares pelo que você de
fato é e não pela posição que ocupa. E poderá construir uma teia de amizades
que lhe dará suporte quando estiver lá em cima. Seja solícito com todos, mas
evite entrar em "panelas"!
5.
Prepare-se. Se trabalhar com afinco, esteja certo: sua hora
chegará. Por isso, aproveite o distanciamento que sua posição atual lhe confere
para lapidar suas competências. Projete a "pessoa ideal", aquela que vislumbra
ser, e planeje sua escalada.
No decorrer deste processo, você poderá atirar no que viu e acertar no que não
viu. Talvez opte por mudar de empresa. Talvez decida, por exemplo, redirecionar
sua carreira para a forma consultiva ao invés de executiva. Alguns atletas
descobrem que jamais serão craques, mas podem ser ótimos técnicos. Ou que podem
ser apenas o sexto homem e ainda assim fazer toda a diferença.
Por Tom Coelho