"Um professor não educa
indivíduos.Ele educa uma espécie."(Georg C. Litchtenberg)
Mais do que
consensual, é estatística a defasagem da qualidade de ensino em nosso país
quando comparado a outras nações participantes do Pisa, o Programa
Internacional de Avaliação de Alunos, exame de aprendizagem organizado pela
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O Brasil fez uma
opção pela quantidade em detrimento da qualidade, com o intuito de erradicar o
analfabetismo formal, colhendo como consequência um crescente analfabetismo
funcional. Assim, a baixa qualificação profissional e seu impacto na
produtividade do trabalho reduzem a competitividade de nosso país, levando-nos
a um crescimento econômico pífio e à persistência das desigualdades sociais.
Diante deste
contexto, como alcançar a excelência na educação? Alguns aspectos básicos que
devem ser observados:
1. Professor. É
necessário qualificar e remunerar adequadamente o docente, possibilitando e
estimulando a dedicação em tempo integral. A valorização financeira do
magistério é essencial para reter os melhores talentos. Os ganhos devem crescer
de acordo com o desempenho dos alunos, a assiduidade do professor às aulas e
sua avaliação periódica em provas docentes. O instrutor precisa aprender
didática, saber transmitir conhecimento e ensinar para transformar.
2. Aluno. Os estudantes devem
ser submetidos a exames auditivo e oftalmológico para identificar previamente
deficiências que possam comprometer o aprendizado. Precisam ser estimulados
para desenvolver interesse pela escola, reduzindo a evasão.
3. Pais. A
educação não pode ser simplesmente delegada à escola. Os pais precisam se
envolver, participando de reuniões, tarefas escolares, atividades
extracurriculares. Também devem impor limites aos filhos e educar pelo exemplo
- o pai que bebe com os amigos para se socializar e a mãe que toma remédio para
relaxar influenciam seus filhos diretamente.
4. Estrutura curricular. Deve
ser diversificada para aumentar a atratividade aos alunos, priorizando o
autoconhecimento para identificação e fortalecimento de talentos e o
desenvolvimento de competências não cognitivas. O sistema educacional não pode
continuar estruturado exclusivamente para preparar alunos para exames vestibulares.
Ou se insere o pragmatismo, ou a escola continuará sendo percebida como um
fardo em virtude do conteúdo programático definido pela atual Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (LDB).
5. Aulas. A
monotonia é um convite ao desperdício de tempo. Enquanto o professor escreve na
lousa, a desatenção e a indisciplina acolhem os alunos. As metodologias devem
privilegiar a participação ativa do aluno e as atividades em grupo.
6. Infraestrutura. O
ambiente deve ser acolhedor para aumentar o interesse do aluno e elevar o
índice de frequência. A acessibilidade arquitetônica a pessoas com deficiência
ou mobilidade reduzida em salas, corredores, auditórios e banheiros precisa ser
considerada. A tecnologia tem que ser inserida em sala de aula, como instrumento
de ensino e socialização, contemplando a realidade das novas gerações, em
contato desde cedo com equipamentos eletrônicos. A questão é saber quando, para
que e o que fazer com a tecnologia.
7. Gestão escolar. Aperfeiçoar
os sistemas de gestão, elevando a autonomia, integrando instituições e
investindo na qualificação do diretor.
Há certamente outros
fatores preponderantes, em especial as políticas públicas que devem amenizar o
impacto da condição socioeconômica dos pais no desenvolvimento cognitivo e emocional
dos filhos, não se limitando apenas à ampliação do número de vagas em creches e
pré-escolas. Mas isso é assunto para ser tratado em outro artigo.
Por Tom Coelho