Evento
promovido por empresa de software de gestão em São Paulo discutiu o futuro dos
pequenos e médios negócios
Prestar atenção às demandas de mercado é um
dos segredos para ter uma empresa bem-sucedida. Segundo dados do Sebrae, no Brasil,
existem 20 milhões de empreendimentos. Desses, 70% são pequenos negócios. Há,
portanto, uma cadeia: quem fornece em um momento é consumidor em outro.
Sendo assim, existe uma fatia enorme de
soluções para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
Marcelo Lombardo, CEO e fundador da Omie,
companhia de software de gestão para pequenos empreendimentos, percebeu que,
nesse cenário, existia o que ele define como um "gap de eficiência".
Durante encontro promovido em São Paulo na
última semana, Lombardo afirmou que o segmento de soluções para PMEs é
gigantesco e, ainda, pouco assistido. Foi pensando nisso que criou, em
2013, a Omie. Na época, ele já trabalhava com o desenvolvimento de softwares de
gestão, mas com foco em grandes indústrias. "Eram contas importantes, mas
nossa vida era miserável, porque concorríamos com marcas de maior porte",
lembra o CEO.
A atenção dele, então, voltou-se para um
nicho pulsante. "Percebemos que tinha um movimento acontecendo. O governo
estava baixando a régua da governança fiscal. Estávamos vendo, no horizonte, o
fim da informalidade." A partir daí, a Omie apostou nos novos
empreendedores que surgiam. Hoje, emite mais de R$ 5,3 bilhões em nota fiscal
ao mês por meio da plataforma e são, aproximadamente, 85 mil usuários
conectados todos os dias.
A maior dificuldade para consolidar o
negócio foi mostrar a necessidade para gestores. "Temos 18,5 milhões de
CNPJs e mais de 90% dessas empresas não têm um software de gestão. O pessoal me
pergunta qual o nosso principal concorrente no mercado, e eu digo que é a
Tilibra, fábrica de caderno, papel e caneta."
Para mostrar a importância do sistema, foi
preciso entender de que maneira seria estabelecido o elo entre a startup e o
cliente final. Verificou-se que os contadores eram os principais
influenciadores.
"Entendemos que o custo para o
contador caía em 80%. Porque, até ali, ele era um cartório do século passado.
De repente, todo trabalho manual foi substituído por uma integração digital, com
nota fiscal, com muito menos chance de erro."
A startup notou que não tinha que escalar a
venda de software, mas a confiança. Essa percepção foi o estopim para iniciar o
processo de franchising da marca, que, agora, conta com quatro unidades
próprias e 110 franquias no País. Com estrutura mínima de três pessoas, o
investimento para se tornar um franqueado é em torno de R$ 70 mil.
A partir dessa experiência, Lombardo
acredita que o desenvolvimento do mercado das PMEs é imprescindível para a
economia do País. "A média de faturamento de uma PME no Brasil é de US$ 37
mil por ano. Nos Estados Unidos, a mesma empresa, com a
mesma estrutura, fatura US$ 182 mil. A PME emprega 54% da mão de
obra, porém, gera só 27% do nosso PIB. Se corrigirmos essa distorção, podemos
nos transformar em primeiro mundo só em cima do empreendedor", prevê.
Como
aproveitar as oportunidades da indústria 4.0
Fernando acredita que, no futuro, as
empresas darão dispositivos móveis aos clientes para facilitar
A quarta era da indústria tem como seus
principais pilares a tecnologia para automação e para o controle de dados e
informações. As pequenas e médias empresas fazem parte desse movimento e podem
encontrar nele novas possibilidades. Esse foi o tema discutido por Fernando
Seabra, em São Paulo.
O especialista em negócios, inovação e startups acredita que o crescimento do
empreendedorismo não configura uma divisão entre velha e nova economia.
"Não dá para falar que a Ford ou a Tesla fazem parte de uma velha
economia. Existe uma nova forma de fazer negócio através de
digitalização", pondera.
O mentor do programa da Band TV Planeta Startup destaca que, nesse contexto, as
empresas devem ficar atentas para a experiência que oferecem para a
clientela. "O foco, que antes era na indústria, vai para o serviço,
para o atendimento." Sendo assim, estar presente em todas as
plataformas é fundamental.
"Este momento da economia é o que chamo de era omnichannel, uma migração
do relacionamento em todas as plataformas. Se isso não acontece, tem que estar
no planejamento."
Outra mudança contemporânea importante, segundo o especialista, é a relação do
cliente com o produto. Seabra acredita que a geração atual não está interessada
em possuir, mas em ter acesso ao que deseja. Embora a Indústria 4.0 seja uma
realidade, ele diz que ainda existem muitas empresas vivendo a segunda e a
terceira fases. "Entre as grandes empresas, há 30% adotando iniciativas da
Indústria 4.0, 25% pensando em implementar e 45% ainda nem pensaram. No cenário
brasileiro, podemos falar que nem 10% de todas empresas sabem o que é
isso."
Para os próximos anos, ele afirma que é preciso estar atento aos dispositivos
móveis. "Existe uma expectativa que, até 2025, toda a população global
tenha possibilidade de acesso. Os dispositivos não vão mais ser comprados.
Muitas empresas vão doar, subsidiar, porque é através disso que quem está em
casa vai comprar as suas coisas", expõe. Esse contexto, inclusive, vai
injetar cerca de 5 bilhões de possíveis consumidores.
Como
fica o empreendedorismo e o trabalho no Brasil
Daniel Quandt [Plataforma de Inovação
Distrito] - "Não podemos ficar só falando de inteligência emocional,
realidade do empreendedorismo, e esquecer dessas pessoas no meio desse
tsunami de tecnologia."
Marcelo Furtado [CEO da Convenia]
- "A educação não foi construída para soft skills, mas para formar
PIB. Se a nova mão de obra é a única preparada para inovação, não vai mais ter
especialista no mundo. Sinceramente, não quero voar em um avião em que o piloto
é um millennial despreparado, flexível e que não quer seguir carreira."
Amanda Gomes [Programa ELAS] -
"Eu ampliaria os soft skills para uma educação emocional. Você perde
dinheiro quando um talento vai embora porque emocionalmente ele não sabe lidar com
o conflito de gerações, com não ter em um curto espaço de tempo aquilo que ele
tem expectativa, com não saber de submeter a ordens."
Luiz Candreva [Hub/SP] - "O
grande impulsionador da China é a mão de obra barata, quase escrava, em
volume, que gera um monte de riqueza. Mas não enxergo a China como o país do
futuro, porque cada vez a mão de obra tem menos valor. O país do futuro é o que
tem energia barata, como a Estônia. Porque vai ser software, servidor e
automação. Vamos migrar para um cenário que o ser humano tem um valor menor no
modelo de trabalho."
Fonte:
Jornal do Comércio do RS
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