Pontos de
abastecimento serão necessários para dar conta do aumento da frota de carros
elétricos
Um produto novo pode gerar alguma desconfiança se terá sucesso no mercado ou
não, principalmente quando seu preço inicial é elevado. Porém, quando o item em
questão tem um forte apelo com o consumidor e o avanço tecnológico diminui seu
custo, como se verificou com os celulares e a energia solar, é questão de tempo
para que essa invenção se desenvolva. Atualmente, o que se enquadra nesse
perfil, no Brasil, são os veículos elétricos, que devem dobrar a sua frota
neste ano.
Conforme
dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o total de carros
elétricos rodando no País hoje é um pouco mais de 20 mil. O
presidente-executivo da entidade, Ricardo Guggisberg, projeta que 2020 será o
"marco divisor de águas", com o segmento vendendo outras 20 mil
unidades (entre automóveis leves e comerciais, elétricos puros e híbridos - que
contam com um motor de combustão interna e outro a eletricidade).
O
resultado também será praticamente o dobro do que deve fechar 2019 (de janeiro
a novembro do ano passado, foram comercializados 9.438 veículos elétricos no
País). O dirigente ressalta que o veículo elétrico é uma tendência mundial.
Entre as vantagens desse tipo de automóvel em relação aos que usam combustíveis
fósseis estão o menor impacto ambiental, redução da emissão de ruídos e um
custo de combustível (eletricidade) mais acessível.
Guggisberg
recorda que os países desenvolvidos iniciaram o processo de transição tendo
entre os objetivos contribuir para descarbonizar o planeta com a substituição
dos carros a combustível fóssil por elétricos. O presidente da ABVE detalha que
o setor é dividido nos segmentos de levíssimos (como patinetes e bicicletas),
leves (carros convencionais) e pesados (caminhões e ônibus). A área de
levíssimos, ressalta o dirigente, teve um incremento exponencial em 2019.
Já
o setor de leves ganhou benefícios que incentivaram essa área, como a redução
do IPI (de 25% para, dependendo da categoria do veículo, 7% a 18%) e a isenção
de imposto de importação sobre veículos puramente elétricos e híbridos, que,
antes, era de 35%.
Apesar
das diminuições na carga tributária, o elevado valor dos veículos elétricos
ainda é um fator que precisa ser superado para popularizar o produto. "A
gente entende que a diferença de preço ainda é um impeditivo bastante
grande", admite Guggisberg.
Segundo
ele, um automóvel de porte médio, hoje, custa em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil
- o mesmo modelo, na versão elétrica, vale R$ 140 mil. O dirigente recorda,
ainda, que, atualmente, com exceção do Corolla híbrido flex, da Toyota, não há
produção de veículos elétricos no País.
Se,
por um lado, o gasto com a aquisição do automóvel é alto, por outro, o custo da
gasolina, por quilômetro rodado, é cerca de quatro vezes mais caro do que a
eletricidade, aponta o presidente da ABVE. Quanto à autonomia e ao tempo de
recarga, o dirigente diz que esses fatores dependem do modelo do carro.
Sobre
a necessidade ou não de adaptações nas residências para fazer a recarga dos
veículos, Guggisberg comenta que a situação varia conforme a performance
desejada. "Se quiser um desempenho mais adequado, é bom colocar uma linha
de entrega de energia para a carga do veículo", detalha.
Outro
obstáculo a ser vencido, indica o presidente da ABVE, é a limitada quantidade
de pontos de recargas no Brasil. Essa pauta será foco do trabalho da associação
em 2020. No momento, a estimativa é que existam de 250 a 300 estações de
recargas espalhadas pelo País.
Site mapeia 20
pontos públicos de recargas no Rio Grande do Sul
ParkShoppingCanoas é
um dos pontos de recarga dos veículos
De acordo com o site PlugShare.com, o Rio Grande do Sul possui 20 estações
públicas para a realização de recargas de veículos elétricos: em Porto Alegre
(11), em Caxias do Sul (dois) e em Canoas, Gravataí, Santa Cruz do Sul, Sertão
Santana, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gramado (um em cada). O número efetivo de
estabelecimentos é ainda maior, pois há unidades que não foram mapeadas.
O
BarraShoppingSul, em Porto Alegre, não consta no levantamento, mas o
superintendente do empreendimento, Eduardo Vitagliano, recorda que o local
possui ponto de recarga desde outubro de 2019. "Foi instalado com o
objetivo de levar facilidade e comodidade aos clientes que possuem carro elétrico
e que passam pela Zona Sul de Porto Alegre", destaca.
A
estação conta com dois carregadores BMW do tipo 2, compatíveis com as marcas e
modelos BMW i3, i8, BYD E6, Renault Zoe, Tesla Model S, híbrido plug-in Volvo
V60, híbrido plug-in VW Golf, VW E-UP, Audi A3 E-TRON, plug-in Mercedes S500,
Porsche Panamera e Renault Kangoo ZE.
As
estações de recarga do BarraShoppingSul têm uso gratuito e ficam no
estacionamento coberto, nível Jockey, portaria H. O tempo de recarga depende de
modelo e marca. Em média, se um carro chega com 10% de bateria, leva três a
quatro horas para carregar. Se chega com 20% ou 30% de bateria, leva menos
tempo: duas horas.
O
ParkShopping Canoas também oferece o serviço. Os carregadores são do mesmo tipo
que os do BarraShoppingSul. No complexo de Canoas, os equipamentos estão
localizados no estacionamento do piso L1, próximos à entrada I. As estações têm
uso gratuito.
Companhia realiza
teste de mobilidade na Capital
A Beepbeep trabalha
com modelos Renault Zoe e JAC iEV 40, com autonomia de 300 quilômetros
A empresa de compartilhamento de veículos elétricos Beepbeep começou,
recentemente, a operar em Porto Alegre. O carro disponibilizado utiliza como
estações de parada os postos Premium, na avenida Nilo Peçanha, e Ômega, na
avenida Silva Só, ambos de bandeira Ipiranga.
O
cofundador da Beepbeep, Fábio Fagionato, lembra que o lançamento ao público foi
feito ao final de julho do ano passado, inicialmente atuando apenas em São
Paulo. Em dezembro, estendeu a operação para São José dos Campos.
A
Beepbeep trabalha com os modelos Renault Zoe e JAC iEV 40, que têm autonomia de
300 quilômetros e demoram duas horas para uma recarga completa. Atualmente, a
empresa conta com uma frota total de 20 veículos elétricos - contudo, Fagionato
adianta que mais 10 estão para chegar ainda em janeiro e, em meados deste ano,
o número deve chegar a 100.
Para
utilizar o serviço, é preciso baixar o aplicativo da Beepbeep e fazer o
cadastro, sendo necessários o número do cartão de crédito, a carteira de
habilitação e uma selfie. O valor cobrado pelo uso do veículo leva em conta o
minuto utilizado e não há taxa de recarga. Fagionato adianta que também está
sendo analisada a possibilidade de fazer outra experiência no Rio Grande do
Sul, nas cidades de Canela e Gramado. Ainda estão nos planos futuros da
companhia outras cidades brasileiras.
Fonte: Jornal do
Comércio RS
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