O governo federal pretende lançar, nas
próximas semanas, uma linha de crédito de antecipação de pagamentos do setor
público a fornecedores. Somente o governo compra R$ 48 bilhões por ano de
fornecedores.
A modalidade de crédito vai funcionar
assim: o fornecedor de produtos ou serviços fará o empréstimo com um banco,
tendo como garantia contrato com órgão público. O banco antecipará o pagamento,
com uma taxa de desconto. Quando o pagamento for feito, o dinheiro será enviado
ao banco.
O secretário de Gestão do Ministério da
Economia, Cristiano Rocha Heckert, disse à Agência Brasil que os
empréstimos serão feitos por meio do sistema de compras do governo federal,
o Comprasnet.
Os bancos serão credenciados e farão as
propostas de taxas de descontos e o fornecedor poderá escolher a melhor. "Será
uma plataforma integrada com nosso banco de dados de contrato. O poder público
entra como garantidor que o contrato existe. Isso é fundamental porque diminui
enormemente o risco do banco", afirmou Heckert.
Ontem (27), foi finalizada a consulta
pública sobre o assunto. Agora a secretaria pretende criar a norma que autoriza
o empréstimo e fazer adaptações na plataforma de compras.
Além da União, fornecedores de estados e
municípios que utilizam o sistema de compras federal também poderão ter acesso
ao crédito de antecipação de recebíveis. Segundo o secretário, 400 municípios
já solicitaram acesso ao sistema.
Segundo ele, esse número vai subir porque
um decreto de setembro do ano passado obriga estados e municípios a executarem
recursos de transferências voluntárias da União por meio de pregão
eletrônico.
"Estamos oferecendo nossa plataforma
tecnológica para fazer os leilões. Não é obrigatório fazer o leilão pela nossa
plataforma. Mas a quem não tem, estamos oferecendo a nossa. Desde o final do
ano passado, um número grande de municípios pediu para usar o nosso sistema",
explicou.
O pregão eletrônico passa a ser obrigatório
seguindo um cronograma: desde o fim do ano passado para estados; desde o início
de fevereiro para municípios com mais de 50 mil habitantes; a partir de abril
para municípios entre 15 mil a 50 mil habitantes; e a partir de junho para
cidades com menos de 15 mil habitantes.
De acordo com o secretário, essa medida já
vinha sendo estudada pelo governo, mas foi "acelerada" para ajudar no
enfrentamento dos efeitos econômicos da covid-19.
Cooperativas
Heckert acrescentou que outra medida para
enfrentar a crise econômica foi a alteração do Decreto nº 8.538/15, que tornou
possível a aplicação de direitos de preferência a cooperativas em licitações.
Antes, o tratamento diferenciado era dado somente a micro e pequenas empresas.
"Por exemplo, o decreto dá
exclusividade em licitação até R$ 80 mil, lotes separados em licitação de maior
valor, a possibilidade de dar um lance final e ser vencedora da licitação",
disse.
Frisou que 7,5 mil cooperativas foram
potencialmente beneficiadas. Essas cooperativas empregam 450 mil pessoas. Ele
acrescentou que no ano passado foram feitas 47 mil compras de micro e pequenas
empresas pela União, no valor de R$ 7,5 bilhões.
Medidas
de prevenção e combate
Heckert citou ainda medidas de prevenção e
combate ao coronavírus executadas pela Secretaria de Gestão. Uma delas foi o chamamento
de doações de máscaras, álcool em gel, sabonete líquido e termômetro
digital.
"Em uma única doação recebemos 25 mil
máscaras de um banco internacional, no valor de R$ 1,4 milhão. Além de outras
menores que têm chegado", disse. As doações vão para o Ministério da Saúde,
além do Ministério da Justiça, sendo redirecionadas a presídios e policiais. As
doações também vão para outros órgãos públicos.
Ele citou ainda a Medida Provisória nº 926
que dispensa licitação para todas as contratações que estiverem relacionadas ao
enfrentamento da covid-19. "Não apenas contratação de insumos hospitalares
diretamente ligados, mas inclusive serviços, obras de engenharia que
eventualmente possam ser usadas no enfrentamento, seja de forma preventiva ou
na forma de combate", disse.
Segundo Heckert também foi criada dentro do
portal de compras governamentais uma página especial com várias orientações
sobre como lidar com questões envolvendo logística e contratações.
Fonte:
Agência Brasil
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