Corredor do
Senandes tem capacidade instalada de 108 MW e prevê aumento de 80 MW
A autorização dada pela Fundação Estadual
de Proteção Ambiental (Fepam) para a elaboração de Estudo e Relatório de
Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de expansão do parque eólico Corredor
do Senandes, em Rio Grande, e a perspectiva de um novo aerogerador no complexo
da Honda Energy, em Xangri-Lá, entusiasmaram quem lida com a geração de energia
a partir dos ventos no Rio Grande do Sul.
As notícias são bem-vindas pois nos
últimos anos os empresários do segmento no Estado têm dificuldades para crescer
devido a limitações no sistema de transmissão (que estão sendo superadas agora
por novas obras de linhas e subestações) e à forte concorrência com os
empreendimentos no Nordeste.
"É injeção direta de investimento
para o Estado", comemora o presidente do Sindicato das Indústrias de
Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari. A
entidade era anteriormente chamada de Sindieólica-RS, mas recentemente mudou
seu nome para também abranger fontes como a solar, hídrica e biomassa (uso de
matéria-prima orgânica). O dirigente ressalta que os planos das duas empresas
(ADS Energias Renováveis, em Rio Grande, e Honda Energy, em Xangri-Lá) vêm em
um momento complicado para o setor de energia que, como vários outros, não
passou incólume à pandemia do coronavírus.
Apesar dos problemas criados pelo vírus,
no caso do empreendimento na Metade Sul, o diretor da ADS Energias Renováveis
(companhia pertencente ao grupo NC) Thadeu Silva detalha que a situação não
deverá afetar fortemente os planos, porque neste momento o foco será a
contratação das empresas que farão o estudo do EIA-Rima e não a obra de
ampliação em si. O executivo explica que o trabalho precisará contemplar dois
projetos, um de recuperação da área para as condições do seu habitat natural e
outro de contenção de dunas. Ele estima que o levantamento levará pelo menos um
ano para ser finalizado.
O plano da ADS é aumentar em 80 MW o
complexo eólico Corredor do Senandes, que hoje tem 108 MW de capacidade
instalada (cerca de 3% da demanda média de energia do Estado). O investimento
necessário para satisfazer a essa meta é estimado por Silva em aproximadamente
R$ 360 milhões. Entre as possibilidades de destino desse novo volume de energia
estão o atendimento de demandas de empresas do grupo NC, disponibilização em
leilão ou comercialização no mercado livre (formado por grandes consumidores
que podem escolher de quem vão comprar a energia).
Se no Litoral Sul os planos de ampliação
estão iniciando, no Litoral Norte a Honda Energy já deu andamento à implantação
de uma torre adicional em seu parque em Xangri-Lá para aumentar para dez o número
de aerogeradores. Com a medida, a capacidade instalada do complexo saltará dos
atuais 27,7 MW para 30 MW. Sari informa que a previsão era que a expansão fosse
concluída em meados deste ano, mas pode ocorrer algum atraso devido à questão
do coronavírus.
Sobre os reflexos da pandemia no setor
elétrico, o presidente do Sindienergia-RS recorda que os leilões de geração de
energia, que seriam realizados neste ano pelo governo federal, foram
postergados por tempo indeterminado. Um dos motivos que levaram a essa decisão,
argumenta o dirigente, é o fato de que, com a queda da economia, caiu também a
demanda e o consumo de eletricidade. "Realmente, não fazia muito sentido
os certames acontecerem", concorda Sari.
O presidente do Sindienergia-RS comenta
que não há perspectiva de riscos quanto ao fornecimento de energia, porém algo
que será tópico de discussões mais adiante são os contratos entre
distribuidoras e geradoras já firmados. O dirigente salienta que as
concessionárias podem alegar força maior para rever esses acordos, já que os
volumes de energia necessários para atender ao mercado, com o coronavírus, não
serão os mesmos de antes da epidemia.
Fonte:
Jornal do Comércio do RS
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