Os empresários acabam se tornando mais
vulneráveis a golpes e fraudes, mas devem desconfiar de ofertas milagrosas. A
venda de falsos créditos é um conto do vigário moderno.
Atenta aos riscos de
novos crimes tributários em meio aos impactos econômicos da Covid-19, a Receita
Federal está reforçando ações e operações de combate à fraude fiscal. Uma das
medidas deflagradas a partir desta semana em Santa Catarina é o início da
segunda etapa da Operação Saldo Negativo, desencadeada no final de 2019 com o
objetivo de desbaratar quadrilha de estelionatários que vinha comercializando
falsos créditos tributários a empresários.
O foco, a partir de
agora, é impedir que a fragilidade econômica causada pelo Novo Coronavírus
estimule tentativas de fraude e sonegação. Um comunicado do Grupo
intergovernamental de Ação Financeira Contra a Lavagem de Dinheiro e o
Financiamento do Terrorismo (GAFI/FATF), que orienta mais de 200 países, alerta
para "novos e emergentes riscos de crimes financeiros" em razão da Covid-19.
"Nesta nova fase, a
atuação foi adaptada para a situação de isolamento social e será totalmente
remota. Estamos trabalhando com base na análise da documentação apreendida e
cruzando dados. A Receita Federal dispõe de ferramentas tecnológicas que
permitem intimar e receber respostas digitais", antecipa um dos coordenadores
da Operação Saldo Negativo, o auditor-fiscal Rogério Penna.
A preocupação da
Receita Federal não é apenas identificar os fraudadores. Os auditores-fiscais
alertam que, em momentos de crise, é maior a tendência de as empresas caírem em
golpes. "Os empresários acabam se tornando mais vulneráveis a golpes e fraudes,
mas devem desconfiar de ofertas milagrosas. A venda de falsos créditos é um
conto do vigário moderno", ressalta Penna.
O auditor-fiscal
explica que a análise da documentação apreendida na primeira fase apontou a
existência de intermediários da organização criminosa e que há outros
criminosos agindo na venda de falsos créditos tributários - todas as
informações apuradas estão sendo compartilhadas, com a devida autorização
judicial, com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. A segunda fase
da Operação Saldo Negativo envolve sete auditores-fiscais em Santa Catarina.
SALDO NEGATIVO -
Deflagrada em 5 de novembro de 2019 pela Receita Federal e Polícia Federal, com
30 mandados de busca e apreensão e 25 mandados de prisão cumpridos nos estados
de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, a Operação teve origem
em representação fiscal para fins penais encaminhada pela Receita Federal ao
Ministério Público Federal. Ao longo de pouco mais de dois anos de
investigações, os auditores-fiscais realizaram auditorias e identificaram a
fraude: consultorias tributárias comercializavam falsos créditos tributários a
empresários, que pensavam estar usando deste crédito fictício para quitar suas
obrigações fiscais com a Receita Federal. Na verdade, a organização criminosa embolsava
a maior parte do valor dos tributos devidos, os contribuintes imaginavam obter
alguma vantagem, porém, além do valor pago aos fraudadores, continuavam com a
dívida integral junto ao Fisco.
O prejuízo causado
aos cofres públicos foi apurado em cerca de R$ 2,3 bilhões. Aproximadamente 80%
desses valores já foram objeto de auditoria por parte da Receita Federal. Até a
deflagração da operação em novembro de 2019, tinham sido identificadas mais de
3.500 empresas envolvidas na fraude, distribuídas por quase 600 municípios de
todo o país.
Fonte:
Receita Federal do Brasil
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