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Governo gaúcho anuncia reabertura gradual a partir de maio/2020


Publicada em 22/04/2020 às 14:00h 

Eduardo Leite voltou a criticar setores que pressionam pela flexibilização

Não é uma flexibilização aleatória, uma abertura desordenada e nem volta à realidade, como o governador Eduardo Leite (PSDB) fez questão de frisar em Live realizada pelo Facebook ontem. Mas, aos poucos, o Rio Grande do Sul avança para o modelo de distanciamento controlado. "Estamos fazendo um esforço conjunto para termos um modelo de distanciamento mais sustentável, que nos permita proteger a vida e manter a atividade econômica que gera riqueza."

A expectativa é que a implementação ocorra a partir do dia 1° de maio. Nos próximos dias, o governo do Estado irá receber e consolidar as sugestões que estão sendo enviadas por diversos atores da sociedade, como entidades e universidades.

Pelo novo modelo, o Estado vai ser dividido por regiões. O diagnóstico do nível de transmissão, capacidade de resposta do sistema de saúde e importância da atividade econômica de cada uma delas é que definirá o nível de risco e os protocolos a serem seguidos. "Não será uma solução única para todo território gaúcho", adianta Leite.

Foi criado um sistema de bandeiras: verde, amarela, laranja e vermelha, e definirá os protocolos que deverão ser seguidos em cada caso, como uma obra de construção ou uma praça de alimentação, por exemplo. A região que tem baixo nível de transmissão e alta capacidade do seu sistema de saúde, por exemplo, será considerada de risco baixo, receberá a bandeira verde e saberá quais estabelecimentos poderão abrir e de que forma. Também serão anunciados os responsáveis pela fiscalização.

Para o tucano, esse passo adiante pode ser dado porque já é possível ter um histórico do comportamento do vírus no Estado. A base de dados inclui, por exemplo, a pesquisa inédita que está sendo feita pela Universidade Federal de Pelotas e ainda o sistema de controle de leitos em quase 300 hospitais, e que tem gerado informações atualizadas sobre as internações.

Além disso, pesa a favor desta decisão o nível mais baixo de contágio no Rio Grande do Sul do que em outras regiões. No cenário brasileiro de óbitos acumulados, o Rio Grande do Sul é um dos estados com uma das menores taxa de letalidade pelo coronavírus: 0,24 óbitos para cada 100 mil habitantes, enquanto em São Paulo são 2,2 para 100 mil. Porém, Leite faz questão de destacar que essa não é uma guerra vencida e disse que o vírus vai continuar circulando por muito tempo e que não há expectativa de vacina no curto prazo. Além disso, junho e julho deverão ser meses críticos.

Para ele, setores que pressionam por abertura econômica estão equivocados. O governador comentou a informação de que o presidente Jair Bolsonaro pretende reabrir as escolas militares na próxima semana, ao ser questionado se o mesmo poderia ocorrer no Estado. "Respeito a vontade do presidente, mas não pretendemos fazer qualquer movimento de abertura de estabelecimentos antes de definirmos esses protocolos."

Presidente do Parlamento avalia que iniciativa é boa, mas está atrasada

Os deputados estaduais reagiram ao anúncio do governador Eduardo Leite (PSDB), que, nesta terça-feira, disse que o Estado vai adotar o "distanciamento controlado" para combater à pandemia de coronavírus. O presidente do Parlamento gaúcho, Ernani Polo (PP), considerou acertada a medida que deve vigorar a partir de maio, mas acredita que deveria ter sido implementada na semana passada, quando um decreto do governador autorizou os municípios a flexibilizarem as medidas de isolamento social.

"Esse distanciamento controlado anunciado pelo governador nada mais é que um protocolo de procedimentos (que permite a reabertura de algumas atividades econômicas). Em alguns setores da indústria e do comércio, esse protocolo já está sendo adotado para garantir a saúde dos funcionários", analisou Polo.

Ele prosseguiu: "esse procedimento impõe restrições para, quando os estabelecimentos reabrirem, evitarem a contaminação. Por exemplo, é necessário o uso de máscaras; a entrada nos locais será controlada para evitar aglomerações; o ambiente deverá ser limpo várias vezes ao dia; as pessoas vão continuar adotando medidas de higiene. Assim, poderemos reabrir gradativamente e com responsabilidade o comércio, indústria etc."

Entretanto, Polo cobrou agilidade do Palácio Piratini. "A medida é boa. Mas seria mais adequado se os protocolos tivessem sido estabelecidos na semana passada, quando (o decreto de Leite) permitiu que os prefeitos decidissem (sobre a reabertura do comércio). Como não havia um protocolo do Estado, muitos municípios que reabriram algumas atividades adotaram o protocolo disponibilizado pela Fecomércio, que é bem completo e, inclusive, foi entregue ao governador como sugestão".

O deputado estadual Pepe Vargas (PT) - que é médico - considera viável o distanciamento controlado. Mas, para isso, cobra um número maior de testes no Estado e a transparência nos dados sobre a implementação de mais leitos nos hospitais regionais, o número de pacientes internados e a disponibilidade de equipamentos de proteção para os profissionais da saúde.

"O ideal é o distanciamento social. Algumas atividades vão ter que funcionar sempre, mas com medidas preventivas às pessoas que estão trabalhando, como o uso de equipamentos de proteção e o distanciamento dentro do estabelecimentos para evitar aglomerações. Quanto às demais atividades, se bem aplicado a proposta do governo, se os dados forem divulgados de maneira transparente para a sociedade fiscalizar a tomada de decisões, aí sim uma região ter um distanciamento mais brando, eventualmente", ponderou Pepe

Fonte: Jornal do Comércio do RS


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