Como
empreendedores estão faturando em meio à pandemia?
A pandemia, que causou prejuízos em
diversos setores, abriu brechas para que algumas empresas prosperassem no seu
ramo de atuação. Com a permanência das pessoas em casa, alguns hábitos se
intensificaram. Aqui no Sul, fazer e comer churrasco é uma tradição que perdura
há séculos em diversas famílias. Com as recomendações de evitar aglomerações,
os gaúchos passaram a usar a churrasqueira de suas residências com mais
frequência, o que fez com que aumentasse o consumo de carne.
Foi essa a percepção do diretor comercial
da Pampas Prime (rua
Casemiro de Abreu, nº 1.212, na Capital), Volmir Ângelo Carboni. Os dados de
vendas da loja para os meses de abril e maio deste ano, quando comparados com o
mesmo período de 2019, apresentam crescimento de 73% e 85%, respectivamente.
"Percebemos que o ticket médio de volume de compra por cliente diminuiu.
Mas aumentou o nosso volume total de vendas", conta.
Só no segmento de carnes de boutique, que
são produtos com maior valor agregado, o mês de maio fechou com crescimento de
85,21%, e abril apresentou alta de 73,19%. Esse comportamento, para
Volmir, expressa a preocupação crescente dos consumidores com o padrão de
qualidade das carnes e sua procedência. "Tem clientes que pedem
carnes de propriedades específicas. As pessoas pagam mais, sim, para ter esse
padrão", explica, destacando o valor agregado no segmento, que pode chegar
a 20%.
Volmir explica que o público-alvo da Pampas
são pessoas com maior poder de compra, o que também impactou na alta das
vendas. "Tem aqueles que não cozinhavam em casa, seja porque tinham alguém
para fazer ou porque só comiam em restaurantes. Agora, com a dispensa de
funcionários e restaurantes fechados, esse hábito voltou", observa. Na
loja, os clientes que não sabem os melhores métodos de preparo podem receber
instruções da equipe. "Não queremos só fazer uma venda. Queremos oferecer
uma experiência", diz.
Nos cortes de gado, os mais procurados são
o filé mignon, a alcatra e o bife de chouriço. Nas carnes de frango e de porco,
também houve crescimento nas vendas, mas nada comparado com os tradicionais
cortes de churrasco. "Nunca vendemos tanto carvão como agora", cita
Volmir, sobre os outros itens disponíveis na loja. Além das proteínas, quem vai
no estabelecimento encontra diversos itens produzidos localmente, como cachaças
e doce de leite. Para quem não pode se deslocar até a Pampas, há a opção de
delivery que, segundo o empreendedor, passou de 1% para 10% nas vendas da loja.
É possível pedir pelo telefone, Whatsapp da
loja (51 98334-0051) ou pelo e-commerce.
A Pampas Prime funciona todos os dias, de segunda-feira a sábado, das 9h30min
às 21h, e domingos até as 14h30min.
Consumo
de cerveja também aumentou durante a pandemia
Beber cerveja, assim como assar churrasco,
é um hábito conhecido por ser coletivo, que reúne familiares e amigos. Na época
de isolamento social, as aglomerações tiveram de dar uma pausa. Mas o consumo
da bebida não. Esse comportamento foi sentido pela My Growler Station,
loja de bebidas da Zona Norte de Porto Alegre. Em abril, o crescimento
registrado foi de 95,12% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em
maio, foi de 48,71%.
O proprietário, Rodrigo Fernandes, entende
essa crescente como consequência de três fatores: o consumo de álcool, que
aumentou durante a pandemia; a facilidade de receber bebidas em casa, com o investimento
no delivery; e o trabalho intensivo no marketing do negócio. "A
maioria reduziu custos. A gente não", afirma. Além disso, só no
e-commerce, o empreendedor afirma que as vendas aumentaram de 20% a 25% em
abril. Entre as mais pedidas, estão IPA, pilsen e lager.
Conforme Rodrigo, o growler, que é um
compartimento de cerveja, permite que o cliente leve para casa uma quantidade
maior da bebida feita artesanalmente. Os custos, se comparados às cervejas
populares encontradas em supermercados, se assemelha. "As pessoas que
consomem growler já vêem a possibilidade de beber em qualquer lugar",
explica. Para ele, os benefícios da experiência de consumir um produto mais
fresco e aromático são um dos pontos-chave para o sucesso. Além disso, os impactos
ambientais de consumir a bebida em growler, por ser uma embalagem retornável,
também são valorizados. Segundo Rodrigo, estima-se que, com o uso dos growlers,
50 milhões de embalagens deixam de ser descartadas todos os anos, entre
latinhas, long necks e garrafas pet. Para o empreendedor, os consumidores estão
mais atentos às causas sustentáveis, dando importância à redução de geração de
resíduos, o que também ajuda a alavancar as vendas.
O sucesso se reflete nos passos do negócio.
No fim de julho, a expectativa é iniciar uma operação da My Growler Station em
Caxias do Sul. O processo de formatação de franquia também está sendo estudado.
"Temos o conceito de estar perto ou no caminho de casa."
Interesse
pela gastronomia incrementou modelo da Cozinhe.me
Não são raros os casos de pessoas que
descobriram ou aprimoraram dotes culinários na quarentena. Uma pesquisa
realizada pela consultoria de alimentação fora do lar Galunion, em parceria com
o Instituto Qualibest, indica que 93% dos brasileiros estão cozinhando neste período.
A startup Cozinhe.me,
que entrega kits para cozinhar, entende o momento como positivo para suas
vendas.
"Antes da pandemia, o grande desafio
era de que as pessoas arranjassem tempo para cozinhar. Agora, neste contexto,
elas apontam o ato como o responsável por salvar o tempo. Um dos usuários
da caixa, por exemplo, identificou a experiência como a melhor durante o tempo
de pandemia. Segundo ele, foi como se estivesse em uma terapia", expõe
Paulo Renato Ardenghi Rizzardi, co-fundador da Cozinhe.me.
O modelo da empresa foi adaptado para o
momento. Anteriormente, funcionava de maneira sazonal e as caixas eram misteriosas,
ou seja, o cliente pagava mais pela experiência do que pelo produto. Com a
pandemia, a Cozinhe.me definiu alguns pratos e removeu o mistério do
processo. Até o final do mês de junho, 11 caixas foram projetadas: risoto
de cogumelos, massa à carbonara, hambúrguer, pancho, frango ao curry, costela
barbecue, poke de salmão, poke de cogumelo, poke de frango, brownie, tailandesa
e especial de café da manhã.
Os ingredientes são selecionados de maneira
cuidadosa e harmoniosa pela nutricionista Anne Dalla Costa e pelo chef Daniel
Menezes. No kit de massa à carbonara, por exemplo, o cliente recebe
espaguete grano duro, ovos caipira, pancetta, pão artesanal, azeite de oliva
italiano, mel, além dos queijos grana padano, gorgonzola e dolce gorgonzola.
Tudo separado, o que facilita o preparo.
As caixas, atualmente, encontram-se na
faixa de R$ 119,00 e R$ 169,00. A empresa também vende molhos especiais e
cervejas artesanais. "Acreditamos que o ato de cozinhar é uma das
tecnologias mais importantes da humanidade. Por isso, queremos ver as pessoas
livres para produzir seu próprio alimento." Para o futuro, a marca projeta
investimentos em tecnologia e está desenvolvendo uma plataforma de Inteligência
Artificial.
Fonte:
Luka Pumes e Vitorya Paulo / Jornal do Comércio do RS, Caderno Geração E.
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