Vagas abertas são para setores de costura
e montagem
A RR Shoes, com sede
em Santo Antônio da Patrulha e dona da marca Via Uno, voltou a contratar. A
abertura de cem postos de trabalho, anunciada esta semana, ocorre menos de um
mês depois da empresa entrar com pedido de
recuperação judicial. As vagas são para a unidade de Santo
Antônio da Patrulha, única das três da RR Shoes em atividade. A Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) divulgou dados do mercado
de trabalho do setor apontando menor ritmo de cortes em junho.
A oferta de vagas na
unidade de Santo Antônio da Patrulha começa a repor mais de 400 vagas fechadas em maio na cidade.
A indústria, com plantas fechadas em Teutônia e Caraá, demitiu cerca 800
pessoas desde o começo do ano. Em fim de 2019, a RR Shoes atuava com cerca de
2 mil trabalhadores, entre contratados e de ateliers. A crise mais forte
da operação foi associada à queda de pedidos provocada pela pandemia. Santo
Antônio da Patrulha também teve o fechamento da fábrica da Piccadilly em abril.
Os postos da RR
Shoes são para os setores de costura e montagem e devem ser preenchidos até 10
de agosto. Muitos trabalhadores que foram demitidos estão sendo contactados
para retornar, segundo a empresa. Em nota, o CEO da calçadista, Ramon
Rabelo, apontou que as contratações indicam que "a retomada é
factível". A abertura de vagas é associada à redução de estoques e
encomendas para a fabricação de modelos da coleção primavera-verão, que começa
a ter venda.
O principal mercado
da fabricante são distribuidores e varejistas do Sudeste. Nos últimos três
meses, Rabelo informa que a venda para players com operação de e-commerce
passou a representar 50% dos negócios da empresa. Sobre a possibilidade de
abrir mais postos, o CEO condicionou a mudanças no mercado em relação a
restrições da pandemia e à sinalização da chegada de uma vacina da
Covid-19.
No começo deste mês,
quando entrou em recuperação judicial, a
RR Shoes somava 379 trabalhadores. O pedido foi feito em 6 de julho. O
passivo da indústria é de R$ 40,4 milhões. O processo foi deferido pela
Justiça, segundo informação do escritório Medeiros, Santos & Caprara, que
assessora a fabricante.
A Abicalçados aponta
que, mesmo com redução de 20,8% no Estado e de 19% no Brasil nos postos do
setor no primeiro semestre frente ao mesmo semestre de 2019, a velocidade
nos cortes diminuiu. O Rio Grande do Sul cortou 14.774 vagas em seis meses -
saldo entre admissões e demissões, mas apresentou menor número em junho neste
saldo.
Depois de saldo
negativo de 9,5 mil postos em abril e de
5,4 mil em maio, o mês passado teve saldo negativo de 1,7
mil vagas. O Brasil seguiu a mesma performance, com mais demissões que
contratações, mas em número bem menor em junho. O saldo negativo em abril foi
de 29.312 postos, de 16,5 mil em maio e de 5,2 mil no mês passado. O Estado
liderou o enxugamento do setor e chegou a 72.130 trabalhadores em
atividade no encerramento do primeiro semestre. O Brasil soma 225,4
mil postos.
O
presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, disse, por nota, que a
abertura do comércio em cidades como São Paulo sustentam a retomada de compras
no setor. Mas Ferreira ressalta que "uma recuperação mais substancial
só será sentida no ano que vem, isso se tudo der certo, acharmos a vacina e o
comércio estiver em pleno funcionamento".
Fonte:
Jornal do Comércio do RS
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